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1 - A montagem do texto Vimos, anteriormente, que para ler e interpretar um texto é preciso dominar os recursos textuais que estabelecem as relações de sentido entre as ideias. Para isso, é preciso entender que a compreensão do texto está relacionada com a relação de sentido das frases e palavras entre si e não meramente com a compreensão das frases. Vamos entender isso de outra forma. Leia a receita que segue.
Em geral, uma receita divide-se em duas partes: na primeira, apresentam-se ao leitor os ingredientes necessários para preparar o prato; na segunda, explica-se como ele é feito. Naquela, introduzem-se no texto novos elementos (novos, do ponto de vista da comunicação, são os termos ou informações, que ainda não apareceram no texto, que estão sendo introduzidos pela primeira vez). Na segunda parte, retomam-se os termos que já foram introduzidos. Para deixar claro que se trata do arroz, da manteiga, da gema, do frango, da cebola, do molho inglês, da farinha de trigo, do creme de leite e da salsa já referidos, usa-se o artigo definido diante desses substantivos, pois tem ele a função, entre outras, de denotar que aquele termo que ele precede já fora mencionado antes. Assim, quando se diz o frango, o que se está indicando é que é aquele mesmo frango já mencionado na lista de ingredientes. Observe então que as palavras e frases de um texto estão relacionadas entre si. Essa é uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases. |
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Observe o mapa abaixo:
Este mapa
é do centro da cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.
Podemos identificar no mapa da cidade a presença de elementos destinados
a garantir a coesão do tecido urbano. Observe a Praça Raul
Soares. O plano urbanístico de Belo Horizonte previu uma grande
praça rotatória, que funciona como elemento que liga as
principais avenidas da cidade. |
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| Vamos ver como os elementos
de coesão funcionam, na prática? Leia atentamente o texto. Os períodos estão numerados, de 1 a 10, para que você identifique mais facilmente os elementos referidos no exercício. Um argumento cínico (1) Certamente nunca terá faltado aos sonegadores de todos os tempos e lugares o confortável pretexto de que o seu dinheiro não deve ir parar nas mãos de administradores incompetentes e desonestos. (2) Como pretexto, a invocação é insuperável e tem mesmo a cor e os traços do mais acendrado civismo. (3) Como argumento, no entanto, é cínica e improcedente. (4) Cínica porque a sonegação, que nesse caso se pratica, não é compensada por qualquer sacrifício ou contribuição que atenda à necessidade de recursos imanente a todos os erários, sejam eles bem ou mal administrados. (5) Ora, sem recursos obtidos da comunidade não há policiamento, não há transportes, não há escolas ou hospitais. (6) E sem serviços públicos essenciais, não há Estado e não pode haver sociedade política. (7) Improcedente porque a sonegação, longe de fazer melhores os maus governos, estimula-os à prepotência e ao arbítrio, além de agravar a carga tributária dos que não querem e dos que, mesmo querendo, não têm como dela fugir - os que vivem de salário, por exemplo. (8) Antes, é preciso pagar, até mesmo para que não faltem legitimidade e força moral às denúncias de malversação. (9) É muito cômodo, mas não deixa de ser, no fundo, uma hipocrisia, reclamar contra o mau uso dos dinheiros públicos para cuja formação não tenhamos colaborado. (10) Ou não tenhamos colaborado na proporção da nossa renda. VILLELA,
João Baptista. Veja, 25 set. 1985.
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| 2 - Os elementos
de coesão
São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de elemento de coesão:
O uso adequado desses elementos de coesão confere unidade ao texto e contribui para a expressão clara das ideias. Cada um deles tem um valor específico, além de ligarem partes do texto, estabelecem entre elas relações diferenciadas. Para perceber algumas dessas relações, leia atentamente o texto.
Fez a leitura? Muito bem! Percebeu que existem inúmeras relações de sentido no texto? Agora vamos, juntos, reconhecer algumas dessas relações estabelecidas pelos elementos de coesão. |
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Leia novamente o texto e passe o mouse sobre as palavras destacadas, que são conectivos, para verificar que relação cada um deles estabelece com os demais elementos do texto.
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| Cada elemento responsável pela coesão textual, no interior do texto, serve para "amarrar" duas ou mais ideias. Existem, porém, diferentes tipos dessas “amarras” textuais.
O primeiro desses tipos envolve o estabelecimento de referências. Na nossa língua, a classe dos pronomes constitui a principal fonte dessas amarras linguísticas, por poder atuar, como vimos, na substituição de substantivos ou expressões que designam algo já dito anteriormente, ou que será futuramente dito pelo autor do texto. Veja um exemplo: Baleia é uma cachorra que faz parte da família de Fabiano. Graciliano Ramos personificou-a em sua obra Vidas Secas. O pronome a,
no segundo período, retoma o nome Baleia. É importante
conhecermos bem o uso dos pronomes, para que, com seu auxílio,
estabeleçamos corretamente as referências no interior de
um texto. Além disso, precisamos identificar a melhor forma de
empregá-los. Para tanto, observe sempre a colocação
pronominal. |
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Observe a frase:
No exemplo, o termo “ela” só pode ser recuperado se voltarmos à sentença imediatamente anterior e descobrirmos que sua referência é o termo Adriana. A forma mais simples de coesão é aquela em que o elemento pressuposto está verbalmente explicitado e antecede o item coesivo. Esse tipo de pressuposição, que faz referência a algum item previamente explicitado, é conhecido como anáfora. Nesse caso, dizemos, então, que o termo “ela” refere-se anaforicamente a Adriana e que uma relação de coesão foi estabelecida entre os dois termos para garantir a compreensão do texto.
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Leia atentamente o texto abaixo:
Elas
estão chamando No enunciado “Elas estão chamando”, o termo “elas” só pode ser recuperado se identificarmos o referente, grandes ondas, que aparece depois dele na estrutura. A essa relação de coesão, que ocorre quando o termo pressuposto aparece depois do item coesivo, chamamos catáfora. Observe que os itens coesivos referenciais não podem ser interpretados semanticamente por si mesmos, sem que se faça a ligação com os termos a que se referem. Por meio da anáfora e da catáfora manifesta-se a chamada coesão referencial.
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Observe o exemplo:
Ao se colocar uma palavra, um item lexical, com valor coesivo no lugar de outro(s) elemento(s) do texto, ou até mesmo de uma oração inteira, ocorre a substituição. Observe:
Diz-se que ocorre coesão por elipse quando algum elemento do texto é substituído por Ø (zero) em algum dos contextos em que deveria ocorrer:
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Observe os exemplos:
Trata-se de uma coesão resultante do emprego repetido do mesmo item lexical.
Nesse caso, a coesão é resultante do uso de um sinônimo.
Já nesse item, a coesão é resultante do emprego de um hiperônimo. Nave, aqui, é o hiperônimo, pois designa um gênero do qual a Enterprise é uma espécie.
A coesão, nesse exemplo, é resultante do uso de um nome genérico. Obtida pela repetição do mesmo item lexical ou pelo uso de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos, temos a reiteração. Observe o texto:
No exemplo acima, o recurso coesivo é resultante do uso de termos pertencentes a um mesmo campo semântico, é a colocação ou contiguidade. Esses procedimentos inserem-se na chamada coesão lexical. A coesão lexical é o efeito obtido pela seleção de vocabulário. |
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Observe, no parágrafo seguinte, o funcionamento dos elementos de coesão:
No exemplo, a utilização adequada das diferentes formas verbais garantiu a continuidade natural da narrativa. A construção foi feita por meio dos mecanismos de manutenção da coesão. Dessa forma, os procedimentos linguísticos que estabelecem relações de sentido entre segmentos do texto (enunciados ou parte deles, parágrafos, e mesmo sequências textuais), garantem a coesão sequencial, que fazem o texto progredir. Um mecanismo bastante usado para produzir as relações de sentido no texto é a ironia. Clique aqui e leia um fragmento de uma crônica de Eça de Queirós. No texto, Eça
de Queirós satiriza os partidos políticos portugueses de
seu tempo, mostrando que suas divergências não são
programáticas, mas dizem respeito ao mero jogo do poder. O texto
é construído ironicamente. |
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Vamos verificar se você compreendeu bem os elementos coesivos? Faça o exercício a seguir.
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3 - Tipos de discurso Ao definir os diferentes modos de reproduzir ou de citar o discurso, o autor cria um mecanismo coesivo. Cada tipo de citação assume um papel distinto no interior do texto, e a escolha de um ou de outro, processada pelo narrador, pode revelar suas intenções e sua própria visão de mundo.
Ao escolher o discurso direto, o narrador estabelece um efeito de verdade, fazendo parecer que preservou a integridade do discurso citado e a autenticidade do que reproduziu. Ao optar pelo discurso indireto, são criados diferentes efeitos de sentido, o que analisa o conteúdo e o que analisa a expressão. O primeiro elimina os elementos emocionais ou afetivos presentes no discurso direto, bem como as interrogações, exclamações ou formas interpretativas, cria um efeito de sentido de objetividade. Com isso o narrador mostra uma distância entre sua posição e a posição do personagem. Esta é a forma preferida nos textos de natureza filosófica, científica, política etc., quando se expõem as opiniões dos outros com a finalidade de criticá-las, rejeitá-las ou incorporá-las. |
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Outro tipo de discurso indireto serve para analisar as palavras e o modo de dizer dos outros e não somente o conteúdo de sua comunicação. Nesse caso, as palavras ou expressões realçadas aparecem entre aspas.
Ao usar o discurso indireto para analisar o modo de falar de um personagem, o narrador o faz para valorizar uma expressão típica do personagem. Nesse caso, o discurso indireto analisa o personagem por meio das formas de falar e manifesta a posição do narrador em relação a elas. O discurso indireto
livre mescla a fala do narrador com a do personagem. Do ponto de vista
gramatical, o discurso é do narrador; do ponto de vista do significado,
o discurso é do personagem. Por isso, o discurso indireto livre
cria um efeito de sentido que fica a meio caminho entre a subjetividade
e a objetividade. Nele, são duas vozes que se expressam, a do narrador
e a do personagem. |
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| Vamos exercitar? Leia atentamente o texto abaixo:
Esse texto é um fragmento de um capítulo de Vidas secas. O capítulo relata o encontro de Fabiano com o soldado amarelo, que estava sozinho e perdido no meio da caatinga. Longe dos olhares de qualquer testemunha, era a ocasião ideal para Fabiano vingar-se daquele que o tinha prendido e espancado na cidade. No trecho anterior a esse fragmento, Fabiano está com um facão na mão, e o soldado sente medo, pois pensa que vai ser morto. Questão 1
Questão
2
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| O soldado amarelo
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Texto: O soldado amarelo Questão 3
Questão 4
Questão 5
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Questão 6
Bem, vimos que os elementos de coesão conferem unidade ao texto e contribuem para a expressão clara das ideias, servem para estabelecer elos, para criar relações entre segmentos do discurso. Cada um deles tem um valor específico, além de ligarem partes do texto, estabelecem entre elas relações diferenciadas, configurando-se como procedimentos linguísticos de coesão sequencial no texto. |
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Resumo Uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases é que estas estão relacionadas entre si. A coesão é elemento essencial a qualquer tipo de texto, pois é ela quem garante as relações entre os elementos em textos de todos os gêneros. Cada elemento responsável pela coesão textual, no interior do texto, serve para ligar duas ou mais ideias. São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de elemento de coesão: as preposições; as conjunções; os pronomes; os advérbios. Os elementos de coesão são todas as palavras ou expressões que servem para estabelecer elos, para criar relações entre segmentos de um texto. É importante observar que cada um deles tem um valor típico. Além de ligarem partes do texto, estabelecem entre elas certo tipo de relação distinta. A forma mais simples de coesão é aquela em que o elemento pressuposto está verbalmente explicitado e antecede o item coesivo: é conhecido como anáfora. Quando o termo pressuposto aparece depois do item coesivo dizemos tratar-se de uma catáfora. Por meio da anáfora e da catáfora manifesta-se a chamada coesão referencial. Ao se colocar uma palavra, um item lexical, com valor coesivo no lugar de outro(s) elemento(s) do texto, ou até mesmo de uma oração inteira, ocorre a substituição. A reiteração é obtida pela repetição do mesmo item lexical ou pelo uso de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos. Recurso coesivo resultante do uso de termos pertencentes a um mesmo campo semântico é a colocação ou contiguidade. Esses procedimentos inserem-se na chamada coesão lexical, que é o efeito obtido pela seleção de vocabulário. Os procedimentos linguísticos que estabelecem relações de sentido entre segmentos do texto (enunciados ou parte deles, parágrafos, e mesmo sequências textuais), garantem a coesão sequencial. São os mecanismos de coesão sequencial que fazem o texto progredir. Com os vários
modos de reproduzir ou de citar o discurso alheio (discursos direto, indireto
e indireto livre), o autor cria um mecanismo coesivo. Cada tipo de citação
assume um papel distinto no interior do texto, e a escolha de um ou de
outro, processada pelo narrador, pode revelar suas intenções
e sua própria visão de mundo. |
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1
- Identificando locutor e interlocutor
Agora, sabendo que esta foto é para um anúncio de produto, faça o exercício a seguir.
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| Pois bem,
como vimos em conteúdos anteriores, em todo processo de comunicação
há uma mensagem, um emissor (ou locutor) e um receptor
(ou interlocutor). Tanto na fala como na escrita podem
aparecer um ou mais locutores e interlocutores. E como identificaremos o
locutor e interlocutor?
Vejamos:
No diálogo
acima, identificamos quatro personagens (Elisa, Fábio, Ana e Arthur).
São os locutores, certo? Mas observe que eles
também são os interlocutores! Ou seja,
num texto dialogal os locutores tornam-se interlocutores (observe que,
no caso do diálogo, aparecem os travessões antes de suas
falas, além de um se dirigir a outro pelo nome. No texto escrito,
eles podem ser identificados à cabeça do texto, com seus
nomes). |
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Bem, é fácil identificar o locutor e o interlocutor num texto dialogal escrito. Mas há diferenças na identificação de textos não-dialogais. Observe:
Olhe atentamente as fotos acima.
Então,
quem é o locutor e quem é o interlocutor,
neste caso? |
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| O processo da linguagem pode ser visto como:
Bem, nesse processo, veremos que há diferenças e aproximações entre o que se fala (oral) e o que se escreve (escrito), e esta é uma questão que se liga ao caráter histórico da linguagem humana.
Compreendemos,
portanto, que a linguagem forma-se não apenas no falar, mas nas
mensagens escritas, nos códigos e elementos visuais. Até
mesmo os espaços de silêncio fazem parte
da linguagem, e são produtores de sentido, por exemplo, quando
falamos, as pausas e silêncios têm um significado, dão
uma pista dos sentimentos e até mesmo de ideias que ficam
subentendidas pelos interlocutores. |
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| 2
- A interação entre o oral e o escrito
Tanto ao falar, como ao escrever, temos diversas formas de discurso.
É possível diferenciar áreas e opções,
assim como gêneros discursivos (livro didático, cartilha,
folheto, cartaz publicitário, sermão, anúncio, manual
de instruções, bula...) e tipos textuais (dissertação,
exposição, narração...).
O comunicado,
portanto, é essencial ao pensamento, à organização
de ideias e é aprendido desde a infância, quando a
criança se comunica ela interage
com as pessoas com quem convive e aprende a falar. |
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Todos os tipos de texto possuem orientação social, ou seja, possuem interatividade. Até mesmo um monólogo, por exemplo, promove interação. O que significa que não se deve complicar o processo de escrita (ou escritura), esquecendo que, como a fala, a escrita está também orientada socialmente (mesmo quando se escreve para si mesmo, como nos "diários"). . Assim, textos são produzidos a partir da fala, a partir do pensamento, ou a partir de discursos, e têm também uma orientação, uma finalidade. O caráter interacional é uma constante em todas as formas de linguagem. Assim, todo texto possui alguns pontos de indagação:
É disso que depende a composição e, sobretudo, o estilo do enunciado, e que também caracteriza sua finalidade. Esse é o início de todo o processo da escrita. |
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Nos
seus primórdios a escrita era utilizada para ser lida ou declamada
por seus autores, apresentando-se como uma "fala escrita". Entretanto,
hoje, não podemos afirmar que ela corresponde a uma fixação,
representação da língua falada,
como ainda se ouve frequentemente. |
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3
- As funções da linguagem
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- As relações da mensagem Para identificar a linguagem predominante do texto, pode-se recorrer aos recursos, palavras, expressões ou marcas utilizadas pelo autor e que caracterizam cada uma dessas linguagens, por exemplo: 1. se são valorizadas
as palavras em suas diversas combinações,
se a linguagem é centrada na mensagem, é afetiva,
sugestiva, conotativa, ou seja metafórica,
a linguagem predominante no texto é poética. Ou seja: é
possível avaliar qual a função predominante a partir
das marcas expressivas do texto. |
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Vamos pensar um pouco mais. O que representa toda essa gama de informações, de formas diferentes de linguagem, e de relações entre a fala, a escrita, a mensagem, os meios e os códigos que utilizamos no dia a dia?
Já
que são tantas informações se processando ao mesmo
tempo, no pensamento, na fala e nas relações sociais, no
processo de mensagem e linguagem, os quais necessitam tanto da interpretação
dos textos quanto de “reescritura” destes, muita gente pode
pensar que isso é uma grande limitação para o homem,
não é mesmo? Por meio da leitura,
que é complementar à escrita, é possível fazer
seu o que é do outro –
ou seja, estabelecer a interação produtiva
e de significações. E todas as relações entre
o eu e o outro e entre este
e a busca e compreensão do desconhecido
correspondem a um conflito produtivo. Ou seja: o homem só se descobre
e se supera junto aos outros, nas relações com os outros:
quando fala, quando se expressa, quando interage com outros e é
capaz de dizer o que pensa, sente ou deseja. |
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5 - Diferenciando diálogo e monólogo Leia os textos e responda à questão
Imagine que os trechos acima são “apresentados” diante de você, como num teatro. O que você percebe a partir da leitura deles?
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E
que conclusões podemos tirar das questões vistas até
aqui? Primeiro, que a linguagem oral pode ser apresentada sob a forma
de diálogo e monólogo.
O diálogo apresenta uma estrutura gramatical específica, e em geral, o motivo que leva à alocução não está incluído no projeto interior do sujeito que responde, mas na pergunta do primeiro, e a resposta parte da pergunta formulada. Ou seja, todo o processo se divide entre duas ou mais pessoas, diferentemente do que acontece no monólogo. Duas outras características
do diálogo são: o reconhecimento prévio
entre os locutores e o próprio conhecimento da situação
(identificação do outro e da possibilidade de diálogo).
A inclusão de elementos não verbais também especifica
o coloquial: mímica, gestos, entonação, pausas. No
monólogo a narrativa sobre um acontecimento ou raciocínio
pressupõe a existência tanto de um motivo como de um projeto
ou ideia geral. A alocução desdobrada se compõe
de ideias relacionadas entre si e que vão sendo “desdobradas”
em uma estrutura fechada, como uma conversa interior. |
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E na
linguagem escrita, que marcas podem ser diferenciadas?
Vejamos.
Agora observe algumas marcas de linguagem interessantes nestes fragmentos da Clarice Lispector:
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E você já percebeu que nos textos escritos, muitos recursos podem ressaltar aspectos, esconder outros, expressar emoções diversas e até mesmo influenciar o estado e a reflexão do leitor/interlocutor?
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| A
escrita aparece como resultado de uma aprendizagem especial, que exige o
domínio consciente dos meios de expressão da língua
e da gramática. A escrita, portanto, com todos os seus artifícios
e possibilidades, influencia a linguagem falada todo o tempo, enriquecendo-a,
transformando-a. Uma criança que aprende a escrever terá mais instrumentos para sua expressão do que se ficasse restrita apenas à ideia e à fala. E mais: à medida que “treinamos a escrita”, tornamo-nos mais aptos a refletir, a expressar melhor nossas ideias. E este processo vai se tornando automático, quase inconsciente: passamos a escrever com facilidade e clareza! Embora a linguagem escrita diferencie-se da linguagem oral, os meios de sua expressão podem enriquecer a fala e a comunicação em sua característica fundamental. A escrita contém níveis diferenciáveis, ausentes na linguagem oral (seleção de palavras; operações conscientes de nível sintático; combinações frasais semânticas e linguísticas etc.). Ela diferencia-se, pois, radicalmente da linguagem oral ao se constituir conforme as regras da gramática desdobrada, indispensável para tornar o conteúdo inteligível. Tudo isso faz da linguagem escrita um poderoso instrumento para precisar e elaborar o processo de pensamento, o que é essencial em toda a comunicação humana. |
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| Resumo O caráter interacional é uma constante em todas as formas de linguagem. Até mesmo a simples visualização de determinada imagem ou mesmo um monólogo, por exemplo, promovem interação. A linguagem
oral pode ser apresentada sob a forma de diálogo
e monólogo. |
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| No texto
escrito essas marcas são identificadas tanto na mensagem (semântica)
quanto na forma (sintaxe e gramática). A escrita possibilita a seleção
de palavras, operações conscientes de nível sintático,
combinações frasais semânticas e linguísticas,
diferenciadas do texto oral.
Em todo texto, também reconhecemos as relações da mensagem com o meio (canal), o locutor (emissor), o ouvinte ou interlocutor (receptor), o código e a referência (contexto, mundo), com o intuito de caracterizar o diálogo entre oral (fala) e escrito . Podemos identificar as várias funções da linguagem (função referencial, função emotiva, função apelativa, função fática, função poética, função metalinguística) tomando por base elementos que estão presentes no texto. Para identificar a linguagem predominante do texto, pode-se recorrer
aos recursos, palavras, expressões
ou marcas utilizadas pelo autor e que caracterizam cada
uma dessas linguagens. Cada uma dessas atividades
(fala e escrita) tem natureza diferente e processamento específico,
embora algumas similaridades. A escrita não é apenas o registro
gráfico do que se fala, mas um processo dinâmico que possui
aproximações e diferenças com esta última. |
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