Clichês e chavões


Segundo Rodrigues Lapa, o clichê é uma série usual ou unidade fraseológica, isto é, um agrupamento de palavras surrado pelo uso, quase sempre formado por um substantivo e um adjetivo: “doce esperança”, “eminente deputado”, “filho exemplar”, embora estes tenham um referencial antigo.

Os clichês e os chavões surrados de hoje são outros: os que procuram trazer uma conotação modernosa e tecnocrática como "teto salarial". Sobre este, diz Teixeira Coelho que “enquanto os salários têm teto os preços têm piso, pois as duas palavras são um compêndio de ideologia e economia”.

E há ainda outros: “operar mudanças”, “vou estar passando” (o chamado “gerúndio” do telemarketing), “fazer artístico”, “disponibilizar informações”, “dura realidade”, “grande maioria” (alguém já viu pequena?), “pompa e circunstância”, “operacionalidade”.

Na linguagem da mídia, temos inúmeros, bem atuais: o abominável “a nível de”, o dispensável “através de”, “imagens impressionantes”, “reverter a situação”, “espetáculo da natureza”, “manifestação com faixas e cartazes”, e muitos mais.



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