Vamos, então, considerar o sentido profundo da palavra polis. Se, como disse Aristóteles, o homem é, por natureza, um ser político, devemos considerar que Política não é apenas a arte e a técnica (o sufixo “tica” é contração de Tekhné) de administrar e gerir a polis, mas também o poli – as múltiplas e complexas relações estabelecidas entre os homens e que constituem o próprio ser do homem.

Somos, por natureza, seres relacionais. E que relações são essas tão importantes que nos constituem, não apenas como Homo Sapiens, mas, acima de tudo, como Politikon Zoon?

Politikon? O que significa? Significa que, isolados no vácuo, cada um de nós é apenas, nas palavras do próprio Aristóteles, um “bípede implume”, somos apenas Homo Sapiens e não pessoas humanas. O que nos dá a condição de “pessoa humana” são as relações que tecemos uns com os outros, daí a famosa filósofa Hannah Arendt (1999) ter afirmado, certa vez, que a política se baseia na pluralidade dos homens.

Ao contrário da Filosofia ou da Teologia, que se ocupavam do homem em sua singularidade – e, por conseguinte, nelas todas as afirmações sobre o homem seriam corretas mesmo se houvesse apenas um homem, ou apenas dois homens, ou apenas homens idênticos –, a Política constitui os homens como tais, pois, como dizia a filósofa, Deus criou o homem, os homens são um produto humano mundano, e produto da natureza humana.




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