| Retaguarda
Por que a
Intelig iniciou a guerra de preços? Por que a Embratel a acompanhou?
Em que se pautam as estratégias de marketing destas operadoras,
que as fez detonar uma guerra tarifária que, aparentemente não
teria vencedor? Em parte, a resposta a essas perguntas está nos
diferentes objetivos de negócio de cada uma das empresas.
De um lado está a Intelig que, fazendo jus ao seu reconhecido marketing
agressivo, iniciou a disputa com objetivos claros. “Fizemos este
movimento porque queríamos dar uma resposta clara para o mercado
e, principalmente, para os nossos clientes de que a Intelig é a
melhor opção para ligações DDI”, afirmou
a Intelig. E completou “a Intelig entrou no mercado para promover
a concorrência efetiva – reforçar o posicionamento
de ser a melhor oferta para ligações DDI.” Fortalecer
a imagem junto aos consumidores, aumentar sua participação
no mercado de chamadas internacionais, mudar a mentalidade do usuário
e acostumá-lo a utilizar o 23 nas ligações, não
só das chamadas de longa distância, as quais estavam em promoção,
como também para outros países cujas tarifas não
foram reduzidas, também fazem parte das metas da espelho. Em suma,
de acordo com o analista do Yankee Group, Raphael Duailibi, a Intelig
tem como objetivo fazer com que as pessoas adquiram o hábito de
discar seu código de longa distância; afinal, só conhecer
não basta, é preciso discar.
Para Wladimirski, a empresa resolveu adotar uma postura mais agressiva
depois de conquistar cerca de 500 clientes corporativos desde janeiro
de 2001, ao indagarem como poderiam ser mais agressivos também
no mercado de voz, que só foi possível devido aos acordos
com as outras operadoras internacionais.
Do outro lado, a Embratel, afirmou ter reconhecido que a estratégia
de promoção é uma forma de preparar o mercado para
novas alternativas e evitar perda de receitas para empresas que realizam
chamadas ilegais. “Não estamos em guerra, estamos reagindo
à determinada ação. Somos conhecidos como ágeis
nas respostas”, afirmou a Embratel. Embora o preço promocional
não cobrisse os custos da Embratel, a empresa justificou as perdas
como parte de uma estratégia para fidelizar a clientela.
Em vista de atingirem suas metas e objetivos, as empresas correm contra
o tempo. Na medida em que o usuário é bastante forte, de
modo que as operadoras não só devem ter forte presença
de mídia para tornar o cliente fiel ao seu número, mas também
deve oferecer descontos, promoções, “clubes”,
bônus, sorteios e demais vantagens. No segundo estágio da
concorrência estabelecido pela Anatel (após 2002), os serviços
vetados poderiam ser abertos tanto para os atuais concessionários
e autorizados (os espelhos) quanto para novos operadores. Na prática,
isso significava que a operadora poderia estabelecer novos contratos visando
ao oferecimento de outro serviço e/ou outra área.
Eis então mais um motivo que incitou à disputa travada:
a abertura do mercado. Aquelas que anteciparem as metas de desempenho
estabelecidas seriam premiadas com o aval da Anatel para prestação
de outros serviços e atuação em outras áreas.
Com isso, a competição tendeu a aumentar em 2002. A Anatel
pretendia distribuir mais de 50 códigos de prestadora para complemento
de chamadas de longa distância.
Os investimentos em rede física de atendimento e marketing são
muitos pesados, bastando lembrar que a Telemar previa gastar R$ 8 bilhões
para antecipar as metas fixadas para 2003, por exemplo. Assim, o mais
provável é que as operadoras locais focassem seu esforço
na longa distância nacional e internacional a partir dos clientes
já atendidos em sua área original de concessão. Em
outras palavras, Embratel e Intelig, que dividem o filão das ligações
internacionais, teriam de aceitar a divisão do bolo em mais fatias.
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