3 - Utilização das Informações Contábeis

A informação contábil é útil a toda a sociedade. Um cidadão, ao analisar um demonstrativo da execução orçamentária do governo, poderá verificar se os recursos públicos foram corretamente aplicados para alcançar os fins a que haviam sido destinados. Assim sendo, o controle social tem nos registros e demonstrativos contábeis suas mais preciosas fontes de informação.

Os administradores têm uma responsabilidade especial no que diz respeito à utilização da informação contábil em virtude das decisões decorrentes da interpretação dessas informações.

Um dos instrumentos utilizados para a interpretação das demonstrações é a análise de Balanço. Entretanto, considerando que a análise é desenvolvida a partir de dados registrados na contabilidade, não podemos ingenuamente desconsiderar as limitações decorrentes dessas análises. Não fosse assim, certamente estaríamos livres de tantas surpresas no mundo empresarial. Afinal, os diversos usuários das demonstrações da Parmalat não souberam analisá-las?

Vejamos então algumas limitações que podem ser observadas na análise e interpretação das demonstrações contábeis:

  • Defasagem da informação: a análise realizada pelo usuário externo geralmente é feita com base nas demonstrações elaboradas semestralmente ou anualmente. O tempo decorrido entre a data base (31 de dez ou 30 jun) e a análise é suficiente para ocorrerem importantes eventos provocando grandes modificações na situação econômica e financeira da empresa.
  • Limitações provocadas pelas normas contábeis: a legislação societária, os princípios contábeis e a legislação do imposto de renda limitam sobremaneira a contabilização das operações das empresas. Portanto, sob o ponto de vista gerencial, os dados extraídos da contabilidade precisam receber tratamento apropriado para se prestarem adequadamente ao processo decisório. A título de exemplo, o registro dos ativos, receitas e despesas pelos valores originais deixam de considerar o importante efeito da variação de preços sobre o patrimônio e os resultados.
  • O lado não expresso em valores monetários: o perfil de quem administra a empresa; as ameaças e oportunidades oferecidas pelo mercado; a vulnerabilidade da empresa em relação às flutuações econômicas ou decisões governamentais; o nível tecnológico e a qualidade dos produtos/ serviços em comparação aos concorrentes, etc.
  • A veracidade das informações: lamentavelmente, muitas (para não dizer a maioria) empresas apresentam demonstrações que não correspondem à realidade de suas operações. Quanto menor é a empresa, mais irreal tendem a ser suas demonstrações. Isso ocorre não somente por desconhecimento técnico, mas também em função de omissão de receitas ou manipulação de valores para obter crédito ou benefícios diversos. Entretanto, a manipulação, como sabemos, não é privilégio exclusivo de pequenas empresas. As grandes empresas também manipulam seus resultados e demais valores patrimoniais, a despeito de toda legislação e das auditorias realizadas. A manipulação de balanços foi assunto de pesquisa recente na USP, na qual foram constatadas as inúmeras possibilidades de manipulação, mesmo dentro da legalidade. Em suma, é uma questão ética.


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