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- A fábrica: local de extração da mais-valia
É
importante se lembrar de que, para Marx, o local onde acontecerá
o “milagre” da produção capitalista, ou seja,
da extração da mais-valia, é a fábrica.
A fábrica tem suas próprias leis de funcionamento. Pode-se
destacar: a padronização, a especialização
e a sincronização.
Padronização. Para se obter a venda de
produtos feitos em série, é necessário padronizar
o gosto dos consumidores, fazendo-os desenvolver um gosto standard.
Com o fordismo, principalmente, as pessoas deveriam se contentar com
automóveis todos idênticos.
O emblema deste novo ciclo econômico é o modelo T, o automóvel
inventado por Ford, em 1908. Até 1932, foram produzidos dezesseis
milhões de exemplares que sofrem pequenas variações
sucessivas, mas cuja estrutura permanece basicamente igual.
O slogan da Ford era: “Os americanos podem escolher carros de
qualquer cor, desde que seja preta.” Um slogan que pressupõe
uma massificação do gosto sem contestação.
Especialização.
Levado às máximas consequências, muito diferente
da adotada nos séculos anteriores. Taylor chega ao ponto de defender
que cada trabalhador deve repetir milhares de vez por dia um só
gesto (enroscar um parafuso, por exemplo, ou deslocar um material),
para fazê-lo o mais mecanicamente possível.
Da especialização profissional dos cargos, deriva a especialização
funcional dos espaços; em lugar do armazém, onde se produzia,
por inteiro, um vaso ou uma carroça, surgem departamentos adequados
a cada fase da produção. Aqui se produzem apenas parafusos,
ali, unicamente tornos, e lá, somente brocas.
A cidade também se especializa: desenvolve-se a zona industrial,
local onde se produz; os bairros residenciais, local onde se descansa;
os bairros comerciais, locais em que são feitos compras; as zonas
de lazer, lugar de diversão, etc. Trata-se da cidade funcional.
A
sincronização. Se fôssemos artesãos
numa oficina de vasos, cada um fabricaria um vaso inteiro. Se, ao contrário,
trabalhássemos numa linha de montagem, você enroscaria
um parafuso e, cinco segundos depois, eu deveria apertar outro: logo,
deveríamos ambos estar presentes no instante que a cadeia se
inicia. E bastaria que um de nós dois falhasse para que fracassasse
toda a produção.
A fábrica sincronizada requer uma cidade sincronizada: para que
todos estejam presentes na mesma hora, na própria linha de montagem
(seja ela a autêntica cadeia de montagem das fábricas,
seja a dos empregos burocráticos, nos escritórios), todo
mundo tem que sair e voltar para casa no mesmo horário.