Dois em um

Saiba por que um gestor do capital intelectual é visto como um dos profissionais mais valorizados no mercado de Tecnologia da Informação

Por Claudia Merquior

Em meio à enorme quantidade de informação que toma conta das empresas atualmente, surge um profissional que tem tudo para se transformar em um dos mais requisitados pelo mercado: o CKO (Chief Knowledge Officer).

Também conhecido como CLO (Chief Learning Officer) ou gestor do conhecimento, este profissional é um misto de especialista em RH e tecnologia, que tem como principal atribuição administrar o conhecimento que circula no ambiente corporativo. A criação deste cargo, por si só, é um sinal de que o investimento em capital intelectual já é considerado um mecanismo essencial para o sucesso de qualquer empresa.

Embora tenha boa aceitação na maior parte da América do Norte e na Escandinávia, a presença de um CKO ainda enfrenta certa resistência do empresariado em países menos desenvolvidos, como o Brasil. Para o presidente da TerraForum, José Cláudio Terra, uma das causas é que este cargo ainda é muito pouco conhecido no País.

— “Por aqui, a maioria das grandes empresas não dá a devida importância ao capital intelectual. Pela própria realidade da economia brasileira, não há uma cultura de investimentos nesse item, cujo retorno não é mensurável nem ocorre no curto prazo. Por essa razão, são as multinacionais que lideram as iniciativas em Gestão do Conhecimento no Brasil” – explica Terra.

Saindo na frente

Mesmo assim, já temos vários exemplos de grandes empresas com altos funcionários exercendo a função de CKO. É o caso da Siemens, que começou a dar importância à Gestão do Conhecimento em 1995, em sua sede, na Alemanha. A adoção de um CKO só veio cinco anos depois. Paralelamente a isto, a administração de seu capital intelectual passou a ser distribuída em outros países, sob os cuidados dos coordenadores regionais de cada filial.

Entre eles está o gerente de TI da Siemens no Brasil, Filipe Cassapo. Embora não sendo considerado oficialmente um CKO, desde 2001 ele é o responsável pela Gestão do Conhecimento da Siemens na filial brasileira. Em 2003, passou também a atender a região Mercosul, que inclui – além do Brasil – a Argentina e o Chile.

Para Cassapo, a razão pelo maior interesse das multinacionais no capital intelectual ultrapassa as questões econômicas.

— “Empresas descentralizadas, com vários escritórios espalhados pelo mundo, são as que mais necessitam de um CKO, pois é ele quem integra todo o conhecimento que circula dentro da corporação” – diz o gerente.

De acordo com o executivo, o cargo exige do profissional visão estratégica, iniciativa, boa capacidade de comunicação e talento para agregar e motivar pessoas. Isto sem esquecer dos conhecimentos em tecnologia da colaboração, o que inclui e-learning, redes de competência – também conhecidas como yellow pages –, portais corporativos e comunidades de práticas, onde os funcionários de uma empresa se reúnem virtualmente para compartilhar problemas e encontrar soluções.

— “Trata-se de um profissional multidisciplinar, que atua nas áreas de RH, tecnologia, comunicação e gestão de qualidade” – afirma Cassapo.



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