| Unidade 3 | Módulo 1 | Tela 1 |
| 1 - O que é motivação? O termo motivação é, em geral, entendido como:
Parece certo que a motivação é uma força interior, pessoal, única, individual. É algo intrínseco ao sujeito. A motivação é um processo que orienta a pessoa para aquilo que vai atender a sua necessidade. Quando o objeto não é obtido, isto é, a necessidade não é satisfeita, o sujeito entra em frustração. |
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Tela 2 |
| Um dos principais interesses dos pesquisadores na área do comportamento organizacional é entender porque as pessoas desempenham certas tarefas e de que maneira se comportam frente a determinados estímulos. Muitos se perguntam:
Nas últimas décadas, muitas pesquisas e teorias enfocaram essas questões. Nenhuma delas explica, de forma igual, o comportamento em todas as situações. Cada teórico tende a priorizar um ponto específico da questão. O que se observa, na prática, é que muitos gerentes utilizam-se de conhecimentos de diferentes teorias, na tentativa de que seus subordinados motivem-se para o trabalho.
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Tela 3 |
| Para Murray et al. (apud SBRAGIA e MAXIMIANO, 1980), "a motivação distingue-se de outros fatores que também influem no comportamento, tais como: experiência passada da pessoa, sua capacidade física e a situação-ambiente em que se encontra". Para eles, um motivo divide-se em dois componentes importantes:
À medida que o objetivo é alcançado, há um efeito redutor sobre a estimulação interna. Segundo os autores, o objetivo poderá ser um objeto externo, mas o processo de cessação do impulso é interno. Poderíamos dizer que o impulso é um motivo de base psicológica. |
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Tela 4 |
| Imaginemos um estudante que precisa estudar, mas está sentindo fome. Para que ele volte ao estado de equilíbrio natural é necessário que ele satisfaça a sua necessidade. Vamos dizer que, da cantina do colégio, chegue o aroma da batata frita. Nosso amigo não resiste, vai até lá e compra um grande pacote de batatas. Na medida em que ele come, sua necessidade vai sendo saciada e pode chegar a ponto de, se um colega lhe oferecer mais batatas, ele não aceita e volta a estudar para garantir nota.
Na situação acima poderíamos dizer que o motivo interno do estudante era fome, o impulso foi ir até a cantina e comprar batatas. Ao comê-las atingiu seu objetivo. Tendo feito, a tendência foi a motivação do estudante deslocar-se para outro ponto, a necessidade de tirar nota alta. |
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Tela 5 |
| Os motivos
variam de pessoa para pessoa em níveis de prioridade e importância.
O maior ou menor valor que dá a seus motivos é que determina
a quantidade de energia que irá despender para obter a sua meta.
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Tela 6 |
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Tanto emoções agradáveis como desagradáveis levam o organismo a posturas de procura ou de esquiva, respectivamente. É
comum observarmos isso no ambiente organizacional.
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Tela 7 |
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2 - Principais teorias motivacionais Existem muitos teóricos que estudaram o problema da motivação no trabalho. Vejamos os de maior destaque: Maslow, McGregor, Herzberg e MacClelland.
Para o psicólogo
Abraham Maslow (1908-1970), o ser humano está sempre em busca de
satisfazer as suas necessidades e, à medida que satisfaz as necessidades
básicas, outras mais complexas vão surgindo.
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Tela 8 |
Outro teórico
que se destaca na teoria da motivação é Frederick
Herzberg (1923-2000). Ele desenvolveu a Teoria Bifatorial de Motivação-Higiene,
na qual mostrou que as necessidades apresentadas por Maslow podem ser
classificadas em apenas dois grupos: Observe a seguinte comparação:
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Tela 9 |
| Com a teoria de Herzberg, foi possível buscar entender os seguintes fatores do comportamento humano:
A grande diferença entre Maslow e Herzberg é que, enquanto o primeiro foca as necessidades humanas, o segundo refere-se aos incentivos utilizados para a satisfação delas. |
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Tela 10 |
Douglas McGregor (1906-1964)
destacou-se com suas teorias sobre motivação chamadas: Mcgregor defendeu
que cada uma dessas teorias reflete a crença sobre a natureza do
comportamento humano. Daí, o fato de gerentes e administradores
optarem por uma ou outra. |
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Tela 11 |
| A crença
na teoria X leva os gerentes e administradores a entender a direção
como algo rígido, uma vez que os subordinados são vistos
como pessoas preguiçosas, que só trabalham se estiverem
sob controle. Os funcionários são percebidos como desprovidos
de ambição e do desejo de assumir qualquer tipo de responsabilidade.
Acredita-se, ainda, que sejam egocêntricos, com tendências
a agir contra os interesses da organização e muito resistentes
à mudança. Esta visão pode ser considerada um tanto
negativa com relação à natureza humana. Os gerentes
que acreditam na teoria X, e pautam seus trabalhos nessa crença,
encontram dificuldade de utilizarem práticas organizacionais que
dependam da confiança nos subordinados. |
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Tela 12 |
| A teoria
Y, inversamente, acredita no potencial humano, na capacidade que o ser
humano tem de se envolver com seu trabalho. Essa teoria supõe que
as pessoas estão orientadas para o próprio crescimento e
desenvolvimento.
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Tela 13 |
Até
agora vimos as teorias “antigas” sobre a motivação
e que, apesar de muito conhecidas, são questionadas pela sua validade
empírica. A teoria das necessidades, desenvolvida por David McClelland
(1917-1998), é considerada como uma teoria contemporânea,
por representar uma explicação atual sobre a motivação
dos trabalhadores.
Essas necessidades variam de acordo com a situação nos diversos momentos de nossas vidas. Para ele, cada um terá desenvolvido uma tendência que, ao longo do tempo, se tornará dominante e impulsionará o indivíduo naquela direção.
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Tela 14 |
| Esses
exemplos não significam que todos os chefes, vendedores e engenheiros
tenham uma única necessidade. Estamos mostrando que nossas motivações
também passam pelo nosso perfil profissional, pelas nossas experiências
sociais e de vida. Estudos concluíram que funcionários, com grande necessidade de realização, melhoram seu desempenho sempre que recebem um feedback. Eles ficam satisfeitos com o bom desempenho e estabelecem metas mais elevadas. É importante notar que esse tipo de pessoa tem uma tendência a desajustar-se mais rapidamente em organizações burocráticas, pois não terão muita possibilidade de utilizar-se de seu potencial criativo. O que nos chama a atenção na teoria de McClelland é que ele sugere que as pessoas podem ser ensinadas a terem certas necessidades. |
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Tela 15 |
| 3 - Motivação e processo organizacional Um dos pontos
centrais do trabalho da psicologia organizacional é lidar com os
processos de motivação dentro das organizações.
Inúmeras são as pesquisas nesse sentido. Muitos perguntam:
Alguns autores consideram que a motivação estaria ligada a um processo de tomada de decisão pessoal em que os indivíduos desejam executar suas tarefas da melhor maneira possível. |
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Tela 16 |
| Ao compreender os fenômenos motivacionais, uma organização terá a possibilidade de planejar ações mais efetivas e substanciais para entender o comportamento interno de seus funcionários e criar mecanismos que despertem neles motivos claros e concretos para o engajamento na filosofia da organização.
Estimular o surgimento de um clima de trabalho produtivo e satisfatório traz benefícios para a organização e para seus colaboradores. Não é, entretanto, tarefa das mais fáceis. Exige administradores que entendam a importância da motivação na vida humana, e como esses fatores podem determinar padrões de comportamento que interferem de forma positiva ou negativa, no contexto organizacional. |
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Tela 17 |
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Tela 18 |
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Resumo A motivação é um processo que considera o sujeito, o meio no qual ele está inserido e o seu objeto de desejo, isto é, aquilo que deve saciar a sua necessidade. Em situações ou condições nas quais o objetivo não é encontrado ou alcançado, isto é, a necessidade não seja satisfeita, o sujeito entra em frustração. A motivação pode ser vista como: vontade que move o indivíduo em direção a determinadas metas, força interior que estimula a ação por parte do indivíduo, energia que nos impulsiona em direção a um objetivo traçado. Estudiosos como Maslow, Herzberg, McGregor, McClelland apresentaram suas teorias a respeito da motivação. O ponto comum entre elas é que a motivação está presente em todos os seres humanos, qualquer que seja sua condição. Essas teorias ajudam as organizações a entenderem e a lidarem com seus colaboradores. Em consequência, podem atuar de forma mais efetiva, criando mecanismos que despertem nos funcionários motivos claros e concretos de comprometimento e engajamento com a filosofia que norteia toda a organização. Estimular um clima de trabalho satisfatório e produtivo trará benefício, tanto para a organização como para seus colaboradores. É importante que gerentes e administradores entendam a importância da motivação na vida humana, e como esses fatores determinam padrões de comportamento que podem interferir positiva ou negativamente, no contexto organizacional. |
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| Unidade 3 | Módulo 2 | Tela 19 |
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1 - O que é percepção? A percepção pode ser entendida como um ponto de partida para o ser humano se conectar ao mundo externo, é a forma com que cada um, por meio das suas impressões sensoriais, percebe o seu ambiente. Já no início da vida, nós conhecemos o mundo por meio dos nossos sentidos; como o ambiente está em constante mudança, o nosso organismo necessita de informações sobre esse ambiente para que possa se adaptar. A percepção é fundamental para essa adaptação, na medida em que traduz as informações que nos chegam por intermédio dos sentidos. A percepção é um processo integrado a outros processos psicológicos, tais como: memória, atenção, concentração. Embora todos
nós estejamos aptos a perceber o que ocorre a nossa volta, verifica-se
que aquilo que alguém percebe ou deixa de perceber está
diretamente ligado às características do estímulo
propriamente dito, bem como a condição de cada pessoa, ou
seja, o nosso comportamento decorre da nossa percepção da
realidade e não da realidade em si.
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Tela 20 |
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A percepção não espelha a realidade objetiva, mas reflete a realidade individual. As pessoas reagem àquilo que percebem, e, nem sempre, suas percepções são equivalentes à situação real. As necessidades insatisfeitas ou as motivações podem exercer uma forte influência sobre a nossa percepção. Em uma pesquisa sobre a fome, observou-se que pessoas que estavam privadas de alimentos há 16 horas, ao olharem para figuras com borrões, percebiam imagens de alimentos com mais frequência do que aquelas que estavam somente há 1 hora sem se alimentar. Este exemplo mostra como nossas necessidades insatisfeitas podem influenciar nossa percepção de mundo. É muito comum, em nossas organizações, surgirem desavenças, desentendimentos e os famosos "disse me disse". Esses fatos ocorrem exatamente em virtude da diferença de percepção, ou seja, à medida que aumenta a diferença entre a realidade objetiva e a realidade percebida, ocorrem situações incômodas e frustrantes para as pessoas envolvidas, como acontece com a história de "O elefante e os cegos".
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Tela 21 |
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O elefante e os cegos Chegou um grande circo à cidade. Quatro cegos, passeando juntos, aproximaram-se do local em que o domador cuidava de um dos elefantes do circo. Pararam e pediram ao domador para tocar no animal. O domador concordou. Um deles, mais alto, de braços erguidos, tocou na orelha do elefante; outro encontrou a barriga; o terceiro apalpou a perna; o quarto segurou a tromba. Logo depois, voltaram a passear satisfeitos. Agora sabiam o que era um elefante. Foram então conversando até à praça, assentaram-se e começaram a discutir sobre o elefante: Elefante
é uma espécie de ventarola grande, felpuda no meio, e
rugosa - disse o cego mais alto. Nada disso - retrucou o que examinou
a tromba - eu examinei cuidadosamente o bicho. Trata-se de um tubo maleável,
pesado, forte e que se movimenta o tempo todo. Imagine, agora, uma empresa que tem muitos empregados, muitas atividades e gerências de diversos níveis, as possíveis dificuldades que ocorrem entre equipes de trabalho, chefes e subordinados, organizações e clientes. |
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Tela 22 |
| O estudo
da percepção é importante para a compreensão
do comportamento organizacional, na medida em que o comportamento do ser
humano está baseado nas percepções do seu ambiente.
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Tela 23 |
| 2 - O processo perceptivo Os sentidos humanos não respondem a muitos aspectos do ambiente. Sabemos, por exemplo, que os morcegos são capazes de perceber sons de alta frequência, que nós, humanos, não conseguimos. Por outro lado somos capazes de reagir a estímulos, que não estão fisicamente presentes, quando certas áreas de nosso cérebro são eletricamente estimuladas. Uma pessoa que tenha sido privada da visão por longo tempo e que, após cirurgia, volta a enxergar, será capaz de nomear objetos e falar de suas características mais comuns (forma, cor ou tamanho), mas terá dificuldades de descrever o objeto em sua totalidade. Falta-lhe a experiência de relação com esse objeto, pelo fato de um de seus sentidos ter estado comprometido durante longo tempo. Por isso,
podemos dizer que, na medida em que nossos sentidos estejam prejudicados,
mesmo que os outros sentidos tentem superar a deficiência, a percepção
da realidade sempre será distorcida.
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Tela 24 |
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Seletividade A seletividade está relacionada à capacidade do organismo em selecionar aqueles estímulos que tenham sentido e significado para ele. Diz-se que nossa percepção é seletiva. Caso isso não fosse possível e não filtrássemos os estímulos, nosso cérebro entraria em falência em virtude de milhares de informações que não conseguiria processar.
Temos tendência a selecionar os estímulos de acordo com nossos motivos, expectativas, necessidades, interesses, experiências de vida, enfim, de acordo com nossa personalidade. Por exemplo, se pedirmos a quatro profissionais - um médico, um advogado, um mecânico e um policial - que descreva um acidente de trânsito ocorrido próximo à empresa, teremos descrições do fato completamente diferentes, por que cada um deles filtrará as informações de acordo com suas experiências de vida. |
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Tela 25 |
| Constância A constância é a tendência que nosso organismo tem de, ao conhecer as características principais do objeto, percebê-lo em sua totalidade, independentemente das condições em que esteja sendo apresentado. A constância pode estar relacionada ao tamanho, à forma, à cor e ao brilho. A constância
de tamanho significa perceber o objeto de um determinado tamanho, independentemente
da distância em que ele esteja. Um exemplo típico são
os aviões no céu; embora pareçam pequenos devido
à distância, temos em nossa mente a noção de
seu tamanho natural.
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Tela 26 |
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A
constância da forma refere-se ao fato de que, uma vez conhecido
o objeto, não importa o ângulo pelo qual ele seja visto,
a percepção manter-se-á. A
constância na cor e brilho significa que os objetos são
reconhecidos pela sua cor e brilho, independentemente da maneira como
são apresentados. Uma rosa vermelha será sempre percebida
nessa tonalidade de cor independentemente da luz que recaia sobre ela.
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Tela 27 |
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Organização A
organização perceptual significa que os indivíduos
processam os estímulos em grupos e padrões.
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Tela 28 |
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Na organização perceptual, identificamos a figura e o fundo que consiste na forma mais simples de estruturação perceptual. Figura é o que chama a atenção em um determinado contexto ou cenário. Por exemplo, em nossa sala de trabalho, quando nos concentramos na leitura de um relatório, este passa a ser a figura, e os demais documentos sobre a mesa formam o fundo. Imaginemos que seu chefe se aproxime de sua mesa sem que você perceba. Ao levantar a cabeça e vê-lo a sua frente, ele passará a ser a figura de sua atenção e o que estiver em volta será o fundo, inclusive o relatório que há pouco você estava lendo. Podemos
observar a figura e fundo nas peças de teatro, quando os personagens
revezam entre si como figura, enquanto os demais servem de fundo para
a cena. Segundo Davidoff (1983), o princípio da figura-fundo
é fundamental em toda a percepção de objetos. Para
essa autora, "não se pode ver alguma coisa enquanto ela
não for separada de seu fundo".
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Tela 29 |
| Como já foi dito, temos tendência a agrupar os objetos percebidos por padrões. Esse agrupamento pode se dar por:
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Tela 30 |
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| Em
Psicologia, os gestaltistas
valorizam os processos de percepção. Para eles, é
possível entender o comportamento humano na medida em que entendemos
o que o indivíduo percebe e a forma como ele percebe os estímulos
do meio. Os
fenômenos perceptivos são de grande importância dentro
do ambiente organizacional. Com base neles, é que os indivíduos
se agregam ou se repelem. É também com base nos processos
perceptivos que o ser humano toma a maioria de suas decisões. |
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Tela 31 |
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3 - A percepção e a tomada de decisões É comum em nossas organizações sermos percebidos das mais diferenciadas maneiras, seja pelos colegas de equipe, seja pelo chefe ou pelos clientes. E o mesmo acontece conosco em relação e eles. E por que
isso acontece?
Muitas vezes, discutimos com colegas de trabalho, acreditando que eles têm uma opinião errada a respeito de determinado assunto. Partindo do princípio de que cada sujeito capta ou seleciona os estímulos do ambiente, de acordo com suas motivações e interesses, passamos a entender o porquê de nossos colegas emitirem opiniões muitas vezes tão diversas das nossas. |
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Tela 32 |
| Segundo Hollenbeck (1999), a "percepção é o processo pelo qual os indivíduos selecionam, organizam, armazenam e recuperam informações; a decisão é o processo pelo qual as informações percebidas são utilizadas para avaliar e escolher entre vários cursos de ação".
Podemos afirmar que a percepção, juntamente com outros processos psicológicos, exerce forte influência na maneira pela qual tomamos determinadas decisões. |
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Tela 33 |
| Mais
do que nunca, as grandes organizações têm delegado
aos seus funcionários a oportunidade de tomar decisões no
cargo que exercem; anteriormente, era delegada exclusivamente aos gerentes. Tomar decisão
implica escolher, entre várias alternativas, a que melhor se adapte
à situação ou problema. Porém, é importante
notar que, para cada escolha feita, existe uma responsabilidade embutida
e, consequentemente, é o que angustia a maioria dos tomadores de
decisão - o peso da responsabilidade.
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Tela 34 |
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| Existem situações em que o indivíduo não toma a decisão mais acertada pelo fato de não ter observado os detalhes que envolvem a situação como um todo. Por
outro lado, existem situações em que as decisões
são tomadas de maneira intuitiva contrariando o que era recomendado
e dão certo. As decisões intuitivas baseiam-se na percepção,
intuição e talento do administrador, além de uma
grande disposição para assumir riscos.
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Tela 35 |
| O viés de julgamento também pode ocorrer ao avaliar as pessoas. É comum usarmos simplificações para julgá-las, as mais comuns são:
Ao avaliar uma situação e, principalmente, as pessoas envolvidas, é importante observar a situação, o comportamento das pessoas e coletar o máximo de informações para evitar distorções. |
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Tela 36 |
| Como selecionamos nossas percepções de acordo com nossas perspectivas e interesses, ignorando o que é incompatível, devemos estar atentos e ser o mais fidedignos possível. Devemos estar treinados e preparados para, muitas vezes, aceitar situações ou fatos que contradigam nossas expectativas. Algumas empresas trabalham com equipes que têm a missão de "advogados do diabo". Essas equipes interferem em determinadas decisões, apresentando opiniões completamente opostas àquelas que o grupo tenha tomado inicialmente. Outras empresas adotam essa sistemática em treinamento, como forma de preparar pessoas para:
Esse tipo de trabalho é muito interessante porque as pessoas recebem feedback de seus comportamentos nas mais variadas situações, como também, tem oportunidade de crescimento profissional e pessoal. |
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Tela 37 |
| É por meio de nossas percepções que damos sentido aos ambientes que nos cercam, sejam eles profissionais ou não. É preciso, então, evitar os vieses de julgamento ao avaliar as situações e as pessoas. Muitos de nós tivemos colegas de equipe que inicialmente consideramos antipáticos, insolentes ou negligentes e, com o correr do tempo e a convivência, descobrimos que erramos em nosso julgamento? Isso tanto pode ocorrer para características que valoramos como positivas ou negativas. Veja um exemplo.
Quando, em um processo seletivo, tomamos decisões fundamentadas
em um único aspecto, como a simpatia de um candidato, estamos atuando
sob o efeito halo e, assim, ficamos sujeitos a cometer injustiças
com outros candidatos, muitas vezes melhor preparados para o cargo, embora
não tão simpáticos. |
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Tela 38 |
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Tela 39 |
| Resumo Por meio da percepção, o ser humano conecta-se com o mundo externo. Embora as pessoas estejam aptas para perceber o que ocorre a sua volta, nota-se que o objeto percebido está diretamente ligado às características do estímulo propriamente dito e à condição pessoal de cada um. O estudo da percepção torna-se importante para compreensão do comportamento organizacional, na medida em que o comportamento humano fundamenta-se na realidade que o cerca. Não falamos da realidade objetiva, mas da realidade sentida e percebida pelo indivíduo isoladamente. O indivíduo se comporta de acordo com as percepções que ele tem a respeito desse mundo. Os fenômenos perceptivos apresentam como características: a seletividade, a constância e a organização. São importantes para o ambiente organizacional. Com base neles, os indivíduos se agregam ou se repelem e tomam a maioria de suas decisões. Uma decisão implica escolher entre várias alternativas a que melhor se adapte a uma situação ou problema. Porém, é importante considerar que, para cada escolha, existe uma responsabilidade embutida e isso angustia a maioria dos tomadores de decisão - o peso da responsabilidade. Gerentes e administradores, como nós, têm tendência a selecionar percepções de acordo com suas perspectivas e interesses, e ignorar o que é incompatível. Devemos estar atentos a isso, para que possamos ser os mais fidedignos possíveis. Devemos estar treinados para aceitar situações ou fatos que contradizem nossas expectativas. É preciso conhecer as possíveis distorções que criam vieses de julgamento, como as habilidades heurísticas ao analisar uma situação para tomar uma decisão, tais como disponibilidade, representatividade e escalada de comprometimento. Ao avaliar uma pessoa, os mesmos cuidados devem ser tomados para evitar a percepção seletiva, o efeito halo, os efeitos de contraste, a projeção ou a estereotipagem. Quanto maior for o conhecimento dos efeitos da percepção sobre nossos comportamentos e escolhas, maior facilidade teremos para lidar com as situações cotidianas. Ao avaliar uma situação e, principalmente, as pessoas envolvidas, é importante observar a situação, o comportamento das pessoas e coletar o máximo de informações para evitar distorções da realidade. |
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| Unidade 3 | Módulo 3 | Tela 40 |
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1 - O fenômeno da liderança A liderança é um assunto que sempre suscitou grande interesse daqueles que, direta ou indiretamente, lidam com as questões de poder, autoridade e chefia. No contexto
organizacional, esse tema tem ganhado a cada dia mais destaque. Mas, afinal,
como se dá a liderança? Nascemos líderes ou aprendemos
a sê-lo? Segundo Douglas McGregor (1973), "é pouco provável que exista um quadro básico de conhecimentos e características peculiares à personalidade de todos os lideres". Por quê? Para McGregor, essas características variam de acordo com as circunstâncias, ou seja, o que se exige de um líder militar são características diferentes das exigidas de um líder político, por exemplo. |
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Tela 41 |
| Observando
as organizações, vemos que são exigidos desempenhos
diferentes para situações diversas. Vê-se, também,
que uma empresa de grande porte exigirá de seus líderes
qualidades que, possivelmente, uma empresa pequena não necessite. Conforme
McGregor (1973), "características de liderança consideradas
essenciais, em última análise, não diferenciam o
líder capaz de outro incapaz. Na realidade, algumas delas podem
ser encontradas não apenas no líder, mas em qualquer pessoa
eficiente de uma organização".
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Tela 42 |
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Alguns descrevem o líder como possuidor das seguintes características:
Essas características existem em muitos de nós e, muitas vezes, precisam apenas ser desenvolvidas. O que diferencia
uma organização bem sucedida de outra é o fato de
que, na primeira, a liderança é mais dinâmica e eficaz. |
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Tela 43 |
| Há diversas definições de liderança na literatura administrativa. Na maioria delas, a liderança é descrita como atividade de influenciar pessoas e grupos, fazendo-os empenhar-se voluntariamente em objetivos do grupo. Essa definição não se refere apenas às organizações, podendo ser empregada a toda a situação na qual uma pessoa procura influenciar o comportamento de outro indivíduo ou grupo de indivíduos. Portanto, podemos verificar que a liderança não se refere apenas a um traço na relação hierárquica chefe-subordinado. Podemos dizer que, sempre que uma pessoa procura influenciar o comportamento de outra, a primeira está fazendo o papel de líder e a outra o papel de liderado, não importando a relação hierárquica de cada uma delas.
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Tela 44 |
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| 2 - O processo de liderança O líder deve ter em mente duas preocupações fundamentais. A primeira diz respeito às tarefas, por meio das quais o grupo atinge os objetivos da organização. A segunda refere-se a relação entre ele e seus liderados e dos liderados entre si. O quanto cada uma das preocupações toma o tempo do líder reflete sua postura como sendo orientada para tarefas ou orientada para o grupo. Segundo Peter Drucker
(1909-2005), considerado o pai da administração moderna,
não é possível definir o perfil ideal de um líder.
O líder eficiente deve conhecer os indivíduos que compõem sua equipe e manter perfeita integração com eles; deve dominar alguns conceitos sobre o comportamento humano, o que lhe facilita conviver com seus subordinados e tratar situações inesperadas na organização. Para isso, deve desenvolver a capacidade de observar, associar informações, diagnosticar o nível de maturidade de seu grupo e adaptar seu estilo de liderança de acordo com as exigências do ambiente, ou seja, adotar o modelo de liderança situacional. |
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Tela 45 |
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| A liderança situacional fundamenta-se no inter-relacionamento de três variáveis:
O líder deve estar apto a ajudar no amadurecimento dos liderados. Inicialmente, o comportamento deve ser voltado para a tarefa, e, na medida em que perceba o aumento da maturidade, o líder deve reforçar o desempenho esperado, com apoio emocional para que o grupo se desenvolva. A eficácia de uma administração participativa está também diretamente relacionada ao nível de maturidade do grupo. Quanto mais o administrador adapta seu estilo de comportamento de líder para atender a situações específicas e às necessidades de seu grupo de trabalho, mais eficiente tenderá a ser para atingir os objetivos pessoais, da organização e dos subordinados. E como o líder atinge esses objetivos? Usando de autoridade e de poder. Vamos ver como isso acontece. |
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Tela 46 |
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3 - Liderança, autoridade e poder É comum confundirmos liderança, autoridade e poder no aspecto administrativo. Vamos verificar a especificidade de cada uma. Liderança
pode ser definida como uma relação entre pessoas em que
a influência e o poder transitam de maneira diferente sobre uma
determinada base que chamamos de liderados. Ou seja, podemos dizer
que o líder utiliza o poder como uma forma de atingir os objetivos
da organização. Poder e autoridade estão diretamente ligados ao conceito de liderança e legitimamente constituídos em uma organização, na medida em que são formalmente reconhecidos pelos indivíduos que compõem a cúpula da organização. Em geral, essa autoridade recebe nomes como: diretores, gerentes de projeto, chefes de departamento, de divisão, etc.
Um dirigente pode ser chamado de líder nomeado, uma vez que foi escolhido para liderar, por um determinado período de tempo, uma equipe de trabalho. Podemos dizer que o líder nomeado exerce o poder legítimo, quando o poder está ligado à posição hierárquica formal ocupada na organização, o que dá a ele o direito de requerer obediência às normas e aos regulamentos da organização e impor regras dentro desse mesmo parâmetro. |
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Tela 47 |
| Existem ainda os líderes naturais que, mesmo não tendo papel formal, nem autoridade legitimada pela organização, exercem forte influência sobre os membros da equipe, determinando, muitas vezes, os padrões de comportamento daquele grupo. Ou seja, este líder exerce o poder de referência, quando os liderados o seguem por se identificarem com os seus traços pessoais.
O poder, entretanto, na maioria das vezes, está nas mãos do líder nomeado. Esse poder se apresenta sob diferentes nuances, quando o líder exerce:
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Tela 48 |
| As organizações modernas, que investem em seus colaboradores, valorizam um tipo de poder que está sendo altamente incentivado no atual mundo do trabalho. É o poder do conhecimento ou do talento. Este poder é baseado no domínio que o indivíduo tem sobre assuntos ou áreas de conhecimento. Hoje, já se tem a certeza que deter o conhecimento é fundamental para o sucesso de qualquer empresa. Todo líder
experiente sabe que é de grande relevância valorizar a experiência
de seus liderados. As empresas de ponta sabem que em seus produtos e serviços
está embutido o conhecimento humano que o gerou. Portanto, quanto
maior investimento se fizer no potencial humano, tanto maior e melhor
o resultado dos produtos e serviços oferecidos pela organização.
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Tela 49 |
| A realidade das organizações complexas é que a autoridade delegada ao líder raramente oferece as condições suficientes para que suas ideias sejam facilmente postas em prática. Às vezes, a própria divisão de trabalho e a limitação dos recursos são impeditivas para certas posições. O alcance de metas e objetivos da organização não é oferecido gratuitamente aos líderes. É preciso muita luta, dedicação, comprometimento e habilidade para chegar lá. Alguns pontos são importantes para gerentes e administradores:
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Tela 50 |
| 4 - Teorias sobre liderança A liderança pode ser tratada em três categorias teóricas básicas: abordagem de traços de personalidade, estilos de liderança e visão situacional ou contingencial.
Esses estudos foram muito criticados pela sua simplicidade metodológica, pois ofereciam um quadro incompleto para uma análise científica mais apurada sobre liderança, levando os pesquisadores a buscarem outras direções de estudos. |
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Tela 51 |
A teoria sobre estilos de lideranças considera o comportamento do líder em relação aos demais integrantes de um grupo e acreditam que, como existem comportamentos específicos para um líder, estes podem ser treinados. Pesquisas mostraram uma relação consistente, apesar de modesta, entre o comportamento do líder e o desempenho do grupo. Observou-se, por exemplo, que líderes que valorizam a experimentação e buscam novas ideias contam com liderados mais satisfeitos. Porém a única ressalva às teorias comportamentais é que os fatores situacionais não são considerados. Por exemplo, parece pouco provável que Nelson Mandela tivesse o mesmo destaque na luta contra o regime do Apartheid se tivesse nascido e vivido na década de 90.
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Tela 52 |
| Há
três estilos de liderança:
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Tela 53 |
As teorias de contingência combinaram a abordagem de traços com as teorias comportamentais e sugeriram que os líderes, para serem eficazes e eficientes no desempenho de seu papel, devem ser capazes de adaptar seus estilos às exigências de uma situação que se apresenta. Uma das teorias
contingenciais clássicas provém dos trabalhos de Fred Fiedler.
Ele propõe que a liderança eficaz se baseia no ajustamento
entre o estilo do líder e a situação, ou seja, até
que ponto o líder pode realmente exercer a sua influência.
O modelo da contingência de Fiedler apresenta três variáveis
situacionais que, inter-relacionadas, podem influenciar a situação
de forma favorável para o líder. São elas:
Uma das críticas a esse modelo a relevância dada às variáveis ambientais, por serem muitas e de difícil controle e avaliação. Outra teoria contingencial é a teoria das expectativas (caminho-meta ou caminho-objetivo), vista como um modelo motivacional. O líder deve desenvolver mecanismos para que sua equipe sinta-se motivada a alcançar as metas estabelecidas. |
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Tela 54 |
| 5 - A
liderança e os conflitos grupais
Apesar de toda a evolução humana, ainda temos conflitos entre povos, nações e nas próprias organizações de trabalho. A Psicologia, por meio da análise de comportamento e de outros conceitos psicológicos, tem se dedicado ao estudo e a minimização dos conflitos de ordem pessoal ou organizacional. Em todas as organizações, a Psicologia Organizacional tem como desafio a tarefa de estudar e apresentar soluções para os principais problemas humanos que ocorram no âmbito organizacional. Há sempre destaque para os conflitos, já que estes podem trazer sérias consequências para todos os envolvidos, se não forem trabalhados de forma positiva. Podemos partir do princípio de que um conflito começa a se estabelecer na medida em que posições antagônicas se apresentam em um determinado contexto ou situação.
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Tela 55 |
| O conflito
é o resultado natural entre pessoas em relacionamento. E pode se
desenvolver a tal ponto que chega a trazer resultados positivos ou negativos
à organização. Em geral, conflitos bem trabalhados,
que são comuns entre seres conscientes, questionadores e criativos
trazem saldos positivos.
Os
conflitos acontecem, em geral, como:
É importante que administradores compreendam as causas prováveis de um conflito e os mecanismos necessários para lidar com tal situação. |
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Tela 56 |
Existem várias
situações geradoras de conflito, veja alguns exemplos.
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Tela 60 |
| 6 - Consequências
e soluções para o conflito
A maioria
dos indivíduos considera o conflito muito desgastante do ponto
de vista emocional, físico e intelectual. O conflito cria desconfiança
e insegurança entre as partes, aumentando a distância entre
os indivíduos. Surgem comportamentos de isolamento por parte de
alguns, e outros reagem na tentativa de resolver o conflito. Com isso,
existe a possibilidade de surgirem novas ideias e abordagens para solucioná-lo.
Nessa situação, os indivíduos envolvidos devem esclarecer
seus pontos de vista e articular novas propostas. Muitas vezes, acabam
descobrindo que não há conflito algum, mas sim falta de
informações suficientes para tomada de decisão.
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Tela 61 |
| Conflitos
mal solucionados podem gerar comportamentos de esquiva, nos quais os indivíduos
procuram fugir à responsabilidade e, em casos extremos, pode surgir
à alienação total. Em situações em que se tenta resolver o conflito na base do tudo ou nada, ou seja, com base na obediência à autoridade, com certeza alguém ganha e alguém perde, seja em força, projeção ou ideia, o que gera ressentimento e mantém o conflito em forma latente que, ao menor desgaste, eclodirá novamente. |
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Tela 62 |
| Outra forma
de comportamento diante do conflito é a acomodação.
Os indivíduos buscam uma solução intermediária,
de sorte que não haja perdas significativas para ninguém.
No fundo, ninguém está satisfeito com o desfecho, mas, conforme
o próprio nome diz, estão todos acomodados. Esse tipo de situação
gera muita frustração entre os membros. A confrontação é a abordagem mais difícil de ser trabalhada na resolução de um conflito, uma vez que os membros do grupo devem expor abertamente suas ideias e sentimentos a respeito da situação, trabalhando as concordâncias e as diferenças para se chegar a uma solução que agrade a todos. Quando isso acontece, não existem vitoriosos ou derrotados. O que surge é um grupo forte e coeso capaz de comandar seu próprio destino e crescimento. |
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Tela 64 |
| Resumo
A liderança é descrita como capacidade de influenciar e mobilizar pessoas e grupos, para a consecução dos objetivos do grupo. O líder atua no sentido de apoiar pessoas, estimulando, encorajando e estabelecendo canais de comunicação entre ele e os liderados. Cada um tem uma forma de liderar, é o que chamamos de estilo de liderança. Um bom líder deve desenvolver a capacidade de observar, associar informações, diagnosticar o nível de maturidade de seu grupo e adaptar seu estilo de liderança de acordo com as exigências do ambiente, ou seja, adotar uma liderança situacional, quando o líder usa todos os estilos de liderança (autocrático, democrático, laissez-faire) dependendo do perfil do funcionário e da situação/tarefa que se apresenta no momento. Quanto mais o líder atender as situações específicas e às necessidades de seu grupo de trabalho, mais eficiente tenderá a ser para atingir seus objetivos pessoais, organizacionais e dos subordinados. O poder e autoridade do líder são legitimamente constituídos pela organização, na medida em que são formalmente reconhecidos pelos indivíduos que compõem essa organização. As teorias sobre liderança foram agrupadas em três categorias básicas: abordagem de traços, estilos de liderança e visão situacional ou contingencial. Pode-se entender que o conflito é o resultado natural entre pessoas que estão em relacionamento, podendo desenvolver-se a ponto de produzir resultados positivos ou negativos à organização. O conflito, quando não trabalhado, pode trazer diversos tipos de comportamentos que são prejudiciais aos sujeitos envolvidos e à organização. Existem várias formas de se trabalhar o conflito, porém consideramos a confrontação a melhor delas, pelo fato de trabalhar as concordâncias e as diferenças para se chegar a uma solução que agrade a todos, levando o grupo ao crescimento e amadurecimento. |
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| Unidade 3 | Módulo 4 | Tela 65 |
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1 - O que é criatividade? Denominamos pessoas criativas aquelas que sabem fazer algo que a maioria não sabe, por exemplo, pintar um quadro, compor uma música ou um poema. Criatividade vem da palavra criar, derivada do latim creare, que significa dar vida, fazer algo que ainda não existe. Mas será que a criatividade é privilégio de poucos? Será que ela só existe no mundo das artes? Claro que não.
Vocês
já viram um gato criativo? Ou uma planta que, sozinha, posicione-se
para ornamentar uma sala de reuniões? |
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Tela 66 |
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Criar é gerar algo novo. Algo que ainda não foi imaginado por ninguém. Criatividade é ação. Ação que impulsiona o ser humano à transformação, não só de si mesmo, mas de todos os que recebem influência dessa ação. Para Brewster Ghiselin (1952), a medida de criatividade de um produto "está na extensão em que ele reestrutura nosso universo de compreensão", ou seja, quanto mais uma ideia, produto ou situação afetar as nossas crenças, valores, sentimentos, cognição, etc., mais criativos eles serão considerados. Algo criativo é algo novo, que nos leva a novos questionamentos sobre o que existia até então. Isso é que nos leva ao crescimento.
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Tela 67 |
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Existem várias
definições para criatividade. A criatividade pode ser analisada
sob o ponto de vista cognitivo, neurocientífico, social e cultural. Hoje se sabe que a criatividade é inerente ao ser humano. Todos possuímos potencial criativo. O que varia entre as pessoas é o grau da criatividade, entretanto, nada nos impede de desenvolvê-la ao longo de nossas vidas. Alguns autores e pesquisadores dizem que o embotamento da criatividade está ligado ao aspecto sócio-educacional de uma comunidade ou sociedade. Nascemos com potencial criativo, mas, à medida que crescemos esse potencial vai ficando, digamos, atrofiado. E por que isso ocorre?
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Tela 68 |
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Sabemos que o nosso cérebro está dividido em dois hemisférios:
O ideal é que, à medida que crescemos os dois hemisférios se desenvolvam no mesmo ritmo. Mas o que ocorre, na maioria das vezes, é estimulação ambiental do uso de nossos recursos de ordem estritamente racional, ou seja, do hemisfério esquerdo.
Se observarmos as brincadeiras de uma criança de três ou quatro anos, veremos que ela é capaz de transformar uma caixa de sapato em um pequeno caminhão ou uma caixa de fósforos em aviãozinho ou, ainda, uma cadeira em uma plataforma de voo. Isso é criatividade. Ninguém a ensinou a fazer isso. |
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Tela 69 |
| À medida que a criança cresce e as exigências sociais e culturais se intensificam, ela aprende a ser mais pragmática e racional. Passa a encarar o mundo externo compartimentalizado e a responder a esse mundo da mesma forma. Nesse momento seu hemisfério esquerdo predomina e seu lado sensível e criativo começa a embotar-se.
A partir dos doze anos de idade, em geral, a criança ou pré-adolescente demonstra preferência por atividades e jogos relacionados com o hemisfério esquerdo, isso se deve provavelmente à estimulação acentuada para o desenvolvimento da linguagem, do racional, da aritmética, do raciocínio analítico. |
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Tela 70 |
| A escola deveria ser o ambiente mais propício ao desenvolvimento da criatividade, individual e coletiva, porém muitas vezes, é o lugar em que mais se inibe e bloqueia esse potencial, pois a maioria dos professores não aprendeu a estimular seus alunos para desenvolver suas habilidades. Há os que acreditam que a criatividade é um dom e, dessa forma, favorecem ou estimulam o desenvolvimento do potencial criativo dos alunos. Ao contrário, ao cercear essa possibilidade, acaba incutindo, em alguns estudantes, a falsa ideia que apenas algumas pessoas são providas do potencial criativo, quando na verdade essa potencialidade é inerente ao ser humano.
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Tela 71 |
| O professor
é a peça chave no desenvolvimento do potencial criativo,
principalmente nos estágios iniciais do processo educacional. A
criatividade pode ser desenvolvida ou reprimida tanto pela escola como
pela família. É importante que seja despertado nos indivíduos,
desde cedo, sua capacidade questionadora e a vivência do maior número
possível de experiências, o compartilhamento e a perda do
medo de expor ideias, etc. Para Joy P. Guilford (1960), a criatividade compreende um conjunto de habilidades e traços e distingue-se pela inovação e originalidade. O grau de criatividade está ligado diretamente ao grau de originalidade. Pesquisas mostram que todo ser humano apresenta habilidades criativas, que podem ser desenvolvidas por meio da prática constante. Para desenvolver seu lado criativo, o indivíduo tem que se dedicar àquilo que faz, esforçar-se para fazer o melhor e conhecer aquilo que está fazendo. Uma pessoa que não saiba chinês, por exemplo, jamais conseguirá escrever um poema nessa língua, mesmo que seja comprovado que tenha grande inspiração na área poética.
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Mansfield e Busse (1981) entendem que os conceitos relativos à criatividade devem ser considerados em relação ao seu tempo histórico, isto é, produtos ou ideias são considerados criativos, na medida em que venham para atender também a uma necessidade de seu tempo. Portanto, quando falamos em criatividade, devemos levar em conta o grau de utilidade e de importância da criação para uma determinada sociedade ou situação, em um determinado tempo histórico.
Para Abraham Maslow (1968), a criatividade "necessita de muito trabalho, treino prolongado, atitude crítica e padrões perfeccionistas". Um ponto a considerar na produção criativa é a motivação, força que leva à realização e facilita a criatividade. O interesse pela criatividade tem sido grande, tanto na pesquisa quanto nas práticas organizacionais. Há, por parte das organizações, necessidade crescente de diversificar produtos, inovar, antecipar-se às demandas de mercado, melhorar a qualidade dos serviços e/ou produtos e principalmente tomar decisões de real significância para o desenvolvimento organizacional. |
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2 - O processo criativo
Alguns autores consideram a personalidade como fator determinante no processo criativo. Alguns traços são apresentados como característicos de pessoas mais criativas, com destaque para:
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| Pesquisas nas áreas de arquitetura, matemática, artes, etc. mostraram características comuns às pessoas consideradas criativas. Mackinnon (1964) identificou a autonomia como um fator preponderante entre os arquitetos considerados mais criativos nos Estados Unidos. Eles demonstraram ser independentes desde cedo, capaz de dirigir suas vidas desde jovens e com grande sucesso. Já Beveridge (1988) considera a sensibilidade emocional como característica marcante entre as pessoas mais criativas. E ele compara os grandes gênios da história, procurando lembrar que esses, mesmo envolvidos no mundo da ciência, apresentavam talento para outras áreas, como Albert Einstein, responsável pela teoria da relatividade, que tocava um instrumento musical, e Max Planck, pai da física quântica, que pintava e escrevia peças. Outra característica: pessoas com alto grau de criatividade destacam-se pelo fato de serem abertas às novas experiências, tirando delas o melhor ensinamento possível. Pessoas criativas encaram as situações vividas com saldo sempre positivo, por pior que tenham sido suas vivências. Isto porque elas têm a capacidade de reelaborar novas saídas para as diversas situações. Diante de problemas a serem resolvidos, as pessoas criativas, procuram modificar alguns atributos da situação. Olham o problema por um novo ângulo na tentativa de encontrar soluções diferenciadas das que tinham sido propostas anteriormente, ou seja, fazem novas associações, novos esquemas mentais, acrescentam, diminuem, adaptam, combinam ideias , encontrando assim novas saídas.
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| Guillon e Mirshawka (1994) separam o ato criativo em cinco etapas trabalhadas pelo indivíduo:
Todos nós somos seres criativos e, ao longo de nossa existência, podemos contribuir de inúmeras maneiras seja para o nosso crescimento pessoal, seja para o crescimento de nossa sociedade, incluindo aí as nossas organizações de trabalho. C. Cotman relatou que o cérebro humano é estimulado pelo uso e pela contínua captação de informações. Nosso sistema nervoso, segundo ele, é o que mais lentamente envelhece. Aos 80 anos, cerca de 80 a 85% de nosso cérebro funciona normalmente. Portanto, mãos à obra, ainda há muito tempo pela frente. O que você está esperando para colocar suas ideias criativas em prática? |
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Tela 76 |
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3 - A criatividade nas organizações Sabemos que as características do ambiente de trabalho têm muita influência sobre a criatividade, com destaque para a cultura e clima organizacional. Empresas que pretendem estimular e valorizar a criatividade de seus colaboradores encontram dificuldades em identificar a melhor maneira de incentivar a criatividade nos funcionários. Algumas empresas, embora pretendam estimular e valorizar a criatividade de seus colaboradores, encontram dificuldades em identificar o como fazer isso. Sabe-se que um programa de desenvolvimento da criatividade deve envolver a organização como um todo, para favorecer clima e cultura que contribuam para o surgimento de novas ideias e soluções, a valorização do acerto e da produção criadora. O suporte organizacional é o grande incentivador da criatividade individual e de equipes de trabalho, e consequentemente, da competitividade e sobrevivência da empresa.
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Tela 77 |
| Um ambiente que facilite a expressão da criatividade caracteriza-se por fortes valores culturais e humanos, que se revelam por meio de:
O administrador deve ter em mente que a criatividade na organização pode se expressar em uma variedade de áreas, e que as habilidades criativas podem (e devem) ser desenvolvidas por meio de intervenções deliberadas, sob forma de treinamento ou instrução. O ambiente organizacional afeta a criatividade dos indivíduos, assim como as habilidades criativas de uma pessoa afetam a forma como ela atua no ambiente organizacional. Portanto, administradores criativos devem empregar, monitorar e gerenciar a criatividade de sua equipe, com vistas a alcançar as metas individuais e organizacionais. |
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| Um programa de desenvolvimento da criatividade em uma organização deve apresentar os seguintes objetivos:
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Tela 79 |
| No mundo moderno, as mudanças ocorrem de forma acelerada, gerando crises e conflitos internos nas organizações. Há, portanto, necessidade de melhoria dos produtos lançados no mercado, melhoria na prestação de serviços, que exigem do trabalhador soluções criativas e inovadoras em suas áreas de trabalho. O administrador deve se conscientizar de que as inovações começam com ideias ou soluções criativas. Essas inovações vão incluir estratégias, técnicas, métodos, processos, enfim, uma nova maneira de fazer coisas antigas.
A inovação surge no remanejar de informações existentes a respeito de um dado, fato ou situação que leva à descoberta de novas possibilidades de solução, ou seja, são feitas conexões que nunca foram feitas nem pensadas por ninguém. Um exemplo disso é colocado por Martins (1986) a respeito da criação da imprensa. Segundo ela, João Gutenberg resolveu o problema da impressão ao ver uvas serem prensadas para fazer vinho. Inicialmente, poderíamos dizer que não há correlação nenhuma entre os dois fatos, porém, analisando atentamente o procedimento inicial, usado nas primeiras impressões, vê-se que existe uma ligação entre essas duas situações. Ou seja, ele imaginou o papel sendo pressionado contra tipos molhados com tinta. |
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Tela 80 |
| Uma ideia criativa só passa a ser inovação à medida que tem utilidade prática para a maioria, caso contrário, perde o sentido e é abandonada. Podemos dizer que tudo que é criativo é novo, porém a recíproca nem sempre é verdadeira. Toda inovação tem que ser relevante, isto é, atender às necessidades do momento e de preferência de forma prática. A criatividade pode ser encarada como a reordenação de ideias e conceitos já existentes, de tal sorte que possibilite novas táticas de atuação, para resolver problemas ou situações que aparentemente não tinham solução.
Alguns autores consideram que ideias criativas têm grande relevância na tomada de decisão empresarial. Outros, como Hollenbeck (1999), dizem que a criatividade possui uma "qualidade enganosa essencial a todo o processo decisório". Segundo ele, "nem o processo decisório racional nem o gerencial abordam a questão de como produzir decisões criativas e tampouco a prevenção contra erros na decisão garante necessariamente que o resultado será criativo". |
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Tela 81 |
| Percebe-se que pessoas mais criativas têm a tendência a estabelecerem metas elevadas para si mesmas, além de apresentarem grande vigor e energia para alcançá-las. Muitas organizações procuram levar em consideração, em seu processo de seleção, o fator criatividade, relacionado ao campo de trabalho para o qual o candidato está concorrendo. Outras empresas, como a 3M, por exemplo, procuram estabelecer em suas metas anuais um percentual de sua receita para novos produtos. Porém, para o estabelecimento dessas metas há necessidade de conhecer as bases em que elas serão estruturadas, se é esperado crescimento gradativo ou revolucionário, situação que implica estratégias diferenciadas.
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Tela 82 |
| John Pepper, um dos líderes da Procter & Gamble, afirma que "se gastarmos nosso tempo trabalhando em pequenas modificações de alguma coisa, não teremos tempo para trabalhar em grandes coisas novas", ou seja, ele está interessado em inovações que sejam significativas, levando assim a empresa a um crescimento real. Enfim, uma cultura organizacional que queira pautar seu crescimento com base no desenvolvimento da criatividade e inovação tem que estar atenta, a fim de evitar punições ou retaliações sobre as experiências não bem sucedidas. Deve também reforçar positivamente toda e qualquer iniciativa que reflita criatividade de ideias, produtos, serviços, etc.
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Tela 83 |
| As organizações tendem, cada vez mais, a valorizar o trabalho em equipe, pois é a oportunidade que as pessoas têm para expor suas experiências, trocar conhecimento e realizar um trabalho criativo. É importante que os colaboradores enriqueçam suas experiências, daí a importância do treinamento, visita a outras unidades da empresa, participação em seminários e congressos no seu campo de atuação ou em áreas afins. A criatividade é mais uma faceta que o colaborador deve observar no exercício de suas atribuições profissionais, sobretudo quando a empresa investe em ações de desenvolvimento do aspecto intuitivo, flexível e não racional, ou seja, incentiva a utilização de técnicas participativas e criativas para a resolução dos problemas internos e melhoria dos produtos e serviços prestados pela organização. A criatividade não deve ser medida como um ponto a mais no quociente de inteligência (QI) dos indivíduos, mas sim pela possibilidade que ela gera de ser mais uma forma de comunicação e expressão tanto individual como grupal. |
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Resumo A criatividade é uma característica humana e se estende a todas as áreas do desempenho humano. O criativo é sempre algo novo; algo que ainda não foi imaginado por ninguém. Criatividade é ação, que impulsiona o ser humano a transformação, não só de si mesmo, mas de todos, que direta ou indiretamente vão sofrer os efeitos dessa ação. Existem várias definições para criatividade. Ela pode ser analisada sob o ponto de vista cognitivo, neurocientífico, social e até mesmo cultural. Sabemos que o nosso cérebro está dividido em dois hemisférios: esquerdo e direito. O hemisfério esquerdo responde entre muitas coisas pelo aspecto racional de nossas atuações no mundo; enquanto o lado direito é o responsável pelo lado sensível, intuitivo e criativo da existência humana. A criatividade
deve ser considerada pelo grau de utilidade e importância da criação
para determinada sociedade ou situação, dentro de um determinado
tempo histórico. Um programa de desenvolvimento da criatividade deve ser acompanhado de ações que envolvam a organização como um todo, principalmente no sentido de promover uma cultura no ambiente de trabalho, que seja favorável ao surgimento de novas ideias, com incentivo à produção criadora, tendo sempre o suporte organizacional, que será o grande propulsor desse crescimento. Todos nós somos seres criativos e, ao longo de nossa existência, podemos contribuir de inúmeras maneiras, seja para o nosso crescimento pessoal, seja para o crescimento de nossa sociedade, incluindo aí as nossas organizações de trabalho. As empresas que queiram pautar seu crescimento com base no desenvolvimento da criatividade e inovação têm que estar atenta, a fim de evitar punições ou retaliações sobre as experiências não bem sucedidas. Deve também reforçar positivamente toda e qualquer iniciativa que reflita criatividade de ideias, produtos, serviços, etc. A criatividade na organização deve ser vista como mais uma faceta que o colaborador tem a mostrar, na medida em que lhe permitem desenvolver seu lado sensível, intuitivo. A criatividade deve ser medida pela possibilidade que ela gera como forma de comunicação e expressão tanto individual como grupal. |
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