| Desenvolvimento
e explicação do diagrama de ciclos causais
Duas variáveis chaves foram identificadas nesse estudo de caso:
a política predatória da Intelig (que iniciou o processo)
e a política predatória da Embratel (que aceitou o desafio).
O diagrama procura, também, demonstrar as relações
causais que levaram a Intelig a adotar essa política, nesse caso
através de relações lineares expressas pelas variáveis
“cultura organizacional da Intelig” e “políticas
governamentais de privatização”. Por que lineares?
Porque não estamos interessados em representar ciclos de retroalimentação
que definam essas duas variáveis. Para isso, seria necessário
perguntar, por exemplo, o que causa a “cultura organizacional da
Intelig” que a define como uma empresa de marketing agressivo? Isso,
certamente, demandaria uma pesquisa mais aprofundada que não é
o objetivo desse estudo de caso.
Observa-se que as duas empresas têm como foco da competição
predatória a fixação da marca e a fidelização
dos clientes, aumentando o marketshare. Para os clientes essa concorrência
entre as duas empresas se mostrou, a curto prazo, como uma grande vantagem
devido à redução dos custos das ligações
internacionais. No plano econômico, porém, havia uma preocupação
da ANATEL com a sustentabilidade das próprias empresas e a ameaça
para outras que não poderiam praticar os mesmos preços.
É interessante observar que os ciclos de retroalimentação
das duas empresas são muito semelhantes. Contudo, o diagrama não
é capaz de explicar porque, a princípio, o resultado desse
processo beneficiou mais a Intelig do que a Embratel, simplesmente porque
o texto também não relata de maneira clara esse fato. Isso
é o que denominamos de “lacuna de informação”.
Embora a construção do diagrama contribua para elevar os
níveis de aprendizagem do caso, essa lacuna poderia, do ponto de
vista estratégico, se configurar em um excelente projeto de pesquisa.
Ou seja, é possível que políticas agressivas de marketing
sejam uma boa opção para empresas novas e entrantes no mercado
competirem com as mais antigas e tradicionais?
Essa é uma
das contribuições da análise sistêmica: ao
tentar descrever o “todo” encontramos as lacunas de informação
que, não raras vezes, são fundamentais para a compreensão
de um processo ou mesmo para a elaboração de um projeto
de pesquisa que pode conduzir a novas teorias de negócio.
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