Reflita
agora sobre uma empresa que opera no segmento de supermercados no Brasil
e que tenha feito uma captação em divisa externa, em meados
de 1998 pelo prazo de cinco anos, para, com isso, operar uma estratégia
agressiva em termos de aumento na participação de mercado.
Qual foi o objetivo da captação daquele dinheiro? Alcançar
a posição de líder do setor, a partir de 2003. A
empresa tem suas receitas quase que integralmente em reais. Considere
a posição do diretor financeiro e dos demais diretores executivos
que tomaram a decisão de captar os recursos em divisa externa.
Qual o comportamento deles, a partir de meados de janeiro de 1999, com
a implantação do regime de câmbio flutuante? Como
explicar isso para o acionista?
Administração
Financeira no Novo Milênio
Segundo Brigham e Ehrhardt (2006) quando a administração
financeira surgiu como um campo separado de estudo no início de
1900, a ênfase era sobre os aspectos legais das fusões, a
formação de novas empresas e os vários tipos de títulos
que as empresas poderiam emitir para levantar capital. Durante a depressão
dos anos 30, a ênfase voltou-se para: as falências, reorganização
e liquidez das empresas e para a regulamentação dos mercados
de títulos.
Durante as décadas de 1940 e 1950, finanças continuaram
a ser ensinadas como uma matéria descritiva e institucional, entendida
mais do ponto de vista de alguém de fora do que do ponto de vista
de um administrador. No entanto, um movimento em direção
à análise teórica iniciou-se no final da década
de 1950, e o foco mudou para decisões administrativas destinadas
a maximizar o valor da empresa.
O enfoque sobre a maximização de valor continua vigente
no século XXI. Porém, duas outras tendências têm-se
tornado cada vez mais importantes nos últimos anos: 1) a globalização
das empresas; e 2) o crescente uso de tecnologia da informação.
Essas tendências provêem as empresas com novas e excitantes
oportunidades para aumentar a lucratividade e reduzir os riscos. Todavia,
esses fatores também conduzem ao aumento da competição
e de novos riscos.
Segundo Damodaran
(2004), o objetivo das finanças corporativas é a maximização
do valor da empresa e do preço das ações. O preço
das ações é estabelecido pelos investidores marginais.
Para entendermos o preço das ações, faz-se necessário
compreender os dois determinantes principais do preço de uma ação:
risco e retorno.
O que é
risco?
Suponha que você
esteja pensando em comprar ações da Vale. Você pretende
desembolsar $20.000,00. Admitamos que você tenha uma expectativa
sobre este investimento: retorno de 20% para os próximos 365 dias.
Muito bem, suponhamos que o período de tempo se passou e que você
está conferindo a sua expectativa de retorno.
Suponha que o retorno
das ações tenha sido de 15%. O que aconteceu?
O retorno
observado foi inferior ao retorno esperado: 15% < 20%.
Mas, suponha que ao
invés de 15% o retorno das ações tenha sido de 30%,
o que aconteceu?
O retorno observado foi superior ao retorno esperado: 30% >
20%.
Risco é definido no dicionário Webster como “um
perigo; exposição a perda ou dano”. Em finanças,
a definição de risco é ao mesmo tempo diferente
e mais ampla. O risco é a probabilidade de recebermos algo
inesperado como retorno sobre um investimento.
Na primeira situação,
15% < 20%, você experimentou risco negativo, enquanto que na
2ª hipótese, 30% > 20%, você experimentou risco positivo.
Desse modo, o risco inclui não somente os resultados ruins, isto
é, retornos mais baixos do que o esperado, mas também resultados
bons, ou seja, retornos mais altos do que o esperado. De fato, podemos
nos referir ao primeiro como downside risk e ao segundo como upside risk;
porém, consideramos ambos ao medir o risco.