1 - Reinventar a empresa?

O fato é que o acirramento da competição, a crise econômica e a exigência de resultados de curto prazo deixam pouca margem de manobra. Transformadas em panelas de pressão, as empresas sentem a insatisfação aumentar, e isso lhes causa problemas sérios de motivação e preocupação com retenção dos funcionários. Mas o que é possível fazer? Há quem acredite que as corporações terão de amenizar sua obsessão pelo desempenho a qualquer preço. Uma cultura bem construída não sacrifica as relações em nome do resultado.

A cultura atual, no entanto, está sustentada num artificialismo brutal. Com isso, fica mais difícil conseguir a coesão e a sintonia das equipes? Se não chega a ser utópico, já que existem casos de companhias ou departamentos que atuam dessa forma, em geral esse tipo de solução parece bastante improvável.
“Digo aqui dentro: não existe decreto que possa parar esse processo de busca por resultados. Só uma empresa irresponsável faria isso”, afirma Fleck.

A diminuição de pressão é improvável, até porque as pessoas estão imbuídas do mesmo espírito. “Outro dia perguntei a alguns líderes o que é ter sucesso”, diz Marcos Cominato, diretor de RH da Nokia. “A resposta que obtive foi: galgar níveis mais altos no menor tempo possível. Para ele, o cotejo entre essas expectativas altas e a realidade oferecida acaba dando margem a conflitos. “As chances de a maioria estar descontente é muito grande”, afirma Cominato.

Embora se diga há mais de uma década que o mundo em que vivemos mudou, que longevidade no emprego e garantia de ascensão contínua na carreira são valores fora de moda, os profissionais ainda se comportam em grande medida como no passado. “A maioria das pessoas que me procuraram para aconselhamento de carreira e estão atrás de um novo emprego continua buscando os modelos antigos”, diz Saulo Lerner, diretor responsável por altos executivos da consultoria Right Saad Fellipelli. Ou seja: esse pessoal quer segurança, salário, benefício, autoridade formal, promoções e título.



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