Outra cruel faceta do problema é a do filho
socialmente indesejado. A inadequação social dessas
crianças, muitas vezes abandonadas e mal-amadas, é
importante causa de mortalidade infantil e de delinquência
juvenil.
Do
ponto de vista orgânico, as pesquisas mais recentes vêm
mostrando que as complicações médicas da
gravidez precoce não são importantes. Os maiores
riscos, na verdade, são psicológicos e sociais.
Tanto é assim que a gestação transcorre praticamente
sem problemas, quando desejada e acolhida por um ambiente socialmente
favorável.
Lembremos
que, uma vez instalada uma gestação indesejada,
a adolescente só tem três soluções
possíveis, nenhuma delas satisfatória em todos os
sentidos: abortamento, casamento de conveniência ou, se
as anteriores não forem as eleitas, ser mãe solteira
adolescente.
O
abortamento provocado, pelos riscos que traz, não é
evidentemente uma opção recomendável. Casamentos
por conveniência frequentemente acabam em separação
e, quando não, levam a um convívio infeliz. Finalmente,
num meio preconceituoso como é o nosso, ser mãe
solteira adolescente é uma condição extremamente
penosa. Assim, nenhuma dessas três soluções
é a ideal, cada uma delas criando novos problemas.