Nos últimos vinte e cinco anos, os mercados financeiros da maioria dos países vêm experimentando fortes processos de mudanças. Com o avanço das telecomunicações e também da informática, assim como da interdependência entre as nações, as autoridades monetárias têm adotado políticas de desregulamentação de seus sistemas financeiros.

Assim, tornou-se natural nos dias de hoje jornais noticiarem a facilidade com que os agentes econômicos estrangeiros fazem suas aplicações na Bovespa, assim como brasileiros fazem aplicações nos mercados internacionais.

Observe que, a partir de meados dos anos 90, um número razoável de bancos internacionais vem se instalando no Brasil. O Bamerindus foi comprado pelo HSBC, que tem matriz no Reino Unido; o Banespa e o Banco Real foram adquiridos pelo espanhol Santander. Assim como os estrangeiros, bancos nacionais também estão se arriscando fora do país, principalmente nos “paraísos fiscais”.

Na divulgação para a imprensa datada de 25/01/2013 o Banco Central do Brasil informou que o estoque total de crédito do sistema financeiro, computadas as operações com recursos livres e direcionados, alcançou R$2.360 bilhões em dezembro e acumulou crescimento de 16,2% no ano, comparativamente a 19% em 2011 e 20,6% em 2010. Com isso, a relação crédito/PIB atingiu 53,5%, ante 49% e 45,2%, nos respectivos finais de ano.

O menor ritmo de expansão do crédito em 2012, a despeito da trajetória declinante das taxas de juros e spreads bancários e da estabilização dos índices de inadimplência, mostrou-se consistente com o arrefecimento do nível de atividade econômica e seus impactos sobre as expectativas de empresários e consumidores. Nesse contexto, a evolução do saldo de crédito foi sustentada, principalmente, pelo desempenho das operações com recursos direcionados, com ênfase para a continuidade da expansão do crédito habitacional e para as contratações do BNDES. No crédito com recursos livres, destacaram-se, no segmento de pessoas jurídicas, as modalidades de conta garantida e adiantamento sobre contratos de câmbio (ACC), enquanto nas carteiras de pessoas físicas, sobressaíram as operações de crédito pessoal.

A elevação mensal de 2,4% nos empréstimos bancários, em dezembro, refletiu circunstâncias sazonais. No segmento de pessoas físicas, o arrefecimento das contratações esteve associado à quitação de dívidas de curto prazo, favorecida pela ampliação de liquidez proporcionada pelos recebimentos de décimo terceiro salário. No tocante a pessoas jurídicas, a intensificação da demanda mostrou-se condizente com o ciclo de negócios característico de fim de ano, sendo evidenciada pelo incremento nas operações de capital de giro e desconto de duplicatas.

A representatividade dos bancos públicos, impulsionada pelo desempenho do crédito direcionado, manteve-se em elevação, atingindo 47,6% do total das operações do sistema financeiro, ante 43,5% em dezembro de 2011. Em contrapartida, as instituições privadas nacionais e estrangeiras tiveram suas participações relativas correspondentes reduzidas em 3,1 p.p. e 1 p.p., situando-se em 36,1% e 16,3%, respectivamente.

Os créditos com recursos livres corresponderam a 63% da carteira total do sistema financeiro, comparativamente a 64,3% em 2011, atingindo R$1.486 bilhões em dezembro, após avanços de 2,1% no mês e 13,9% no ano. Os financiamentos para pessoas jurídicas registraram saldo de R$762 bilhões, a partir de acréscimos de 3,3% no mês e 16,5% em doze meses, resultantes das variações respectivas de 4% e 16% nas carteiras com recursos domésticos e da redução de 3,2% e aumento de 18,2% nas operações financiadas com recursos externos, nessa ordem. Os empréstimos a pessoas físicas somaram R$724 bilhões, assinalando expansões de 0,9% e 11,2% nos períodos mencionados.

Os financiamentos com recursos direcionados mantiveram a trajetória expansionista observada ao longo do ano, alcançando R$874 bilhões em dezembro, a partir dos incrementos de 2,9% no mês e 20,5% em doze meses. Para o resultado mensal contribuíram as expansões respectivas de 5,4%, 2,8% e 2,4% nas carteiras de crédito rural, habitacional e nos financiamentos do BNDES. No acumulado em doze meses, foram verificadas elevações de 23,6%, 37,6% e 12,4%, nessa ordem.



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