Alguns tipos de texto exploram com astúcia e com intenções enganosas os pressupostos. Há casos em que, se você não fizer uma leitura atenta do texto, corre o risco de passar por cima de significados importantes e decisivos ou – o que é pior – pode concordar com coisas que você rejeitaria se as percebesse.

Um exemplo disso são as “verdades” indiscutíveis que embasam muitas alegações do discurso político. Observe:

O conteúdo explícito afirma:

- há necessidade de construção de mísseis;
- com o fim de defender a América contra o ataque norte-coreano.

O pressuposto, isto é, a informação que não se põe em discussão é: os norte-coreanos pretendem atacar a América. Note que isso não foi citado, mas leva o leitor a imaginar tal situação.

É possível, também, haver argumentos contra o que foi informado explicitamente nessa frase, tais como:

- os mísseis não são eficientes para conter o ataque norte-coreano;
- uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os americanos;
- a negociação com os norte-coreanos é o único meio de dissuadi-los de um ataque à América.

Como se pode perceber, os argumentos são contrários ao que está citado explicitamente, mas todos eles confirmam o pressuposto, isto é, todos os argumentos aceitam que os norte-coreanos pretendem atacar a América.

A concordância com o pressuposto é o que permite levar à frente o diálogo. Se o ouvinte/leitor disser que os norte-coreanos não têm intenção nenhuma de atacar a América, estará negando o pressuposto lançado pelo emissor/autor e então a possibilidade de diálogo fica comprometida irreparavelmente. Nenhum dos argumentos citados teria razão de ser. Isso quer dizer que, sem aceitação do pressuposto, não é possível o diálogo ou este não teria nenhum sentido.



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