“A velocidade das mudanças e a pressão pelo resultado imediato deram origem a uma cultura que sacrifica as relações, justifica a traição e faz que fiquem em segundo plano alguns valores simbólicos essenciais para o ser humano — como o sentido de pertencer a um grupo, de conhecer as regras do jogo e de saber o que será recompensado e o que será punido”, afirma Bologna.

“O resultado é um clima de insegurança cultural: as pessoas sentem que ficou muito mais perigoso colocar fé naquele sistema.”

Se essas análises estão corretas, por que o sistema ainda sobrevive?

Segundo Betania, da Fundação Dom Cabral, trata-se de uma situação temporária. “Soa dramático, mas, no geral, as empresas enxergam da seguinte forma: o modelo não é sustentável do ponto de vista do indivíduo, mas está sustentável do ponto de vista da organização”, diz ela.

Estar sustentável não significa, no entanto, que o modelo esteja confortável. Várias empresas notam os sintomas de crise.
“Nos últimos tempos, as pessoas passaram a me procurar mais”, diz Jair Pianucci, diretor de recursos humanos da FIE. “Antes de desabafar, elas pedem para eu tirar o crachá”

As principais queixas, segundo Pianucci, são a perda de poder de decisão e as inquietações do dia a dia. Mesmo empresas que praticam a chamada administração participativa, inclusive as que cultivam o modelo do funcionário-acionista, vêm sendo afetadas. É o caso da Promon, um grupo de engenharia e tecnologia cujo controle acionário pertence aos funcionários.
“Existe um novo paradigma de comprometimento que está dificultando a atração e a retenção de bons profissionais”, afirma Luiz Ernesto Gemignani, presidente da Promon.



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