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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

1 - O que é dissertar

Leia o texto a seguir.

A dissertação pode ser definida como o texto resultante do ato de expor algum assunto de modo organizado, abrangente e profundo.


O objetivo da dissertação é informar, analisar e explicar uma determinada questão.




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Vejamos como se constrói um texto dissertativo.

Título: antecipa, de modo resumido, a análise que será feita pelo autor do texto.

Puro preconceito

1º parágrafo: considerações gerais sobre a relação entre a ocorrência rotineira de assaltos e o medo das pessoas. Preparação do caminho da análise a ser feita.

É razoável que as pessoas tenham medo de assaltos. Eles se tornaram rotina nos centros urbanos e, por vezes, têm consequências fatais. Faz todo sentido, portanto, acautelar-se, evitar algumas regiões em certos horários e, até, evitar pessoas que pareçam suspeitas.

2º parágrafo: introdução de dados estatísticos que sugerem a associação da cor da pele e da origem das pessoas ao grau de suspeição da sociedade em relação a elas.Desenvolvimento do 2º parágrafo: análise dos dados mostra ser falsa a relação suposta pelas pessoas entre cor da pele e origem e grau de periculosidade de um indivíduo. A argumentação, nesse caso, constrói-se a partir da apresentação de dados estatísticos.

E quem inspira desconfiança é, no imaginário geral, mulato ou negro. Se falar com sotaque nordestino, torna-se duplamente suspeito. Pesquisa feita em São Paulo, contudo, mostra que essas ideias não têm base na realidade. Não passam de preconceito na acepção literal do termo. Dados obtidos de 2.901 processos de crimes contra o patrimônio (roubo e furto) entre 1991 e 1999 revelam que o ladrão típico de São Paulo é branco (57% dos crimes) e paulista (62%). Os negros, de acordo com a pesquisa, respondem por apenas 12% das ocorrências. Baianos e pernambucanos, juntos, por 14%.

3º parágrafo: apresentação de raciocínio analítico (sustentado pelos dados anteriormente apresentados) que mostra ser preconceito o que leva as pessoas a temer negros e nordestinos.

O estudo é estatisticamente significativo. Os 2.901 processos correspondem a 5% do total do período. É claro que algum racista empedernido poderia levantar objeções metodológicas contra o estudo. Mas, por mais frágil que fosse a pesquisa, ela já serviria para mostrar que o vínculo entre mulatos, negros, nordestinos e assaltantes não passa de uma manifestação de racismo, do qual, aliás, o brasileiro gosta de declarar-se isento.

4º parágrafo: ampliação da análise. Os dados revelam que a "democracia racial brasileira" é apenas um mito.

A democracia racial brasileira é antes e acima de tudo um mito. Como qualquer outro povo do planeta, o brasileiro muitas vezes se revela racista e preconceituoso. Tem, é claro, a vantagem de não se engalfinhar em explosões violentas de ódio e intolerância. Essa vantagem, contudo, tem o efeito indesejável de esconder o preconceito, varrendo-o para baixo do tapete da cordialidade.

5º parágrafo: conclusão. O autor do texto recorre à citação de uma conhecida frase de Albert Einstein como forma de emprestar "autoridade" para a análise que acabou de fazer e concluir, definitivamente, que o problema maior da sociedade é o preconceito.

Como já observou Albert Einstein: “Época triste é a nossa em que é mais difícil quebrar um preconceito do que um átomo”.


Puro preconceito

É razoável que as pessoas tenham medo de assaltos. Eles se tornaram rotina nos centros urbanos e, por vezes, têm consequências fatais. Faz todo sentido, portanto, acautelar-se, evitar algumas regiões em certos horários e, até, evitar pessoas que pareçam suspeitas.

E quem inspira desconfiança é, no imaginário geral, mulato ou negro. Se falar com sotaque nordestino, torna-se duplamente suspeito. Pesquisa feita em São Paulo, contudo, mostra que essas ideias não têm base na realidade. Não passam de preconceito na acepção literal do termo. Dados obtidos de 2.901 processos de crimes contra o patrimônio (roubo e furto) entre 1991 e 1999 revelam que o ladrão típico de São Paulo é branco (57% dos crimes) e paulista (62%). Os negros, de acordo com a pesquisa, respondem por apenas 12% das ocorrências. Baianos e pernambucanos, juntos, por 14%.

O estudo é estatisticamente significativo. Os 2.901 processos correspondem a 5% do total do período. É claro que algum racista empedernido poderia levantar objeções metodológicas contra o estudo. Mas, por mais frágil que fosse a pesquisa, ela já serviria para mostrar que o vínculo entre mulatos, negros, nordestinos e assaltantes não passa de uma manifestação de racismo, do qual, aliás, o brasileiro gosta de declarar-se isento.

A democracia racial brasileira é antes e acima de tudo um mito. Como qualquer outro povo do planeta, o brasileiro muitas vezes se revela racista e preconceituoso. Tem, é claro, a vantagem de não se engalfinhar em explosões violentas de ódio e intolerância. Essa vantagem, contudo, tem o efeito indesejável de esconder o preconceito, varrendo-o para baixo do tapete da cordialidade.

Como já observou Albert Einstein: “Época triste é a nossa em que é mais difícil quebrar um preconceito do que um átomo”.

Folha de São Paulo, 6 mar. 2001.




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2 - O texto dissertativo-argumentativo

Quando explicamos um assunto estamos dissertando. Dissertar é discorrer sobre um tema. O texto dissertativo não tem como principal objetivo a persuasão e, sim, a transmissão de informações. Por isso, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos.

Os textos argumentativos, ao contrário, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito de um determinado assunto.

Quando o texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo.

O texto dissertativo-argumentativo apresenta três partes essenciais. Vamos ver, separadamente, cada uma delas.

Leia o primeiro parágrafo do texto abaixo.


Teatro e escola: o papel de educar

Teatro e escola, em princípio, parecem ser espaços distintos, que desenvolvem atividades completamente diferentes. Em contraposição ao ambiente normalmente fechado da sala de aula e aos seus assuntos pretensamente "sérios", o teatro se configura como um espaço de lazer e diversão. Entretanto, se examinarmos as origens do teatro, ainda na Grécia antiga, veremos que teatro e escola sempre caminharam juntos, mais do que se imagina.

A primeira parte é a introdução, na qual se expõe a tese ou a ideia principal que resume o ponto de vista do autor acerca do tema. No parágrafo que acabamos de ler é feita a introdução do texto. A tese ou ideia principal presente nessa introdução é “veremos que teatro e escola sempre caminharam juntos, mais do que se imagina."




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Continuemos a leitura do texto.


O teatro grego apresentava uma função eminentemente pedagógica. Com suas tragédias, Sófocles e Eurípides não visavam apenas à diversão da plateia, mas também e, sobretudo, pôr em discussão certos temas que dividiam a opinião pública naquele momento de transformação da sociedade grega. Poderia um filho desposar a própria mãe, depois de ter assassinado o pai de forma involuntária (tema de Édipo rei)? Poderia uma mãe assassinar os filhos e depois matar-se por causa de um relacionamento amoroso (tema de Medeia e ainda atual, como comprova o caso da cruel mãe americana que, há alguns anos, jogou os filhos no lago para poder namorar mais livremente)?

Naquela sociedade, que vivia a transição dos valores míticos, baseados na tradição religiosa, para os valores da polis, isto é, aqueles resultantes da formação do Estado e suas leis, o teatro cumpria um papel político e pedagógico, à medida que punha em xeque e em choque essas duas ordens de valores e apontava novos caminhos para a civilização grega. "Ir ao teatro", para os gregos, não era apenas diversão, mas uma forma de refletir sobre o destino da própria comunidade em que se vivia, bem como sobre valores coletivos e individuais.

Deixando de lado as diferenças obviamente existentes em torno dos gêneros teatrais (tragédia, comédia, drama), em que o teatro grego, quanto a suas intenções, diferia do teatro moderno? Para Bertolt Brecht, por exemplo, um dos mais significativos dramaturgos modernos, a função do teatro era, antes de tudo, divertir. Apesar disso, suas peças tiveram um papel essencialmente pedagógico, voltadas para a conscientização de trabalhadores e para a resistência política na Alemanha nazista dos anos 30 do século XX.

O teatro, ao representar situações de nossa própria vida – sejam elas engraçadas, trágicas, políticas, sentimentais, etc. –, põe o homem a nu diante de si mesmo e de seu destino. Talvez na instantaneidade e na fugacidade do teatro resida todo o encanto e sua magia: a cada representação, a vida humana é recontada e exaltada. O teatro ensina, o teatro é escola. É uma forma de vida de ficção que ilumina com seus holofotes a vida real, muito além dos palcos e dos camarins.

Aqui temos o desenvolvimento, que é formado pelos parágrafos que fundamentam a tese. Normalmente, em cada parágrafo é apresentado e desenvolvido um argumento. Cada um deles pode estabelecer relações de causa e efeito ou comparações entre situações, épocas e lugares diferentes; pode também se apoiar em depoimentos ou citações de pessoas especializadas no assunto abordado, em dados estatísticos, pesquisas, alusões históricas. Neste texto, do 2° ao 5º parágrafo, para fundamentar a tese de que o teatro tem uma função pedagógica, a autora lança mão de exemplos históricos (a tragédia grega e o teatro de Brecht), da comparação, da exemplificação e da definição.




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Vamos ler agora a parte final do texto.


Que o teatro seja uma forma alternativa de ensino e aprendizagem é inegável. A escola sempre teve muito a aprender com o teatro assim como este, de certa forma, e em linguagem própria, complementa o trabalho de gerações de educadores, preocupados com a formação plena do ser humano.

Quisera as aulas também pudessem ter o encanto do teatro: a riqueza dos cenários, o cuidado com os figurinos, o envolvimento da música, o brilho da iluminação, a perfeição do texto e a vibração do público. Vamos ao teatro!

(Ciley Cleto, professora de Português)

Lemos a conclusão, na qual o autor faz a retomada da ideia apresentada na introdução. O texto dissertativo-argumentativo apresenta dois tipos básicos de conclusão: a conclusão resumo, que retoma as ideias do texto, e a conclusão sugestão, em que são feitas propostas para a solução de problemas. Este texto apresenta a conclusão resumo, no 6º parágrafo, e, no 7º parágrafo, embora não apresente formalmente uma conclusão sugestão, é revelado o desejo da autora de como, a seu ver, seria uma aula ideal.

A linguagem do texto dissertativo-argumentativo costuma ser impessoal, objetiva e denotativa. Mais raramente, entretanto, há a combinação da objetividade com recursos poéticos, como metáforas e alegorias. Predominam formas verbais no presente do indicativo e emprega-se o padrão culto e formal da língua.




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A estrutura do texto dissertativo-argumentativo que você acabou de ler poderia ser representada pelo seguinte esquema:

Tese:

O teatro, assim como a escola, cumpre um papel pedagógico.

Desenvolvimento:

1º argumento:

Na Grécia antiga, o teatro exercia uma função pedagógica, pondo em discussão temas polêmicos.

2º argumento:

O teatro grego como forma de reflexão sobre valores individuais e coletivos.

3º argumento:

O teatro pedagógico-político de Bertolt Brecht.

4º argumento:

O teatro como forma de maturidade e preparo para a vida real.

Conclusão:

O teatro e a escola têm em comum o compromisso com a formação plena do ser humano.

A seguir, apresentamos alguns esquemas de estruturas dissertativas que podem ser desenvolvidas. Em todas elas, falta ou a tese, ou um argumento, ou a conclusão. Vamos exercitar?




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Vimos que o texto dissertativo-argumentativo é composto de três partes essenciais: introdução, desenvolvimento e conclusão. E você sabe de que são compostas essas partes?

Se você respondeu parágrafos, acertou!




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3 - O parágrafo

Conhecemos a estrutura global do texto dissertativo-argumentativo, agora, é importante conhecer a estrutura de uma de suas unidades básicas: o parágrafo.


Parágrafo é uma unidade de texto organizada em torno de uma ideia-núcleo, que é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser formado por um ou mais períodos, sendo seu tamanho variável.

No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apresentada na introdução.

Embora existam diferentes formas de organização de parágrafos, os textos dissertativo-argumentativos, entre outros, apresentam uma estrutura padrão. Essa estrutura consiste em três partes:

a ideia-núcleo;
as ideias secundárias (que desenvolvem a ideia-núcleo);
a conclusão.

Observe que a estrutura do parágrafo é semelhante a do texto dissertativo-argumentativo.



Observe a estrutura padrão de um parágrafo.
[ideia-núcleo] A poluição que se verifica sobretudo nas grandes capitais do país é um problema relevante, para cuja solução é necessária uma ação conjunta de toda a sociedade. [ideias secundárias] O governo, por exemplo, deve rever sua legislação de proteção ao meio ambiente, ou fazer valer as leis em vigor; o empresariado pode dar sua contribuição, instalando filtros de controle dos gases e líquidos expelidos; e a população, utilizando menos o transporte individual e aderindo aos programas de rodízio de automóveis e caminhões, como já ocorre em São Paulo. [conclusão] Medidas que venham a excluir qualquer um desses três setores da sociedade tendem a ser inócuas no combate à poluição e a apenas onerar as contas públicas.




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Leia o parágrafo abaixo, retirado do desenvolvimento do texto Teatro e escola: o papel de educar.


O teatro, ao representar situações de nossa própria vida — sejam elas engraçadas, trágicas, políticas, sentimentais, etc —, põe o homem a nu, diante de si mesmo e de seu destino. Talvez na instantaneidade e na fugacidade do teatro resida todo o encanto e sua magia: a cada representação, a vida humana é recontada e exaltada. O teatro ensina, o teatro é escola. É uma forma de vida de ficção que ilumina com seus holofotes a vida real, muito além dos palcos e dos camarins.

O parágrafo mantém a estrutura padrão de ideia-núcleo, ideias secundárias e conclusão.




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4 - Tipos de parágrafo

Muitas são as formas de organizar o parágrafo. Todas dependem do tipo de ideia-núcleo e da relação que esta mantém com as ideias secundárias.

Vamos conhecer agora os tipos mais comuns de parágrafos e é você quem vai organizá-los. Temos, a seguir, exemplos dos diferentes tipos de parágrafos. Após a leitura de cada um deles, selecione, dentre as opções, aquela cuja definição corresponde ao parágrafo em análise. Ao final do exercício, você terá o nome, a definição e o exemplo dos principais tipos de parágrafo.





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Continue o exercício, selecionando, dentre as definições, aquela que se identifica com o parágrafo em análise.




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Agora, vamos analisar o efeito do parágrafo em um contexto. Leia atentamente os dois fragmentos de textos abaixo. Procure observar a linguagem, os argumentos utilizados e a forma como o texto é desenvolvido.


Texto 1

O Brasil não deve fabricar a bomba atômica.

A bomba atômica não é elemento efetivo de segurança nacional. Seu emprego como dissuasório, ainda que discutível, só vale no plano das duas grandes potências nucleares, que não são grandes porque têm a bomba atômica, mas têm a bomba atômica porque são grandes. Nas mãos de potências menores, a bomba atômica perde muito desse sentido e representa mais um risco de guerra do que uma garantia de paz. Sua presença no arsenal de países mal-organizados e, portanto, sem a infraestrutura não só militar, como civil, que dá o sentido pleno de segurança nacional, é uma tentação perigosa de querer compensar o desequilíbrio efetivo por uma ação de surpresa. A bomba atômica adquire nesse caso um sentido de ofensiva. Não vejo como qualquer razão de segurança nacional poderia levar o Brasil de hoje a uma aventura cara e ao mesmo tempo inútil.
(...)


Texto 2

Há muitas pessoas que sofrem do mal da solidão. Basta que em redor delas se arme o silêncio, que não se manifeste aos seus olhos nenhuma presença humana, para que delas se apodere imensa angústia: como se o peso do céu desabasse sobre a sua cabeça, como se dos horizontes se levantasse o anúncio do fim do mundo.

No entanto, haverá na Terra verdadeira solidão? Não estamos todos cercados por inúmeros objetos, por infinitas formas da Natureza e o nosso mundo particular não está cheio de lembranças, de sonhos, de raciocínios, de ideias, que impedem uma total solidão?

Tudo é vivo e tudo fala, em redor de nós, embora com vida e voz que não são humanas, mas que podemos apreender e escutar, porque muitas vezes essa linguagem secreta ajuda a esclarecer o nosso próprio mistério. Como aquele Sultão Mamude, que entendia a fala dos pássaros, podemos aplicar toda a nossa sensibilidade a esse aparente vazio de solidão: e pouco a pouco nos sentiremos enriquecidos.
(...)




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5 - Dissertação objetiva

No exercício anterior, ao analisar os dois textos, você estabeleceu as diferenças entre dissertação objetiva e subjetiva. Vejamos mais detalhadamente esses dois tipos de textos.

A dissertação objetiva supõe o exame crítico de uma questão. Os assuntos da dissertação situam-se no elevado plano do que chamamos cultura, ou seja, Ciência, Técnica, Arte, Filosofia.


A dissertação objetiva transmite informações e tem como finalidade instruir e convencer.

As ideias da dissertação objetiva são organizadas em forma de um raciocínio, frequentemente das gerais para as particulares, dedutivamente. Em geral, leva o leitor a raciocinar, partindo de ideias evidentes ou comprovadas, e a tirar conclusões, as quais passam a ser também válidas.

Sendo a dissertação objetiva de caráter universal, abstrato, científico, a exposição deve ser impessoal (em 3ª pessoa).



A dedução é um processo de raciocínio por meio do qual é possível, partindo de uma ou mais premissas aceitas como verdadeiras (p.ex., A é igual a B e B é igual a C) a obtenção de uma conclusão necessária e evidente (no exemplo anterior, A é igual a C).




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Antes, você leu um fragmento do texto 1. Agora, clique aqui para ler o texto completo.

Com base no texto lido, faça os exercícios a seguir para compreender melhor o desenvolvimento da dissertação.

Em cada parágrafo do texto lido, notamos duas partes distintas: o argumento (tópico frasal) e seu desenvolvimento. O desenvolvimento é uma explicação mais minuciosa e esclarecedora do argumento. A dissertação convence o leitor na medida em que, no desenvolvimento, os argumentos são esclarecedores e válidos.




Devemos fabricar a bomba atômica?

(Almirante Otacílio Cunha, ex-presidente do
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas)

O Brasil não deve fabricar a bomba atômica.

A bomba atômica não é elemento efetivo de segurança nacional. Seu emprego como dissuasório, ainda que discutível, só vale no plano das duas grandes potências nucleares, que não são grandes porque têm a bomba atômica, mas têm a bomba atômica porque são grandes. Nas mãos de potências menores, a bomba atômica perde muito desse sentido e representa mais um risco de guerra do que uma garantia de paz. Sua presença no arsenal de países mal-organizados e, portanto, sem a infraestrutura não só militar, como civil, que dá o sentido pleno de segurança nacional, é uma tentação perigosa de querer compensar o desequilíbrio efetivo por uma ação de surpresa. A bomba atômica adquire nesse caso um sentido de ofensiva. Não vejo como qualquer razão de segurança nacional poderia levar o Brasil de hoje a uma aventura cara e ao mesmo tempo inútil.

A bomba atômica também não é condição necessária para o desenvolvimento nuclear de um país. Apesar de certas pessoas - que deviam demonstrar menos ignorância e mais senso - terem afirmado que o Brasil só entrará na era atômica quando fabricar a bomba, um país pode e deve realizar seu desenvolvimento no sentido de tirar da energia nuclear os inúmeros benefícios que ela pode proporcionar, sem se empolgar pelo prestígio ilusório e perigoso de sua capacidade de fazer mal. Trabalhando para utilizar ao máximo a energia nuclear em atividades pacíficas, conseguiremos com maior economia e segurança atingir o estágio de desenvolvimento que nos permitirá, se a tanto formos obrigados, construir a bomba atômica. Nessa ocasião, o problema não será mais o desenvolvimento científico, técnico e econômico, mas simplesmente de ordem moral. E é nesse plano que está a decisão futura.

Atualmente, falta muita coisa ao Brasil, além da bomba atômica. Muita coisa mais simples, mais útil e menos perigosa, que nos pode ser proporcionada pela energia nuclear. E creio que, mercê de Deus, falta-lhe principalmente o desejo de acrescentar aos tormentos da humanidade mais uma fonte de inquietação e desesperança.

(Da revista Realidade, apud Edson de Oliveira, A redação no curso secundário.)




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Agora vamos analisar o texto 2. Clique aqui para ler o texto completo

Respondendo as questões abaixo, você entenderá melhor a organização do texto.




Da solidão

Cecília Meireles, Escolha o seu sonho

Há muitas pessoas que sofrem do mal da solidão. Basta que em redor delas se arme o silêncio, que não se manifeste aos seus olhos nenhuma presença humana, para que delas se apodere imensa angústia: como se o peso do céu desabasse sobre a sua cabeça, como se dos horizontes se levantasse o anúncio do fim do mundo.

No entanto, haverá na Terra verdadeira solidão? Não estamos todos cercados por inúmeros objetos, por infinitas formas da Natureza e o nosso mundo particular não está cheio de lembranças, de sonhos, de raciocínios, de ideias, que impedem uma total solidão?

Tudo é vivo e tudo fala, em redor de nós, embora com vida e voz que não são humanas, mas que podemos apreender e escutar, porque muitas vezes essa linguagem secreta ajuda a esclarecer o nosso próprio mistério. Como aquele Sultão Mamude, que entendia a fala dos pássaros, podemos aplicar toda a nossa sensibilidade a esse aparente vazio de solidão: e pouco a pouco nos sentiremos enriquecidos.




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A partir da leitura e análise do texto de Cecília Meireles, podemos caracterizar o que é uma dissertação subjetiva:


É a exposição em que o autor expressa sua visão pessoal, manifestando o que seria apenas sua opinião ou suas impressões.

Opinião é o modo pessoal de ver e de julgar; impressão é o efeito produzido nos órgãos dos sentidos e na alma pelo mundo exterior.

Manifestando opinião ou impressões, a dissertação se torna subjetiva: a par dos argumentos e do raciocínio, surgem elementos de ordem psicológica colhidos na vivência do autor intuitivamente e dispostos de modo criativo, com a finalidade de conquistar a participação afetiva do leitor. A exposição é, agora, pessoal: o autor aparece, podendo inclusive empregar-se a primeira pessoa como foco expositivo.

Em síntese, diríamos que a dissertação objetiva fala à inteligência do leitor; a dissertação subjetiva busca, também, sensibilizá-lo, a fim de que ele comungue com os sentimentos do autor.

O que nos faz classificar a redação como dissertação, em sentido amplo, para efeito didático, é a inclusão também de argumentos lógicos e a ordenação intencional das ideias, o modo de raciocínio em direção a uma conclusão. À medida, porém, que essas duas características desaparecem, não temos mais dissertação e sim, simples descrição com impressões pessoais ou descrição das próprias impressões pessoais.




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6 - Informatividade

Os textos verbais apresentam graus diferentes de informatividade e sua compreensão depende do repertório cultural e linguístico do interlocutor.

Leia, por exemplo, o seguinte fragmento do texto 'A cosmologia e a origem da matéria', do cientista Marcelo Gleiser, professor de Física e Astronomia no Dartmouth College em Hanover, nos Estados Unidos.


A ideia mais promissora [sobre a origem da matéria] vem de uma modificação do modelo do Big Bang conhecida como universo inflacionário. O modelo do Big Bang descreve o Universo surgindo, há aproximadamente 15 bilhões de anos, de um estado extremamente denso e quente. Mas o que é esse estado inicial, denso e muito quente? Segundo o modelo inflacionário, no início nenhum tipo de matéria existia no Universo. Não existiam elétrons, fótons, prótons ou seus constituintes conhecidos como quarks. Apenas o que chamamos "energia de vácuo" existia.

(Folha de S. Paulo, 1998.)

Repare que esse texto possui alto grau de informatividade, pois exige do leitor conhecimentos de Física e Química, além de informações acerca das teorias que explicam a origem do mundo, como a do Big Bang. Dependendo do leitor, o alto grau de informatividade pode provocar desinteresse, pelo fato de as ideias do texto não serem compreendidas.



A informatividade é a capacidade que o texto tem de passar uma informação. Toda produção de texto, oral ou escrito, deve levar em conta os componentes básicos que participam das situações discursivas em geral: quem fala, para quem fala, com que intenção e, mediante esses elementos, como fala. Neste componente, o "como falar", a informatividade tem papel fundamental.

O sucesso de qualquer interação comunicativa depende diretamente da adequação do grau de informatividade do texto ao repertório cultural e linguístico do interlocutor. Se o interlocutor tem um amplo repertório, a expectativa é de que o discurso apresente um alto grau de informatividade. Se, entretanto, seu repertório é limitado, a informatividade deve ser necessariamente baixa, sob risco de não haver sucesso na interação verbal.




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Leia agora os parágrafos a seguir, extraídos de um texto escrito sobre o tema "violência", proposto por um exame vestibular de uma universidade mineira:


Há rivalidades até entre famílias, filhos matando pais para tomar o que lhes pertence, irmãos brigando entre si.

Brigas por posses de terras, causando guerras entre países como ocorreu há pouco tempo e continua acontecendo.

Por qualquer motivo se pratica a violência, uma simples discussão, ciúmes, um lugar em fila de ônibus, etc. [...]

(Redação de aluno. Apud Maria da Graça Costa Val. Redação e textualidade.
São Paulo: Martins Fontes, 1994. p. 84.)

O exame desse fragmento do texto indica que o autor não possui argumentos consistentes para analisar o fenômeno da violência social.

O primeiro parágrafo, por exemplo, é superficial e generalizante: que tipo de família é essa, em que filhos matam pais para roubá-los? Que motivos os levam a proceder assim?

No segundo parágrafo, a que guerras e países o texto se refere? Será que a violência popular realmente nasce "por qualquer motivo", como se afirma no 3º parágrafo?

A baixa informatividade do texto, ao mesmo tempo em que provoca o desinteresse do leitor - que tende a abandonar a leitura pelo fato de não encontrar nada de novo nela - também põe em dúvida o conhecimento do autor a respeito do assunto e a própria pertinência do texto.

A maior parte dos textos publicados em jornais e revistas apresenta um grau de informatividade médio, capaz de, ao mesmo tempo, mobilizar o repertório cultural do leitor e oferecer-lhe novas informações.




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7 - O senso comum

Além da baixa informatividade, também pode comprometer a qualidade de um texto dissertativo-argumentativo o emprego de argumentos fundados no senso comum, isto é, em julgamentos que, embora não apresentem qualquer base científica, acabam sendo tomados como "verdades" sociais.

Leia o seguinte parágrafo de um texto dissertativo-argumentativo (transcrito tal qual foi produzido e, por isso, apresentando diversos problemas gramaticais), produzido a propósito da violência:


Muitas pessoas pobres, ficam muitas vezes indignadas ao ver, uma outra pessoa como ela, só que não passa fome como ela, ou seja, é rica e na maioria, ladrão, que rouba do povo e isso faz com que a população fique revoltada,e se manifestará em conflitos entre camadas sociais no qual um favelado odeie outro de uma classe superior, e tendo oportunidade para acabar com o outro não vai perder a chance.

(Redação de aluno, 3º ano do Ensino Médio.)

O autor constrói seus argumentosvalendo-se de ideias preconceituosas – com base no senso comum –, segundo as quais o rico geralmente é ladrão e o pobre ou o favelado é violento.

Ideias como essas e outras como "todos os políticos são corruptos", "o jovem é sempre rebelde por natureza", "o brasileiro é oportunista", "homem que é homem não chora", "as mulheres dirigem pior do que os homens", "futebol não é assunto para mulheres", "todo oriental é honesto e trabalhador", etc. devem ser evitadas, pois, além de não terem nenhum fundamento, tornam o texto fraco do ponto de vista argumentativo.




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Leia o texto seguinte (transcrito tal qual foi produzido), observando o grau de informatividade que apresenta.


Violência social

Atualmente, um dos grandes problemas que afetam a vida de uma sociedade, é a violência nela incerida. Violência essa que devido a vários fatores, segundo sociólogos, psicólogos e outros estudantes das ciências humanas, será praticamente impossível de ser eliminada.

A dificuldade na solução deste problema está na complexidade do mesmo. Várias são as suas causas e para cada uma se faz necessária uma medida especial, medidas essas que muitas vezes são impossíveis de serem colocadas em prática.

A violência pode ser gerada pela própria sociedade, por crises econômicas, por um problema mental do indivíduo, pelo grande número de adeptos ao uso de drogas, e por uma enorme série de outros fatores.

Devido as perspectivas quase que inexistentes em uma solução a curto ou médio prazo para a questão da violência, o melhor a fazer, é se precaver para não se tornar mais uma vítima de um dos problemas mais sérios da nossa sociedade.

(Redação de aluno. Apud Maria da Graça Costa Vai, p. 86.)

* Observe que, entre outros problemas, o texto apresenta falhas de pontuação no 1º, no 3º e no 4º parágrafos; falta de acento indicativo da crase no 4º parágrafo e erros de ortografia em inserida no 1º parágrafo.





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8 - Projeto de texto e a elaboração da dissertação

Elaborar um projeto é como montar um quebra-cabeças. Cada peça tem seu lugar certo.


Um projeto de texto é o planejamento que se faz antes de escrever uma redação, para determinar como se pretende desenvolvê-la.

A adoção de procedimentos que ajudem na elaboração de um projeto de texto tem por finalidade permitir que você controle de modo consciente o que está escrevendo em sua redação.

Vamos sistematizar, agora, os principais procedimentos para o planejamento de uma boa dissertação. Clique em cada passo e descubra.





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Após a elaboração do projeto, você está pronto para produzir uma dissertação. Antes, porém, lembre-se das características do texto dissertativo-argumentativo:


• expõe uma ideia ou um ponto de vista sobre determinado assunto; pode também conceituar ou definir um objeto, seja ele concreto ou abstrato;

• apresenta intenção persuasiva;

• convencionalmente, apresenta três partes essenciais: tese (ou ideia principal), desenvolvimento e conclusão;

• apresenta uma linguagem geralmente clara, direta, objetiva e impessoal, com predomínio da função referencial;

• predomínio do padrão culto e formal da língua;

• verbos predominantemente no presente do indicativo.




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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

Vamos, então, produzir um texto dissertativo-argumentativo? Para facilitar sua produção, apresentamos a introdução do texto.

Leia o texto abaixo. Em seguida, escreva um parágrafo de até 10 linhas que dê uma continuidade possível ao texto. Lembre-se de ser coerente na progressão do tema e na linguagem adotada.



Dica
O comando da questão pede que se dê continuidade (de modo coerente) ao texto de Leonardo Boff. Observe que o segundo parágrafo do texto contém apenas a ideia principal, e o objetivo é que você o desenvolva de acordo com a declaração do autor acerca da crise mundial e o crescente alarme ecológico, ou seja, acrescente suas ideias sobre o assunto. Você pode também, acrescentar novos argumentos e desenvolvê-los. Tenha clareza de que apenas esse desenvolvimento não completa o texto, será necessário construir uma conclusão coerente com a introdução feita pelo autor e os argumentos desenvolvidos por você.




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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

E se o ser humano desaparecer?

"Poderia o ser humano desaparecer por causa de seu poder destrutivo e de sua falta de sabedoria? Nomes notáveis das ciências não excluem essa eventualidade. Stephen Hawking, em seu recente livro, O universo numa casca de noz, reconhece que em 2600 a população mundial ficará ombro a ombro e o consumo de eletricidade deixará a Terra incandescente. Ela poderá se destruir a si mesma. O Prêmio Nobel Christian de Duve, em seu conhecido Poeira vital (1997), atesta que 'nosso tempo lembra uma daquelas importantes rupturas na evolução, assinaladas por extinções maciças'. E Théodore Monod, talvez o último grande naturalista, deixou como testamento um texto de reflexão com este título: E se a aventura humana vier a falhar? (2000). Assevera: 'Somos capazes de uma conduta insensata e demente; pode-se a partir de agora temer tudo, tudo mesmo, inclusive a aniquilação da raça humana'.

Se olharmos a crise social mundial e o crescente alarme ecológico, esse cenário de horror não é impensável. Edward Wilson atesta em seu último e alarmante livro O futuro da vida: 'O homem até hoje tem desempenhado o papel de assassino planetário. A ética da conservação, na forma de tabu, totemismo ou ciência, quase sempre chegou tarde demais; talvez ainda haja tempo para agir.'

Lógico, precisamos ter paciência para com o ser humano. Ele não está pronto ainda. Tem muito a aprender. Em relação ao tempo cósmico, possui menos de um minuto de vida. Mas com ele a evolução deu um salto, de inconsciente se fez consciente. E com a consciência pode decidir que destino quer para si. Nessa perspectiva, a situação atual representa antes um desafio que um desastre possível, a travessia para um patamar mais alto e não um mergulho na autodestruição.

Mas haverá tempo para tal aprendizado? Na hipótese de que o ser humano venha a desaparecer como espécie, mesmo assim o princípio de inteligibilidade e de amortização ficaria preservado. Ele está primeiro no universo e depois nos seres humanos. Emergiria, um dia, em algum ser mais complexo. T. Monod tem até um candidato já presente na evolução atual, os cefalópodes, isto é, os moluscos como os polvos e as lulas. Possuem um aperfeiçoamento anatômico notável, sua cabeça é dotada de cápsula cartilaginosa, funcionando como crânio, e têm olhos como os vertebrados. Detêm ainda um psiquismo altamente desenvolvido, até com dupla memória, quando nós possuímos apenas uma. Evidentemente, eles não sairão amanhã do mar e entrarão continente adentro. Precisariam de milhões de anos de evolução. Mas já possuem a base biológica para um salto rumo à consciência.

De todas as formas, urge escolher: ou o ser humano e seu futuro ou os polvos e as lulas. Somos otimistas: vamos criar juízo e aprender a ser sábios. Mas importa já agora mostrar amor à vida em sua majestática diversidade, ter compaixão com todos os que sofrem, realizar rapidamente a justiça social necessária e amar a Grande Mãe, a Terra. Incentivam-nos as Escrituras judaico-cristãs: 'Escolha a vida e viverás'. Andemos depressa, pois não temos muito tempo a perder."

Leonardo Boff, teólogo e filósofo. Jornal do Brasil, 12 abril de 2002.



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Resumo

A dissertação pode ser definida como o texto resultante do ato de expor de modo organizado, abrangente e profundo qualquer assunto. O objetivo da dissertação é informar, analisar e explicar uma determinada questão.

Dissertar é discorrer sobre um tema. Quando o texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo.

O texto dissertativo-argumentativo apresenta três partes essenciais: introdução, desenvolvimento e conclusão, com divisões em parágrafos. Parágrafo é uma unidade de texto organizada em torno de uma ideia-núcleo, que é desenvolvida por ideias secundárias. A organização dos parágrafos apresenta uma estrutura padrão. Essa estrutura consiste em três partes: a ideia-núcleo; as ideias secundárias (que desenvolvem a ideia-núcleo); a conclusão.

Os tipos mais comuns de parágrafos são aqueles organizados por: declaração inicial, definição, alusão histórica, interrogação, oposição e comparação, citação, divisão, exemplificação, detalhamento e ilustração.

A dissertação objetiva transmite informações e tem como finalidade instruir e convencer. A dissertação subjetiva é a exposição em que o autor expressa sua visão pessoal, manifestando o que seria apenas sua opinião ou suas impressões.

Os textos verbais apresentam graus diferentes de informatividade e sua compreensão depende do repertório cultural e linguístico do interlocutor. Pode comprometer a qualidade de um texto dissertativo-argumentativo o emprego de argumentos baseados no senso comum.

Para o planejamento de uma boa dissertação, podemos usar alguns procedimentos, tais como: analisar a questão tematizada e identificar as informações de que precisamos; ler e interpretar as informações acerca do tema proposto; optar por uma via de análise; retomar as informações disponíveis e interpretadas; integrar, à análise, outras informações pertinentes.

O texto dissertativo-argumentativo apresenta as seguintes características: expõe uma ideia ou um ponto de vista sobre determinado assunto; pode também conceituar ou definir um objeto; apresenta intenção persuasiva; possui linguagem clara, direta, objetiva e impessoal; predomínio do padrão culto e formal da língua; verbos predominantemente no presente do indicativo.




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Módulo 2

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1 - Textos sobre textos

Ler e escrever são processos semelhantes, só que com direções inversas. Escrever é montar um texto, criando e organizando suas partes, ao passo que ler é desmontar, identificando a organização e a composição.

Escrevendo, procuramos desenvolver uma ideia-núcleo por parágrafo. Lendo, procuramos descobrir essa ideia.

Muitas vezes somos solicitados a reescrever algo ou a identificar uma segunda escrita para um texto. Isso dependerá do nosso grau de entendimento do que foi expresso. Suponha que fosse pedido a você que reescrevesse, com suas palavras, o parágrafo acima. Como você o faria? Leia-o novamente.

Vamos ver uma possível reescrita? Substituindo os vocábulos por outros de sentido equivalente, o texto poderia ficar assim:


Quando se pode prever tudo aquilo que uma pessoa vai falar, o conteúdo de sua exposição é inteiramente redundante e eu posso deixar de prestar-lhe atenção ou ela de o dizer; diferentemente, se não posso conjecturar nada do que ela vai falar-me – caso alguma pessoa se dirigisse a mim num idioma que não conheço totalmente – a comunicação também não é possível. Nos dois casos, é impossível o intercâmbio de informação.




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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

Tente você, agora!

Reparou como é simples se você, ao ler, consegue identificar a ideia principal?

O que acabamos de fazer recebe o nome de paráfrase. Algumas vezes, somos chamados a explicar um texto pouco claro; outras, a dar uma rápida notícia sobre o conteúdo de outro escrito; outras ainda, a comentar um texto. No primeiro caso, produzimos uma paráfrase; no segundo, um resumo; no terceiro, uma resenha. Em todos eles, o assunto é sempre outro texto, aquele a que se dá o nome de original.




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2 - O que é paráfrase?

Observe as imagens abaixo.


Parafrasear um texto é escrever ou relatar uma versão que respeite as ideias do texto, mas expresse-as em novo formato. A paráfrase é uma "tradução" do original que busca facilitar o entendimento, interpretar de forma clara o significado.

A paráfrase pode ser ideológica ou estrutural. No primeiro caso, o desvio é mínimo: varia a sintaxe, mas as ideias são as mesmas. Há apenas uma recriação das ideias. Pode-se entender a paráfrase ideológica como simples tradução de vocábulos, ou substituição de palavras por outras de significado equivalente. Nesse caso, a paráfrase registra o menor desvio possível em relação ao texto original.

No segundo caso, há uma recriação do texto e do contexto. O resumo e a resenha são exemplos de paráfrases estruturais de um texto.




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3 - Por que parafrasear?

Parafraseamos porque os textos originais contêm informações complexas, que podem apresentar dificuldades de entendimento. Dessa forma, a paráfrase tem como objetivo traduzir um texto complexo em linguagem mais acessível.


Parafrasear é, pois, traduzir as palavras de um texto por outras de sentido equivalente, mantendo, porém, as ideias originais.

A característica da paráfrase é a construção de um texto tomando por base outro, mas as ideias são as mesmas do texto anterior lido como referência. A paráfrase inclui o desenvolvimento de um texto, o comentário, a explicitação. A substituição de uma palavra por outra revela a paráfrase que mais se aproxima do original.

Veja o exemplo:

O pesquisador publicou um livro que foi comemorado pelos amigos.

A publicação de um livro do pesquisador foi comemorada pelos amigos.

Enfim, na paráfrase ocorre uma transformação formal que não acrescenta informação nova em relação à frase sobre a qual foi efetuada a transformação.

Por esse motivo, buscamos, frequentemente, o aprimoramento da paráfrase. Por meio dela, paulatinamente melhoramos nosso desempenho redacional, aprendemos a fixar conteúdo, resumir, resenhar.




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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

Como vimos, quando você faz alguma referência ou comentário às ideias de um texto anteriormente lido, você está fazendo uma paráfrase, ou seja, está se apropriando das ideias daquele texto para reforçar as suas.

Então, vamos trabalhar?

Muito bem, agora que você já conhece as características da paráfrase, vamos ver quais passos devemos seguir para produzi-la.


Primeira leitura: faça a leitura inicial do texto, para ter uma compreensão geral. Não anote nada. Procure apenas captar o sentido do todo.

Leia o texto o a seguir.


Reina um clima geral em que se exige de todos e em todas as partes mudanças contínuas, transformando cada vez mais o conjunto da realidade operacional da empresa, de modo exagerado, em tribunal. As discussões encontram-se sob o signo do excesso de exigências. As pessoas sentem-se encostadas à parede: "Justifiquem-se!”. Imaginem que não houvesse gestores. Os processos decorreriam de modo natural, autorregulado. Seria melhor? Ou pior? Segundo quais critérios? A gestão parece ser muitas vezes ela própria a crise que pretende superar.

(Reinhard K. Sprenger. Sem passado não há futuro. Mercado Global, Rede Globo.)



Assinalamentos: faça a segunda leitura. É hora de assinalar o que for mais importante, ou seja, identifique a tese e os argumentos. Utilize uma espécie qualquer de convenção para facilitar o trabalho de assinalamento.





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Reelaboração: agora, escreva a paráfrase, reproduzindo todas as informações do original, sem copiar suas frases. As informações principais dos parágrafos do texto devem aparecer na paráfrase respeitando a mesma sequência do original. Ocorre que qualquer alteração na linha de argumentação, por exemplo, pode provocar alterações de sentido ou ênfase. Procure escrever sua paráfrase de forma que possa ser entendida sem dificuldade pelo leitor.



Texto original


Reina um clima geral em que se exige de todos e em todas as partes mudanças contínuas, transformando cada vez mais o conjunto da realidade operacional da empresa, de modo exagerado, em tribunal. As discussões encontram-se sob o signo do excesso de exigências. As pessoas sentem-se encostadas à parede: "Justifiquem-se!”. Imaginem que não houvesse gestores. Os processos decorreriam de modo natural, autorregulado. Seria melhor? Ou pior? Segundo quais critérios? A gestão parece ser muitas vezes ela própria a crise que pretende superar.

(Reinhard K. Sprenger. Sem passado não há futuro. Mercado Global, Rede Globo.)


Releitura: depois de pronta a versão final da paráfrase, faça sua releitura. Verifique se há coesão entre as frases e entre os parágrafos. Todas as informações do original foram reproduzidas? O leitor vai entender seu texto? Este é o momento também de rever os aspectos gramaticais. Tudo certo? Está concluída a paráfrase.




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Agora você fará a paráfrase seguindo os passos indicados anteriormente.

01. Leia o texto a seguir.


Estudo feito por cientistas dinamarqueses revelou que pessoas que bebem moderadamente e são fisicamente ativas têm menor risco de morte por doenças cardiovasculares do que aquelas que não bebem e são inativas. Esta é a primeira pesquisa a avaliar a influência combinada de atividades físicas e de ingestão regular de álcool.

02. Identifique a tese e os argumentos. Utilize uma espécie qualquer de convenção para facilitar o trabalho de assinalamento.

04. Leia seu texto e faça a revisão final.




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4 - O resumo

Vemos, diariamente, nos jornais, notícias sobre textos. São as “chamadas” das reportagens, que apresentam a ideia central do que será tratado na reportagem.

Veja um exemplo:




Mostra expõe genes japoneses presentes no dia a dia brasileiro

Exposição "O Japão em Cada Um de Nós", que começa amanhã (21), traz banco de dados inédito com nomes de imigrantes e curiosidades sobre as contribuições dadas por eles na agricultura, na ciência, na moda, na literatura e no cotidiano dos brasileiros. (Folha de São Paulo, 20/5/2008.)

O trecho que você acabou de ler é uma rápida notícia sobre outro texto, ou seja, um resumo do texto original.

Clique aqui para ler o texto original.



20/05/2008 - 11h52

Mostra expõe genes japoneses presentes no dia a dia brasileiro

GABRIELA MANZINI
da Folha Online

Evidenciar as influências do Japão que passaram a permear o cotidiano brasileiro nos cem anos de imigração é o objetivo da exposição "O Japão em Cada Um de Nós" que começa quarta-feira (21) na sede do Banco Real, na avenida Paulista (centro de São Paulo).

Para os descendentes, o espaço mais interessante é o do "Portal da Memória", projeto que catalogou e traduziu as fichas de chegada dos imigrantes japoneses ao Brasil. Quase todos os nomes estão lá, em letras românicas – nome, sobrenome, navio, data de saída do Japão e data de chegada ao Brasil. Há alguns, porém, que permanecem em ideogramas.

Mas a exposição também guarda surpresas para os não descendentes. No setor que trata da agricultura estão culturas trazidas do outro lado do mundo: caqui, ponkan e pimenta do reino; na parte relacionada ao comércio, a inegável semelhança entre as sandálias Havaianas e as sandálias japonesas modelo zôri.

Explorar as gavetas dedicadas às publicações é outra boa surpresa. Uma delas revela um som de cavaquinho que se confunde com um koto e uma gravação da conhecida professora de caligrafia Hisae Sagara que, em voz mansa, recita um haicai do escritor Nempuku Sato, o primeiro a trazer a arte para o Brasil.

Com recursos interativos, a exposição traz depoimentos de nikkeis influentes na arquitetura, na biologia molecular, na mecatrônica, na termoluminescência, nos transplantes de córnea. Traz ainda nikkeis importantes para os esportes como o mestre de judô Massao Shinohara; o mesa-tenista Hugo Hoyama e o primeiro profissional de sumô do Brasil, Luis Go Ikemori.

Há homenagens ainda àqueles que não foram medalhistas, mas fizeram muito pela história dos japoneses no Brasil. São fotógrafos, tintureiros, cabeleireiros e costureiros que tiraram suas famílias da zona rural e as trouxeram para o convívio urbano.

"O mais importante da exposição é o compartilhamento. Da mesma forma que os imigrantes vieram compartilhar do que havia no Brasil, nós também compartilhamos deles. Foi, desde o começo, uma troca de costumes", destaca Célia Abe Oi, historiadora do Museu da Imigração Japonesa do Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social) de São Paulo e curadora da exposição. O historiador Paulo Garcez também assina a curadoria da exposição.




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O resumo abrevia o tempo dos pesquisadores. Às vezes, difunde informações de tal modo que pode influenciar e estimular a consulta do texto completo. Em sua elaboração, devem-se destacar quanto ao conteúdo:

• o assunto do texto;
• o objetivo do texto;
• a articulação das ideias;
• as conclusões do autor do texto objeto do resumo.

Formalmente, o redator do resumo deve atentar para alguns procedimentos:

• ser redigido em linguagem objetiva;
• evitar a repetição de frases inteiras do original;
• respeitar a ordem em que as ideias ou fatos são apresentados.

Finalmente, o resumo não deve apresentar juízo valorativo ou crítico (que pertencem a outro tipo de texto, a resenha) e deve ser compreensível por si mesmo, isto é, dispensar a consulta ao original.



A resenha é um gênero textual em que se propõe a construção de relações entre as propriedades de um objeto analisado, descrevendo-o e enumerando aspectos considerados relevantes sobre ele. É texto de origem opinativa e, portanto, reúne comentários de ordem pessoal e julgamentos do resenhador sobre o valor do que é analisado. O objeto resenhado pode ser de qualquer natureza: um romance, um filme, um álbum, uma peça de teatro ou mesmo um jogo de futebol. Uma resenha pode ser "descritiva" ou "crítica".




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Vamos exercitar? Leia o texto abaixo.


Na verdade, por que desejamos, quase todos nós, aumentar nossa renda? À primeira vista, pode parecer que desejamos bens materiais. Mas, na verdade, os desejamos principalmente para impressionar o próximo. Quando um homem muda-se para uma casa maior num bairro melhor, reflete que gente "de mais classe" visitará sua esposa, e que alguns pobretões deixarão de frequentar seu lar. Quando manda o filho a um bom colégio ou a uma universidade cara, consola-se das pesadas mensalidades e taxas pensando nas distinções sociais que tais escolas conferem a pais e filhos. Em toda cidade grande, seja na América ou na Europa, casas iguaizinhas a outras são mais caras num bairro que noutro, simplesmente porque o bairro é mais chique. Uma das nossas paixões mais potentes é o desejo de ser admirado e respeitado. No pé em que estão as coisas, a admiração e o respeito são conferidos aos que parecem ricos. Esta é a razão principal de as pessoas quererem ser ricas. Efetivamente, os bens adquiridos pelo dinheiro desempenham papel secundário. Vejamos, por exemplo, um milionário, que não consegue distinguir um quadro de outro, mas adquiriu uma galeria de antigos mestres com auxílio de peritos. O único prazer que lhe dão os quadros é pensar que se sabe quanto pagou por eles; pessoalmente, ele gozaria mais, pelo sentimento, se comprasse cromos de Natal, dos mais piegas, que, porém, não lhe satisfazem tanto a vaidade.

Tudo isso pode ser diferente, e o tem sido em muitas sociedades. Em épocas aristocráticas, os homens eram admirados pelo nascimento. Em alguns círculos de Paris, os homens são admirados pelo seu talento artístico ou literário, por estranho que pareça. Numa universidade teuta é possível que um homem seja admirado pelo seu saber. Na Índia, os santos são admirados; na China, os sábios. O estudo dessas sociedades divergentes demonstra a correção de nossa análise, pois em todas encontramos grande percentagem de homens indiferentes ao dinheiro, contanto que tenham o suficiente para se sustentar; mas que desejam ardentemente a posse dos méritos pelos quais, no seu meio, se conquista o mérito.

RUSSELL. Bertrand. Ensaios céticos. 2. ed. São Paulo, Nacional, 1957. p. 67-8.





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5 - Tipos de resumo

Um resumo pode ter variadas formas: apresentar apenas uma listagem das ideias do autor, narrar as ideias mais significativas, condensar o conteúdo de tal modo que dispense a leitura do texto original.

Os procedimentos para realizar um resumo incluem:

Muito importante é distinguir as diferentes partes do texto. A fase seguinte é a de identificação de palavras-chaves. Finalmente, passa-se à redação do resumo.

Vejamos alguns tipos de resumo.

O resumo indicativo, também conhecido como abstract (resumo, em inglês), apenas indica os pontos principais de um texto, sem detalhar aspectos como exemplos, dados qualitativos ou quantitativos. Este tipo de resumo não dispensa a leitura do original. É conhecido também como descritivo. Refere-se às partes mais importantes do texto.

Clique aqui para ler um resumo indicativo.



ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redação no vestibular. São Paulo: Mestre Jou, 1981. 184 p.

Estudo realizado sobre redações de vestibulandos da FUVEST. Examina os textos com base nas novas tendências dos estudos da linguagem, que buscam erigir uma gramática do texto, uma teoria do texto. São objetos de seu estudo a coesão, o clichê, a frase feita, o "não texto" e o discurso indefinido. Parte de conjecturas e indagações, apresenta os critérios para a análise, informações sobre o candidato, o texto e farta exemplificação.




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O resumo informativo, também conhecido, em inglês, como summary, informa o leitor sobre outras características do texto. Deve salientar objetivo da obra, métodos e técnicas empregados, resultados e conclusões. Devem ser evitados comentários pessoais e juízos de valor. A principal utilidade dos resumos informativos no campo científico é auxiliar o pesquisador em suas pesquisas bibliográficas. Imagine-se procurando textos sobre seu tema de pesquisa. Quais você deve realmente ler? Para saber isso, procure um resumo informativo de cada texto. Este tipo de resumo é também conhecido como analítico. Pode dispensar a leitura do texto original.

Ao fazer um resumo informativo, é precisolimitar-se apenas ao texto lido, ou seja, não se deve incluir assuntos que não estejam contidos no texto original. Esse tipo de resumo deve priorizar a informação e não o valor ou a qualidade da informação.

Clique aqui para ler um resumo informativo.

Segundo a NBR 6028, deve-se evitar o uso de parágrafos no meio do resumo. Saiba + sobre a estrutura do parágrafo.

Podemos dizer que o resumo é uma apresentação concisa de elementos relevantes de um texto; um procedimento para reduzir um texto sem destruir-lhe o conteúdo. Constitui-se em forma prática de estudo que participa ativamente da aprendizagem, uma vez que favorece a retenção de informações básicas, como é o caso dos resumos apresentados ao final dos módulos do nosso curso.



ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redação no vestibular. São Paulo: Mestre Jou, 1981. 284 p.

Examina 1.500 redações de candidatos a vestibulares (1978), obtidas da FUVEST. O livro resultou de uma tese de doutoramento apresentada à USP em maio de 1981. Objetiva caracterizar a linguagem escrita dos vestibulandos e a existência de uma crise na linguagem escrita, particularmente desses indivíduos. Escolheu redações de vestibulandos pela oportunidade de obtenção de um corpus homogêneo. Sua hipótese inicial é a da existência de uma possível crise na linguagem e, através do estudo, estabelecer relações entre os textos e o nível de estruturação mental de seus produtores. Entre os problemas, ressaltam-se a carência de nexos, de continuidade e quantidade de informações, ausência de originalidade. Condições externas também foram objeto de análise, como: família, escola, cultura, fatores sociais e econômicos. Um dos critérios utilizados para a análise é a utilização do conceito de coesão. A autora preocupa-se ainda com a progressão discursiva, com o discurso tautológico, as contradições lógicas evidentes, o nonsense, os clichês, as frases feitas. Chegou à conclusão de que 34,8% dos vestibulandos demonstram incapacidade de domínio dos termos relacionais; 16,9% apresentam problemas de contradições lógicas evidentes. A redundância ocorreu em 15,2% dos textos. O uso excessivo de clichês e frases feitas aparece em 69,0% dos textos. Somente em 40 textos verificou-se a presença de linguagem criativa. Às vezes o discurso estrutura-se com frases bombásticas, pretensamente de efeito. Recomenda a autora que uma das formas de combater a crise estaria em se ensinar a refazer o discurso falho e a buscar a originalidade, valorizando o devaneio.



A norma da ABNT recomenda que o resumo tenha até 100 palavras se for de notas e comunicações breves. Se se tratar de resumo de monografias e artigos, sua extensão será de até 250 palavras. Resumo de relatórios e teses pode ter até 500 palavras.

Quando se tratar de um trabalho científico, o resumo deve salientar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões do trabalho. Não é desejável que se esqueça de apresentar os objetivos e os assuntos do texto original, bem como os métodos e técnicas de abordagem, mas sempre de forma concisa. Também será objeto do resumo a descrição das conclusões, ou seja, as consequências dos resultados.

Quanto ao estilo, deve ser composto com frases concisas, evitando-se enumerar tópicos. A primeira frase explica o assunto do texto. Em seguida, indica-se a categoria do tratamento. Do que se trata? De estudo de caso, de análise da situação? Preferencialmente, serão escritos os resumos em terceira pessoa do singular e com verbos na voz ativa.




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6 - Resumo crítico ou resenha

Leia o texto.


Um gramático contra a gramática

Gilberto Scarton

Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino (L&PM, 1995, 112 páginas), livro do gramático Celso Pedro Luft, traz um conjunto de ideias que subverte a ordem estabelecida no ensino da língua materna, por combater, de forma veemente, o ensino da gramática em sala de aula.

Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla - uma variação sobre o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as noções falsas de língua e gramática, a obsessão gramaticalista, inutilidade do ensino da teoria gramatical, a visão distorcida de que se ensinar a língua é se ensinar a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prática linguística, a postura prescritiva, purista e alienada - tão comum nas "aulas de português".

O velho pesquisador apaixonado pelos problemas da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação linguística e professor de longa experiência leva o leitor a discernir com rigor gramática e comunicação: gramática natural e gramática artificial; gramática tradicional e linguística; o relativismo e o absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramáticos, dos linguistas, dos professores; o ensino útil, do ensino inútil; o essencial, do irrelevante.

Essa fundamentação linguística de que lança mão - traduzida de forma simples com fim de difundir assunto tão especializado para o público em geral - sustenta a tese do Mestre, e o leitor facilmente se convence de que aprender uma língua não é tão complicado como faz ver o ensino gramaticalista tradicional. É, antes de tudo, um fato natural, imanente ao ser humano; um processo espontâneo, automático, natural, inevitável, como crescer. Consciente desse poder intrínseco, dessa propensão inata pela linguagem, liberto de preconceitos e do artificialismo do ensino definitório, nomenclaturista e alienante, o aluno poderá ter a palavra, para desenvolver seu espírito crítico e para falar por si.

Embora Língua e Liberdade do professor Celso Pedro Luft não seja tão original quanto pareça ser para o grande público (pois as mesmas concepções aparecem em muitos teóricos ao longo da história), tem o mérito de reunir, numa mesma obra, convincente fundamentação que lhe sustenta a tese e atenua o choque que os leitores - vítimas do ensino tradicional - e os professores de português - teóricos, gramatiqueiros, puristas - têm ao se depararem com uma obra de um autor de gramáticas que escreve contra a gramática na sala de aula.




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O texto que você acabou de ler pode ser definido como resumo crítico ou resenha, pois permite comentários e opiniões, inclui julgamentos de valor, comparações com outras obras da mesma área e avaliação da relevância da obra com relação às outras do mesmo gênero.


Resenha é, portanto, um relato minucioso das propriedades de um objeto, ou de suas partes constitutivas; é um tipo de redação técnica que inclui variadas modalidades de textos: descrição, narração e argumentação.

Estruturalmente, a resenha descreve as propriedades da obra (descrição física da obra), relata as credenciais do autor, resume a obra, apresenta suas conclusões e metodologia empregada, bem como expõe um quadro de referências em que o autor se apoiou (narração) e, finalmente, apresenta uma avaliação da obra e diz a quem a obra se destina (argumentação).

Além dos objetivos gerais da resenha (instrumento de pesquisa bibliográfica, atualização bibliográfica, decisão de consultar ou não o texto original), acrescentem-se os de desenvolvimento da capacidade de síntese, interpretação e crítica.




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Clique aqui para ver o texto na íntegra.



Ingedore G. Villaça Koch oferece a seu público leitor mais uma obra que trata de texto e linguagem: Desvendando os segredos do texto, de 168 páginas, publicado pela Editora Cortez, de São Paulo em 2002. A obra é composta de duas partes e 11 capítulos, assim distribuídos: Concepções de língua, sujeito, texto e sentido; Texto e contexto; Aspectos sociocognitivos do processamento textual; Os segredos do discurso; Texto e hipertexto; A referenciação; A progressão referencial; A anáfora indireta; A concordância associativa; A progressão textual; Os articuladores textuais. Finalmente, em epílogo, apresenta "Linguística textual: quo vadis?"

Em Desvendando os segredos do texto, a Profa. Ingedore baseia-se em pesquisas recentes que desenvolve no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp.

O objeto da obra da Profa. Ingedore é a reflexão sobre a construção textual dos sentidos. Ela que sempre se ocupou da Linguística Textual, examina, neste livro, as atividades de referenciação, as estratégias de progressão textual, os processos inferenciais envolvidos no processamento dos diferentes tipos de anáfora, os recursos de progressão e manutenção temática, de progressão e continuidade tópica e o funcionamento dos articuladores textuais. Assim, ocupa-se da articulação entre os dois grandes movimentos cognitivo-discursivos de retroação e avanço contínuos que orientam a construção da trama textual.





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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

O texto que você acabou de ler é uma resenha. Mas o que é fazer uma resenha?

Resenhar é apresentar uma obra, de tal forma que o leitor da resenha de um livro, de um texto ou de um filme, além de tomar conhecimento do seu conteúdo, possa apreender aquilo que, do ponto de vista do autor da resenha, são os aspectos positivos e/ou negativos da obra resenhada. Toda resenha assemelha-se a um resumo, mas é necessariamente mais do que ele, pois seu objetivo é avaliar criticamente. Há dois tipos de resenha:

• a descritiva e
• a crítica.

A que você leu é uma resenha descritiva.


Fazer uma resenha descritiva significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem.

Dessa forma, podemos considerar a resenha um texto descritivo. Essa característica pode prevalecer em uma resenha, visto que o objetivo do redator é transmitir ao leitor um conjunto de propriedades do objeto resenhado. Todavia, paralelamente à descrição, a resenha também pode ter parágrafos narrativos, em que sobressaem aspectos relativos ao espaço e ao tempo que denotam a transformação ou a alteração dos acontecimentos ou da abordagem de um texto. Finalmente, a resenha ainda pode ter parágrafos argumentativos sobre o valor da obra, argumentos que comprovem a qualidade do texto ou a ausência dela.




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A estrutura da resenha descritiva de um texto seria:

Esses são os elementos que compõem uma resenha descritiva. É de salientar que, normalmente, as resenhas publicadas em periódicos não apresentam apenas a característica descritiva; elas manifestam apreciações e julgamentos sobre as ideias e pontos de vista defendidos pelo autor.




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A resenha crítica está entre os textos que têm por objetivo conduzir o leitor para informações puras. Nesses textos, não se percebe nem a presença do emissor nem a do receptor. Daí a linguagem em terceira pessoa, implicando com isso certa neutralidade, que é, no entanto, limitada, uma vez que na seleção e organização do texto já ocorre intenção de quem escreve.


A resenha crítica é também denominada recensão crítica. Ela combina resumo e julgamento de valor, a resenha deve resumir as ideias da obra, avaliar as informações nela contidas e a forma como foram expostas e justificar a avaliação realizada.

Esse tipo de resenha é composto pelos elementos listados a seguir.

• Referências bibliográficas.
• Informações sobre o autor.
• Gênero da obra.
• Resumo ou digesto.
• Avaliação (apreciação).

Leia o texto e passe o mouse sobre as partes destacadas para identificar os elementos da resenha crítica.


PREDEBON, José. Criatividade hoje: como se pratica, aprende e ensina.
São Paulo: Atlas, 1999, 155 páginas.

"José Pedrebon desde 1968 é professor de criatividade na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de São Paulo, cadeira que introduziu nessa escola em 1988. Também leciona Inovação e Competitividade no MBA da Fundace-USP. Criou e dirigiu de 1993 a 1996 o Departamento de Criatividade Aplicada da ESPM. Exerceu a criação publicitária de 1960 a 1992 e recebeu vários prêmios, inclusive um Leão de Ouro em Cannes. É consultor em processos de inovação organizacional, dirige workshops e programas de treinamento na área da criatividade e é palestrante. Estudou sociologia e propaganda e também é poeta. Autor dos livros Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1998. E Criatividade hoje: como se pratica, aprende e ensina. São Paulo: Atlas, 1999." (Dados enviados por e-mail pelo próprio autor).

O livro "Criatividade hoje: como se pratica, aprende e ensina" é de conteúdo didático-pedagógico e ensina técnicas de como desenvolver a capacidade criativa através de exercícios em grupo ou individuais. O livro contém sete capítulos e dois apêndices.

O Capítulo 1. Motivos e objetivos para treinar a criatividade pessoal: O autor nos mostra que as mudanças existentes no mundo de hoje motivam e até exigem uma criatividade constante para podermos superar a competitividade. Os planos de vida de cada um vão definir quem deve se preocupar mais com a criatividade. E completa dizendo que o mundo profissional exige competência para enfrentar o terceiro milênio.

O Capítulo 2. As bases da prática. Programas de treinamento: Predebon define as metas e programas de treinamento, bem como a sequência das aulas. Mostra o processo de desenvolvimento da criatividade e orienta um plano pessoal para esse desenvolvimento

O Capítulo 3. Princípio dos programas individuais de treinamento: O autor começa mostrando que a 'fantasia é um ótimo meio para achar soluções para os problemas que se nos apresentam no dia a dia. Podemos também procurar essas soluções em leituras, fazer o brainstorm a sós e desenvolver a percepção do ambíguo e do não evidente, isto é, ter "sagacidade". (p.50).

O Capítulo 4. Princípios dos programas em grupos: Começa mostrando e recomendando o treinamento em duplas. Porque "isso é uma das formas mais produtivas de incremento da criatividade pessoal". (p.55) O autor passa então a mostrar que "a dupla é a base para a formação dos grupos que devem ser harmônicos, mas não concordantes". (p.55) Mostra as técnicas para a formação de grupos criativos em classe, e dá uma orientação magistral para a liderança de equipes criativas.

O Capítulo 5. Monitorando grupos - funções e ações do facilitador: Predebon afirma que a postura do professor de criatividade deve ser demonstrada pelo uso de uma didática diferente das outras empregadas pelos professores de outras matérias. E resume esta didática indicando várias características: imprevisibilidade, pouquíssimas regras, informalidade, bom humor, interatividade máxima, exploração dos "desvios" emergentes da classe. (p.66) Depois coloca como "chave" a exploração das expectativas dos alunos e o respeito que devemos ter para com eles.

O Capítulo 6. Exercícios para treinamento de criatividade: O autor afirma com segurança que "o treinamento de criatividade, mesmo fora de cursos formais, sempre deve desembocar em exercícios". (p.81) Passa depois a indicar vários tipos de exercícios formais para serem executados dentro dos cursos de criatividade. É o ponto central do livro.

O Capítulo 7. O que dizem outros professores de criatividade: Predebon reconhece e aprecia o valor e a criatividade de outros autores de criatividade e faz a eles uma pergunta: "O que é mais importante para ensinar e aprender criatividade"? e aqui ele apresenta esses depoimentos de treze professores ou professoras voltados para a pesquisa e o ensino de criatividade.

No Apêndice I, José Pedrebon faz um resumo de sua outra obra: Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. São Paulo: Atlas, 1997.

No Apêndice 2, ele traça um "cruzamento entre criatividade e Human Dynamics", dizendo que Sandra Seagal e David Horne estudaram milhares de casos para estruturar a conclusão de que o ser humano processa as informações que recebe e se relaciona com elas por meio de três centros: emocional, físico e mental, com uma ordem de prevalência determinada pela sua natureza individual"(p.152). E neste sentido 25% das pessoas mostram-se impressionantemente a favor da inovação; 55% lidam com o novo sem grandes dificuldades; os outros reagem às informações novas e às mudanças com mais dificuldade e, desses, (5%) tudo o que é novo representa um grande problema. (p.152).

José Pedrebon usa com muita propriedade o método de abordagem dialético, mostrando que todo e qualquer problema tem embutido dentro dele uma contradição que é fonte de criatividade para a sua solução.

Usa também vários métodos de procedimento explorando de modo especial o método comparativo, às vezes o método tipológico, outras o método monográfico.

A modalidade empregada é de caráter específico, de modo tecnicodidático. Não abusa da rigidez técnica, descreve os conceitos básicos e analisa o procedimento que deve ser livre, porque a criatividade só se desenvolve bem na liberdade.

Suas formas tecnológicas utilizadas são fundadas em suas observações como professor de criatividade por muitos anos, e suas próprias experiências criativas em cursos e palestras proferidas.

Sua obra é de grande utilidade, não só para alunos e professores na área de criatividade, mas também para todos aqueles que desejam desenvolver seu potencial criativo. É muito original em seus exercícios de treinamento e de muita criatividade, colocando, na prática, o próprio ensinamento contido no livro. Abre muitos caminhos para o desenvolvimento da criatividade, tanto em grupo como em particular.

Seu estilo é objetivo, simples, sem rebuscamento. Fácil de se entender e de grande utilidade. A linguagem é precisa e exata. Obra bem sistematizada e de disposição lógica e bem equilibrada em todas as suas partes.

É uma obra que deve ser indicada para alunos de todas as áreas que desejam desenvolver seu potencial criativo e também aos professores, se querem ser criativos em suas aulas. Acredito que o autor deveria dar também ênfase, aconselhando como se trata sobre criatividade com crianças.






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Vamos exercitar?

Leia o texto abaixo.


O legado de Cássia Eller

O disco 10 de Dezembro não deixa
dúvida: a música brasileira perdeu
uma grande intérprete

Sérgio Martins

Quando morreu, em dezembro de 2001, Cássia Eller estava empenhada em realizar uma metamorfose artística. Cansada do rótulo de roqueira barulhenta, ela queria consolidar a imagem de excelente intérprete, o que de fato era. Para isso, lançaria em 2002 um disco com canções inéditas de Chico Buarque e Djavan, figuras consagradas da MPB, e também de compositores jovens, como Lenine. O CD póstumo 10 de Dezembro (o título é a data de aniversário da cantora), que chega às lojas na semana que vem, é fiel ao desejo de Cássia. Ele traz onze faixas registradas pela artista em diferentes fases, durante shows ou gravações informais. Na maioria dos casos, só a voz e o violão originais foram preservados.

Transformar essas gravações precárias em material audível não foi tarefa das mais fáceis. Escolhido o repertório, o ex-empresário de Cássia, Ronaldo Villas, e o músico Nando Reis, grande amigo da artista e produtor do CD, passaram três meses no estúdio e gastaram 150.000 reais para levá-lo a cabo. Eles recrutaram integrantes da última banda de Cássia Eller para refazer as partes instrumentais, convidaram o tecladista Lincoln Olivetti para criar arranjos de cordas e reuniram uma série de convidados, como Roberto Frejat, Gilberto Gil, Zélia Duncan, João Barone e Bi Ribeiro, estes últimos da banda Paralamas do Sucesso. Conseguiram bons resultados em várias faixas. A versão de All Star, em que uma orquestra acompanha Cássia, é desde logo candidata a hit. Uma das especialidades da artista era traduzir músicas da MPB para a geração rock, e é isso que se ouve em Vila do Sossego, de Zé Ramalho, e Eu Sou Neguinha, de Caetano Veloso. Podem-se destacar ainda Get Back e Julia, duas covers dos Beatles – um grupo adorado por Cássia, que tinha um caderno apenas para anotar as letras de suas músicas.

O disco 10 de Dezembro será lançado com uma tiragem inicial de 50.000 cópias. Os royalties pela vendagem farão parte do espólio de Cássia Eller, que ainda não tem um administrador designado pela Justiça. Em outubro passado, uma decisão importante foi tomada: Maria Eugênia Martins, companheira de Cássia durante catorze anos, recebeu a guarda do filho da cantora, Francisco Eller, o Chicão, hoje com 9 anos. Os dois ainda não tiveram coragem de ouvir as músicas do novo disco. De certa forma, continuam em luto. Para suportar a perda de Cássia e reestruturar-se como família, estão frequentando uma terapeuta. Durante as gravações, Maria Eugênia chegou a visitar o estúdio onde elas estavam sendo feitas, no Rio de Janeiro. Ficou poucos minutos e saiu sem tecer comentários. Ronaldo Villas também convidou Chicão para acompanhar uma sessão. No dia combinado, o menino teve uma febre repentina. "No momento, ele prefere ficar longe da música da mãe", diz Villas. Mesmo para aqueles que não faziam parte da família de Cássia Eller, as gravações de 10 de Dezembro tiveram momentos dolorosos. "Às vezes, durante o trabalho, agíamos como se ela fosse entrar no estúdio a qualquer instante. Era sempre um choque voltar à realidade", lembra Roberto Frejat.




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Resumo

Nos módulos anteriores, apresentamos um resumo para facilitar seus estudos. Neste, no entanto, você fará um resumo indicativo do conteúdo do módulo como forma de exercitar seus conhecimentos.