Unidade 1 Módulo 1
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Módulo 01 - O que é administrar?
1 - A Evolução da gerência

Sobre o trabalho do administrador, existem muitas ideias e versões desde Sócrates até os dias de hoje. Procuraremos examinar somente as ideias que marcaram cada época do desenvolvimento da administração, de modo a termos, ao final da disciplina, uma clara visão dos conceitos e princípios que norteiam a atuação do gerente atual e dos passos que devem ser dados para que você se torne um bom administrador.

O que fazem os administradores? O que significa ser gerente? As respostas são tantas que não têm ajudado o estudante de Administração a compreender o fenômeno gerencial. São tantos os gurus e contragurus, tantos os conceitos e ideias que transformaram a Administração Científica num complexo conjunto de conceitos, métodos e técnicas.

Vamos analisar as principais contribuições ao desenvolvimento teórico da área, abordando os conceitos mais gerais da Administração e conectando-os aos conceitos mais particularizados de gerência. Procura-se, com isso, sugerir a existência de (1) íntima ligação entre o pensamento Tradicional e o pensamento Contemporâneo, (2) uma tendência evolutiva, claramente delineada em seu arcabouço conceitual, no sentido de buscar maior compreensão dos valores, motivações e necessidades do ser humano no trabalho, seja ele gerente ou subordinado, líder ou liderado.



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A gerência foi vista de diversas formas, ao longo da história da organização, e o gerente foi desempenhando papéis cada vez mais complexos e diversificados, à medida que as organizações também se tornaram mais complexas.

Na organização taylorista, o gerente era aquele que sabia "a única melhor maneira" de fazer as tarefas e era paciente ao orientar os empregados, punindo-os, caso não concordassem em trabalhar "cientificamente" para obter a produção máxima.



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O fayolismo, conhecido como "uma escola de chefes", definiu o gerente como aquele que planeja, organiza, comanda, coordena e controla. Essa definição tomou impulso nos anos 30, com o trabalho de Luther Gulick, que deu à administração um dos seus primeiros acrônimos: POSDCORB.


P
lanning
Organizing
Staffing
Directing
COrdinating
Reporting
Budgeting

Tal acrônimo era apresentado como resposta à pergunta "o que os gerentes fazem?" e permanece até hoje na memória de muitos executivos, como a resposta correta.



Palavra formada pela primeira letra (ou mais de uma) de cada uma das partes sucessivas de uma locução ou pela maioria dessas partes.



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A gerência racional ou burocrática, explicitada no trabalho de Max Weber, é exercida por um especialista que age racionalmente com base no conhecimento do problema, dos objetivos a atingir e dos possíveis cursos de ação, podendo escolher as alternativas que maximizem os resultados organizacionais.

Essas primeiras visões da ação gerencial trazem implícitas as ideias de que ao gerente cabe: decidir, transmitir ordens e controlar rigidamente. Aos subordinados, cabe apenas obedecer.



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O incidente de Hawthorne e as experiências de Elton Mayo, baseadas na hipótese de que a produtividade é função direta da satisfação no trabalho, trouxeram a visão oposta à dos clássicos, sobre o trabalho gerencial. Para os teóricos das Relações Humanas, a atividade principal dos gerentes é cuidar para que haja satisfação entre os empregados, atentando para suas necessidades de segurança, aprovação social e afeto. Muda o método, mas o interesse pela produção máxima é o mesmo.

Os comportamentalistas não aceitam a concepção de que a satisfação do trabalhador gere por si só a eficiência. Desenvolvem a teoria da decisão, mostrando o gerente - responsável por um processo decisório que envolve a seleção - nem sempre consciente de ações entre as que são possíveis para as pessoas sobre as quais exerce influência e autoridade. Para esses pesquisadores, além de não haver uma escolha necessariamente consciente e racional entre alternativas conhecidas, o processo decisório expõe as reais limitações dos gerentes, tais como: não têm um sistema de objetivos explícitos; negligenciam a parte mais importante da tomada de decisões, que é a definição do problema; raramente conhecem com clareza as alternativas e suas consequências e, finalmente, fazem as escolhas para obter uma solução satisfatória do problema e não para maximizar os objetivos.

Para os estruturalistas, o gerente é administrador de conflitos, pois o conflito entre grupos é um processo social básico. Numa sociedade em transformação contínua, a resolução dos conflitos determina a direção das mudanças. Dessa forma, o desenvolvimento organizacional está na dependência do resultado dos conflitos, os quais, embora sejam indesejáveis, não podem ser negados, sob pena de exacerbação e posterior eclosão, geralmente com graves consequências.



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A teoria de sistemas coloca o gerente numa organização que faz parte de um meio ambiente multidimensional e tumultuado, obrigando-o a "lidar com incertezas e ambiguidades e, acima de tudo, a preocupar-se com o ajuste da organização a novos requisitos, sempre em mudança". Esse contexto é enfatizado pela teoria contingencial, que não só aprofunda a análise das características ambientais como também demonstra que essas variáveis ambientais, atuam como determinantes das próprias características organizacionais e, consequentemente, da atuação gerencial.



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2 - Pensamento Tradicional versus Pensamento Sistêmico

Tradicionalmente, a teoria e a prática administrativa não apresentam linha divisória muito clara entre a administração tradicional e a contemporânea. No entanto, a teoria contemporânea enfatiza a visão sistêmica, em que a organização é percebida como sistema no qual tudo está interligado. Além disso, a nova teoria também enfatiza que a eficácia de qualquer ação gerencial depende das contingências, isto é, do contexto e das características da situação em que está sendo aplicada. Essas noções sobre sistema e contingência não validam a busca tradicional de um conjunto de práticas universalmente válidas para todas as organizações, em todas as situações. Assim, é importante analisar mais de perto essas concepções contemporâneas e o tipo de pensamento a elas ligado.

Quando vemos a organização como um conjunto de elementos interligados, composto de órgãos, nervos, circulação e respiração, formando um organismo vivo, sabemos que qualquer alteração em qualquer dos elementos afeta os outros. Assim, não podemos mais pensar na resolução de problemas administrativos de forma linear, como fizeram os teóricos do passado.

Comparação entre o Pensamento linear e o Pensamento não-linear ou sistêmico

É útil ver a organização como um todo dinâmico e compreender que os administradores não estão solucionando problemas distintos. Eles são parceiros que intervêm simultaneamente na resolução do mesmo problema organizacional, dentro de um sistema de partes inter-relacionadas. Planejamento, organização, direção e controle são apenas os nomes dos quatro processos mais importantes da atuação gerencial.







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3 - Características do trabalho gerencial

Henry Mintzberg, um dos estudiosos da gerência, afirma: "Muito embora uma enorme quantidade de material tenha sido publicada sobre o trabalho gerencial, nós continuamos a saber muito pouco sobre ele." Sugere que a literatura gerencial fala muito sobre o gerente, mas pouco sobre o que ele realmente faz. Assim, realiza um trabalho de observação em que as atividades gerenciais são analisadas sistematicamente e as conclusões são descritas somente quando podem ser suportadas por evidências empíricas. Desse trabalho, resulta um conjunto de características e de papéis do gerente.

Naturalmente, há necessidade de adaptações à realidade brasileira, uma vez que as observações foram realizadas nos EUA; mas as conclusões podem servir tanto de base para reflexão de estudantes brasileiros como de ponto de partida para pesquisas similares.

Mintzberg define o gerente como o responsável por uma organização formal ou por uma de suas unidades. Pode ser chamado vice-presidente, supervisor, primeiro-ministro, sargento, arcebispo ou qualquer um de uma grande variedade de outros títulos. Seu trabalho se realiza em qualquer nível da hierarquia organizacional (exceto no mais baixo de todos) e ele pode supervisionar pessoas em qualquer das várias funções organizacionais. Pode ter muita ou nenhuma experiência no trabalho; descobrir que as demandas variam de acordo com o clima da organização e as necessidades do momento. De fato, há enorme quantidade de variáveis capazes de influenciar o trabalho realizado pelos gerentes.



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Mintzberg colecionou 6 grupos de características do trabalho gerencial:

(1) grande carga de trabalho em forte ritmo;
(2) atividade caracterizada pela brevidade, variedade e fragmentação;
(3) preferência por ações correntes, específicas e bem definidas, em vez de reflexão;
(4) preferência por comunicação verbal;
(5) relacionamento com grande número de pessoas, contatos internos e externos;
(6) jogo de forças entre direitos e deveres.



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A principal razão para o gerente adotar ritmo forte é ter um trabalho que não acaba nunca. Como responsável pelo sucesso da organização, não há marcos tangíveis em que possa parar e dizer "agora meu trabalho está terminado". Como resultado, torna-se uma pessoa com preocupação permanente, não importa que tipo de trabalho gerencial realize; sempre carrega uma leve suspeita de que poderia contribuir um pouco mais.


Sua atividade é caracterizada por um sem número de contatos e atividades, que não lhe permitem aprofundar-se em nenhuma. Com efeito, o gerente é encorajado pela realidade de seu trabalho a desenvolver um tipo de personalidade: sobrecarregar-se com trabalho, agir abruptamente, evitar perda de tempo, participar somente quando o valor de sua participação é tangível, evitar grande envolvimento com qualquer assunto. Ser superficial é, sem dúvida, um risco ocupacional do trabalho gerencial.

A preferência por ação, em vez de reflexão, é adotada como resultado da natureza do trabalho. As pressões do ambiente gerencial, a despeito da literatura clássica, não encorajam o desenvolvimento de planejadores reflexivos. O tipo de trabalho gera pessoas adaptativas, manipuladoras de informações, que preferem situações vívidas e concretas num ambiente de estímulo e respostas.



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Os gerentes demonstram forte preferência pela comunicação verbal. Eles parecem não gostar dos correios, utilizam-no principalmente para remessa de correspondências formais. Os meios informais de comunicação, telefone e reuniões não programadas são utilizados para transmitir informações e solicitações informais. Reuniões programadas utilizam-se para situações formais, negociações e estabelecimento de estratégias. Diferentemente dos outros funcionários, os gestores não deixam a reunião ou o telefone para retornar ao trabalho, pois esses contatos são seu trabalho; sua produção pode ser medida, primariamente, em termos de informações verbais transmitidas.

O ocupante da gerência está colocado como ponte entre a organização e sua rede de comunicações interna e externa. As informações e solicitações fluem para ele de vários contatos externos. Deve filtrá-las e repassá-las para a organização. Outras informações e solicitações vêm de dentro da organização, algumas a serem utilizadas por ele, outras a serem destinadas a outras partes da organização e a contatos externos.



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Finalmente, até que ponto o gerente controla suas atividades? Alguns autores sugerem que ele age como o condutor de orquestra sinfônica, criando um todo maior do que a soma das partes. Porém, Sune Carlson, que conduziu estudo sistemático, não tem essa certeza:

Antes de fazermos o estudo, eu sempre pensava num executivo-chefe como o regente condutor de uma orquestra, impassível sobre sua plataforma. Agora estou, em alguns aspectos, inclinado a vê-lo como uma marionete do puppet-show com centenas de pessoas puxando os barbantes e forçando-o a agir de uma forma ou de outra.



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Os dados empíricos não são conclusivos, mas há evidências de que os gerentes são impedidos de decidir sobre a maior parte de suas atividades. O telefone toca, a agenda aponta uma bateria de reuniões, os subordinados aparecem, problemas surgem inesperadamente e, subjacente a tudo isso, há o constante temor de falhar na análise da correspondência. Seguramente, o trabalho é desenhado para engolir os fracos e aprisionar os fortes.

Mas tudo isso indica que o gerente não controla suas atividades? O fato de as reuniões serem marcadas por outros, de receber mais correspondências do que envia, de receber mais solicitações do que solicita, de ser escravo da agenda indica que ele não controla sua atividade? Talvez essas solicitações sejam boa medida do status do gerente. O número de pedidos de autorização, todos iniciados por outros, pode refletir o controle gerencial sobre o processo decisório da organização. A extensão em que as reuniões são marcadas por outros ou pelo relógio pode ser avaliação da capacidade gerencial. A quantidade de informações recebidas sem solicitação pode mensurar sua habilidade em construir efetivas linhas de comunicação.



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Assim, o gerente pode ser condutor ou marionete, dependendo do modo de administrar sua própria atividade. Em particular, ele tem dois importantes graus de liberdade:


(1) a possibilidade de tomar uma série de decisões iniciais, que definem muitos dos seus compromissos em longo prazo;
(2) o exercício de sua própria vontade ao controlar, ou utilizar para seus próprios fins, aquelas atividades nas quais é obrigado a se engajar. Em outras palavras, ele pode tirar vantagem de suas obrigações.

O cerimonial proporciona ao chefe arguto oportunidade para obter informações. Um pedido de autorização permite-lhe injetar seus valores na organização. A obrigação de discursar propicia oportunidade para fazer lobby por determinada causa. Um problema pode ser mais do que simplesmente resolvido e uma pressão pode ser mais do que simplesmente removida. Pode-se agir de modo a transformar problemas em oportunidades pela exploração de novas ideias em sua solução.

Talvez sejam esses dois graus de liberdade que mais claramente distinguem os gerentes bem-sucedidos. Todos, aparentemente, são marionetes. Alguns decidem quem puxa os barbantes e como; a partir daí tiram vantagem de cada movimento que são forçados a realizar. Outros, inábeis para explorar tal ambiente de alta tensão, acabam engolidos pelo mais exigente de todos os trabalhos.



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Resumo

O trabalho gerencial vem sendo estudado de forma científica, desde os trabalhos pioneiros de Taylor, no início do século XX. As primeiras teorias tinham caráter prescritivo e ditavam como o gerente deveria agir.

Para Taylor, ele deveria descobrir o modo correto de agir e obrigar, cordialmente, que todos agissem do "único jeito certo". Fayol via o gerente com visão mais ampla da empresa, cuidando para que ela continuasse a existir. Para isso devia exercer as funções de prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Max Weber tinha a organização ideal como possuidora de um conjunto de normas escritas que lhe garantiam a previsibilidade do funcionamento.

Após o incidente de Hawthorne e as pesquisas de Elton Mayo, a gerência passou a se interessar pelo que as pessoas pensam. Empregados felizes são mais produtivos; logo, o que o gerente tinha de fazer era garantir que todos estivessem satisfeitos no trabalho.

O comportamentalismo trouxe ideias muito parecidas com a visão de Relações Humanas, mas não aceita a "visão ingênua" de que a felicidade, por si só, gera a eficiência; é necessário administrar o comportamento humano no trabalho. Os estruturalistas, por seu turno, veem a organização como estrutura social, onde naturalmente existem conflitos que devem ser administrados. Essas duas últimas visões - comportamentalismo e estruturalismo - inauguram a abordagem explicativa e iniciam a percepção do sistema aberto, isto é, a organização é um sistema que troca energia com o ambiente.

As abordagens sistêmica e contingencial enfatizam as relações com o ambiente. Para a visão sistêmica, a organização se adapta de forma dinâmica ao ambiente. Para a visão contingencial, a atuação gerencial é contingenciada pelas variáveis ambientais, que são independentes e atuam sobre a organização.

Assim, a atividade gerencial é cheia de desafios, desenhada para engolir os fracos e aprisionar os fortes. O trabalho do gerente é variado, realizado num forte ritmo e exige relacionamento com amplo número de pessoas. Além disso, exige forte dose de competência, para que não vire marionete e consiga conduzir as atividades de sua equipe na direção dos objetivos definidos pela organização.



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Módulo 02 - O que fazem os administradores?

1 - Os Papéis Gerenciais

O gerente é a pessoa responsável por uma organização ou qualquer de suas subunidades. Ele é revestido de autoridade formal sobre sua unidade, o que leva a dois propósitos básicos.

Primeiro, assegurar-se de que sua organização produza bens ou serviços, eficientemente. Para isso, planeja e mantém a estabilidade das operações básicas, adaptando-as de forma controlada às mudanças ambientais.

Segundo, assegurar-se de que sua organização serve aos fins para os quais foi criada, isto é, da pessoa ou grupo que a controla (os "influenciadores"). Interpreta suas preferências particulares e combina-as para produzir definições sobre as preferências organizacionais que possam guiar o processo decisório.

Por causa dessa autoridade formal, pode atender a dois outros propósitos gerenciais básicos:


  • agir como importante canal de comunicação entre sua organização e o ambiente;
  • assumir responsabilidade pelo nível de operação do sistema organizacional.

Esses propósitos básicos são operacionalizados por meio de dez papéis inter-relacionados, agrupados em três categorias:



Derivam da autoridade e status gerenciais. São papéis interpessoais: representante, líder e elo de ligação.




Provêm dos papéis interpessoais e do acesso que eles propiciam a informações. São papéis informacionais: monitor, disseminador e porta-voz.




Emanam da autoridade e da informação. São papéis decisórios: empreendedor, administrador de distúrbios, alocador de recursos e negociador.



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Os Papéis Interpessoais caracterizam o trabalho gerencial, ressaltando seu status e sua autoridade como:



O papel de elo de ligação ocorre quando o executivo-chefe lida com pessoas fora de sua unidade organizacional. Ele desenvolve uma rede de contatos, na qual informações e favores são trocados para o benefício mútuo e gasta considerável parte de seu tempo desempenhando esse papel; primeiro, assumindo uma série de compromissos para estabelecer esses contatos; depois, engajando-se em várias atividades para mantê-los. Para alguns gerentes, é o papel mais importante de todos. Quando há uma dupla de administradores, gerente e subgerente, por exemplo, o primeiro geralmente assume o trabalho externo e o segundo concentra-se em operações internas (notadamente no papel de líder e nos papéis decisórios). Gerentes de vendas, por causa de sua orientação externa e interpessoal, dão especial atenção a esse papel e aos dois outros papéis interpessoais.



Como líder do corpo funcional, o gerente define a atmosfera em que a unidade organizacional trabalhará. O líder delimita o relacionamento interpessoal com os subordinados e procura harmonizar as necessidades dos empregados e as da organização, para criar um clima no qual o trabalho seja realizado efetivamente. Também procura evocar a motivação dos subordinados, examina suas atividades e responsabiliza-se pelo trabalho, treinamento e promoção daqueles que estão mais próximos. Esse papel está claramente entre os mais significativos. A mudança da sociedade em direção a maior democratização organizacional levará os gerentes a despenderem mais tempo com o papel de líder.



Esse é o mais simples de todos os papéis. O gerente é um símbolo, requerido, por causa de seu status, para participar de inúmeros eventos sociais, legais e cerimoniais. Além disso, o gerente deveria estar disponível para certas festas que solicitam sua presença em virtude do status e da autoridade. O papel de representante é mais significativo nos níveis mais elevados da hierarquia.




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Papéis Informacionais - pelos papéis de líder e elo de ligação, o principal gestor tem acesso a informações privilegiadas e emerge como "sistema nervoso central" de sua unidade organizacional. Somente ele tem acesso formal a todos os subordinados de sua própria organização e acesso único a grande variedade de pessoas de fora da organização, muitas delas "sistemas nervosos centrais" de outras organizações. Dessa forma, ele é um generalista sobre as informações de sua organização, aquela pessoa mais bem informada sobre as operações e o ambiente.

São papéis informacionais:



O gerente expede informações para o ambiente externo de sua unidade organizacional. Age como relações públicas, faz lobbies, informa os formadores de opinião, comunica ao público o desempenho de sua unidade e manda informações úteis para seus contatos externos. Além disso, o gerente atua para o público externo como especialista no negócio em que sua unidade opera. Administradores de assessorias especializadas e orientadas para análises investem muito tempo nessa capacidade, assim como nos outros papéis informacionais.



O gerente transmite algumas de suas informações internas e externas aos subordinados. Dessa forma, tem acesso exclusivo a certas informações privilegiadas. Algumas dessas informações são de natureza factual; outras são relacionadas aos valores das pessoas que exercem influência sobre a organização.



O ocupante da gerência procura e recebe continuamente informações internas e externas de variadas fontes para desenvolver completo conhecimento do meio em que atua. A maior parte de suas informações são verbais e não documentadas; por isso, o gerente tem, como primeira responsabilidade, o desenho de seu próprio sistema de informações, que é necessariamente informal. Gerentes em novos cargos gastam considerável tempo nos papéis de monitor e elo-de-ligação, a fim de construírem seus sistemas de informações e atingirem o nível de conhecimento necessário ao efetivo estabelecimento de estratégias.



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Papéis Decisórios - por causa de sua autoridade formal e das informações especiais, o gestor assume a responsabilidade pelo sistema de estabelecimento de estratégia da organização - os meios pelos quais importantes decisões para sua unidade organizacional são tomadas e inter-relacionadas. As estratégias são operacionalizadas por meio de quatro papéis decisórios:



Na condição de negociador, o gerente assume a responsabilidade quando sua empresa tem importantes negócios com outras organizações. Como representante de sua entidade, como porta-voz e como alocador de recursos, ele tem melhores condições de lidar com a outra parte.




Na condição de alocador de recursos, o gerente supervisiona a utilização de todos os recursos da organização e, dessa maneira, mantém controle sobre o processo estratégico. Atua de três formas:

(1) agendando seu próprio tempo e estabelecendo implicitamente as prioridades organizacionais; os assuntos que não chegam até ele não recebem suporte;

(2) projetando o sistema básico de trabalho da organização e o programa de trabalho dos subordinados, decide o que será feito, quem fará e qual estrutura será utilizada;

(3) mantendo controle final, ao autorizar, antes da implementação, todas as decisões importantes tomadas pela organização (as decisões são difíceis, os assuntos são complexos e o tempo que pode devotar a elas é curto), ele pode diminuir a dificuldade, decidindo com base nas pessoas, em vez de nas propostas. Porém, quando tem de decidir sobre a proposta, faz uso de modelos e planos que desenvolve, implicitamente, a partir de sua posição de "sistema nervoso central" das informações. Os modelos descrevem de forma conceitual grande variedade de situações internas e externas vivenciadas pelo gerente. Os planos - na forma de projetos de melhoria antecipados - existem como visão flexível de para onde a organização deve ir. Tais planos servem como grade comum de referências com a qual pode avaliar e, dessa forma, inter-relacionar todas as propostas.




Na condição de administrador de distúrbios, é solicitado a assumir o comando quando sua unidade enfrenta problema de maior importância. Uma vez que cada subordinado é responsável por uma função especializada, somente o gerente está habilitado a intervir quando a organização enfrenta novo estímulo não relacionado com qualquer função particular, para o qual não há resposta programada. Com efeito, ele atua novamente como generalista da organização - aquele que pode encaminhar a solução de problemas originados por qualquer tipo de estímulo. Os distúrbios podem refletir uma insensibilidade a pequenos problemas que foram se agravando, mas podem também resultar de consequências imprevistas de arrojado processo de inovação. Dessa forma, podem ser esperados muitos distúrbios no trabalho de gerentes encarregados de organizações com pouca sensibilidade. Pode-se também encontrar forte ênfase no papel de administrador de distúrbios durante inovações, em que um período de maiores mudanças é seguido pela consolidação de novos métodos e processos. Além disso, gestores de pequenas empresas e aqueles que administram linhas de produção - especialmente nos níveis mais baixos da hierarquia - provavelmente dão maior atenção a essa função e a outros papéis decisórios, uma vez que estão mais envolvidos com a manutenção do fluxo de trabalho diário.



Na condição de empreendedor, o gerente é responsável pela iniciativa e pelo planejamento da maior parte das mudanças controladas em sua organização. Ele procura continuamente novas oportunidades e ameaças; a partir daí, inicia projetos de melhoria para potencializar as oportunidades e neutralizar as ameaças. Uma vez iniciado, o projeto de melhoria envolve o gerente em uma das três maneiras:

(1) pode delegar toda responsabilidade a subordinado, permanecendo implicitamente com o direito de substituí-lo;

(2) pode delegar o planejamento, mas reter a responsabilidade de autorizar a implementação das etapas;

(3) pode supervisionar o planejamento e a implementação de todo o trabalho.

Os gerentes de mais alto nível parecem manter permanente supervisão sobre diversos desses projetos. Cada projeto é trabalhado periodicamente, seguindo-se a cada passo um período de espera, durante o qual o gerente espera por feedback de informação ou a ocorrência de um evento.




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2 - A Tarefa Básica do Administrador

O gerente planeja o trabalho de sua empresa, monitora o seu ambiente interno e externo, inicia mudanças desejáveis e restabelece a normalidade quando surgem distúrbios. Lidera seus subordinados a trabalharem efetivamente a favor da organização, fornecendo-lhes informações especiais - algumas das quais obtidas pela rede de contatos por ele desenvolvida. Além disso, o gerente desempenha certo número de deveres "domésticos", expedindo informações para o ambiente externo, servindo como representante e liderando as negociações maiores.

Assim, a caracterização popular do gerente - como alguém que deve ter visão geral, fazer o trabalho não programado e dar suporte ao sistema quando surgirem imperfeições - é apenas parcialmente correta. Os titulares de gerência devem também desempenhar sua parcela de trabalho regular e envolver-se em certas atividades organizacionais.

Questão a ser discutida é se esses papéis são desempenhados por todos os gestores, em todos os níveis, de forma similar, ou se há diferenças significativas no desempenho, dependendo das várias contingências em que se encontra cada gerente particular.



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Mintzberg afirma que os estudos empíricos sobre o trabalho gerencial têm produzido mais evidências de similaridades do que de diferenças nas atividades gerenciais. A literatura sobre comportamento e atitudes gerenciais por nível organizacional conduz à impressão geral de que as similaridades sobrepujam as diferenças. Antes de esse veredicto ser aceito, entretanto, dois pontos devem ser considerados.

Primeiro, a escassez de informações sobre o comportamento administrativo.

Segundo, se a literatura existente baseia-se em dados que foram influenciados por viés de resposta e de observação.

Mintzberg continua sua argumentação dizendo que talvez os trabalhos dos gerentes sejam muito parecidos entre si; talvez haja algo básico sobre esse tipo de trabalho, não importa qual a organização. Sugere que não se pode aceitar que o trabalho dos gerentes difira grandemente em substância e em modos de operação, da mesma forma que não se pode concluir que são todos idênticos.

A partir de análise das características gerenciais - e tentando responder a perguntas como: o papel de empreendedor é especialmente significante para os executivos-chefes? Os administradores de assessorias são menos sujeitos a interrupções do que os outros? - Mintzberg procura construir um entendimento teórico sobre as variações no trabalho de gerenciamento. E desenvolve estrutura conceitual que denomina "teoria da contingência do trabalho gerencial", em que o desempenho dos papéis de executivo chefe é visto como influenciado por diversos fatores, a saber: variáveis ambientais (as características do ambiente, a indústria, a organização); variáveis relativas ao trabalho (nível hierárquico, função supervisionada); variáveis pessoais (personalidade e estilo característicos dos responsáveis pelo trabalho); variáveis situacionais (temporais, características de um trabalho individual).



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No entanto, a maioria dos autores concorda em que todos os gerentes lidam com o fator humano nas organizações. É tarefa básica de todos os administradores, em todos os níveis e em todos os tipos de empresa, projetar e manter o ambiente no qual indivíduos, trabalhando em grupos, possam cumprir objetivos e missões pré-selecionados. Em outras palavras, os administradores são incumbidos de tornar possível que as pessoas contribuam, mais efetivamente, para atingir os objetivos do grupo que administram e do qual fazem parte.

Estabelecer esse ambiente e mantê-lo tão próximo do ideal quanto possível deve ser, lógica e moralmente, o objetivo de todos os administradores.



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3 - As Funções do Administrador

Outra forma de ver o trabalho dos gerentes é por meio da análise das funções administrativas, propostas no início do século por diversos estudiosos. Entre esses, destaca-se o engenheiro Fayol, cujo mérito reside no fato de olhar a organização como um todo e de separar as funções administrativas das funções técnicas.

Para Fayol, os grandes executivos de sua época, seus colegas do início do século XX, estavam excessivamente preocupados com atividades que ele qualificava de técnicas: produção, finanças, comercial, contabilidade e segurança. Na opinião de Fayol, essas funções não tinham importância direta para a permanência e o sucesso, em longo prazo, da organização. Elas se referiam a atividades do dia a dia, que não distinguiam o administrador dos outros profissionais que com ele trabalhavam. O que realmente faria a diferença eram atividades voltadas para a manutenção do desempenho organizacional, ao longo do tempo. As cinco funções caracterizavam o trabalho do executivo e serviam para definir a Administração; seriam desempenhadas pelos administradores em escala crescente, à medida que assumissem cargos de maior autoridade e responsabilidade, como ilustra a figura. As funções técnicas são de responsabilidade dos níveis mais baixos:




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Com o passar do tempo, outros estudiosos acrescentaram novas ideias, ora reduzindo, ora acrescentando novas funções administrativas às existentes. Por volta de 1950, a maioria dos estudiosos passou a adotar apenas 4 funções como caracterizadoras do trabalho administrativo: planejar, organizar, dirigir e controlar. São essas quatro funções que você vai estudar mais detalhadamente nas unidades a seguir:



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Note que as funções formam sequência lógica, iniciando pelo planejamento, e fecham um círculo que tende a se repetir indefinidamente no trabalho gerencial. Mas quando as funções administrativas são consideradas em interação dinâmica, interdependentes entre si, compõem o que se chama de Processo Administrativo:

Procure se imaginar no papel do gerente que planeja, organiza, transmite orientações e ordens e controla todo o processo para que a organização gere os resultados esperados e, o mais importante, continue obtendo sucesso em longo prazo. Lembre-se de que, a cada nova rodada do ciclo administrativo, o Controle gera novas possibilidades ao Planejamento, mas, a todo momento, cada uma das funções pode e deve estar influenciando as outras, numa relação sistêmica.



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4 - Os Níveis da Administração

Se a todos os administradores é comum lidarem com pessoas, isto é, com o recurso humano da empresa, eles apresentam diferenças com relação ao nível organizacional em que atuam. As organizações apresentam basicamente três níveis hierárquicos, que correspondem a três respectivos níveis de administração:


  • o nível institucional ou estratégico, composto pelos proprietários, diretores e altos executivos;
  • o nível intermediário ou gerencial, composto pelos administradores de nível médio da organização;
  • o nível operacional ou técnico, que corresponde aos administradores de primeira linha e aos incumbidos da execução.

Assim, temos:



Em qualquer organização, o nível mais baixo em que uma pessoa é responsável pelo trabalho de outras é chamado de gerência de primeira linha, ou de primeiro nível. Elas dirigem apenas operários ou funcionários de execução; não conduzem outros gerentes. Exemplos de cargos nesse nível: capataz - numa indústria; supervisor técnico - numa empresa de pesquisa; supervisor administrativo - num escritório. Os gerentes de primeiro nível são normalmente chamados de supervisores.




A gerência média pode ocupar mais de um nível na organização. As principais responsabilidades dos gerentes médios são dirigir as atividades que implementam as políticas da organização, transformando ideias genéricas ou abstratas, na formulação estratégica, em ações exequíveis, conforme a capacidade de seus subordinados. Está em posição intermediária na hierarquia e é responsável por outros gerentes e algumas vezes por alguns empregados operacionais.




Esse nível comporta número relativamente pequeno de executivos responsáveis pela administração geral da organização e que estabelecem a estratégia e as políticas que orientam o relacionamento com o ambiente externo. Os administradores de topo são normalmente denominados de presidente, CEO (Chief Executive Officer, nos EUA), vice-presidente, diretor, superintendente etc.




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5 - As Habilidades do Administrador Eficaz

Em todos os níveis da administração, os administradores planejam, organizam, dirigem e controlam, mas, dependendo do nível que ocupam e do tipo e tamanho da organização, dedicam mais ou menos tempo a cada uma dessas funções. Para cumprirem eficazmente suas funções, utilizam habilidades gerenciais. Robert L. Katz identificou três tipos de habilidades as quais todos os administradores precisam ter, em doses diferentes, dependendo do nível que ocupam na organização. São elas:

Esquematicamente, temos:

O estudo da Teoria Gerencial se propõe a desenvolver principalmente a Habilidade Conceitual: a capacidade de pensar o todo, definir situações organizacionais complexas, diagnosticar problemas e propor soluções.



É a capacidade de coordenar e integrar todos os interesses e as atividades de uma organização. Significa ver a organização como um todo, compreender como esse todo é composto de partes complexas inter-relacionadas, em que cada qual influencia e é influenciada pelas demais e como esse todo se insere no ambiente maior. Implica desenvolver raciocínio sistêmico, apto a compreender como (1) a organização é formada; (2) como suas partes dependem uma das outras. Pressupõe, ainda, prever de que maneira uma mudança, em qualquer das partes, afetará o todo. Como você pode depreender, a importância da Habilidade Conceitual aumenta à medida que os administradores galgam os cargos nos níveis mais altos da hierarquia, com maior grau de autoridade e responsabilidade.




É a capacidade de trabalhar com outras pessoas, de entendê-las e proporcionar os incentivos adequados para que se motivem como indivíduos ou como membros do grupo na realização das atividades organizacionais. Portanto, trata-se da habilidade de lidar com pessoas. Diferentemente das Habilidades Técnicas e Conceituais, a Habilidade Humana é igualmente importante para todos os níveis administrativos. Já que os administradores devem principalmente trabalhar com outras pessoas, sua capacidade de utilizar a Habilidade Técnica de seus subordinados é mais importante do que a sua própria capacidade técnica.




É a capacidade de conhecer e utilizar os procedimentos, as técnicas e os conhecimentos de um campo de especialização, como engenharia, contabilidade, finanças etc. Mesmo que o administrador não saiba como fazer operações detalhadas sob sua responsabilidade, ele precisa demonstrar a seus subordinados que conhece a tecnologia utilizada e ser capaz de orientá-los na execução, quando necessário. Essa habilidade é mais necessária no nível operacional, ou de supervisão, em que são realizadas as tarefas ou operações.




Tela 28
Módulo 02 - O que fazem os administradores?

Resumo

Cabe ao gerente desempenhar um conjunto de papéis divididos em três categorias principais: interpessoais, informacionais e decisórios.

As atribuições interpessoais derivam do status e da autoridade de que o gerente é investido. São papéis interpessoais: representante da organização ou unidade, elo com o ambiente externo e líder do corpo funcional.

Pelo desempenho das funções interpessoais, o gerente tem acesso a informações privilegiadas, que o tornam "sistema nervoso central" de sua unidade. Somente ele tem acesso formal a todos os subordinados e acesso único a grande variedade de pessoas de fora, muitas delas "sistemas nervosos centrais" de outras organizações. Dessa forma, ele é a pessoa mais bem informada sobre as operações internas e o ambiente. Assim, consegue desempenhar os papéis informacionais: monitor, recebendo continuamente informações internas e externas; disseminador, transmitindo informações internas e externas aos subordinados; porta-voz, transmitindo informações de sua unidade para o ambiente externo.

Por ser a principal autoridade e deter informações especiais, o gestor assume a responsabilidade de formular a estratégia da organização, que é operacional por meio de quatro papéis decisórios: empreendedor, administrador de distúrbios, alocador de recursos e negociador.

Para o exercício dessas atribuições, o gerente deve utilizar o pensamento sistêmico, que permite a compreensão do todo organizacional e exige a utilização das habilidades conceituais. Ao gerente cabe ainda desempenhar as funções administrativas, modernamente divididas em: planejamento, organização, direção e controle, seja qual for o cargo e o nível hierárquico que ocupe: alta administração, gerência média ou supervisão.



Unidade 2 Módulo 1
Tela 29
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

1 - Previsibilidade

Podemos prever o futuro? Claro!!! responderiam diversos astrólogos, ciganas, pais de santo. Mas um cientista social ficaria satisfeito se conseguisse reduzir a incerteza sobre o futuro a uma probabilidade de, digamos, 5%, isto é, 95% de confiança.

Mesmo quando fortes probabilidades apontam numa direção, existe a chance, ainda que mínima, de dar tudo errado, mesmo com técnicas estatísticas refinadas e ferramentas mirabolantes, capazes de calcular preferências e margens de erro.



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Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Bem, isso ocorre. E ocorreu no início de 1980, quando a Coca-Cola fez uma grandiosa pesquisa de mercado para garantir o sucesso do lançamento de um novo sabor para seu principal produto. Dessa vez, a maior empresa de refrigerantes do mundo ia modificar a famosa fórmula secreta, inventada em 1886.

Pesquisa da Coca Cola



Mais de 200.000 testes foram feitos incluindo a Coca-Cola tradicional, a Coca-Cola novo sabor e seu concorrente mais forte a Pepsi-Cola. Nos testes de sabor realizados, utilizando-se copos brancos sem nenhuma marca que identificasse o conteúdo, a maioria dos experimentadores preferiu a Coca novo sabor, em segundo lugar ficou a Pepsi-Cola e no último veio a Coca-Cola tradicional. Não havia dúvida de que o novo sabor seria um sucesso de mercado. Porém, para surpresa geral, nas prateleiras dos supermercados, ocorreu resultado inverso daquele esperado. A Coca-Cola tradicional continuou em primeiro lugar, a Pepsi-Cola manteve-se em segundo e no último lugar ficou a Coca-Cola novo sabor.

O resultado das vendas indicava que a marca era mais importante do que o sabor. Não era apenas um simples refrigerante que as pessoas compravam, mas uma marca na qual confiavam. O pior é que os investimentos milionários em pesquisas não conseguiram prever que o público passaria a odiar o novo sabor e a comprar o antigo produto para guardar como relíquia, a ser saboreado no futuro. Resultado, a Coca-Cola voltou atrás e retirou o novo produto do mercado, relançando o velho sabor, que seria chamado agora de Coca-Cola Classic. Nessa operação, em que perdeu milhares de dólares, ela demonstrou sua flexibilidade organizacional e eficiência logística, em nível mundial, ao retornar rapidamente para a fórmula original.



Tela 31
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

a) Previsibilidade e criação de valor

Como vimos no caso da Coca-Cola, uma previsão que não dá certo pode trazer grandes prejuízos. Mas que tal não ter previsão nenhuma? Não saber nada do que vai ocorrer amanhã? O que dizer da necessidade humana de previsibilidade?

Imagine como você se sentiria se entrasse numa atividade sem ter nenhuma noção de como seriam os próximos passos nem de como ela acabaria. Se a resposta for "uma sensação de extremo desconforto", você não estará sozinho. A grande maioria dos seres humanos tem forte necessidade de saber o que o futuro lhes reserva, isto é, necessitam de previsibilidade. Não se trata aqui de ter certeza de como as coisas ocorrerão, mas de conhecer as chances de seguir determinado rumo e de agir conforme havíamos planejado.



É a probabilidade calculada de se atingir um dos diversos resultados conhecidos. Condição de se saber qual a probabilidade de que algo aconteça.



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Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Não é possível conviver tranquilamente com a total incerteza. Se tivermos dúvidas sobre todas as coisas que ocorrerão amanhã, certamente, já não conseguiremos viver bem o dia de hoje. Imagine o grau de previsibilidade de que você goza em sua vida hoje, seja ele qual for, comparado com o que enfrentaram nossos ancestrais pré-históricos.

Enquanto as atividades foram evoluindo, da caça para a agricultura e desta para a manufatura, a ligação entre a organização e a necessidade de previsibilidade tornou-se mais complexa. As pessoas se juntavam e formavam organizações para tornarem suas vidas mais previsíveis. Com o passar do tempo, essas pessoas descobriram que essas empresas poderiam depender umas das outras para desempenhar suas atividades, de modo a chegar a níveis mais elevados de previsibilidade.



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Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Considere, por exemplo, o fabricante de alfinetes no início da Revolução Industrial. Ele se juntou a outros trabalhadores porque compreendeu que tentar ganhar a vida fabricando e vendendo alfinetes sozinho seria tão arriscado como caçar sozinho. Sobre a fabricação de alfinetes, Adam Smith, pai da economia moderna e autor do livro A riqueza das Nações, publicado em 1776, visitou uma pequena fábrica e escreveu:

"Um operário não treinado para essa atividade nem familiarizado com a utilização das máquinas ali empregadas, dificilmente poderia fabricar um único alfinete em um dia, empenhando o máximo de trabalho; de qualquer forma, certamente não conseguirá fabricar vinte. Entretanto, do modo como essa atividade é hoje executada, (...) um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça".

"Na pequena fábrica existiam 10 operários que fabricavam 48.000 alfinetes por dia, ou seja, 4.800 para cada empregado, em virtude de uma adequada divisão do trabalho e combinação de suas diferentes operações".



Tela 34
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Com o advento da revolução industrial, não só as pessoas dentro das organizações como também as próprias organizações passaram a depender umas das outras para trabalhar de forma mais previsível. Na metade do século XX, surgiram as primeiras organizações globais, que começaram a prometer a seus empregados maior segurança econômica, realização pessoal e respeito, em contrapartida ao desempenho de atividades repetitivas e claramente delineadas. Os empregados estavam dispostos a fazer sacrifícios, e os empregadores a investir em treinamento, na expectativa de recompensas futuras para ambos os lados.

Com o desenvolvimento da Administração Científica, ficou mais claro para cada empregado o que se esperava do trabalho de cada um, o padrão de desempenho esperado. As novas gerações de gurus impeliram os gerentes a desenvolverem uma cultura organizacional que envolve gradativamente os empregados no processo decisório. Como resultado, os gerentes aprenderam a ajudar os empregados a calcularem as consequências de suas ações e a estimarem quais atividades poderiam melhorar seus desempenhos na empresa. O aumento da previsibilidade levou os empregados a aceitarem sacrifícios em troca de recompensas futuras. Os administradores passaram a investir em treinamento, certos de que os empregados continuariam na empresa tempo suficiente para recompensarem o investimento. A previsibilidade construiu a confiança que permitiu às pessoas sincronizarem suas ações em caminhos mutuamente produtivos.



Tela 35
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Atualmente, entretanto, a intensa competição e a mudança cada vez mais rápida estão destruindo a previsibilidade. As organizações virtuais e muitas das diversas práticas gerenciais correntes, tais como reengenharia, melhoria contínua, administração matricial e "rightsizing", ignoram essa necessidade humana. Tais ferramentas estão na realidade destruindo a "cola" que manteve as organizações unidas. Como resultado, cada empregado procura manter seu currículo superatualizado, enquanto minimiza seu comprometimento com a empresa.

A melhor forma de se abordar a mudança organizacional é com a compreensão de que uma previsão pessimista é melhor do que previsão nenhuma, ou mesmo uma previsão ufanista na qual ninguém acredite. Os administradores devem, pois, fazer poucas promessas e garantir que elas sejam cumpridas. Quanto mais os administradores deixarem claro para seus empregados qual é o curso de ação que melhorará suas vidas, tanto mais eles poderão focar seus esforços na criação de valor para a organização. Essa é a tarefa do planejamento!



Previsão realizada por pessoas que possuem atitudes, posições ou sentimentos influenciados pelo potencial das riquezas brasileiras, vangloriando-se desmedidamente do Brasil.



Tela 36
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

b) Como melhorar a previsibilidade

Desde os tempos de Fayol, os altos executivos passaram a dedicar grande parte de seu esforço não mais às operações cotidianas, mas sim ao trabalho de manter a organização funcionando ao longo do tempo. Isso exigia prever e traçar planos para a empresa como um todo. Tais planos, inicialmente focados no aspecto financeiro, evoluíram para o desenvolvimento e a implementação da estratégia de negócios.

Daquela época até a década de 1990, incluindo grandes capitães de indústria como Henry Ford, Alfred Sloam e Lee Iacoca, prevalecia a imagem poderosa do executivo onisciente, que formulava uma estratégia para o negócio. A partir dos anos 90, começou a ser valorizada outra capacidade de liderança empresarial, aquela que procura desenvolver uma visão de futuro para a empresa.



Visão do todo organizacional dentro do ambiente competitivo, objetivando a colocação vantajosa da organização neste ambiente.



Que sabe tudo.



Tela 37
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Não significa que a estratégia não seja necessária, mas sim que ela não é mais suficiente para motivar os funcionários. Os empregados que se motivavam com a lógica das análises estratégicas, considerando ameaças e oportunidades, pontos fortes e fracos, de forma a estabelecer relacionamentos estruturados por meio de contratos formais, não veem mais motivo na estratégia para o esforço e o compromisso necessários a um desempenho superior, necessário à sobrevivência organizacional nos dias turbulentos de hoje. Para James Collins e Jerry Porras, autores do livro Feitas Para Durar, as pessoas se motivam quando participam ativamente das decisões sobre o futuro da organização.



Tela 38
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

"Um dos fatores que impulsiona esse novo interesse é que um crescente número de empresas tem-se tornado descentralizadas: elas têm transferido decisões do quartel general para as divisões, das divisões para os departamentos, e assim por diante, hierarquia abaixo. Em muitos casos, esse achatamento da organização parece ter estimulado a inovação, a aceleração do processo decisório, e incrementado o senso de responsabilidade por parte das pessoas de todos os níveis. Entretanto isso também cria um problema: como a companhia pode descentralizar e ao mesmo tempo obter um esforço coerente e coordenado? Como podem as pessoas nos limites mais distantes dessa organização achatada saberem para onde ela está indo? O desenvolvimento de uma visão organizacional compartilhada representa uma resposta crucial para esse problema."

A descoberta é que a estratégia, mesmo com toda a utilidade demonstrada nas últimas décadas pela prática das grandes corporações, não consegue formar nenhum vínculo emocional intenso das pessoas que trabalham para que ela se realize. A estratégia, lógica e racional, não gera um forte compromisso porque ela responde ao que a organização quer ser, e não ao porquê.



Tela 39
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

A maioria dos estudiosos afirma que o líder deve ir além de"o que" e deixar claro para todos com que trabalha o "porquê", qual é o motivo pelo qual devem se esforçar. Bartlett e Goshal sugerem que o líder deve gerar "uma organização com a qual os membros possam se identificar, na qual compartilhem um senso de orgulho e com a qual estejam dispostos a se comprometer. Em suma, os gerentes seniores devem transformar os funcionários contratuais de uma entidade econômica em membros comprometidos com o propósito da organização."

Os administradores modernos têm adotado o conceito de visão. Karl Albrecht, autor de o Trem da Linha Norte, explica por que a visão é importante.

Albrecht deixa claro que a visão é mais do que uma simples convocação do tipo: "Vamos arrasar o concorrente, aumentar nossa fatia de mercado, duplicar os lucros. Ela é mais emocional do que analítica. É algo que toca o coração, não apenas a mente, é uma ... imagem compartilhada do que queremos que a empresa seja, ouse, se torne... que ... nos dá um ponto de apoio que objetiva uma futura orientação. A visão responde à pergunta: "Como desejamos que as pessoas queridas nos vejam?"

Essa visão é baseada em condições organizacionais, tais como: valores, missão, negócio e competências essenciais. A visão do futuro vem sendo uma ferramenta cada vez mais utilizada para reduzir a incerteza e construir o futuro organizacional. Apresenta normalmente as seguintes características:

 

  • compartilhada pela equipe
  • positiva e inspiradora
  • abrangente, mas derivada de um senso de direção


"... a crise nos negócios hoje é uma crise de significado. As pessoas se sentem inseguras por não entenderem mais o porquê subjacente ao quê. Perderam a sensação de que as coisas são bem definidas e que trabalhar duro leva ao sucesso. Cada vez mais pessoas sentem dúvida e incerteza com relação ao futuro de suas empresas e, em consequência, com relação às suas próprias carreiras e futuros. Um número cada vez maior de empresas e seus indivíduos encontram-se em uma crise de significado... Os que aspiram a papéis de liderança nesse novo ambiente não devem subestimar a profundidade dessa necessidade humana do significado. É uma aspiração humana muito fundamental, um apetite que não acabará."



Tela 40
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

c) As três regras de empresas feitas para durar

As principais regras necessárias para as empresas durarem são:



Toda a empresa tem uma ideologia central - eis a primeira componente da visão. Ela não se fabrica como um cosmético, nem se copia. Tem de ser "descoberta", pois é autêntica. Ideologia significa: valores centrais e propósitos centrais. Os valores são os pilares em que se acredita, contra tudo e contra todos, e os propósitos são a razão de ser da empresa, pois permanecem no tempo.



É necessário ter uma visão de futuro - eis a segunda componente da visão. Significa definir objetivos audaciosos para um horizonte de 10 a 30 anos. Eles não têm de ser realizáveis 100%, talvez só tenham 50% a 70% de probabilidade de sucesso. Mas só ganham impacto se forem vivamente descritos, se as imagens em que se traduzem forem bastante claras e mobilizadoras, se houver paixão e convicção. Não se deixe vencer pela síndrome do "objetivo alcançado", deitando-se à sombra para gozar os louros da vitória.



É indispensável alinhar a visão com a implementação - construir uma empresa requer 1% de visão (sem isso nada feito) e 99% de alinhamento com a implementação. A visão fornece o contexto, mas o alinhamento permite a qualquer pessoa perceber o que é e para onde vai a empresa, sem ter de ler papéis e brochuras, ou ouvir discursos da alta administração, basta olhar para as operações e para as atividades.



Tela 41
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

2 - Visão e Vantagem Competitiva

A previsibilidade, a visão de futuro, tem atuado como uma vantagem competitiva para as empresas do mundo globalizado atual.

a) O estrategista visionário

No livro Feitas para Durar, Collins e Porras sugerem que as organizações que realmente sobreviveram por longo período, com desempenho impressionantemente superior a outras organizações, igualmente impressionantes em história mas sem o mesmo desempenho, têm uma característica em comum: tiveram como fundadores líderes visionários, que, além de uma visão clara do futuro, não ditavam as horas a cada momento, mas sim construíam o relógio para que todos soubessem as horas, mesmo na sua ausência.

A visão pode ser descrita como "um futuro realista, digno de crédito e atraente para sua empresa... uma ideia tão animadora que, na verdade, dá partida para o futuro, suscitando habilidades, talentos e recursos, uma clara indicação do caminho para todos que precisam entender o que é a empresa e aonde ela pretende chegar". É uma imagem mental que retrata um estado futuro desejável, um ideal ou um sonho ambicioso, capaz de:

 

  • levar as pessoas à ação;
  • dar significado às mudanças esperadas;
  • evocar uma imagem mental clara e positiva de um futuro esperado;
  • gerar orgulho, energia e um sentido de realização;
  • ser memorável, motivadora e idealista;
  • estabelecer padrões de excelência que refletem altos ideais;
  • inspirar o entusiasmo;
  • incentivar o compromisso;
  • dar energia às pessoas para transcenderem os resultados esperados.

Margareth Wheatley (1999), no livro Liderança e a Nova Ciência, fala sobre o impacto da visão como uma força invisível.



"Vemos seus efeitos sobre a vitalidade das organizações, mesmo quando não somos capazes de definir com precisão por que eles são forças tão potentes. Sentimos hoje que algumas das melhores maneiras de criar continuidade de comportamento envolvem o uso de forças que não conseguimos ver. Muitas cientistas trabalham hoje com o conceito de campos - forças invisíveis que estruturam o espaço ou o comportamento. Passei a compreender a visão organizacional como um campo - uma força de conexões invisíveis que influencia o comportamento dos empregados - e não como uma mensagem evocativa acerca de algum estado futuro desejado. Devido à teoria dos campos, creio poder explicar melhor por que a visão é tão necessária, o que me leva a novas atividades capazes de fortalecer sua influência sobre a organização."



Tela 42
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

b) Aprendendo com grandes visionários

Em vez de apenas esperarem que o futuro ocorra, muitos administradores procuraram liderar as mudanças criando uma forte vontade em seus seguidores de fazer acontecer algo positivo para suas vidas. Para isso eles criaram uma visão do futuro desejado e a inculcaram nas cabeças de todos. Ela provoca emoção e gera excitamento, transformando as palavras que descrevem a missão em figuras. É uma forma de transmitir a missão de modo que as pessoas tenham uma imagem clara e motivadora em suas mentes, uma descrição vívida que dá cor e vida à missão.



Uma descrição vibrante, comprometedora e específica de como a organização será quando sua missão for cumprida.



Tela 43
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Podemos dizer que a visão corresponde a "pintar um quadro com palavras". No caso de missões não quantitativas, é essencial "ver" o quadro pintado, para que elas se tornem tangíveis na mente das pessoas. Com um alvo do tipo "tornar-se uma excelente companhia", é essencial descrever vividamente o objetivo. Por exemplo, a definição de "excelente" da Celtrix envolve coisas como: ter múltiplos produtos lucrativos, tecnologia de ponta, empregados satisfeitos e ser capa da revista Time. As pessoas na Celtrix pintaram o quadro "excelente" com suas próprias palavras e disseram, em resumo: "nossa missão é fazer isso acontecer".



Tela 44
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

No princípio, a missão da Ford era "democratizar o automóvel". Henry Ford vivificou essa missão com algumas frases.

Você poderia pensar que foi fácil para Ford criar essa visão, porque ele era um empreendedor no centro de um das mais excitantes momentos da história industrial. Mas as grandes empresas, já consolidadas no mercado, também podem gerar tal excitamento.



"Fabricarei um carro para a grande multidão... Ele terá um preço tão baixo que ninguém, percebendo um bom salário, deixará de possuí-lo e desfrutar com sua família as bênçãos do lazer nos grandes espaços abertos de Deus. ... Quando eu tiver terminado, todos poderão adquirir um e cada um terá o seu. O cavalo terá desaparecido de nossas estradas, o automóvel será aceito por todos (e nós) proporcionaremos um grande número de empregos com bons salários".



Tela 45
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Jack Welch, da General Electric, proporcionou bom exemplo de como traduzir a missão numa viva descrição de visão.

Visão de Jack Welch, para a GE - 1986



"como conseguimos retirar nossa companhia dos tentáculos e do ritual da burocracia, estamos agora melhor preparados para atacar o último e talvez mas difícil desafio de todos, que é habilitar nossas 300.000 pessoas a liberarem sua criatividade e ambição no acompanhamento direto de seus trabalhos com algum efeito positivo sobre a qualidade de um produto ou serviço. Nós queremos que cada homem e mulher dessa companhia vejam uma conexão entre o que fazem durante todo o dia e a conquista de vitórias no mercado. Seus papéis, responsabilidade e recompensas devem ser claros para eles e para os outros. Pequenas empresas surgiram e cresceram com esse senso de contribuição e recompensa. Nós o queremos também, e tudo faremos para envolver no sistema gerencial."



Tela 46
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Outro visionário foi Walt Disney, que também teceu uma visão para a Disneylândia.



"Será um lugar onde as pessoas encontrarão felicidade e conhecimento. Será um lugar onde pais e filhos passarão momentos agradáveis juntos; um lugar para professores e alunos descobrirem formas maiores de entendimento e educação. Aqui, a geração mais antiga poderá recordar a nostalgia do passado e a geração mais nova poderá saborear o desafio do futuro. Aqui estarão as maravilhas da natureza e do homem para todos verem e compreenderem. A Disneylândia terá como base os ideais, sonhos e dificuldades da história dos Estados Unidos, e a eles será dedicada. E será equipada de forma singular para chamar atenção para esses sonhos e realidades e passá-los adiante, como fonte de coragem e inspiração para todo o mundo."

"Disneylândia terá um quê de feira, exposição, parque de diversões, centro comunitário, museu de fatos da vida e pavilhão de beleza e magia. Será recheada das realizações, alegrias e esperanças do mundo em que vivemos. E nos lembrará e nos mostrará como incorporar essas maravilhas às nossas vidas."



Tela 47
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Não menos emblemático e motivador é o sonho de Martin Luther King para os EUA.

Outra visão interessante foi a da "Giro Sport Desing - 1991".

Merck também teceu sua visão em 1979.



"(...) Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! (...)"



Os melhores ciclistas do mundo utilizarão nossos produtos em competições de classe mundial. Os vencedores do Tour de France, do Campeonato Mundial e das Olimpíadas estarão usando os capacetes Giro. Receberemos ligações telefônicas e cartas (não solicitadas) de clientes que dirão: "Muito obrigado por estar nesse negócio, um dos seus capacetes salvou minha vida". Nossos empregados sentirão que este é o melhor lugar em que já trabalharam. Quando perguntar às pessoas o nome da melhor companhia no negócio de bicicletas a vasta maioria responderá: Giro!



"Nós seremos o primeiro produtor de drogas baseadas em pesquisa de ponta em cada categoria de doença. Nossas pesquisas serão tão boas quanto a melhor ciência feita em qualquer parte do mundo. Nossas drogas não serão utilizadas por uma única pessoa que delas não necessite. Merck continuará a crescer em uma base sólida, apresentando produtos (de valor) que valham a pena. Nós estaremos na fronteira da preocupação ao provermos contribuições para a resolução dos problemas com que a sociedade luta - dando aos negros um papel mais efetivo em nossa economia, equilibrando as diferenças sexuais que existiram no passado e dando uma contribuição ao ambiente no qual vivemos."



Tela 48
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

A visão gera um efeito muito importante para a organização. Imagine uma centopeia cujas patinhas resolvessem seguir seu próprio caminho, sem considerar as outras. Elas se movimentariam, mas o corpo da centopeia não sairia do lugar. Essa imagem serve para ilustrar uma organização sem visão. A visão integra todas as forças da organização na direção em que ela quer progredir. Esse é o impacto de uma visão efetiva, que alinha os vetores organizacionais em direção ao futuro desejado.



Tela 49
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Mesmo não podendo ter certeza sobre o futuro, você poderia procurar indícios estruturais que lhe permitam reduzir a incerteza. Por exemplo, se você estava no setor bancário no início dos anos 90, podia esperar a desregulamentação e, com a crescente globalização, a entrada de todos aqueles bancos internacionais que vieram para o Brasil no final da década? Se você está no setor de informática, pode esperar mudanças cada vez mais rápidas no seu cenário de atuação?

Na realidade, você pode considerar previsões nas projeções econômicas, nas análises demográficas, na evolução industrial etc. Você pode ainda explorar ideias capazes de moldar o futuro em trabalhos filosóficos, romances de ficção científica, plataforma de partidos políticos e livros dos principais sociólogos, cientistas políticos e futurologistas.

Longe de saber como será o futuro, de não ter informações sobre o que ocorrerá, é provável que você esteja cercado de informações relevantes sobre o futuro, embora somente algumas delas sejam úteis para estabelecer a visão de futuro para a sua empresa. Mas é na seleção e interpretação dessas informações que reside a arte da liderança e da boa gestão empresarial.

Analisar as forças que moldarão o futuro é uma tarefa complexa e cheia de riscos. Os riscos são bem maiores, mas a complexidade é a mesma enfrentada pelo historiador que "descobre", a partir de uma pilha de informações sobre o passado, quais as forças que atuaram para gerar as condições do presente. O mesmo procura fazer o empreendedor, mas este tem uma vantagem sobre o historiador, porque grande parte do futuro pode ser inventada ou projetada. Estabelecendo uma visão apropriada, o líder influi na criação do seu próprio futuro.



Tela 50
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

c) Melhorando a previsibilidade: vantagens competitivas

Para Michel Porter, da Harvard Business School, que desenvolveu o modelo de Concorrência ou Rivalidade Ampliada, a essência da estratégia é o estabelecimento de um relacionamento com o ambiente. Você deve estabelecer sua estratégia considerando a compreensão não só de sua empresa, mas da indústria como um todo. Se você quer mudar o futuro da sua empresa, comece compreendendo a indústria e modifique-a em seu benefício. Para Porter, a unidade fundamental da análise estratégica é o setor de atividade. E o desempenho financeiro de sua empresa decorre de duas causas distintas: a estrutura do setor e a posição relativa de sua empresa no setor. Para tanto, você precisa compreender os fatores determinantes da rentabilidade, em longo prazo, do setor no qual você atua.

Porter afirma que a meta principal de uma empresa deve ser a obtenção de um retorno superior aos investimentos em longo prazo e que algumas indústrias são historicamente mais lucrativas do que outras. Exemplifica com a indústria farmacêutica, que apresenta margens de lucros altas, enquanto a indústria de papel, pneus, aço, companhias aéreas e de transporte rodoviário são famosas por apresentarem margens de lucro mais baixas. Isso não significa que uma empresa não consiga ganhar dinheiro numa indústria pouco lucrativa. Ela pode conseguir um bom resultado, desde que explore uma vantagem competitiva. Assim, é possível que alguma empresa venha a perder dinheiro numa indústria considerada lucrativa, como a de computadores, e outra venha a ganhar numa indústria menos lucrativa, como a de papel, por exemplo.



Tela 51
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

O fato de enfrentar uma forte concorrência não decorre de coincidência ou má sorte, mas sim da estrutura econômica básica do setor, formada por cinco forças: ameaça de novos entrantes, poder de negociação dos fornecedores, poder de negociação dos compradores, ameaça de produtos ou serviços substitutos e rivalidade entre as empresas do setor.



Tela 52
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Em qualquer indústria, as cinco forças ditam a regra da competição e ditam a lucratividade, já que juntas influenciam o preço que cada firma pode cobrar e interferem diretamente na sua estrutura de custos e necessidades de investimentos.



São fatores que determinam as dificuldades para entrada de novos competidores, tais como: patentes, lealdade à marca, necessidade de capital, economias de escala etc.



Refere-se à existência ou ao desenvolvimento de produtos que podem substituir e, portanto, reduzir o retorno potencial de uma indústria, como o açúcar substituído pelo mel ou xarope de milho e o algodão por fibras sintéticas.



Fatores como número de compradores, seu grau de informação e a disponibilidade de produtos substitutos determinam o grau de influência dos compradores em uma indústria.



Fatores como o grau de concentração dos fornecedores e a disponibilidade de insumos substitutos determinam o nível de poder dos fornecedores sobre a indústria.



Fatores como crescimento da indústria, demanda crescente ou em queda e diferenças entre produtos determinam o grau de rivalidade entre as firmas da indústria.



Tela 53
Módulo 01 - O poder da previsibilidade

d) Vantagem competitiva: estratégias genéricas

Porter afirma que nenhuma empresa obterá desempenho acima da média da indústria tentando fazer tudo para todos. Por isso, sugere que os administradores escolham uma estratégia que proporcione vantagem competitiva para a empresa. Para obter uma vantagem competitiva você tem de oferecer algo diferente ou então obter custos mais baixos. Daí decorrem as três estratégias genéricas a seguir, cuja escolha será baseada nos pontos fortes e fracos da empresa e das competências que a diferenciam dos concorrentes:

As empresas que não conseguem definir sua atuação e obter vantagem competitiva por uma das três estratégias acima são chamadas por Porter de "meio-termo". Tais organizações encontrarão dificuldades de obter sucesso em longo prazo, a menos que estejam em indústrias altamente atraentes e que todos os competidores também estejam no meio-termo.



Quando uma organização decide oferecer seus produtos pelos preços mais baixos, ela está seguindo uma estratégia de liderança no custo. Um líder de baixo custo busca eficiência na produção, no marketing e em outras áreas de operação. As despesas são mantidas no nível mínimo, nenhum luxo é ostentado, mas os produtos devem ser percebidos como tão bons quanto os produtos dos competidores. Exemplos de empresas que seguiram essa estratégia: Wal-mart, Hyundai, e Kohl's. Esta última é uma cadeia de lojas de departamento norte-americana cujos executivos se orgulham de sua cultura de intenso foco no corte de custos. As lojas apresentam ambiente atraente, como as lojas de departamento, mas preços com grandes descontos, como a Wal-Mart.



A firma segue uma estratégia de diferenciação quando procura ser a única na oferta de determinado produto ou serviço. A origem da diferenciação pode estar na qualidade excelente do produto, no serviço ótimo, no design inovador, na capacidade tecnológica ou numa imagem extremamente positiva. Qualquer que seja a diferença, ela deve ser suficiente para separar a firma das concorrentes e justificar um preço que cubra o custo da diferenciação. Os produtos e serviços de grande sucesso podem ser identificados como resultantes de uma estratégia de diferenciação. A Sony com sua reputação de qualidade e desenho inovador segue claramente uma estratégia de diferenciação.



A estratégia de enfoque, ao contrário das anteriores que buscam uma vantagem competitiva num amplo leque do mercado, procura seguir uma estratégia de custo ou de diferenciação num determinado segmento de mercado. Isto é, escolhido o nicho de mercado a ser atendido, os outros são excluídos da atenção da firma. A segmentação pode basear-se no produto, no tipo de cliente, no canal de distribuição ou na localização geográfica dos compradores. Ao focar a produção de pauzinhos para comer a serem vendidos no Japão, a Companhia Chilena de Fósforos conseguiu demanda para todas as suas árvores. O objetivo é escolher um determinado segmento que seja bastante grande e com potencial para absorver o custo do enfoque. Pode ser caminho adequado para pequenas empresas, que normalmente não apresentam economias de escala ou recursos para perseguir as outras estratégias.



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No entanto, um crescente número de experiências tem demonstrado que a combinação de baixo custo com diferenciação pode gerar bom desempenho. Mas as empresas que realizaram essa proeza mantiveram o alto padrão de qualidade, diferenciando-se de suas rivais, e obtiveram demanda crescente, o que permitiu economias de escala e custos por unidade mais baixos. Elas conseguiram qualidade "e" custos baixos, em vez da tradicional qualidade "ou" custos baixos. Companhias como a Coca-Cola e a Federal Express, por exemplo, diferenciam seus produtos ao mesmo tempo em que mantêm operações de baixo custo.



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3 - Competências Essenciais

No atual contexto competitivo, as competências essenciais surgem como mais um fator para diferenciar a empresa de seus concorrentes.

a) O que é uma competência essencial?

A competência essencial é um conjunto de habilidades específicas e tecnologias integradas, e não uma única habilidade ou tecnologia, que distingue a empresa de suas concorrentes. Por exemplo, a produção de ciclo rápido da Motorola, que minimiza o hiato entre um pedido e o atendimento ao cliente, baseia-se numa gama de habilidades, tais como: produção flexível, sistemas sofisticados de entrada de pedidos, gerência de estoque e gerência de fornecedores. A competência da Federal Express, em entregas de embalagens, baseia-se na integração da tecnologia de código de barras, comunicações sem fio, gerência de redes e programação linear.

A integração de habilidades específicas, e não a sua soma, é a marca de autenticidade das competências essenciais. Portanto, é pouco provável que uma competência essencial se baseie inteiramente em um único indivíduo ou em uma pequena equipe: ela deve estar disseminada por todos ou por grande parte dos funcionários.



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Pode tornar-se difícil diferenciar uma competência específica e a competência essencial para a qual aquela habilidade contribui. Se o processo de definição da competência essencial apontar algo como quarenta ou mais "competências", provavelmente está descrevendo as habilidades ou competências específicas e não as competências essenciais. Mas, se forem listadas apenas uma ou duas competências, pode-se estar utilizando uma agregação muita elevada, e por isso inadequada para gerar ideias significativas.

Hamel e Prahalad sugerem que uma empresa, ou uma unidade de negócio, defina um número entre 5 e 15 competências essenciais. Entretanto, se a equipe tem uma clara ideia sobre a hierarquia das competências da empresa, como no caso da FedEx, em que a metacompetência é a logística, a competência essencial é o monitoramento de embalagens e a competência específica é a utilização do código de barras, o delineamento entre habilidades e competências fica a critério da equipe.

Já o número de habilidades necessárias é muito maior. Para administrar o estoque de competências específicas de uma empresa, a gerência precisa desmembrar essas competências em seus componentes, até o nível de indivíduo com seus talentos específicos.



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b) O que não é uma competência essencial

As competências não aparecem nos balanços. Numa fábrica, canal de distribuição, marca ou patente são coisas, portanto nenhuma delas pode ser uma competência essencial.

Uma competência essencial é uma fonte de vantagem competitiva, pois é única e contribui para o valor percebido pelo cliente ou para o custo. No entanto, mesmo sendo fonte de vantagem competitiva, nem toda vantagem competitiva é uma competência essencial.

As empresas deveriam investir no desenvolvimento de suas competências essenciais. Para isso, é importante ressaltar a necessidade de distinguir competências de outras formas de vantagem competitiva. É fácil para uma empresa ficar à sombra de um ativo ou de uma vantagem baseada em infraestrutura e reduzir investimentos em competência.

O exemplo da Porsche

Verifica-se, portanto, a importância de se distinguir a herança (marcas, ativos, patentes, uma base instalada, infraestrutura) do passado e as competências essenciais que serão necessárias para lucrar com o futuro. É possível fazer uma leitura precisa sobre a capacidade de uma empresa quando se subtrai do seu lucro o percentual derivado de sua herança histórica. O lucro restante mede a habilidade da empresa de gerenciar e explorar suas capacidades únicas.



A Porsche manteve por muito tempo uma reputação preciosa entre os compradores de carros sofisticados baseada em sua engenharia de classe mundial. Mas a força da marca não deixou a empresa enxergar a erosão de sua habilidade em engenharia. Não que tenha havido queda na qualidade da Porsche, mas houve uma melhoria na habilidade de engenharia automotiva dos concorrentes, principalmente japoneses, num ritmo muito mais acelerado do que os da Porsche. Os japoneses passaram a oferecer carros esportivos, algumas vezes com desempenho superior, a preços muito mais competitivos do que a Porsche. O resultado foi que as vendas despencaram de 30.741 unidades vendidas nos Estados Unidos, em 1986, para 3.728, em 1993.



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c) Como identificar a competência essencial

Para identificar as competências essenciais, é importante perguntar ao cliente: "o que você acha que nós temos de exclusivo e singular? O que, a seu ver, nos diferencia dos demais concorrentes?".

A experiência tem demonstrado que os clientes têm uma visão mais clara sobre as competências essenciais do que os funcionários. Mas é preciso saber que, para identificar as competências essenciais, exige-se trabalho e criatividade. Além de ouvir os clientes, é preciso dedicar muita conversa aos funcionários de todos os níveis.



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O processo de identificação de novas competências essenciais, para que não se tenha que conviver para sempre com as atuais, começa com a pergunta: "Como será o mundo no ano 2012?" Não se trata de planejar cenários possíveis, mas sim de considerar como as forças propulsoras da mudança e da descontinuidade no mercado podem nos levar a esperar o que será o mundo no ano 2012.

O segundo passo é perguntar: "Esse é o futuro que nós queremos?" "Quais são as competências que não possuímos e precisamos desenvolver para chegar a ele, e como fazer isso?" Em seguida é preciso perguntar: "Como devemos desenvolver uma estratégia para adquirir tais competências a baixo custo?"

d) Para que serve a competência essencial

De modo simples, a competência essencial serve para ajudar a prever o futuro, ou melhor, ajudar a construí-lo. A competição pelo futuro acontece em três estágios:

A alta gerência precisa saber se as suas atuais competências estão sendo fortalecidas ou lentamente enfraquecidas. Precisa ser capaz de diferenciar um negócio que necessite de investimento e quais competências devem ser mantidas. Também precisa estar muito consciente dos esforços de desenvolvimento de competências dos concorrentes. Além disso, deve reconhecer que os concorrentes das competências da empresa talvez não sejam os mesmos concorrentes dos seus produtos finais. Finalmente, é a partir da competência que a organização consegue construir o seu futuro, melhorando sua previsibilidade. E, nas palavras de Prahalad, "se você não inventar o seu futuro, seu concorrente o fará".



Luta pela aquisição e desenvolvimento das habilidades e tecnologias que constituem uma determinada competência essencial. Amarrar professores, cientistas e técnicos com contratos e salários atraentes.



A competição para transformar habilidades distintas em competência é muito menos direta. A migração de habilidades para competências requer mudanças muitas vezes demoradas, o que pode se constituir em um problema para as organizações que competem no mercado em termos de competências.



A competição pela fatia de mercado do produto essencial da organização, ou, no caso de serviços, plataformas essenciais da organização. Um produto ou plataforma essencial da organização é mais tipicamente um produto intermediário entre a competência essencial e o produto final.



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e) Melhorando a previsibilidade: Competências Essenciais

C.K.Prahalad e Gary Hamel, autores de "Competindo pelo Futuro", concordam com a ideia de integração de estratégia corporativa com a economia setorial, proposta por Porter, pois, segundo eles, não se pode criar ou buscar a estratégia corporativa num vácuo competitivo: "Qualquer estratégia não fundamentada em uma compreensão detalhada da dinâmica da rivalidade competitiva estará fadada ao fracasso". Mas concordam também com o professor Henry Mintzberg, cuja visão é de que os resultados da estratégia são sempre evolucionários e frequentemente imprevisíveis.

Essa visão mais orgânica e probabilística do professor Mintzberg e a visão mais analítica e determinista do professor Porter são consideradas antagônicas, mas ambas trouxeram à tona o fato de que a estratégia é um processo de compreensão e formulação das forças competitivas e, ao mesmo tempo, um processo aberto de descoberta e incrementalismo proposital.



Contrárias, opostas.



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Dessa forma, acredita-se que o gerente precisa ter uma visão dos resultados que deseja obter. Conforme Porter, essa visão deve ser totalmente consciente das aspirações e das estratégias dos concorrentes que buscam ocupar o mesmo espaço competitivo. Segundo Mintzberg, não se pode saber muito sobre o futuro, e o planejamento nunca pode ser um substituto totalmente aceitável para a descoberta e o aprendizado. Para Prahalad e Hamel, você precisa criar o seu próprio futuro antes que seu concorrente o faça.

Para eles, o desafio principal da competição pelo futuro é criar uma percepção antecipada de como o futuro poderá ser, e afirmam que isso não é impossível, mas é difícil, pois o futuro teima em ser diferente. Os dados sobre o futuro estão aí para todos nós vermos; por que, então, não ficam evidentes para todos nós? Por que algumas empresas, quando enfrentam o mesmo conjunto de tendências e condições ambientais, parecem capazes de criar uma visão imaginativa, mobilizadora e previdente do futuro e outras parecem simplesmente confusas? A resposta dos autores é que, em vez de lutar pela criação e projeção de cenários a partir de cenários atuais e, em seguida, projetar o futuro que pode acontecer, deveriam começar com um possível cenário futuro e em seguida retornar para definir o que precisa acontecer para que esse futuro se transforme em realidade.



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Você não pode chegar primeiro ao futuro se estiver "voltado para o cliente". Isso é louvável, mas permite apenas conservar a fatia de mercado já conquistada. Não foram os clientes que solicitaram, alguns anos atrás, walkmans, telefones celulares, fax e copiadora doméstica, toca-discos a laser, carros com sistema de navegação ligado a satélite, caixas eletrônicos etc.

Segundo Akio Morita, líder da Sony: "Nosso plano é influenciar o público com novos produtos, em vez de perguntar que produtos eles querem. O público não sabe o que é possível, mas nós sim. Por isso, em vez de realizar muita pesquisa de mercado, aperfeiçoamos nosso raciocínio sobre um produto e seu uso e tentamos criar um mercado para o produto, educando o público e comunicando-nos com ele."

Se você tentar ouvir os clientes sobre um novo modelo de carro compacto que eles desejam, é possível que, após muitas pesquisas, projetos e protótipos, você construa um modelo japonês que já está no mercado. Não é o que fez a Honda ao lançar o NSX, um carro esportivo, cujo desempenho aproxima-se do da Ferrari, por um preço muitas vezes menor. A Honda dizia não se tratar de um "carro dos sonhos do comprador", mas sim um "carro dos sonhos do fabricante", que sonhara em fazer um carro acima das expectativas dos clientes e dos concorrentes. Nesse caso, não houve benchmarking, mas sim o interesse em passar à frente.

f) Competência e Habilidade versus Competência Essencial

Os termos competência e capacidade (ou habilidade) foram utilizados sem uma distinção específica. Sabendo-se que a competição entre empresas é, ao mesmo tempo, uma corrida pelo domínio da competência e pela posição de poder no mercado, como identificar a competência essencial que distingue a empresa vencedora? Um levantamento das capacidades potencialmente importantes para uma empresa geraria uma lista extensa demais para ser útil. Como não é possível prestar atenção em tudo, quais são as "competências" que devem ser alvo da atenção da alta gerência? Quais delas são centrais na explicação do sucesso competitivo? Para que uma habilidade seja considerada uma competência "essencial" da organização, ela precisa passar por três testes:



Comparação do desempenho de produtos e processos com o daqueles de empresas líderes. Arte de descobrir como e por que algumas empresas podem desempenhar muito mais tarefas do que outras. O propósito de uma empresa fazer benchmarking é imitar ou melhorar os melhores desempenhos de outras empresas.



A competência precisa dar uma contribuição significativa para o valor percebido pelo cliente. As competências essenciais são habilidades que permitem oferecer um benefício fundamental e não secundário. Por exemplo, o know-how da Honda em motores e transmissões é uma competência essencial e sua relação com revendedores, uma capacidade secundária. Não que esta não seja importante, mas não constitui um benefício principal percebido pelo cliente. O fato de produzir um dos melhores motores e transmissões do mundo proporciona ao cliente: economia de combustível, aceleração instantânea, fácil rotação e menos ruído e vibração. Essa contribuição significativa nem precisa ser visível ou compreendida pelo cliente. Por exemplo, poucos clientes são capazes de descrever a diferença entre dirigir um Honda ou uma Lumina. Da mesma forma, poucos usuários são capazes de explicar a interface amigável do Macintosh, mas todos sabem que o computador é fácil de usar.

No entanto, há uma exceção a essa regra do valor percebido pelo cliente: um processo de produção que gere benefício substancial em termos de custo para o fabricante também pode ser considerado uma competência essencial, mesmo sem que venha a gerar nenhum benefício para o cliente.



Para ganhar a qualificação de competência essencial,
a capacidade precisa ser competitivamente única. Isto é, não pode ser igualmente distribuída entre todos os concorrentes. Passa a ser se um dos concorrentes desenvolve nesta competência um nível de proficiência substancialmente superior às outras. Por exemplo, na última década, os motores Honda foram uma competência essencial, os da Ford não. Resumindo, há uma diferença entre competências apenas "necessárias" que todas as empresas de determinado ramo têm de ter ou não participam do jogo, e as competências "diferenciais". Não faz sentido considerar uma habilidade como competência essencial se ela for onipresente ou puder ser copiada facilmente pelos concorrentes.



Mesmo que a competência passe no teste do valor percebido pelo cliente e da singularidade competitiva, pode não ser uma competência essencial se não for possível imaginar uma coleção de novos produtos desenvolvidos a partir dela. Como as competências essenciais são as portas de entrada para os mercados do futuro, deve-se fazer uma abstração do produto atual e imaginar como ela poderá ser aplicada em novos produtos que ainda não existem.



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Se a SKF, líder mundial em fabricação de rolamentos, resolvesse definir sua competência essencial como rolamentos, estaria tendo uma visão limitante para o futuro. O crescimento da empresa não precisa depender dos locais onde os rolamentos podem ser utilizados, porque essa é uma visão do produto e não da habilidade. Quando se pensa na habilidade, surgem novas oportunidades. As principais habilidades da SKF são antifricção entre materiais que trabalham juntos; engenharia de precisão; e fabricação de dispositivos perfeitamente esféricos. Assim, a partir das habilidades, a SKF poderia fabricar cabeças de gravação para videocassetes, pequeninas esferas para canetas etc.

Uma competência essencial deve constituir a base para a entrada em novos mercados. Ao avaliar a capacidade de expansão de uma competência, a alta gerência deve evitar uma análise baseada no produto e focar nas habilidades.



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g) A Competição pelo produto e pela competência

Para Hamel e Prahalad, existem três tipos de empresas:

  1. as voltadas para o cliente - que querem satisfazê-los;
  2. as que escutam o cliente e respondem às suas necessidades - que provavelmente já estão sendo satisfeitas por outros concorrentes;
  3. empresas que levam os clientes para onde eles querem ir, mas ainda nem sabem disso - estas criam o futuro e vão além de satisfazer o cliente, surpreendendo-os constantemente.

Portanto, é a competência que está em jogo e não apenas o produto. Não estamos enfatizando o posicionamento, preços, custos e diferenciação, barreiras de entrada, que são discutidos no contexto do produto ou da linha de produtos. As batalhas que se seguem com relação a linhas de produtos são colocadas em termos de guerra das Colas, Diet Coke versus Diet Pepsi, Apple versus IBM, serviços de primeira classe da American versus British Airways. Quando falamos de competição pelas competências, lembramos que as empresas também competem pelo desenvolvimento de habilidades e competências no atendimento aos passageiros, nos serviços de bordo, nas reservas, pela liderança em motores e transmissões, em eletrônica de veículos e em desenvolvimento de design e de estilo.



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A competição baseada na competência não ocorre produto a produto, mas sim empresa a empresa, pois as competências contribuem para o desenvolvimento de uma gama de produtos e serviços produzidos pela empresa e não de um produto em particular. Na competição pela competência em ótica e impressão eletrônica, a Canon concorre com empresas como Toshiba, Kodak, Nikkon, Hewlett-Packard. A Glaxo compete com a Merck no desenvolvimento da competência para descobrir novas drogas.

Em resumo, podemos dizer sobre as competências:

 

  • Não são específicas de um produto, mas da empresa como um todo e podem ultrapassar os ciclos de vida de diversos produtos.
  • Impactam uma gama de produtos e serviços, por isso vencer ou perder a batalha pela competência pode ter um impacto maior sobre o futuro do que um produto isolado.
  • A obtenção da liderança numa competência demanda tempo e recursos, só sendo possível com o apoio da empresa como um todo.
  • Somente por meio do desenvolvimento de competências essenciais, a gerência pode garantir a continuidade do empreendimento, pois elas representam a fonte de desenvolvimento de novos produtos. São as "raízes" da competitividade e os produtos e serviços são seus "frutos".


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Módulo 01 - O poder da previsibilidade

Resumo

Nós não podemos prever o nosso futuro, mas podemos calcular a probabilidade de atingir um dos diversos resultados possíveis e melhorar nossa previsibilidade, isto é, reduzir a incerteza sobre o futuro.

A grande maioria das pessoas precisam de previsibilidade. Não se trata de ter certeza de como as coisas ocorrerão, mas de conhecer as chances de seguir determinado rumo e de agir conforme o planejado.

As organizações surgiram a partir dos grupos de caça primitivos, como resposta à necessidade de reduzir a incerteza e melhorar a previsibilidade. Grande impulso nesse sentido foi dado pela elaboração da Administração Científica, que veio trazer métodos padronizados para melhorar a produtividade e garantir os resultados previstos.

É melhor ter uma previsão, mesmo que seja pessimista, do que não ter previsão nenhuma, pois quanto mais os administradores deixarem claro para seus empregados qual é o curso de ação que melhorará suas vidas, tanto mais eles poderão focar seus esforços na criação de valor para a organização. Esse é o objetivo do planejamento!

Na tentativa de melhorar a previsibilidade, vários estudiosos da administração dedicaram seus melhores estudos. Alguns considerados mais importantes foram os de Fayol, Collins, Porter e Prahalad. Para Fayol, o administrador deveria deixar em segundo plano as funções técnicas, como produção, comercialização, finanças etc. e focar sua atenção nas funções administrativas propriamente ditas, tais como planejar, organizar, dirigir e controlar.

Collins desenvolveu um arcabouço conceitual para o estabelecimento da visão de futuro, que tem o poder de eletrizar os participantes da organização para trabalharem atraídos por um campo de força gerado pela imagem vívida de um futuro desejado por todos.

Michael Porter propõe como mecanismo para melhorar a previsibilidade o conceito de vantagem competitiva, que pode ser obtida por meio de três estratégias genéricas: liderança em custos, diferenciação e foco.

Prahalad defende a ideia da competência essencial, que, uma vez descoberta e desenvolvida, permite à organização desenvolver novos produtos, nunca antes imaginados, para atender a necessidades que os clientes não sabiam que tinham.

Foram apresentadas algumas das fórmulas modernas para melhorar a previsibilidade. Mas a necessidade parece aumentar e não diminuir a cada dia, pois, à medida que o mundo se transforma, emergem novos problemas de ajustamento social e parece haver sempre muito mais a realizar do que já conseguimos, desde que morávamos em cavernas. A previsibilidade continuará sendo uma das nossas grandes necessidades e, por isso mesmo, uma fonte de estudos e novas pesquisas sobre as organizações e seu poder de melhorar nosso futuro.

Finalmente, lembre-se das palavras de Prahalad: "Se você não inventar o seu futuro, seu concorrente o fará".



Unidade 2 Módulo 2
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Módulo 02 - A função planejamento

1 - Conceito de Planejamento

 "O animal está sob o tempo. Para ele não há ontem nem amanhã. Está sob uma eternidade esmagadora. Está encharcado pelo tempo e por isso não tem tempo. Para Deus também não existe tempo; porque está sobre ele. O homem ao contrário está no tempo e abre uma janela no tempo: dimensiona-se, tem consciência de um ontem e de um amanhã."

Paulo Freire

O homem se identifica com sua própria ação: objetiva o tempo, temporaliza-se, faz-se homem-história. Sua principal diferença dos outros animais é a consciência de que o tempo passa, sendo ele mesmo um ser inacabado, um projeto em permanente busca de aperfeiçoamento.

É essa consciência que cria o impulso para planejar e satisfazer a necessidade humana de previsibilidade. Sendo as organizações um fruto dessa necessidade, é nas organizações que o homem potencializa e aprimora a capacidade humana de planejar.



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Módulo 02 - A função planejamento

De maneira geral, planejar é decidir antecipadamente o que deve ser feito; ou seja, um plano é uma linha de ação pré-estabelecida.

Planejamento é a função administrativa que determina antecipadamente o que deverá ser feito, qual ou quais as técnicas que deverão ser utilizadas, onde, quando e por quem serão empregadas, enfatizando maiores ou menores detalhes, como o caso exigir.

Partindo desse raciocínio, torna-se importante fixar-se o que deve ser feito, com quais fatores ("tempo" e recursos), para que o planejamento se realize antes que a ação tenha início. Assim, caso o tempo ou os recursos estimados para o planejamento sejam mal dimensionados, fatalmente a ação terá grandes possibilidades de fracasso, de um modo ou de outro.

Vários fatores poderão alterar seriamente um planejamento. Desse modo, planos devem considerar esses fatores e formas de eliminar ou contornar as obstruções. Devem ser estabelecidos da forma mais detalhada possível, para que os objetivos pretendidos possam ser atingidos.



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Módulo 02 - A função planejamento

Como o planejamento é feito para os outros, deverá ter condições de fornecer uma base para a ação coletiva ou de grupos. Para isso, deverá utilizar-se, primeiramente, de uma clara exposição dos objetivos pessoais e comuns do grupo para que todos tomem conhecimento da direção a que deverão dirigir seus esforços. Assim, não deverá suscitar dúvidas quanto ao que deverá ser feito, de que modo e quem será o encarregado de realizá-lo, tudo isso com a finalidade de melhorar a coordenação e evitar a duplicidade de esforços.

O planejamento é uma atividade diária comum. Os resultados do planejamento, ou da falta dele, podem ser vistos a nossa volta. A atividade de um encanador, feirante e até a das grandes empresas deve ser cuidadosamente planejada.

A conveniência de planejar é amplamente reconhecida hoje em dia, tanto que falar em planejamento é quase uma mania, mesmo quando se possui apenas vaga ideia do que é realmente necessário fazer e de como proceder. Assim, o chefe dos escoteiros é instado a planejar cuidadosamente sua reunião, de maneira a poder passar rapidamente de uma atividade para outra sem que haja dispersão.



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Os seguidores de Frederick Taylor insistem em que um planejamento detalhado é indispensável às operações de produção. Atualmente, todo governo municipal que se preza tem algum plano de urbanização. Na área governamental, é geralmente reconhecida a necessidade de criar uma Comissão de Planejamento dos Recursos Nacionais. Porém, não contam os planejadores com apoio integral, o que é compreensível, já que a maior parte do que se apresenta como planejamento não passa de algo vago e irrealizável.



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Módulo 02 - A função planejamento

Você tem, assim como todos os seres humanos, uma ideia intuitiva de planejamento.

Seja qual for sua definição de planejamento, ela estará intimamente ligada à ideia de futuro. Quando pensamos no futuro, temos apenas uma certeza: "o futuro é incerto!" ou "o futuro a Deus pertence". Essas frases indicam a impossibilidade de o homem predizer seu futuro com certeza. Mas essa impossibilidade não reduz a necessidade e a demanda por previsibilidade; pelo contrário, torna-a mais aguda. É essa necessidade que serve de ponto de partida para o surgimento das organizações e também para seu fortalecimento. A previsibilidade é vital para que o objetivo, razão de ser da organização, seja alcançado no futuro pretendido.



No Novo Dicionário Aurélio, encontramos os seguintes significados:
Planejamento - ato ou efeito de planejar.
Planejar - fazer plano ou planta de; projetar, traçar: Um bom arquiteto planejará o edifício.
Projetar - Do lat. Projectare - lançar para diante, atirar longe, arremessar; fazer projeto, planejar.
Projeto [Do lat. Projectu - lançado para diante] ideia que se forma de executar ou realizar algo, no futuro.



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Módulo 02 - A função planejamento

Lembre-se de que a noção de desempenho está ligada à ideia de tempo transcorrido. Quando você se propõe a fazer determinado trabalho, seu desempenho será avaliado levando-se em consideração o tempo empregado. De nada adianta você dizer que é capaz de fazer algo se não estimar em quanto tempo. Se permanecer "fazendo" por um período muito superior ao previsto, mesmo que tenham surgido percalços imprevistos na execução, seu desempenho será considerado insatisfatório, e você será visto como um péssimo planejador, como alguém que apresenta baixo desempenho.

O planejamento é a função administrativa que lida com o futuro. Visto como um conjunto de atividades, é o processo racional, dirigido ao futuro, com o objetivo de reduzir a incerteza e evitar improvisações na obtenção de resultados e melhorias.



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Módulo 02 - A função planejamento

Mesmo havendo interdependência entre as funções de planejar, organizar dirigir e controlar, podemos facilmente perceber que o planejamento é a função que inicia o processo administrativo. Sem planejamento os administradores não saberiam como organizar e nem mesmo o que organizar; não se sentiriam seguros na liderança para indicar a direção a seguir e não saberiam controlar o rumo e o ritmo da caminhada em direção aos objetivos organizacionais, que nesse caso nem existiriam.


Planejamento é o processo de estabelecer os objetivos e as linhas de ação adequadas para alcançá-los.

Esse conceito engloba dois critérios de verificação do desempenho administrativo, propostos por Peter Drucker: a eficácia (fazer a coisa certa) e a eficiência (fazer as coisas da maneira certa).

A eficácia está relacionada com a realização do objetivo traçado e a eficiência, com a utilização ótima dos recursos. Portanto, o planejamento refere-se à determinação dos objetivos "certos" e à escolha dos meios "certos" para atingi-los. A preocupação é tanto com os fins (o que deve ser feito) quanto com os meios (como deve ser feito).

Podemos também ver o planejamento como uma técnica de redução da incerteza, um processo racional-probabilístico destinado a evitar improvisações na obtenção de melhorias. Não deve ser feito para repetir as mesmas coisas do passado, mas principalmente para obter melhores resultados em novas ações.



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2 - Importância dos Objetivos

Todos temos aspirações e desejamos obter sucesso em nossas ações. Para que você realize seus sonhos, ou para que sua organização cumpra a missão institucional a que se propôs, é necessário estabelecer objetivos específicos e mensuráveis, com prazos finais desafiadores, mas exequíveis.

Para que servem os objetivos? A resposta pode conter diversos pontos que justificam a necessidade humana de previsibilidade, mas podemos listar como mais importantes as seguintes razões:




Os objetivos servem para dar senso de direção, sem a qual se fica vagando a esmo, consumindo energia de modo improdutivo e reagindo às mudanças ambientais sem um rumo a seguir.



Como os recursos são limitados e podem ser alocados para vários objetivos, a seleção de um objetivo ou de um conjunto limitado de objetivos permite focar não só os recursos financeiros e materiais da organização, mas principalmente a atenção e a motivação das pessoas que trabalham na organização. Isto é especialmente importante quando é necessário coordenar o esforço de um grande número de empregados.



Os planos levam diretamente à ação e devem sempre responder à pergunta "esta ação nos direciona ao nosso objetivo?". Decidir significa escolher entre alternativas, e a alternativa a ser escolhida deve ser sempre aquela que conduz o esforço coletivo na direção do objetivo a ser atingido.



Os objetivos claramente definidos, mensuráveis e com prazo para realização são parte essencial do controle, que é o processo de garantir que as ações levem ao objetivo estabelecido. Um desvio do planejado pode ensejar uma ação corretiva, um atraso, por exemplo, pode ser corrigido a tempo, ou mesmo pode surgir a necessidade de replanejar toda a ação em virtude de mudança ambiental ou surgimento de fato novo que indique tal medida.



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Quando se tem um objetivo a cumprir, o desempenho do funcionário muda sensivelmente, pois concentra as energias, o tempo e o talento numa única direção. A falta de objetivos pode levar a uma atitude passiva ou a caminhar a esmo, na realização de atividades não relacionadas e sem sentido. Por outro lado, existem objetivos que não passam de vagos desejos como: "queremos ser o melhor neste ramo!" ou "esperamos aumentar nossas vendas!".

Os objetivos precisam ser mais claros, específicos e concretos, para produzirem a ação necessária à sua consecução, não se confundindo com meros desejos. Para isso eles precisam


  • ser realistas;
  • ser específicos;
  • ser verificáveis;
  • indicar o prazo de realização;
  • ter metas intermediárias.

Veja um exemplo de objetivo pessoal



Objetivo

Quero iniciar o curso de pós-graduação em administração e obter emprego numa empresa que pague um bom salário.

Metas

  • Obter informações sobre o curso na faculdade - 1 semana;
  • Falar com dois professores para obter orientação - 3 semanas;
  • Obter informações sobre outras faculdades de Administração - 5 semanas;
  • Inscrição em pelo menos 3 faculdades - 2 meses;
  • Escolher uma das faculdades que tiver sido aprovado - 6 meses;
  • Obter informações sobre empresas que recrutam pessoal na universidade e solicitar entrevista - 10 meses.



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Módulo 02 - A função planejamento

3 - A Rede de Objetivos Múltiplos

Como já vimos, os objetivos têm o poder de aumentar a realização do indivíduo por meio da ênfase dada ao tempo, à energia e ao talento. O mesmo ocorre com as organizações. Do mesmo modo que os objetivos individuais incluem metas detalhadas, os objetivos de uma organização se ramificam em uma rede que abrange toda a hierarquia. Isso implica o estabelecimento de objetivos que compreendem todos os departamentos e todos os indivíduos que neles trabalham, de modo a cooperarem na obtenção do objetivo maior da organização.

Se a empresa estabelece um objetivo estratégico de conquistar, digamos, 60% do mercado em 5 anos, a divisão de produção tem que aumentar gradativamente seu desempenho, o departamento de pessoal tem que recrutar e treinar novos empregados e o técnico de seleção tem que calcular quantos empregados serão necessários, como no exemplo:



Objetivo Organizacional

  • Conquistar 60% do mercado de automóveis compactos em 5 anos.

Objetivo da divisão de produção

  • Produzir 2.000.000 de automóveis compactos no próximo ano.

Objetivo do departamento de pessoal

  • Recrutar e selecionar o pessoal necessário para atingir a meta de produção e vendas do próximo ano.

Objetivo do especialista de RH

  • Estimar o número de empregados necessários para cumprir a meta de produção.
  • Estimar o número de vendedores necessários para cumprir a meta de vendas.




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Módulo 02 - A função planejamento

O exemplo sugere que os objetivos organizacionais devem formar uma rede lógica de contribuições para atingir o objetivo maior estabelecido pela administração. Ao se estabelecer um objetivo para a empresa, ele causará impacto direto nas atividades de toda a hierarquia, do topo à primeira linha. Se o objetivo é mudar a produção de automóveis de luxo para compactos e você é da área de treinamento, deverá estabelecer objetivos, como retreinar seus vendedores com argumentos de venda para carros compactos.

Seria mais fácil para todos na organização se tivessem de seguir apenas um objetivo. Mas uma empresa tem muitas preocupações, como cuidar de sua fatia de mercado, dos custos, das receitas e da rentabilidade. Além disso, tem de cuidar de outras coisas, como responsabilidade social e desenvolvimento de pessoal. Por isso as empresas precisam desenvolver objetivos múltiplos. Nenhuma medida isolada pode avaliar o desempenho real de uma organização. Por exemplo, o objetivo único de "maximizar o lucro" necessita de outros objetivos que também devem ser perseguidos, como treinar os empregados, caso se queira obter lucros em longo prazo.



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Muitos objetivos combinam harmonicamente, sendo o alcance de um deles o instrumento de obtenção do outro. Os altos executivos perseguem, de forma rotineira, objetivos que buscam o aumento da participação no mercado, pois eles influenciam diretamente a rentabilidade do investimento.

Se a empresa puder vender mais num determinado mercado, poderá ter ganho de escala e um custo menor do que seus concorrentes, isto é, diluirá seus custos de produção para um maior número de unidades produzidas, cada anúncio custará menos por unidade vendida etc. Fica claro que aumentar a fatia de mercado é um objetivo compatível com aumento de faturamento e de rentabilidade.




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Mas nem sempre os objetivos são assim harmoniosos. Por exemplo, o objetivo de conquistar novos mercados pode ser incompatível com o objetivo de aumentar a rentabilidade, se forem conquistados mercados menos lucrativos. Comumente ocorrem conflitos entre objetivos econômicos de curto prazo, como redução de despesas, e objetivos educacionais e sociais, que são adiáveis. Como os altos executivos são normalmente reconhecidos, premiados e até remunerados pelos resultados econômicos, tendem a dar maior importância ao faturamento, ao custo e ao lucro e menor importância ao treinamento e ao controle de poluição. Mas é quase certo que lucro como único objetivo levará a práticas antiéticas, já que os gerentes deixarão de observar outras partes importantes do trabalho para atenderem ao critério pelo qual seus desempenhos serão mensurados.



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A empresa pode estabelecer uma infinidade de objetivos.

  • os objetivos relacionados com o ambiente externo voltam-se para aspectos como fatia de mercado, rentabilidade, sobrevivência, expansão, responsabilidade social, serviços a clientes e relações com o governo;
  • os objetivos operacionais podem cuidar de remuneração equitativa, resolução de conflitos, inovação e cooperação;
  • as condições de trabalho podem incluir objetivos voltados para segurança, saúde, direitos individuais, problemas como alcoolismo, drogas etc.

O número de objetivos depende do porte da empresa, da complexidade de suas operações e da turbulência ambiental. É fácil concluir que, quanto menor for o número de objetivos e mais estável o ambiente, mais fácil será construir uma rede lógica de objetivos harmonicamente integrados.



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4 - Definindo Objetivos

a) Objetivos e motivação

A importância dos objetivos na literatura gerencial está baseada na crença de que eles melhoram a motivação e servem de guia para o desempenho individual e consequentemente para melhorar a performance do departamento e da organização. Pesquisas nessa área evidenciam que os objetivos podem ser a principal ligação entre o trabalho gerencial e o desempenho motivado da tarefa.

Muitas das práticas gerenciais exercem influência sobre a motivação, na medida em que afetam os objetivos e intenções das pessoas, isto é, o processo de discutir os objetivos com os empregados só os motiva quando os induz a estabelecer metas e a formar o propósito de atingi-las.

Para que o empregado se motive, é necessário que saiba o que dele se espera. Por isso, estabelecer objetivos claros, com metas intermediárias, geralmente resulta num desempenho melhor do que apenas definir de modo amplo a área de responsabilidade em que ele vai atuar. Sobre esse ponto, diversas pesquisas compararam desempenho de grupos trabalhando em metas específicas, contra grupos operando sobre objetivos vagos, do tipo "vamos ser os melhores", e os resultados apontaram forte vantagem para os mais específicos.



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Entretanto, podem surgir circunstâncias em que planos específicos são difíceis de serem estabelecidos ou não se aplicam, e aí é melhor ter-se um plano direcional que reflita melhor o grau de conhecimento e desenvolvimento da atividade a ser realizada. Por exemplo, ao lidar com um projeto inovador, ou participar de uma entrevista para cargo de alta gerência, pode ser mais confortável ter em mente um plano direcional do que um objetivo específico. Atividades desconhecidas podem ser realizadas a partir de definições mais folgadas, com maior margem de acomodação, pois uma definição exata pode impedir a exploração produtiva e a criatividade necessária para lidar com o desconhecido.

Quanto mais difícil for o objetivo, mais elevado será o desempenho, desde que se aceite o desafio. Objetivos muito fáceis não despertam a motivação. Do mesmo modo, metas muito difíceis geram desânimo, pela consciência antecipada de que não serão atingidas. Mas os objetivos que parecem possíveis, se houver dedicação, esforço e talento, mesmo que apresentem risco de fracasso, são os que provavelmente despertarão o excitamento, a motivação e o melhor desempenho.



Plano que indica as diretrizes para determinada situação, os possíveis caminhos a serem seguidos para alcançar certo objetivo.



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Como você se motiva mais? Quando seu chefe estabelece o objetivo ou quando é você mesmo que o define? Essa questão tem sido longamente estudada desde os primórdios da Administração Científica, que propunha a imposição de métodos e padrões cientificamente calculados pelo gerente. O método improvisado, utilizado naturalmente pelos operários, gerava fadiga e baixa produtividade. A escola de Relações Humanas tinha posição contrária a essa, o modo correto seria envolver todos os operários na determinação de métodos e padrões de trabalho, pois a falta de participação, introduzida pelo taylorismo, provavelmente gerou mais resistência do que motivação, dedicação e alta produtividade.

Pesquisas modernas dão conta de que a participação do empregado no estabelecimento dos objetivos apresenta resultados positivos, ou na melhoria do grau de motivação, ou no fato de o indivíduo estabelecer metas mais específicas do que quando são impostas de cima ou negociadas pela equipe.

Independentemente de qualquer impacto motivacional, parece claro que, se o subordinado e o chefe discutirem os objetivos e o modo de atingi-los, muitas dificuldades podem ser identificadas antecipadamente e solucionadas. Além disso, eles passam a ter uma visão mais clara do que podem esperar um do outro, quais os obstáculos prováveis e como enfrentá-los conjuntamente.



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b) Objetivos e controle - o modo tradicional

O papel tradicional dos objetivos é servir como ferramenta para o controle imposto pela organização. O presidente diz ao diretor de produção quanto quer que seja produzido neste ano. Esses objetivos são repassados hierarquia abaixo, para que guiem e delimitem as atividades de cada departamento e indivíduo da organização, cujos esforços, somados, deverão atingir o resultado esperado pelo todo. No final do ano, o desempenho da empresa é avaliado para descobrir se o objetivo foi alcançado.

Esse modo tradicional de estabelecer objetivos, do tipo "manda quem pode e obedece quem tem juízo", pressupõe que a administração superior sabe o que é melhor porque só ela tem a visão do todo. Outra hipótese a ser considerada é a crença, pelos ocupantes da alta administração, de que os funcionários são preguiçosos e só trabalham sob coação. Esse estereótipo não é novo: serviu de base para Taylor desenvolver sua Administração Científica.

A imposição dos objetivos pode ser vista de forma positiva ou negativa pelo funcionário.



Forma positiva quando o objetivo sana suas dúvidas, lhe dá senso de direção e deixa claro o que se espera dele. Neste caso pode não haver a sensação de perda da liberdade, advinda da imposição, e até despertar sua necessidade de autorrealização por ajudá-lo a ver as coisas de forma realista.



Forma negativa quando o empregado se sente subjugado. Neste caso reduz o senso de responsabilidade e de envolvimento, gerando ressentimento e animosidade, que certamente reduzirá o grau de motivação, já que o trabalho nessas condições não lhe traz satisfação de necessidades sociais nem de autorrealização.



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5 - Administração Por Objetivos - APO

Ao contrário do modo tradicional, foi proposto por Peter Drucker um sistema chamado Administração Por Objetivos - APO, que dá ênfase à iniciativa do subordinado na formulação dos objetivos.

Os objetivos são formulados pelos subordinados dentro de um contexto previamente estabelecido pelo superior. Este, por seu turno, estabelece os objetivos da unidade e os compara com os objetivos das unidades do mesmo nível, com relação à contribuição que fornecem aos objetivos do nível superior, de modo a formar uma rede que orienta toda a empresa. Os passos são os seguintes:

 

  • o superior explica o contexto do trabalho;
  • o subordinado propõe objetivos e metas;
  • o superior e o subordinado entram em acordo;
  • o subordinado avalia seu progresso com o superior;
  • reinicia-se a sequência .


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Esse novo modo implica novas premissas. Caem por terra as ideias preconcebidas de que "só a administração superior sabe o que é melhor" e os "funcionários são burros e preguiçosos". O novo pressuposto está baseado na ideia de que os funcionários são pessoas normais, que provavelmente merecem confiança; que a inteligência e a criatividade estão distribuídas normalmente entre a população e não concentrada na alta cúpula das empresas.

O método da APO pode gerar várias consequências motivacionais:

  • sem uma avaliação realista do subordinado, pode gerar ansiedade e torná-lo incapaz para determinar as próprias metas;
  • quando o superior não tem o preparo nem a habilidade necessária, pode utilizar a determinação de objetivos para arrancar promessas a serem utilizadas contra os subordinados;
  • outro problema que pode ocorrer é a falta de compatibilidade entre os objetivos das unidades organizacionais;
  • finalmente, o compromisso com a meta pode tornar-se tão forte que se torna difícil abandoná-la, mesmo quando as condições ambientais exigirem.


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Em um clima de confiança, sem má-fé ou incompetência, o processo compartilhado de determinação de objetivos tende a gerar satisfação por meio do trabalho, um senso de participação e responsabilidade e satisfazer a necessidade de autorrealização pelos resultados importantes obtidos. Além disso, a APO torna os objetivos mais claros, levando a maior eficiência do planejamento e a melhores padrões de controle.

Tem sido rara a implementação bem-sucedida da APO, pois ela exige um tipo de pensamento mais concreto e exato, grande experiência no negócio e recursos para treinar os gerentes, de modo diferente do tradicional a que estão acostumados. Além disso, a APO exige, para sua implementação bem-sucedida, que haja um clima psicológico adequado, pois, do mesmo modo que laranjeiras não prosperam no Polo Norte, a APO não tem chance de progredir num clima autoritário, ameaçador e de desconfiança.



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6 - Fatores Contingenciais

Alguns fatores, como nível hierárquico, grau de incerteza ambiental, especificidade, duração do compromisso com os objetivos pretendidos, podem afetar os planos e sua implementação.

Existe relação entre o nível hierárquico ocupado pelo administrador e o tipo de plano por ele realizado. Normalmente, o planejamento operacional ocupa a atividade dos administradores dos níveis mais baixos. Nos níveis mais elevados, os administradores desempenham sua função de planejamento orientados para a estratégia organizacional. Em empresas muito pequenas, o dono cuida dos dois tipos de planos.



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Quanto mais incerto o ambiente, maior a tendência a se planejar para o curto prazo. Se mudanças significativas ocorrerem muito rapidamente, é provável que planos que estabeleçam cursos de ação atrapalhem mais do que ajudem; por isso, nesses casos, é aconselhável escolher um destino, um objetivo amplo e genérico, e não um plano específico.

Outro aspecto importante é o horizonte de tempo. O planejamento não é feito para tomada futura de decisões, mas para conhecer o impacto futuro das decisões atuais. Quanto maior o efeito do plano sobre o futuro, maior o tempo em que você estará comprometido com a decisão. Por exemplo, o plano de construir uma usina nuclear ou designar um ministro para um cargo vitalício exemplifica o conceito de compromisso. Esse conceito sugere que o plano deve considerar tempo suficiente para que o compromisso assumido hoje seja cumprido.




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Resumo

A consciência de que o tempo passa cria o impulso para planejar e satisfazer a necessidade humana de previsibilidade. Sendo as organizações fruto dessa necessidade, é nelas que o homem potencializa e aprimora a capacidade de planejar.

Mesmo havendo interdependência entre as funções de planejar, organizar, dirigir e controlar, podemos facilmente perceber que o planejamento é a função que inicia o processo administrativo.

Sem planejamento, os administradores não saberiam como organizar e nem mesmo o que organizar, não se sentiriam seguros na liderança para indicar qual direção seguir e não saberiam controlar o rumo e o ritmo da organização.

Os objetivos servem para dar senso de direção, focalizar os esforços, guiar planos e decisões e ajudar na avaliação do progresso. Nas organizações, eles se ramificam por toda a hierarquia, formando uma rede que liga todo o pessoal na obtenção do objetivo organizacional.

Para que o empregado se motive, é necessário que saiba o que dele se espera. Por isso, estabelecer objetivos claros, com metas intermediárias, geralmente resulta num desempenho melhor do que apenas definir de modo amplo a área de responsabilidade em que ele vai atuar.

O papel tradicional dos objetivos é servir como ferramenta para o controle imposto pela organização. Ao contrário, Peter Drucker propôs um sistema chamado Administração Por Objetivos, que dá ênfase à iniciativa do subordinado na formulação dos objetivos.

Ao desempenhar a função de planejamento, você deve considerar alguns fatores, como nível hierárquico, grau de incerteza ambiental e duração do compromisso assumido nos objetivos. Existe uma relação entre o nível hierárquico ocupado pelo administrador e o tipo de plano por ele realizado. Normalmente, o planejamento operacional ocupa os supervisores de primeira linha e o estratégico, os executivos de topo. Em empresas pequenas, o dono cuida dos dois planos.