Agora, vamos analisar o efeito do parágrafo em um contexto. Leia atentamente os dois fragmentos de textos abaixo. Procure observar a linguagem, os argumentos utilizados e a forma como o texto é desenvolvido.


Texto 1

O Brasil não deve fabricar a bomba atômica.

A bomba atômica não é elemento efetivo de segurança nacional. Seu emprego como dissuasório, ainda que discutível, só vale no plano das duas grandes potências nucleares, que não são grandes porque têm a bomba atômica, mas têm a bomba atômica porque são grandes. Nas mãos de potências menores, a bomba atômica perde muito desse sentido e representa mais um risco de guerra do que uma garantia de paz. Sua presença no arsenal de países mal-organizados e, portanto, sem a infraestrutura não só militar, como civil, que dá o sentido pleno de segurança nacional, é uma tentação perigosa de querer compensar o desequilíbrio efetivo por uma ação de surpresa. A bomba atômica adquire nesse caso um sentido de ofensiva. Não vejo como qualquer razão de segurança nacional poderia levar o Brasil de hoje a uma aventura cara e ao mesmo tempo inútil.
(...)


Texto 2

Há muitas pessoas que sofrem do mal da solidão. Basta que em redor delas se arme o silêncio, que não se manifeste aos seus olhos nenhuma presença humana, para que delas se apodere imensa angústia: como se o peso do céu desabasse sobre a sua cabeça, como se dos horizontes se levantasse o anúncio do fim do mundo.

No entanto, haverá na Terra verdadeira solidão? Não estamos todos cercados por inúmeros objetos, por infinitas formas da Natureza e o nosso mundo particular não está cheio de lembranças, de sonhos, de raciocínios, de ideias, que impedem uma total solidão?

Tudo é vivo e tudo fala, em redor de nós, embora com vida e voz que não são humanas, mas que podemos apreender e escutar, porque muitas vezes essa linguagem secreta ajuda a esclarecer o nosso próprio mistério. Como aquele Sultão Mamude, que entendia a fala dos pássaros, podemos aplicar toda a nossa sensibilidade a esse aparente vazio de solidão: e pouco a pouco nos sentiremos enriquecidos.
(...)



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