Resumo

A Democracia busca o interesse da maioria e é o governo da maioria. Na antiga Grécia – berço da Democracia –, a Assembleia decidia sobre a paz e a guerra, sobre criação das leis e sua revogação, o desterro e o confisco, a condenação à pena capital e a tomada de contas dos magistrados.

Como disse Aristóteles, o homem é, por natureza, um ser político, portanto, devemos considerar que a Política não é apenas a arte e a técnica de administrar e gerir a polis, mas também o poli – as múltiplas e complexas relações dadas entre os homens e que constituem o próprio ser do homem. Somos, por natureza, seres relacionais. Relações estas, tão importantes, que nos constituem não apenas como Homo Sapiens sapiens, mas, acima de tudo, como Politikon Zoon.

Politikon porque “isolados no vácuo” cada um de nós é apenas Homo sapiens, não somos pessoas humanas. Segundo Hannah Arendt, ao contrário da Filosofia ou da Teologia, que se ocupavam do homem, em sua singularidade e, por conseguinte, nelas todas as afirmações sobre o homem seriam corretas mesmo se houvesse apenas um homem, ou apenas dois homens, ou apenas homens idênticos, a Política constitui os homens como tais, pois Deus criou o homem e os homens são um produto humano mundano, e produto da natureza humana.

Etheia, ethos significam “morada construída”, o cimento que mantém unidos os tijolos numa construção. Todos os animais nascem e vivem diretamente na oikia; o homem, ao contrário, não encontra nenhum habitat natural adequado à sua existência e, portanto, constrói sua morada no mundo. Este é o sentido maior da palavra ética. A nossa “morada” no mundo são as relações, os vínculos que construímos uns com os outros.

O sentido maior de um “bem comum” ultrapassa a racionalidade técnica – os homens já não são apenas “sócios” que vivem juntos em nome de considerações técnicas e práticas sobre o útil e o prejudicial. Já não se limitam a pensar, deliberar, prever e planejar o atendimento dos interesses particulares que têm em comum. O caráter grupal dessa associação deixa de ser puramente econômico, pois já não se limita à manutenção de uma associação pragmática de fins visando à segurança e ao bem-estar. A vida na polis impõe a necessidade de considerarmos questões éticas, de construirmos uma representação comum do bom e do justo, pois a polis é koinonia, comunhão, comunidade.

Aristóteles entende que os homens não se associam objetivando apenas a existência material, mas a vida feliz; assim, a comunidade do bem viver era o que caracterizava a polis, visando à vida perfeita e independente, pois esta existe para realizar o bem. Segundo Aristóteles, a polis, formada inicialmente para satisfazer apenas as necessidades vitais, posteriormente, estruturou-se para permitir o bem viver (eu Zein) ou viver segundo o bem.



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