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1 - Idéias principais e secundárias Vamos iniciar nosso estudo exercitando a leitura e a interpretação de texto. A questão a seguir foi retirada de uma prova de concurso público do Estado do Maranhão, em 2005, elaborada pela Fundação Carlos Chagas (FCC). Leia atentamente o texto e responda às questões 1 e 2.
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| Ao ler um
texto, procure sublinhar as informações básicas, indispensáveis
em cada parágrafo e você perceberá que a idéia
central (ou a frase que o resume) já aparece no primeiro
parágrafo e será retomada (mesmo que de forma implícita)
nos parágrafos de desenvolvimento e, finalmente, será reafirmada
no último parágrafo do texto.
Observe que o primeiro período (“Com as agravantes do desmatamento e do aquecimento global, a seca na Amazônia ganha alguns contornos de novidade que se dissipam no longo curso da história da região.)” está na ordem inversa. Na ordem direta ele ficaria assim: “A seca na Amazônia ganha alguns contornos de novidade que se dissipam no longo curso da história da região com as agravantes do desmatamento e do aquecimento global.” Na
ordem direta, identificam-se, mais facilmente, os termos
essenciais, ou seja, sujeito + predicado + complementos e, conseqüentemente,
o tópico
frasal do período ou parágrafo.
Vimos, no exercício que fizemos com o texto, que as questões tinham como objetivo levar o leitor a compreender a idéia principal do texto e as relações que se estabelecem entre as idéias desenvolvidas, nesse caso, as relações de causa e conseqüência. Para fazermos uma
leitura eficiente de um texto e, conseqüentemente, interpretá-lo
é necessário que estejamos atentos à forma como são
estruturadas as idéias e as relações de sentido decorrentes
dessa organização. |
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2 - Estruturação de idéias Pensemos em um livro. Esse livro tem vários capítulos e apresenta-se com clareza e boa organização. Como o autor conseguiu isso? Com certeza, ele tem bom domínio do conteúdo e estruturou suas idéias em uma seqüência que garante a clareza. O livro, em geral, é dividido em capítulos e cada um deles se organiza em parágrafos. Estes, por sua vez, são compostos por períodos, nos quais estão as idéias. É possível, então, reconhecer vários níveis de organização das idéias. Não importa a extensão do conteúdo. Ao estruturar suas idéias, o autor torna sua obra compreensível. Ou seja, não é suficiente que se tenha bom domínio do conteúdo e conhecimento das estruturas de organização do texto, é preciso ter uma boa estrutura de idéias. Vamos verificar se você compreendeu bem a organização das idéias do texto? Leia o texto abaixo e responda às questões seguintes.
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3 - Como distinguir as idéias principais das idéias secundárias Para distinguir uma idéia principal de uma idéia secundária podemos seguir algumas dicas:
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4 - Texto e coerência Acompanhe a tira a seguir.
Observe a resposta dada pela secretária do general Dureza no último quadrinho: Envie ontem. Tomada fora de contexto, essa é uma fala incoerente. Ninguém pode enviar algo no dia anterior. Ontem expressa uma referência temporal de passado. Envie é um verbo flexionado no imperativo afirmativo que traduz uma ordem a ser cumprida no futuro próximo. Essas duas palavras não fazem sentido se relacionadas uma à outra. Por isso, a fala da moça é incoerente. Para usarmos de forma competente a linguagem ao ler, interpretar e elaborar textos é importante identificar incoerências, ou seja, identificar o que pode provocar efeitos diversos daquele que faz sentido no texto. Para isso, é necessário começar por entender melhor a chamada coerência textual. Devemos pensar sobre o significado preciso da palavra coerência e sobre o sentido que esta palavra adquire quando empregada com relação aos textos escritos, particularmente. Vejamos, então, a definição encontrada em um dicionário para coerência:
Observe que a definição apresentada não vincula necessariamente a coerência a textos, sejam eles orais ou escritos. Na verdade, o conceito está relacionado à existência de conexão, de nexo entre situações, acontecimentos ou idéias. |
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| A coerência
tem a ver, basicamente, com as condições para o estabelecimento
de um sentido em um contexto determinado, quer se esteja considerando o
sentido de acontecimentos, de idéias mentalmente postas em relação,
de partes de um todo ou conjunto harmônico, quer se esteja considerando
o sentido de textos, orais ou escritos, por meio dos quais se procura veicular
verbalmente um sentido qualquer.
Pode-se, portanto, vincular a noção de coerência às condições para que algum evento (textual ou não) seja interpretado em um contexto específico (isto é, possa ter um sentido a ele atribuído numa determinada situação).
Vemos, assim, que
não é possível determinar se algo é coerente
ou incoerente sem levar em conta o contexto, que é fator determinante
para a correta interpretação daquilo que se percebe, ouve
ou lê. |
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| Resumo
Para fazermos uma leitura eficiente de um texto e, conseqüentemente, compreendê-lo e interpretá-lo é necessário que estejamos atentos à forma como são estruturadas as idéias e as relações de sentido decorrentes dessa organização. Ao definir as idéias centrais do parágrafo, começa a ficar claro para quem lê e interpreta a relação entre conteúdo e estrutura do texto. Em qualquer parágrafo existe, usualmente, uma frase que exprime a idéia principal, que é o tópico frasal. As frases que exprimem as idéias principais caracterizam-se por conter afirmações mais genéricas e amplas; as frases que exprimem as idéias secundárias transmitem informações mais detalhadas. Coerência textual é uma relação harmônica que se estabelece entre as partes de um texto, em um contexto específico, e que é responsável pela percepção de uma unidade de sentido. Para se determinar
se um texto é coerente ou não devemos levar em conta o contexto
em que ele é produzido, fator que contribui para a correta interpretação. |
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- Construindo as relações no texto
A capacidade de relacionar corretamente as idéias de um texto é um aspecto essencial da construção da coerência. A relação entre as idéias precisa ser feita por meio de mecanismos de coesão que ajudem o leitor a compreender o que se pretende dizer, afinal, a interpretação de um texto depende diretamente das relações de sentido que o leitor estabelece. Alguns elementos coesivos que têm participação muito importante na construção da coerência textual são os conectivos. Observe o quadrinho abaixo.
Você percebeu que as imagens e o texto seguem uma seqüência, certo? Essa seqüência, por sua vez, estabelece uma relação entre as idéias do texto. O sentido dessas idéias é resultado da organização do texto. No penúltimo quadrinho, temos a quebra da seqüência inicial, pois o esperado é que Snoopy vá pegar o seu jantar. No entanto ele está impossibilitado de sair do lugar, mas o seu dono não sabe e interpreta o fato como descaso. O conectivo se é usado, pelo autor, para estabelecer essa relação de sentido, ou seja, se Snoopy não veio pegar seu jantar ele o dará aos gatos do vizinho. Identificamos,
a seguir, as principais relações de sentido que
costumamos utilizar em textos escritos e orais. Vamos, por meio de exemplos,
explicar como essas relações podem ser construídas
com o auxílio de conectivos. Para interpretar
corretamente um texto, você deve ser capaz de identificar essas
relações. |
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- A relação de causa e conseqüência
Muitas vezes, quando estamos escrevendo um texto, precisamos apresentar para o leitor uma situação, em que determinados fatores provocam determinadas conseqüências. Ao associá-los, lingüisticamente, é necessário deixar clara a relação de causalidade entre eles, porque é a existência de uns que determina a dos outros. Na nossa língua, muitos conectivos podem indicar esse tipo de relação: porque, pois, como, por isso, já que, visto que, uma vez que etc. Observe os períodos abaixo:
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| Como sabemos, as palavras
pertencem ao
campo lexical ou ao campo semântico. Chama-se circunstância
a condição particular que acompanha um fato. Um grupo de palavras
pertence à mesma área semântica quando elas, num determinado
contexto, têm em comum a expressão de um conceito que as aproxime.
Vamos relacionar a área semântica de algumas circunstâncias, como de causa, conseqüência, fim, conclusão, já que essa área, por meio das relações de sentido, é bastante cobrada em questões de interpretação de textos. Vejamos algumas:
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Muitas vezes a relação de causa e conseqüência é evidenciada pelo uso de uma conjunção. Em alguns casos, isso não acontece tão explicitamente, sendo necessário compreender todo o contexto para identificar essa relação. Vamos ver como isso acontece? Leia o texto e faça o exercício a seguir.
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| 3 - A relação
de condição
É freqüente a necessidade de, em um texto, expressarmos a dependência entre duas idéias (ou fatos), de tal maneira que a existência ou ocorrência de uma esteja condicionada à existência ou ocorrência da outra. O raciocínio hipotético, por exemplo, constrói-se com base nesse tipo de relação. Como conectivos nesse tipo de estrutura, podemos usar: se, caso, contanto que, dado que, desde que, a menos que, a não ser que etc. Observe os dois períodos: Os
bancários receberão aumento. (fato possível)
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- A relação de acréscimo ou conjunção Às vezes, durante a elaboração de um texto, é preciso indicar que mais de um fato ou mais de uma ideia atuam de forma conjunta na determinação de um resultado ou de uma consequência.
Há vários conectivos para estabelecer a relação de acréscimo ou conjunção: e, também, além de, não só, nem (para o caso de se fazer um acréscimo negativo) etc. Repare nos períodos abaixo:
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5 - A relação de gradação Outras vezes, em lugar de apenas acrescentar idéias a outras, desejamos fazê-lo indicando que há certa hierarquia ou gradação entre elas. O estabelecimento desse tipo de relação pode marcar tanto o argumento ou idéia mais importante (com o auxílio de conectivos: até, até mesmo, inclusive), como também informar a existência de idéias, fatos ou argumentos mais importantes que aquele que se optou por apontar (nesse caso, os conectivos passariam a ser: pelo menos, ao menos, no mínimo, quando muito, no máximo). Leia atentamente os períodos abaixo: No
Brasil não se incentiva a prática de esportes. (primeira
idéia)
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6 - A relação de contradição de uma expectativa criada Às vezes, uma primeira idéia que apresentamos no texto sugere uma determinada conclusão e precisamos indicar ao leitor que ela acaba não ocorrendo, por mais previsível que seja.
Para designar esse tipo de relação contraditória, podemos utilizar vários conectivos: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, embora, ainda que, mesmo que, apesar de etc. Leia atentamente os períodos abaixo: Um
aluno está com febre alta. (situação)
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7 - A relação de tempo Dentre os elementos que dão sentido ao texto, há, também, aqueles responsáveis pelo estabelecimento de relações de tempo entre a ocorrência de diferentes fatos. Esses elementos podem expressar a precedência (que ocorre antes) temporal entre os fatos, a sua sucessão (que ocorre depois), bem como a simultaneidade (que ocorre ao mesmo tempo). Como conectivos, podemos lembrar de: ontem, hoje, amanhã, antes, depois, cedo, tarde, primeiramente, em seguida, a seguir, finalmente, quando, sempre, nunca, enquanto etc. Observe os períodos: O
casal estava no cinema. (primeiro acontecimento)
Vale lembrar que as relações que estudamos neste módulo são apenas algumas das que podemos estabelecer com o auxílio dos "nós" lingüísticos. Para controlá-las da melhor forma possível, precisamos conhecer, primeiramente, o sentido das idéias, fatos ou argumentos que pretendemos relacionar e, em segundo lugar, escolher o elemento coesivo correto para expressar tal relação. |
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- A coesão e a coerência
Sabemos que coerência e coesão são aspectos importantes na articulação textual e, por isso mesmo, estão intimamente relacionados. Observe que essa relação se estabelece na medida em que a coerência vincula-se ao conteúdo, e a coesão à forma de expressão desse conteúdo.
Ambas as noções referem-se, portanto, a propriedades de ligação entre as partes de um texto: a coerência resulta da relação harmoniosa entre conceitos no interior de um texto e entre estes e a realidade exterior. Já a coesão é a propriedade de ligação entre os elementos lingüísticos. Vejamos o exemplo a seguir:
Descontando ou não o humor (que pode, para alguns, parecer de gosto duvidoso), percebemos que a coerência do trecho transcrito é "perfeita". Se, em princípio, poderia ser estranha a ligação entre os fatos: (1) ouvir o barulho da chave na fechadura; (2) "adivinhar” que se trata de Maria; e (3) apressar-se em tomar suco de tomate; por outro lado, eles formam uma seqüência perfeitamente lógica, uma vez que o leitor está de posse de uma informação, dada anteriormente, de que existe uma mulher, Maria, que vai até a casa do narrador cozinhar para ele. Além disso, sabemos que essa cozinheira tem uma conversa sobre temas desagradáveis, geralmente relacionados a doenças. Por fim, acentuando o efeito cômico, o autor coloca na fala de Maria, de estalo, a hemoptise (tosse seguida pela expectoração do sangue) do irmão. Pois bem, essa ligação perfeita dos fatos garante coerência a esse trecho do texto. Quanto à coesão: ela é, como já dissemos, garantida por elementos gramaticais no interior das frases. Por exemplo, o pronome sua, em itálico no texto, liga a família a Maria, ou seja, garante que é da própria família que Maria costuma falar tanto. Se o pronome não aparecesse, restaria uma ambigüidade; e se, ao invés de sua, fosse, por exemplo, minha, a família neste caso seria a do narrador: estaria ligada a ele. A coesão
não é condição necessária nem suficiente
da coerência: as marcas de coesão encontram-se no texto ("tecem
o tecido do texto"), enquanto a coerência não se encontra
no texto, mas constrói-se a partir dele, em dada situação
comunicativa. |
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| 9 - Coerência
e interpretação
O bom leitor é capaz de identificar as relações de sentido, compreendendo não apenas o que se apresenta explicitamente, mas também as intenções do autor. Para isso, devem-se observar os indícios deixados no texto, tais como a escolha do título (que nunca é por acaso), os elementos de coesão e os conectivos utilizados para dar coerência ao texto. Leia atentamente o texto abaixo. Oito Anos
O que podemos dizer sobre o texto que acabamos de ler? Podemos dizer que o texto é um conjunto de frases interrogativas sem ligação entre si? Podemos dizer que se trata de um texto sem coerência? Qual o título do texto? E por que esse título: “Oito anos" ? Que relação podemos estabelecer entre o título e o conteúdo do texto? E se acrescentarmos a essa reflexão o fato de que se trata de uma canção cuja letra é constituída por uma "lista" das perguntas que Gabriel, filho da Paula Toller, com oito anos de idade, fazia para ela? Agora é coerente, não é? Produzimos sentido para o texto, apesar e a partir mesmo do que se nos apresenta como "incoerência", pois os nossos conhecimentos lingüísticos, enciclopédicos e textuais permitem-nos a construção da coerência. |
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Leia atentamente o texto a seguir para responder às questões.
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Resumo Um aspecto essencial da construção da coerência é a capacidade de relacionar corretamente as idéias de um texto. A relação entre as idéias precisa ser feita por meio de mecanismos de coesão seqüencial que ajudem o leitor a compreender o que se pretende dizer. Para interpretar corretamente um texto, você deve ser capaz de identificar essas relações. As principais relações de sentido que costumamos utilizar em textos escritos e orais são:
A noção de coerência está relacionada ao conteúdo, aos significados, ao encadeamento das idéias, situações ou acontecimentos que são veiculados em um texto. Já a coesão está relacionada à forma, à superfície do texto; em outras palavras, ela é garantida por procedimentos gramaticais. Ambas referem-se, portanto, a propriedades de ligação entre as partes de um texto: a coerência resulta da relação harmoniosa entre conceitos no interior de um texto e entre estes e a realidade exterior. Já a coesão é a propriedade de ligação entre os elementos lingüísticos. A coesão não é condição necessária nem suficiente da coerência: as marcas de coesão encontram-se no texto, enquanto a coerência constrói-se a partir dele, em dada situação comunicativa. O bom leitor deve
identificar as relações de sentido, compreendendo não
apenas o que se apresenta explícito no texto, mas também
as intenções do autor. Devem ser observados os indícios
deixados, tais como a escolha do título (que nunca é por
acaso), os elementos de coesão e os conectivos que dão coerência
ao texto. |
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