Para onde caminha a Tecnologia de Informação...
Eduardo Jorge Lapa Lima


Sem nenhuma tentativa de prever o futuro, mas com uma preocupação em ver para onde estão caminhando as tecnologias da informação, tentamos verificar e comentar sobre algumas tendências no mercado de tecnologia de informação.


Já é consenso que tecnologia da informação deve estar alinhada aos negócios, não é isso que discutimos, o propósito agora é: como manter TI agregando valor aos negócios? Para isso, seria ideal que conseguíssemos enxergar o panorama dos CIOs, ou Gerentes de TI no Brasil. Depois, entendermos em que estão sendo feitos os investimentos e por aí adiante.


Os gerentes de TI, ou CIOs, estão vivenciando uma realidade difícil, na qual existem novas pressões de negócios, há pressão por resultados em uma área em que, até bem pouco tempo, isso não era problema. O backlog de atividades só aumenta, eles têm que responder à competição global e a um ambiente em constante mudança, ao mesmo tempo em que lidam com os sistemas legados e as deficiências organizacionais, enfim, é necessário que se enxergue isso para saber como manter tecnologia de informação caminhando no mesmo passo que os negócios da empresa.


Ao analisarmos a organização da maioria das empresas, observamos que suas estruturas tendem a ser verticalizadas, sustentadas por diversas camadas gerenciais. Seus sistemas de informação, por refletirem esta organização, são projetados para atender apenas a necessidades de funções ou departamentos específicos.


Por sua vez, processos de negócios e fluxos de valor da organização – que desenvolvem o trabalho que produz resultados e valor para os clientes – são horizontais, cruzando diversos departamentos e funções, gerando inevitáveis problemas de interfaces.


Esta estrutura organizacional e seus sistemas de informação não mais atendem às demandas do mercado. Precisam ser reorganizados. Mas realizar esta transformação não é tarefa das mais fáceis.


A TI tem o potencial de redesenhar processos. Muitas atividades seqüenciais podem ser efetuadas em paralelo com os recursos tecnológicos existentes hoje. Quanto maior o nível de simultaneidade, menos tempo para concluir uma tarefa. Com uso inteligente da tecnologia da informação, os processos podem ser simplificados, uma vez que atividades repetidas podem ser inteiramente automatizadas.


Mas é importante ressaltar que automatizar processos ineficientes e inadequados é jogar fora oportunidades de melhoria, sejam as empresas pequenas, médias ou gigantescas. A TI deve automatizar processos e fluxos de trabalho redesenhados e não processos antigos e ineficientes, pois seria automatizar deficiências.

Tendo isso como pano de fundo, como é que poderíamos ver as tendências para a evolução de TI no Brasil? Segundo o Gartner Group, os gastos com TI já ultrapassam oito por cento das receitas das empresas. Em longo prazo, telecomunicações será a área de maior crescimento no Brasil, os programas de governo eletrônico vão alimentar o crescimento da indústria de TI na área pública, o Brasil continua atraindo fornecedores de soluções, entre outras minúcias que podem nos levar a refletir melhor sobre o mercado de tecnologia. Analisando um pouco o mercado, e indo mais profundamente na questão técnica, conseguimos ver que novas tecnologias têm distintas velocidades de adoção no Brasil.


O B2B se desenvolve muito bem por aqui, levando juntas aplicações de portais corporativos, desenvolvidos com tecnologias de ponta. Conceitos de integração de sistemas surgem naturalmente, a preocupação com segurança de informação cresce também e assim vão surgindo novas aplicações.


As empresas vêm investindo largamente na integração da cadeia de valor, alavancando com isso, novas versões e módulos de sistemas de ERP, integração destes com os sistemas legados. Aplicações de SCM (Supply Chain Management) estão sendo amplamente utilizadas e ganham cada vez mais funcionalidades.


Com o aumento de concorrência, globalização, entre outros fatores, as empresas ampliaram seus cuidados com o cliente, assim sendo, aplicações de CRM (Gestão de relacionamento com clientes) começam a ganhar força e se tornam indispensáveis para grandes empresas.


Como estamos vivenciando a era do conhecimento, ou se preferirem, da informação, as organizações começam a ter preocupação em gerir os capitais intelectuais, com isso, iniciativas de gestão do conhecimento tomam força e junto com elas vêm: utilização em larga escala de intranets, softwares de mapeamento de processos, aplicações de GED, softwares de colaboração, softwares de integração de equipes de trabalho, sistemas para captação e disseminação de conhecimento, sistemas de e-learning entre outras.


Por último e não menos importante, deixei para falar das aplicações de Datawarehouse, bussiness inteligence e data mining. Em uma pesquisa realizada pela americana Survey.Com, ficou claro que as empresas estão prestes a fazer mais gastos com as soluções de BI e DW somados ao aumento de uso desses recursos. O estudo indica um forte crescimento de investimentos em TI pelas empresas e, também, que as vendas estão distribuídas entre as seguintes categorias de produtos: sistemas, incluindo processadores, sistemas operacionais e ferramentas associadas e armazenamento, consultorias especializadas no processo de criação entre outros pequenos itens. É preciso então estar atento a essa oportunidade.

Grandes desafios de TI

As organizações participantes da nova economia, globalizada por característica, impulsionam as áreas de TI das organizações a tomar algumas posições. Como exemplo? As empresas pressionam ao mesmo tempo por corte de custos e por resultados. A organização de TI procura se reestruturar, mas leva o legado consigo, sourcing (intensa terceirização) se torna tendência dominante no mercado de TI, o líder da organização de TI busca se tornar um líder de negócios e nem sempre tem o skill necessário e isso leva a alguns desafios.Podemos destacar como principais desafios itens como:


• Incerteza tecnológica – as empresas ficam muitas vezes na corda bamba pela adoção de alguma tecnologia.
• Ritmo acelerado de mudanças – evolução acelerada por demasia da indústria de TI é também um problema para as organizações que fazem muita utilização de TI em seus processos de negócio.
• Gap de desenvolvimento da infraestrutura – algumas empresas não andam nas mesmas velocidades que a indústria de TI, gerando uma desatualização da empresa e de seus profissionais.
• Integrações complexas – é natural que, com o aumento do número de fornecedores, as empresas tenham soluções tecnológicas de diversos fabricantes, como é natural também que estas soluções, aplicações ou sistemas, devem estar integrados. A questão é que nem sempre essa integração é fácil de ser feita.
• Mudanças na força de trabalho – os profissionais de TI, como de várias outras áreas, têm mudado. Alguns paradigmas têm sido quebrados e novos hábitos e costumes surgem nessa era em que vivenciamos.
• Preços de TI desfavoráveis


Assim sendo, vêm as implicações estratégicas para empresas brasileiras:

Implicações negativas
Implicações positivas

• Estão atrás no uso de TI como vantagem competitiva.
• Têm que aceitar - em vez de estabelecer - padrões tecnológicos.
• Não têm o costume de planejar e utilizar TI alinhada com o plano estratégico da organização.


• Não desperdiçam investimentos e tempo seguindo tendências sem saída.
• Podem acelerar a curva de aprendizado tecnológico.

Vendo o quadro anterior e comparando a pesquisa de Gartner, a tabela abaixo mostra comos os CIOs ou Gerentes de TI reagem aos desafios:

 
Em Andamento
A começar
Tecnologia
  • Implicações "e"
  • Gestão de Conteúdo
  • Melhoria de Segurança
  • Ferramentas de Gestão de redes e infraestrutura
  • Gestão de Storage
Gestão
  • "Cruzadas " de Corte
  • Allinhamento TI- Negócios
  • Segurança & continuidaade
  • CIO voltado a negócios
  • Valor de TI para os negócios
  • Nova organizaçao de TI

Tendo em vista todas as questões citadas, os gerentes de TI precisam atentar e tomar alguns cuidados, como por exemplo:


• Entender precisamente as características de sua empresa e o papel de TI nos seus negócios, fazendo com isso um alinhamento entre TI e estratégia.
• Envolver-se com os negócios e desenvolver uma estratégia de TI unificada e formal para sua empresa.
• Acompanhar os desenvolvimentos tecnológicos em busca de oportunidades para sua organização e ter cuidado com seu ciclo de adoção.
• Desenvolver táticas específicas para a implementação de cada tecnologia, tirando vantagem do seu ciclo de adoção.


Já que conhecemos as implicações estratégicas e como têm se comportado os gerentes de TI das empresas, seria interessante que conhecêssemos o comportamento das organizações com relação à tecnologia de informação:

Fonte: Gartner Group, Jan/2002.



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