Também nesse período, os bancos obtinham lucros exorbitantes com a chamada "ciranda financeira". Contavam com grande número de agências para captação de recursos, pois quanto maior era a inflação do mês, mais os correntistas depositavam o seu dinheiro em fundos de investimentos para que a desvalorização diária não corroesse seu dinheiro. Os bancos lucravam com a aplicação desse dinheiro em forma de empréstimos, já que os juros recebidos eram maiores que aqueles pagos aos correntistas por seus investimentos.

Com a estabilização macroeconômica, o Sistema Financeiro Brasileiro teve que passar por várias mudanças. A estabilização dos preços provocou a perda do float, ou seja, o ganho obtido por meio das transferências inflacionárias para viabilização das operações no mercado financeiro, para os bancos tanto privados como públicos, tenha sido da ordem de quase R$ 9 bilhões ao ano, mostrando que os bancos teriam de se adequar a uma nova era.

O grande número de agências que cada banco possui também se torna inviável economicamente, já que agora não importa mais a abrangência, que era a grande preocupação na década de 1970, e sim a qualidade dos serviços que o banco presta, assim como a automação dos serviços para que o cliente vá com menor frequência ao banco, propiciando uma redução nos custos em relação à folha de pagamento dos funcionários e uma diminuição do número de agências bancárias.

Com o processo de estabilização da economia, ocorreram medidas de restrições de crédito ao consumidor, como também a elevação de 90% dos depósitos compulsórios sobre os depósitos a vista, diminuindo o volume de dinheiro na praça. Em consequência ocorreu o aumento na inadimplência e um desajuste na carteira de crédito dos bancos, tornando-os vulneráveis. Alguns bancos foram forçados a obter o redesconto com o Banco Central, pois esses bancos não conseguiam cobrir os rombos diários com seus próprios recursos; casos como o do Banco Econômico e o do Banco Nacional que deram início à fase mais delicada do ajustamento do Sistema Financeiro Brasileiro.



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