| Unidade 2 | Módulo 1 | Tela 1 |
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1 - Aplicação dos conceitos: o túnel do tempo “Pessoalmente julgo que existe pelo menos um problema... que interessa a todos os homens que pensam: o problema de compreender o mundo, nós mesmos e o nosso conhecimento enquanto parte do mundo”. Karl Popper
Em geral, o pensamento sistêmico é caracterizado pelos seguintes princípios:
Relativity, M.C. Escher,1953 |
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Tela 2 |
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O pensamento
sistêmico mostra os comportamentos que podem levar ao sucesso em
curto prazo ou as medidas de curto prazo que podem conduzir a melhorias
em longo prazo. Entretanto, a questão não que uma visão
de longo prazo seja melhor que uma visão de curto prazo. Afinal
de contas, imagine um garoto atravessando calmamente uma avenida enquanto
um ônibus está vindo a toda velocidade. Em termos de decisão,
o ideal é promover um balanceamento entre as duas visões,
considerando as opções de curto e longo prazo e analisar
o decurso das ações decorrentes das mesmas. Exemplo |
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Tela 3 |
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Tela 4 |
Essa espécie de pressuposição de como o mundo funciona (também conhecida como modelos mentais) são poderosos direcionadores de nossas decisões.
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Tela 5 |
Resumindo,
a linguagem do pensamento sistêmico oferece um amplo caminho de
comunicação sobre a maneira como vemos o mundo e de como
se pode trabalhar mais produtivamente em equipe, compreendendo e solucionando
problemas complexos. |
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Tela 6 |
O objetivo desse exemplo é pensar em termos de um “grande quadro”, considerando as perspectivas de um problema tanto no curto como no longo prazo, identificando seus padrões e tendências e suas causas primárias.
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Tela 7 |
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Tela 8 |
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| 2
- Tarefas no processo de descoberta das estruturas
O processo de descoberta das estruturas de um sistema envolve as seguintes tarefas:
Pensar sistemicamente é um processo que envolve tentativa e erro. As orientações disponibilizadas aqui são muito úteis, mas “pensar sistemicamente” na vida real é um processo muito mais complicado e complexo, exigindo constantes “idas e voltas”, ou seja, desenvolvimento e revisão. Pensar sistemicamente é um processo interativo de cuidadosa formulação de problemas, criação de hipóteses para intuir o que está ocorrendo, testes e reformulação do problema de acordo com os novos conhecimentos gerados. Formulação do problema – Imagine ter terminado um curso de pensamento sistêmico e tenha identificado um problema que deseje abordar. É possível aplicar as ferramentas do pensamento sistêmico para resolvê-lo? Evidente que sim. Todos os problemas têm origem sistêmica. O segredo é escolher um que seja apropriado e significativo para você. Algumas dicas: Uma forte razão para utilizar o pensamento sistêmico é o fato de o problema seja importante para você e sua organização, e muito esforço e tempo está sendo dispendido em sua solução.Provavelmente, o problema está sendo discutido ou você desconfia que ele possa ocorrer novamente. Exemplos |
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Tela 9 |
Orientações
para a formulação do problema – Uma vez que
se tenha determinado um problema para uma abordagem sistêmica, deve-se
trabalhar no desenvolvimento de maneira clara, com foco orientado ao problema.
Essa é a parte mais difícil do pensamento sistêmico,
mas é a que mais traz retornos. Quanto mais claramente você
se concentre no problema, maior será sua abordagem sistêmica.
Assegure-se de que as contribuições de outras pessoas sejam
orientadas à solução do problema. Se necessário,
elabore duas ou três visões do problema e aprenda com as
diferentes considerações, do mesmo, que você receber.
A formulação de problemas quase sempre inclui os seguintes componentes:
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Tela 10 |
3 - Identificando as variáveis Uma vez que
o problema tenha sido formulado é o momento de identificar as variáveis
chave. Lembre-se de que as variáveis chave são aquelas cujo
valor varia com o tempo, isto é, aumentam ou diminuem. Para iniciar,
descreva brevemente a história do problema. Ao fazer esse exercício,
concentre-se no comportamento dinâmico do problema, excluindo detalhes
que possam perturbar a compreensão do problema. Na A-to-Z, uma empresa de semicondutores, estamos tentando compreender uma série de eventos que ocorreram nos últimos três meses. Nós colocamos as metas de vendas para o trimestre e a maioria de nossas forças de vendas atingiu ou excedeu essas metas. Todos os produtos planejados para serem postos no mercado foram lançados e novos produtos estão prontos para serem lançados no mercado no próximo trimestre. Ao mesmo tempo, entretanto, nossos lucros declinaram pela primeira vez na história de nossa empresa, assim como uma parcela de nossos custos aumentou. Quais são as variáveis pertinentes para o caso da A-to-Z? Eis aqui uma lista delas, identificadas pelos gerentes da A-to-Z:
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Tela 11 |
Guia para identificação das variáveis – Decidir quais variáveis serão trabalhadas é tão importante quanto uma clara definição do problema, porque as variáveis escolhidas conduzirão o restante da análise. Da mesma forma que formular o problema, a identificação de variáveis é, usualmente, um processo interativo. Deve-se começar com uma lista geral e, após muitas discussões e troca de opiniões, decide-se pela exclusão ou inclusão de novas variáveis. Em alguns casos, pode ser necessário até mesmo retrabalhar o problema novamente, desde o início. Eis aqui algumas sugestões:
À medida que se desenvolve o processo do pensamento sistêmico, pode ser necessário voltar e revisar o problema se a lista de variáveis trouxer novas idéias sobre a natureza ou escopo do problema.
Guia para nomear as variáveis – Depois de escolhidas as variáveis, é o momento de atribuir-lhes nomes precisos. O guia abaixo é especialmente importante quando se pensa em construir um diagrama de ciclos causais.
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Tela 12 |
Dessa maneira, fica mais fácil descrever as mudanças nas variáveis (“aumentando”, “diminuindo”, “crescendo”, “piorando” etc.) sem introduzir confusões. Por exemplo, dizer que “A satisfação com o trabalho diminuiu” do que “A insatisfação com o trabalho diminuiu”. Tenha em mente que as variáveis podem ser tanto entidades concretas como “chips de memória”, “construções” ou “trabalhadores” como intangíveis: “satisfação com o trabalho”, “satisfação” ou “alinhamento aos objetivos da empresa”. Desenhando o comportamento das variáveis – Uma vez que o problema tenha sido formulado e as variáveis escolhidas, o próximo passo é desenhar o comportamento das variáveis ao longo do tempo. Esses gráficos podem ser utilizados para construir hipóteses sobre o comportamento das variáveis ao longo do tempo, levando a uma compreensão mais profunda do problema. Para desenhar os Gráficos de Comportamento Dinâmico – GCD’s, recomenda-se seguir os três passos a seguir:
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Tela 13 |
Selecionando um horizonte de tempo – Escolher um horizonte de tempo para os gráficos é uma decisão importante porque o horizonte de tempo afeta a quantidade e tipo de informação presentes no seu modelo. Eis aqui algumas dicas:
Observe novamente a lista de variáveis. Visualize o comportamento ao longo do tempo para cada variável – desde o Passado recente até o Agora. Então, tente reconstruir o comportamento da variável desde o Passado. Agora, deve-se imaginar como será o comportamento Futuro dessa variável se nada mudar. Esses experimentos de “pensar o comportamento das variáveis ao longo do tempo” ajudam a construir uma “grande imagem”, como uma fotografia, das mudanças ocorridas. É preciso ter em mente que os GCD’s podem ter um formato mais livre e intuitivo do que gráficos baseados em dados estatísticos. A intenção é obter gráficos de comportamento qualitativo, muito mais do que valores precisos. Naturalmente, esses padrões poderão ser verificados com dados quantitativos mais tarde. |
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Tela 14 |
4 - Desenhando os gráficos Eis aqui algumas dicas de como desenhar um gráfico, uma vez que já tenha sido determinado o horizonte de tempo:
Caso se verifique uma série de eventos significativos associados às variáveis no gráfico, pode ser que tenha sido identificada uma nova variável a ser incluída na lista. Por exemplo, suponha que o gráfico mostre que a cada três anos um grande percentual de pessoas pediu demissão voluntariamente. Nesse caso, deve-se adicionar “Demissões voluntárias” como uma nova variável e incluir seu comportamento no gráfico. |
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Tela 15 |
5 - Utilizando o GCD para construir hipóteses Uma vez desenhado o GCD inicial, o próximo passo é desenvolver hipóteses para o comportamento das variáveis, outros GCD’s e mais hipóteses e teorias de como estas variáveis estão relacionadas. Nos primeiros estágios desse processo, pode vir a sensação de “estar andando para trás”. De fato, isso é uma qualidade iterativa do pensamento sistêmico e que agrega grande valor ao trabalho de análise de problemas à medida que pode gerar vários novos “insights”. Na história da fábrica de semicondutores A-to-Z os gerentes selecionaram um horizonte de tempo e desenharam uma linha representando o comportamento de cada variável. Assim, à medida que continuaram a examinar o problema, os gerentes foram construindo hipóteses sobre os relacionamentos entre as variáveis e desenhando novos gráficos. O gráfico inicial da A-to-Z representou o comportamento das vendas, da força de vendas, lucros e lançamento de novos produtos. Observe que, enquanto o comportamento das vendas é crescente, os lucros caem e o lançamento de novos produtos mantém o mesmo ritmo de crescimento (não acompanha as vendas). Os gerentes da A-to-Z desenvolveram a hipótese de que o problema poderia estar na relação entre o total de novos produtos e os custos relacionados ao desenvolvimento desses produtos. Uma segunda hipótese levantada foi a de que poderia haver uma relação entre uma queda na venda de novos produtos e o seu preço médio de venda. Essas duas hipóteses levaram-nos a criar um segundo gráfico, denominado “Pressão dos novos produtos em Desenvolvimento”. Observe que as variáveis, no segundo gráfico, são subconjuntos ou refinamentos das variáveis anteriores. Essas variáveis foram identificadas à medida que os gerentes colheram novos dados, discutiram seu comportamento e criaram o novo gráfico. Quando aplicar esses passos em outros casos, tenha em mente que pode ser necessário realizar várias tentativas para identificar o problema, as variáveis e desenhar os gráficos. O esforço compensa, por outro lado. Uma vez que tenha conseguido determinar o problema, o próximo passo é construir um diagrama de ciclos causais para demonstrar a estrutura do sistema.
As vendas da A-to-Z aumentaram a cada três meses nos últimos dez anos, mas os lucros vêm caindo lentamente há vários anos. Enquanto isso, o lançamento de novos produtos e a força de vendas vêm crescendo a cada ano.
Quando
os gerentes da A-to-Z observaram as vendas de seus produtos ao longo do
tempo, concluíram que, embora o número de produtos tenha
crescido significativamente, os custos de desenvolvimento também
cresceram a uma alta taxa. O desenho do GCD ajudou a identificar um ciclo
de retroalimentação no qual o aumento das vendas pressionava
o desenvolvimento de novos produtos que eram mais fáceis de serem
desenvolvidos, muito mais inovadores do que potencialmente mais lucrativos. |
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Tela 16 |
Resumo O pensamento sistêmico caracteriza-se por: analisar os problemas como um “grande quadro”; balancear perspectivas de curto e longo prazo; reconhecer a natureza dinâmica, complexa e interdependente dos sistemas; considerar fatores tangíveis e intangíveis e ter em mente que todos fazemos parte de sistemas nos quais temos uma função e, à medida que os influenciamos estes também nos influenciam. Sem uma perspectiva ampla, corre-se o risco de não encontrar uma solução efetiva para os problemas. Ao invés de observar os intervalos em que aparecerão os resultados de suas atividades e a saúde da organização, algumas empresas fazem mudanças estratégicas – cortes nos custos de marketing, demitem ou contratam funcionários, elevam a produção – quando percebem uma necessidade imediata. O pensamento sistêmico mostra os comportamentos que podem levar ao sucesso em curto prazo ou as medidas que podem conduzir a melhorias em longo prazo. Entretanto, a questão não é que uma visão de longo prazo seja melhor que uma visão de curto prazo. Em termos de decisão, o ideal é balancear as duas visões, considerar as opções de curto e longo prazo e analisar o decurso das ações decorrentes das mesmas. Ao se observar o mundo sistematicamente, fica claro que todas as coisas são dinâmicas, complexas e interdependentes, ou seja, mudam o tempo todo, a vida é complexa e tudo está interligado. O pensamento sistêmico encoraja a utilização de informações mensuráveis, como o número de vendas, e informações difíceis de serem mensuradas, como motivação ou atitude dos clientes. Importante ressaltar que contribuímos para o surgimento de nossos próprios problemas. Quando se pensa os problemas como um “grande quadro”, e a longo prazo, percebemos que desempenhamos algum papel no surgimento desses problemas. O pensamento sistêmico tem qualidades únicas que o tornam uma poderosa ferramenta para a abordagem de sistemas complexos. Enfatiza a visão do todo e o papel das interconexões, reconhecendo-nos como parte do próprio sistema em que interferimos de forma que contribuímos na compreensão de como este funciona; é uma linguagem circular muito mais do que linear. O pensamento sistêmico tem um conjunto de regras que reduzem a ambigüidade e ruídos na comunicação, principalmente quando os problemas são discutidos em equipe e, por fim, oferece ferramentas visuais, como os diagramas de ciclos causais e a análise do comportamento de variáveis por meio de gráficos, os quais são ricos em conexões e favorecem os insights. A linguagem do pensamento sistêmico oferece um amplo caminho de comunicação sobre a maneira como vemos o mundo e como se pode trabalhar mais produtivamente em equipe, compreendendo e solucionando problemas complexos. O processo de descoberta das estruturas de um sistema envolve a formulação do problema, identificação das variáveis-chave da situação e o desenho do comportamento dessas variáveis em um gráfico. Todos os problemas têm origens sistêmicas. O segredo é escolher um que seja apropriado e significativo. A formulação de problemas inclui os seguintes componentes: o comportamento, uma descrição do comportamento do problema ao longo do tempo, uma medida de como o problema evoluiu através do tempo e o tempo de decurso do problema. Decidir as variáveis a serem trabalhadas é muito importante, pois estas conduzirão o restante da análise. A identificação de variáveis é um processo interativo. Inicia-se com uma lista geral e, após muitas discussões e troca de opiniões, decide-se pela exclusão ou inclusão de novas variáveis. Em alguns casos, pode ser necessário até mesmo retrabalhar o problema, desde o início. Uma vez que o problema
tenha sido formulado e as variáveis escolhidas, o próximo
passo é desenhar o comportamento das variáveis ao longo
do tempo. Gráficos podem ser utilizados para construir hipóteses
sobre o comportamento das variáveis ao longo do tempo, levando
a uma compreensão mais profunda do problema. |
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| Unidade 2 | Módulo 2 | Tela 17 |
| 1 - Modos
Fundamentais de Comportamento Dinâmico O comportamento de um sistema deriva de sua estrutura, que consiste dos feedbacks, dos estoques e fluxos e das interações entre a estrutura física e a institucional, da qual faz parte o processo de tomada de decisão por agentes que retroalimentam o sistema. Este módulo oferece uma visão geral do relacionamento entre a estrutura e o comportamento dos sistemas dinâmicos. Os modos fundamentais de comportamento dos sistemas são identificados ao longo das estruturas de feedbacks que os geram. Esses modelos incluem o crescimento, criado pelos feedbacks positivos; a busca de um objetivo, criado por um feedback negativo e as oscilações, criadas por feedbacks negativos com algum tipo de atraso na resposta do sistema. Também serão abordados modelos mais complexos, como o crescimento em forma de S, o crescimento com oscilação e o crescimento e colapso, que se originam de interações não lineares das estruturas básicas dos sistemas. |
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Tela 18 |
| Dinâmica
significa mudança e a quantidade e variedade a que estamos assistindo
nos dias atuais é assustadora. Podemos imaginar que para lidar com
tantas mudanças deve existir uma quantidade correspondente de feedbacks
negativos. Na realidade, muitas mudanças são decorrentes de
pequeno número de padrões de comportamento, como o crescimento
exponencial ou a oscilação. Nos gráficos abaixo são
apresentados alguns dos modos de comportamento mais comuns.
Desses mais comuns apresentados, os modos fundamentais de comportamento dinâmico são o crescimento exponencial, a busca de um objetivo e a oscilação. |
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Tela 19 |
| 2 - O
Crescimento Exponencial O crescimento exponencial é decorrente de um feedback positivo. Alguns exemplos já vistos foram populações, juros, conhecimento, poder, etc. O chamado crescimento exponencial "puro" tem a propriedade de dobrar o tamanho do sistema em um período de tempo fixo. O tempo gasto para ir do tamanho 1 ao 2 é exatamente o mesmo gasto para ir do tamanho 1 milhão para 2 milhões. Essa propriedade é uma conseqüência direta do feedback positivo. E o crescimento linear? Esse tipo de crescimento é, atualmente, cada vez mais raro. Ele requer que não exista um feedback entre o sistema e sua taxa de crescimento, que se mantém constante independentemente das mudanças e tamanho do sistema. Além disso, muitas coisas que aparentam ter um crescimento linear estão sendo analisadas em curtos períodos de tempo, de modo que é difícil observar sua aceleração. Os gráficos a seguir mostram alguns exemplos de crescimento exponencial. As curvas que representam o crescimento desses sistemas nem sempre são perfeitas, devido às variações nas taxas de crescimento, nos feedbacks e outras perturbações do ambiente. O importante é notar o comportamento dominante no modelo. |
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Tela 20 |
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Tela 21 |
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3
- A busca de um objetivo
Os feedbacks positivos promovem o crescimento e a mudança. Já os negativos negam a mudança e tendem para o equilíbrio e podem agir no sentido de que um determinado sistema se oriente a um determinado objetivo. Para isso, o estado atual do sistema é comparado com o objetivo. Se existir alguma discrepância, ações corretivas vão ser tomadas para conduzir o sistema aos seus objetivos. Quando temos fome nos alimentamos, se estamos cansados, dormimos para restaurar as energias. Se os estoques de uma empresa caem abaixo do mínimo, novos pedidos de suprimentos serão feitos.
Cada feedback negativo inclui um processo para comparar a condição atual com a condição desejada e as ações corretivas a serem tomadas. Em alguns casos o objetivo de um sistema e as ações a serem tomadas são explícitas e controladas por um decisor (o gerente de compras, no exemplo dos estoques). Em outros casos, tanto os objetivos e as ações encontram-se implícitos. A quantidade de sono que necessitamos, por exemplo, é um fator psicológico que foge ao controle do consciente. O equilíbrio da temperatura da terra depende do fluxo de energia solar, da vegetação e dos gases presentes na atmosfera, entre outros fatores físicos. Uma xícara de café quente esfria por meio de um feedback negativo até o seu objetivo, que é a temperatura do ambiente (apesar de preferirmos café quente). |
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Tela 22 |
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Em
alguns casos, a taxa pela qual um sistema se aproxima de seu objetivo
diminui à medida que a discrepância é menor. É
raro encontrar uma taxa de aproximação constante e que,
assim que o objetivo é atingido, se reduz a zero. A taxa de aproximação
é gradual porque a diferença entre o estado atual do sistema
e seus objetivos é grande e se reduz na mesma proporção
em que diminui a diferença.
Os gráficos a seguir mostram sistemas que têm comportamento orientado a um objetivo.
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Tela 23 |
| 4
- Oscilação A oscilação é o terceiro modo fundamental de comportamento observado nos sistemas dinâmicos. Assim como a busca de um objetivo, as oscilações são causadas por um feedback negativo. O estado do sistema é comparado com seu objetivo e medidas corretivas são tomadas no sentido de eliminar as discrepâncias. Contudo, o objetivo é sempre ultrapassado, gerando o movimento oscilatório. Esse problema tem origem em "atrasos" no sistema 'que causam ações corretivas contínuas, que não param quando o sistema atingiu seu objetivo, forçando o mesmo a um ajuste e gerando uma nova correção no sentido inverso. As oscilações estão entre os modos mais comuns de comportamento de sistemas. Como mostrado na figura abaixo, podem ocorrer atrasos nas informações do ciclo.
Pode ocorrer atraso na medição e percepção, nas ações administrativas e tomada de decisões e entre o início das ações corretivas e seu efeito no estado do sistema. Em uma empresa, por exemplo, leva tempo para se medir e fazer os relatórios dos estoques, leva tempo para os gerentes decidirem qual a quantidade a ser produzida, leva tempo para as matérias-primas chegarem na empresa, leva tempo para os produtos serem confeccionados, etc. Se esses atrasos forem longos haverá oscilação nos estoques da empresa. |
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Tela 24 |
| As oscilações
nos sistemas de negócios (e em muitos outros sistemas da vida real)
não são perfeitamente regulares e nem poderíamos esperar
que fossem. Muitas pessoas imaginam que os sistemas são previsíveis
como a órbita dos planetas ou o balanço do pêndulo de
um relógio. Os planetas são controlados por rígidas
forças universais e os pêndulos são cuidadosamente desenhados
para gerar o movimento. Sistemas biológicos, sociais e econômicos,
pelo contrário, são constantemente bombardeados por perturbações
que fazem com que o movimento oscilatório ocorra, porém de
uma maneira irregular. Isso é o que pode ser visto nos gráficos
a seguir.
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Tela 25 |
5
- Interações dos modos fundamentais
Os três modos básicos de comportamento - crescimento exponencial, busca de um objetivo e oscilação - são causados por três estruturas básicas de feedbacks: feedback positivo, feedback negativo e feedback negativo com atrasos. Outros padrões mais complexos de comportamento ocorrem devido às interações não lineares dessas estruturas com outras. |
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Tela 26 |
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6 - Crescimento em forma de S Nada pode crescer (ou diminuir) para sempre: em um momento ou outro esse crescimento será constrangido. Um modo comum de comportamento em sistemas dinâmicos é o crescimento em formato de S. O crescimento, no princípio, é exponencial mas, gradualmente, a velocidade de crescimento vai diminuindo até que o sistema encontra seu equilíbrio. O formato da curva lembra um S, daí o seu nome. Para que este comportamento seja melhor compreendido vamos utilizar um exemplo ecológico.
A capacidade de um determinado ecossistema suportar uma população de organismos é determinado pela disponibilidade de recursos no ambiente e pelas necessidades dessa população. À medida que a população se aproxima do limite do ecossistema os recursos disponíveis per capita vão diminuindo até que o equilíbrio populacional é encontrado. |
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Tela 27 |
| Similarmente, os negócios e as organizações crescem no contexto de um mercado que impõe limites aos seus crescimentos. Esses limites, como nas populações, podem variar em função das interações das empresas com seus clientes, fornecedores, funcionários, tecnologias, governo e outras entidades presentes no mercado. Os gráficos a seguir mostram alguns exemplos de crescimento em formato de S. Seja o crescimento de uma planta, a difusão de um novo produto ou serviço (como a TV a cabo) ou a adoção de uma nova idéia ou tecnologia, o crescimento sempre encontra os seus limites. |
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Tela 28 |
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7 - Crescimento em forma de S com oscilação O crescimento em forma de S necessita que o feedback negativo aja rapidamente diminuindo o crescimento à medida que o sistema se aproxima de seu limite. Algumas vezes, entretanto, ocorrem significativos atrasos no feedback negativo levando à possibilidade de que o sistema ultrapasse um pouco o seu limite, retorne, em função das ações desencadeadas e fique oscilando. Dois exemplos são apresentados nos gráficos a seguir:
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Tela 29 |
| 8
- Crescimento e Colapso
Um fator crítico do crescimento em forma de S é que o limite dos sistemas é fixo. No entanto, algumas vezes esses limites podem ser rompidos, como no caso do crescimento de uma população. Quando isso ocorre é possível que os recursos do ambiente se esgotem e os indivíduos comecem a morrer de fome e doença provocando o declínio. Se não houver uma regeneração da capacidade do sistema (se os recursos não são renováveis, por exemplo) o sistema tenderá para a extinção.
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Tela 30 |
| No mundo
dos negócios podemos ver esse comportamento no ciclo de vida de um
produto. É o caso das vendas da Atari, por exemplo, mostrado em um
dos gráficos a seguir.
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Tela 31 |
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Outros modos de comportamento Os modos de comportamento mostrados nos itens anteriores são apresentados pela maior parte dos sistemas dinâmicos. Existem, no entanto, outros padrões, como por exemplo o equilíbrio e a variação randômica. 9 - Equilíbrio Alguns sistemas parecem estar em equilíbrio porque as mudanças que os afetam são imperceptíveis de tão lentas ou porque possuem um poderoso feedback negativo que mantém o sistema praticamente constante apesar das mudanças no ambiente. Um exemplo é a força da gravidade que mantém nossos corpos presos à Terra.
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Tela 32 |
| 10
- Variação randômica
Muitas variáveis aparentam comportamentos randômicos. Em muitos casos, o comportamento randômico é a medida de nossa ignorância, aquilo que não conseguimos compreender. Quando alguém diz que há uma variação randômica na demanda de um produto de uma determinada empresa, por exemplo, pode ser que, na realidade, esse alguém desconheça as razões pelas quais isso acontece.
Ninguém pode conhecer todos os motivos pelos quais um cliente decide comprar amanhã quando poderia fazê-lo hoje ou porque uma determinada máquina quebrou agora e não três horas mais tarde. |
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Tela 33 |
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Resumo A estrutura de feedback de um sistema guia seu comportamento. Muitos sistemas dinâmicos observados no mundo real são exemplos de um conjunto básico de padrões ou modos de comportamento. Três desses modos são fundamentais: crescimento exponencial, busca de um objetivo e oscilação. Cada um desses modos é gerado por uma estrutura específica de feedback. O crescimento exponencial é gerado por um c feedback positivo, a busca de um objetivo é gerado por um feedback negativo e a oscilação é gerada por um feedback negativo com atrasos. Padrões mais complexos como o crescimento em forma de S com ou sem oscilação e o crescimento e colapso resultam de interações não lineares das estruturas de feedback. |
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| Unidade 2 | Módulo 3 | Tela 34 |
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1 - Feedback Os feedbacks negativos proporcionam estabilidade para os sistemas em nosso ambiente. Como então ocorre a mudança e o crescimento? Algumas mudanças ocorrem quando um feedback negativo deixa de funcionar. Outras mudanças são resultados da ação dos próprios feedbacks negativos, quando eles tentam se adaptar a mudanças ocorridas em outras partes do ambiente em que estão inseridos, ou funcionam com atrasos, forçando o sistema a atuar além do seu limite, degenerando-o e modificando-o. Exemplos: (1) Uma pessoa tem uma insolação
(2) Um sistema social se torna instável e entra em colapso
E, finalmente, algumas mudanças ocorrem probabilisticamente, como ganhar sozinho na loteria ou a erupção de vulcão. Mas a maior chance de mudança tem origem em uma espécie completamente diferente de feedback, o chamado "feedback positivo". |
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Tela 35 |
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Os feedbacks ocorrem quando uma mudança em uma parte de um sistema afeta o sistema como um todo o que, por sua vez, "retroalimenta" o sistema e afeta o componente que deu origem à mudança. Feedbacks negativos trabalham no sentido de eliminar, negar ou cancelar as mudanças. Quando uma parte do sistema se desvia do objetivo, o ciclo de feedback negativo busca trazê-lo de volta. Mas o que acontece se o feedback fizer exatamente o inverso e, a cada mudança no sistema, "retroalimentar" o mesmo no sentido de causar mudanças ainda maiores? Inicia-se um processo de mudança seguido por novas mudanças até que algo interrompa o ciclo. Esse processo é denominado de "feedback positivo" porque ele aumenta, amplifica ou causa alguma perturbação no sistema. Quem de nós já não esteve em um espetáculo ou em uma palestra e ficamos incomodados ou até assustados com o terrível barulho de uma microfonia? A microfonia é causada por um ciclo de feedback positivo. Um microfone captura o som e o converte em um sinal elétrico. O sinal é então multiplicado em intensidade pelo amplificador e emitido por meio de uma caixa acústica que dispersa o som pelo ambiente. Eventualmente, uma quantidade desse som pode retornar ao microfone, principalmente se ele estiver próximo da caixa acústica. Como este som que atingiu o microfone é mais forte que o som original, ele é convertido em um sinal elétrico de maior intensidade em direção ao amplificador. |
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Tela 36 |
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O amplificador irá aumentar ainda mais a intensidade do sinal que sairá pelas caixas acústicas. O ruído produzido irá atingir novamente o microfone ainda com maior intensidade. Cada vez que percorre esse ciclo, o ruído será multiplicado várias vezes em sua intensidade até que as caixas acústicas produzam o máximo de barulho possível. Em outras palavras, cada vez que o sistema é retroalimentado produz mais mudança.
O som e a eletricidade têm uma velocidade tão grande que um sinal pode percorrer esse feedback positivo milhares de vezes em um segundo. O barulho parece encontrar seu ápice quase que instantaneamente. Uma vez que a microfonia ocorra, ela irá continuar até que alguém faça algum tipo de intervenção ou o equipamento se danifique. Para eliminá-la devemos interromper o ciclo de feedback. Não é necessário desligar o amplificador para isso, basta cobrir o microfone com as mãos ou levá-lo para longe da caixa acústica. Na verdade, é necessário uma ação que faça com que o feedback positivo seja interrompido.
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. |
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Tela 37 |
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Embora esse ciclo ocorra de uma maneira muito mais lenta do que um amplificador de som, as chamadas aplicações financeiras funcionam como um "amplificador de dinheiro" por meio de um feedback positivo. Suponha que apliquemos R$ 10.000,00 em dinheiro em um banco e o mesmo nos pague 12% de juros ao ano. Uma vez que 12% de R$ 10.000,00 são R$ 1.200,00, ao final de um ano, se não fizermos nenhuma retirada teremos os R$ 10.000,00 iniciais, mais R$ 1.200 de juros, totalizando R$ 11.200,00. Se deixarmos o dinheiro no banco por mais um ano teremos mais 12% de R$ 11.200,00, que são R$ 1.344,00, totalizando R$ 12.544,00. No terceiro ano teremos novamente mais 12% de juros, que são R$ 1.505,28, totalizando R$ 14.049,28. A tabela mostra como o capital irá crescer, ano após ano.
Como se pode observar, os juros mais do que quintuplicam o capital em 15 anos. E o processo continua pelos anos seguintes gerando juros cada vez maiores. O primeiro montante de juros é uma retroalimentação positiva no sistema.
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. |
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Tela 38 |
| Cada vez que o tempo corre e passa mais um ano, um novo feedback acontece, aumentando o capital. Ou seja, o processo de retroalimentação positiva amplifica a mudança. Toda a economia de um país pode se comportar da mesma forma. Fazendas, mineradoras, fábricas e negócios crescem constantemente, transformando coisas de pouco valor em outras de maior valor. Ao invés de consumir todo o lucro das empresas, os empreendedores podem investir parte dele a cada ano ou período, criando novas fazendas, mineradoras, fábricas e negócios. Com isso geram mais riqueza que é novamente investida, gerando mais riqueza. Mais uma vez, o que está em ação é um feedback positivo, dessa vez, aumentando a riqueza da sociedade.
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. |
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Tela 39 |
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Organismos unicelulares, como as bactérias, são capazes de reproduzir sempre que existam condições favoráveis. Imagine uma única célula que se divide em duas separadas. Cerca de 30 minutos depois cada uma dessas células se divide novamente formando quatro novas células. Após mais 30 minutos elas se dividem novamente criando oito novas células, que se dividem novamente formando 16 e novamente formando 32, 64, 128, 256 e assim por diante, dobrando de número a cada meia hora. Acredite ou não, existirão mais um milhão de células depois de 10 horas e, após um dia, serão mais de 280 trilhões de bactérias, todas originadas apenas de uma única célula.
Todos os sistemas vivos utilizam esse sistema para crescer. Assim como quase todos os animais (e plantas), tudo se inicia com uma única célula fertilizada, que se divide em duas, em quatro, em oito e assim por diante. Ao contrário das bactérias, nossas células permanecem agrupadas ao invés de ficarem separadas. |
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Mais cedo ou mais tarde essas células agrupadas começam a assumir diferentes funções, algumas delas assumindo a função de pele, outras formando os músculos e outras formando os nervos. Felizmente, cada célula é também pré-programada para interromper a divisão quando atingir uma determinada condição. Caso contrário, nos manteríamos crescendo rapidamente até que esse próprio crescimento nos matasse. Isso é o que acontece quando as pessoas desenvolvem câncer: algumas células não recebem o sinal para parar de se reproduzir, ou o cérebro, por algum motivo (como uma agressão ao organismo) ordena que as células reiniciem a divisão, permitindo que o feedback positivo se reinicie. As células cancerosas continuam então a se multiplicar até destruir algum órgão vital do corpo. Quando observamos um nível superior dos sistemas vivos, observamos que as espécies crescem do mesmo modo que as células. Tomemos emprestado o exemplo dos coelhos. Suponha que tenhamos uma criação de coelhos com 10 fêmeas (o número exato de machos não importa). |
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Vamos pressupor que cada uma dessas fêmeas dê a luz a dez coelhinhas, que crescerão e logo estarão aptas a darem a luz a mais dez coelhinhas cada uma. Nessa taxa de crescimento, teremos dez fêmeas adultas na primeira geração, uma centena na segunda, mil na terceira, dez mil na quarta, cem mil na quinta e um milhão de fêmeas na sexta geração. Naturalmente, as condições reais raramente permitem uma taxa de crescimento como essa, porém, se as condições permitirem, os coelhos estão aptos a usar esse feedback positivo para se expandir muito rapidamente. Como exemplo, quando alguém foi tolo o bastante para levar para a Austrália os primeiros coelhos algumas décadas atrás, eles (os coelhos) encontraram um ambiente muito propício para a reprodução. Em uma década ou duas esses poucos coelhos transformaram-se em milhões e se espalharam por cada canto do continente... procriando como coelhos, entende? Resumindo, vimos como sistemas mecânicos, econômicos e biológicos usam o feedbacks o positivos para amplificar as mudanças. Existiriam outros? A resposta é que existem muitos, muito mais exemplos de feedback positivo do que podemos imaginar. De fato, feedbacks positivos são tão comuns como os negativos. |
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2 - Conhecimento Dois outros feedbacks positivos - o conhecimento e o poder - são particularmente importantes.
Um dos feedbacks positivos que tem tido uma grande influência sobre a raça humana é o que controla o crescimento do conhecimento. Nos tempos pré-históricos o conhecimento se acumulava muito lentamente. Um indivíduo aprendia algumas coisas sobre o ambiente em que vivia por meio da experiência direta e por meio de outros membros da tribo. Em sua curta existência, ele podia aprender apenas poucas coisas e passar para os outros, como, por exemplo, uma nova maneira de fazer uma flecha ou de se cultivar algo. Mas ele não tinha como fazer medidas precisas, tinha pouco tempo para estudar as coisas que afetavam a sua sobrevivência e nenhum meio para registrar o que havia aprendido. Quando ele morria, muito do que havia aprendido morria junto. O conhecimento podia ser armazenado apenas na frágil memória humana. |
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Se indivíduos com muito conhecimento morriam antes de ensinar para outras pessoas o que eles haviam aprendido, toda a informação era perdida, e a próxima geração poderia surgir com menos conhecimentos do que a geração anterior. Em condições normais, praticamente não havia acúmulo de conhecimentos. Durante muitos milhares de anos, os ganhos superaram as perdas, porém por uma margem muito pequena. Uma epidemia ou uma crise de alimentos podia enterrar o pouco conhecimento adquirido para sempre. Desse modo, o progresso seguia muito lentamente. Gradualmente, uma quantidade de conhecimento suficiente foi acumulada pelas pessoas, que podiam viver de um modo mais eficiente. Invenções como o fogo, agricultura e astronomia os protegia do mundo hostil e os ajudava a terem alimentos. Esse acúmulo de conhecimentos trouxe mudanças que permitiram que mais conhecimento fosse gerado. |
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As pessoas passaram a viver mais tempo, com a vida mais calma, de modo que podiam dispender mais tempo e esforço aprendendo sobre o mundo e transferindo esse conhecimento para outros. Eles preservaram esse conhecimento desenhando nas paredes das cavernas onde viviam e em histórias e canções que entoavam e passavam por gerações. Apesar disso, a acumulação de conhecimentos seguia muito lentamente, até que a invenção da escrita, há cerca de 5.000 anos atrás, foi o caminho que as pessoas encontraram para registrar e preservar seus conhecimentos para as futuras gerações, sem utilizar apenas a fala. As informações não se perdiam devido à morte das pessoas.
Não era mais necessário para um indivíduo gastar tempo ensinando coisas para outras pessoas. As invenções não precisavam mais ser registradas por meio de desenhos nas paredes. A escrita tornou-se um registro permanente para qualquer um que desejasse adquirir mais conhecimento (inclusive sobre a própria escrita). |
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A escrita acelerou o processo de acumulação de conhecimentos. O desenvolvimento de técnicas precisas de medida e cálculo, especialmente o desenvolvimento da aritmética e da geometria, também fez com que o processo se acelerasse ainda mais. Maiores conhecimentos também permitiram às pessoas produzir mais alimentos e cuidar melhor da saúde, o que permitiu que mais pessoas gastassem seu tempo adquirindo mais conhecimentos. Não por acaso, as pessoas descobriram que elas podiam aprender mais e mais depressa se elas fizessem isso de modo sistemático, e pesquisaram maneiras de fazer isso ainda melhor. O resultado foi um processo denominado Ciência, que não é nada mais do que um conjunto de orientações dos meios mais efetivos de compreender o mundo ao redor de nós. Algumas dessas ferramentas são a lógica, a matemática, a estatística e dispositivos como microscópios e telescópios que nos levaram a ver ou medir coisas que não podíamos observar diretamente. |
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O que ocorreu de mais de importante no desenvolvimento da ciência, entretanto, foi a criação de um conjunto de crenças. Os cientistas acreditam que o conhecimento pode ser acumulado mais rapidamente se determinadas regras forem obedecidas. Eles pressupõem que devemos ser absolutamente honestos sobre o que observamos, devemos escrever sobre o que vimos e distribuir isso para outros cientistas. Estes, por sua vez, devem testar tudo o que foi escrito e não apenas acreditar na opinião dos demais cientistas.
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. Naturalmente, a ciência não se desenvolveu de uma vez só, e muitos problemas ainda perturbam a acumulação do conhecimento. Por exemplo, existem muitos, mas muitos mesmo, erros decorrentes de crenças que foram misturadas a fatos do passado. Além disso, copiar documentos à mão é um processo muito caro e lento e não raras vezes algumas cópias de documentos eram destruídas. |
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A grande biblioteca de Alexandria do Egito antigo foi destruída pelo fogo com todo o seu conteúdo, e não havia nenhuma cópia de seus livros, documentos e registros em qualquer parte do mundo. Só sabemos que importantes escritos sobre a antiga Grécia, Roma e Egito existiram porque outros documentos se referem ao mesmo.
No século XVI, contudo, Johann Gutenberg desenvolveu um método simples e barato para imprimir muitas cópias de um mesmo livro. Isso permitiu que o conhecimento se acumulasse e se difundisse ainda mais rápido. Tornou-se mais difícil perder informações uma vez que várias cópias de um mesmo material eram impressas e distribuídas, e tornou-se muito fácil para qualquer pesquisador ou estudante ter acesso ao conhecimento. O resultado de todo esse conhecimento foi uma aceleração contínua em sua taxa de acumulação. Inicialmente, ele era muito difícil de ser acumulado. Então, gradualmente foi crescendo até que o desenvolvimento da ciência moderna e da impressão causou uma verdadeira explosão de conhecimentos. |
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Em adição, quanto mais conhecimento adquirimos, mais fácil é criar novos conhecimentos. Se tentarmos construir um avião, muitos especialistas na sociedade sabem como fazer motores e combustível. Se desejarmos abrir um novo negócio, na biblioteca pública ou das faculdades será possível encontrar dúzias de livros que ensinam como fazer isso. Além disso, por mais conhecimento que tenhamos adquirido, existe na sociedade cada vez mais pessoas que dedicam seu tempo à procura de novos conhecimentos. Para se ter uma idéia, 90% dos cientistas que já viveram continuam vivos e trabalhando até hoje! Em outras palavras, embora não possamos ver ou tocar o conhecimento ele continua a crescer por meio de um feedback positivo da mesma forma que os negócios e os coelhos crescem. O único limite para esse ciclo de crescimento é que, podemos chegar a um ponto em que teremos acumulado tanta informação que será difícil encontrar a informação que desejamos. Felizmente, modernos computadores podem lidar com essa explosão de informações organizando o conhecimento gerado e recuperando-o muito mais rapidamente de nós mesmos faríamos procurando um livro em uma estante. Uma vez que os computadores são produtos da própria explosão do conhecimento, eles também contribuem de maneira assustadora para esse feedback positivo. |
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3 - Poder Outro importante feedback positivo pode ser menos interessante para muitas pessoas. Um deles é o ciclo de feedback do poder, que tem criado problemas para as pessoas desde o início das civilizações. Um ciclo de crescimento do poder trabalha da seguinte forma: quando um indivíduo (ou grupo) ganha poder em uma sociedade por meio da riqueza, da violência, da religião, da política ou por outros meios, ele passa a ter a capacidade de prejudicar ou ajudar outras pessoas. Essas outras pessoas, por sua vez, desejam estar afinadas com quem detém o poder, evitando hostilidades ou obtendo algum ganho. A partir desse momento, o detentor do poder passa a ter não apenas a força do poder original, tem também um grupo de pessoas que fazem o que ele deseja, o que lhe dá poder para ajudar ou prejudicar mais pessoas. |
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Como resultado, quanto mais pessoas desejarem apoiá-lo a fazer as coisas que ele deseja, mais poder ele terá. Se nada for feito para interromper o processo, esse indivíduo poderá vir a controlar toda a sociedade. Isso, de fato, é o que tem acontecido através da história, quando tiranos e ditadores tomam o controle da sociedade. O melhor exemplo talvez tenha sido de Hitler na Alemanha ou o de Stalin na Rússia ou o de Mao na China.
Como o poder pode ser acumulado muito rapidamente, qualquer sociedade que deseje evitar um poder ditatorial deve encontrar meios de controlar e restringir esse feedback positivo. De fato, a democracia, apesar de todos os problemas que conhecemos, parece ser o regime político que, até o momento, consegue deter ou amenizar de uma maneira eficiente esse feedback. |
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| A história recente do Brasil mostra que, após algumas experiências ditatoriais, ações efetivas de controle do feedback se tornaram possíveis, como o impeachment de um Presidente da República e a cassação e condenação de políticos poderosos.
O Código de Defesa do Consumidor é um outro ótimo exemplo, que fez com que as mais diversas organizações deixassem de exercer um poder absoluto sobre os consumidores, buscando melhores formas de relacionamento e padrões de qualidade superiores em produtos e serviços. |
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4 - Benefícios e custos Os exemplos relacionados anteriormente foram propositais. O crescimento do conhecimento, da população, da riqueza e do poder são as grandes forças para as mudanças na atualidade. A evolução e acumulação do conhecimento, ao permitir às pessoas terem vidas mais seguras, longas e com mais saúde tem contribuído para o crescimento da população. O crescimento da riqueza e do conhecimento são interdependentes: invenções e descobertas sobre o modo como o mundo funciona tem orientado as pessoas a aplicarem seus excedentes financeiros em coisas jamais sonhadas antes e a produzir riqueza nunca imaginadas. Entretanto, tanto a riqueza como o conhecimento podem também contribuir para a acumulação de poder. Os conhecimentos da física e da química podem dar poder a algumas pessoas sobre as outras, como novas armas e novas maneiras de manipular as mentes das pessoas. |
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Juntos, o crescimento atual do poder, da riqueza, do conhecimento e da população cria uma situação sem precedentes, de rápidas e contínuas mudanças. E uma das tarefas básicas de nossos tempos é encontrar maneiras de controlar essas mudanças. Os feedbacks positivos também afetam nossas vidas de diversas outras maneiras. Um rumor, uma fofoca, uma "corrente" (quem nunca recebeu uma corrente por e-mail?) ou uma epidemia (cólera, dengue, AIDS, etc.), tudo isso é resultado dos feedbacks positivos, assim como as reações químicas ou nucleares. O que todos têm em comum é o fato de que uma pequena faísca pode causar um incêndio de enormes proporções. Isso significa que são muito perigosos. Como conseqüência, os ciclos de retroalimentação positiva são mantidos sob rigoroso controle, tanto nos sistemas biológicos como nos sociais. |
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5 - Relações entre feedbacks positivos e negativos Os feedbacks negativos trabalham criando estabilidade. Os feedbacks positivos amplificam ou adicionam mudanças. Portanto, preste atenção: não julgue antecipadamente este ou aquele como um bom ou mau feedback, ou uma boa ou má retroalimentação. Negativo e positivo são termos que não guardam valor de juízo quando da análise dos sistemas. E lembre-se:
Anteriormente foi discutida a origem do pensamento sistêmico. No início, as pessoas pensavam que a melhor maneira de estudar um sistema era descobrir do que ele era feito e então estudar suas partes. Gradualmente, perceberam que o mais importante era compreender como suas partes estavam organizadas. Persistia, contudo, um equívoco: imaginavam que a organização de um sistema era única, somente dele. Apenas nos últimos cinqüenta anos as pessoas começaram a entender que todos os sistemas complexos têm muitas coisas em comum no modo como estão organizados, embora seus componentes possam ser muito, mas muito diferentes. |
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6 - Mais e menos A organização de todos os sistemas complexos é construída por meio de dois elementos simples que foram analisados até agora neste curso: os feedbacks negativos e positivos. Se imaginarmos que nossos corpos são construídos basicamente por "blocos" de átomos, os feedbacks negativos e positivos são responsáveis por nossa organização e constituição física. O mesmo será verdade para qualquer outro tipo de sistema. Essa similaridade nos fornece uma poderosa ferramenta. Agora que compreendemos as unidades básicas da organização, podemos procurar por elas em qualquer espécie de sistema e observar as similaridades entre o comportamento de um sistema e um outro. |
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Isso significa que podemos aplicar nossas experiências adquiridas de um sistema em outro, posteriormente. Também significa que uma vez que tenhamos compreendido como os "blocos" são construídos analisando um caso, seremos capazes de transferir essa aprendizagem para outros campos de estudo, ao invés de ter de começar a análise desde o começo.
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. Vamos aprofundar um pouco mais e examinar as diferentes maneiras com que os feedbacks podem ser ligados de forma a construir sistemas mais complexos. Quando nos referimos ao crescimento populacional anteriormente - não importa se sobre coelhos, pessoas ou bactérias - discutíamos acumulações por meio dos feedbacks do sistema: quanto mais coelhos tivermos, mais eles irão copular, mais coelhos nascerão e assim por diante. Por outro lado, como a população de coelhos cresce, o número de coelhos que morrem também cresce. Esse é o feedback negativo do diagrama. Os dois feedback trabalham um contra o outro. Se dez coelhos nascem e seis morrem, a população crescerá em quatro coelhos - ou seja a diferença entre o feedback que acumula e o feedback que diminui a população. Porém se doze coelhos morrerem para cada dez que nascerem, a população irá decrescer. Em outras palavras, o comportamento do sistema depende do feedback mais forte ou poderoso. Se a taxa de natalidade é alta, a população cresce, se a taxa de mortalidade é alta, a população declina. |
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Esse processo não se limita às populações de coelhos, pessoas ou outros seres vivos: o mesmo princípio básico aplica-se a muitos outros sistemas. Por exemplo, vimos que o crescimento do conhecimento da sociedade depende da taxa de aprendizagem e da "taxa de esquecimento". Se mais coisas são aprendidas do que esquecidas, os estoques de conhecimento aumentam e vice-versa.
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. |
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Atualmente o acúmulo de conhecimentos é dificultado devido ao crescimento exponencial das informações. A citar as ferramentas de buscas (Google, Altavista etc.) que agregaram em 2006 10 exabyte (10018; bytes) de informações e crescem 30% ao ano. Alguns estudos indicam que nosso cérebro consegue armazenar ínfimos 30 megabytes anualmente(30*106 bytes).A PCWorld estimou em 2008 o conteúdo da internet em 281 exabytes. Utilizar as ferramentas tradicionais na Internet para busca de uma única palavra gera dezenas ou centenas de milhares de ocorrências, tornando impraticável uma consulta intensiva. Contudo, existem outras ferramentas de busca que agregam informações em supercategorias ou subcategorias, realizando um filtro agregado das ocorrências (clustering). Verifiquem a riqueza de informações agrupadas realizando a busca “pensamento sistêmico” nos seguintes sites: (1) http://www.iboogie.com/ 166 resultados agregados
em categorias); É mais acessível explorar intensivamente as centenas de ocorrências agrupadas em clusters do que tentar acessar as 56.400 ocorrências de “pensamento sistêmico” resultantes do programa de busca tradicional. Portanto o filtro de informações fornece dois feedbacks positivos:aumentar a aprendizagem e e reduzir o esquecimento.
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. |
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O mesmo diagrama pode ser aplicado à economia. Se uma empresa fatura mais do que ela gasta, ela crescerá, caso contrário, poderá falir em pouco tempo. Uma outra maneira de falar sobre o mesmo assunto, em termos de toda a sociedade, é pensar nossa capacidade de produzir riquezas (capital) - fazendas, minas, fábricas e negócios - como uma população. Se as máquinas se depreciarem mais rápido do que a renovação do parque industrial por meio de investimentos, a capacidade da sociedade produzir mais riqueza irá diminuir. Por outro lado, se mais capital é produzido do que perdido a cada ano, a riqueza da sociedade irá aumentar.
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. |
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| 7 - Múltiplos Feedbacks Pergunta-se: o que controla a taxa pela qual os feedbacks positivos e negativos trabalham? Voltemos ao diagrama da população de coelhos e adicionemos alguns outros feedbacks. A primeira pergunta a ser feita é: que coisas podem afetar a taxa de mortalidade dos coelhos? Uma delas é, obviamente, a disponibilidade de alimentos. Se houver bastante comida para cada coelho, teremos montes de coelhos fortes e saudáveis e que viverão muito tempo. Por outro lado, se não existir comida suficiente, alguns coelhos irão ficar fracos, adoecer e morrer, devido à fome:
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. |
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Agora, as duas coisas que determinam a quantidade de alimento para cada coelho são a disponibilidade de comida em uma área em particular e o número de coelhos na mesma área. Vamos assumir, inicialmente, que a quantidade de alimentos seja sempre a mesma. Temos agora um feedback adicional negativo: como o número de coelhos aumenta, a quantidade de comida disponível para cada coelho diminui. Como conseqüência, a taxa de mortalidade aumenta e a população de coelhos começa a diminuir.
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. |
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Quais seriam as outras coisas que afetam a taxa de mortalidade? Assim como os cervos, a que nos referimos anteriormente, os coelhos são vítimas de predadores e doenças. Mais coelhos implica em mais predadores, mais predadores implicam em uma maior taxa de mortalidade e uma taxa de mortalidade alta implica em uma população de coelhos cada vez menor. De modo similar, quanto mais coelhos existirem, mais fácil será a contaminação por doenças transmissíveis, reduzindo igualmente a população. Observemos o diagrama:
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. |
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Esquecemos de alguma coisa? Suponha que os coelhos se reproduzam tanto que formem uma superpopulação. É fato que uma superpopulação causa stress e que o stress estimula as glândulas produtoras de adrenalina. Se estas glândulas são continuamente estimuladas durante muito tempo, os coelhos podem morrer repentinamente, o que os biólogos chamam de "choque". Quando eles estão em estágio acentuado de tensão, podem entrar em convulsão e morrer rapidamente, em função dos estímulos do ambiente - como um forte barulho ou mesmo o surgimento inesperado de um coelho do sexo oposto. De fato, eles morrem literalmente de medo ou de excitação. Desse modo, se todos os demais feedbacks negativos, incluindo comida, predadores e doenças, falharem, o último feedbacks, causado pela superpopulação, irá atuar. Este último feedback negativo é raramente encontrado na natureza porque os demais são bastante efetivos para controlar a população da maioria das espécies. Quando encontrados, entretanto, são espantosos. Os lemingues, pequenos roedores da Escandinávia, que marcham em direção ao mar e se jogam aos milhões dos penhascos em um suicídio coletivo, fenômeno que ocorre aproximadamente de 4 em 4 anos. |
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Muitas pesquisas indicam que esse fenômeno é decorrente dos distúrbios causados pela superpopulação. Outras espécies, como os cruza-bicos (pássaros da Europa) e os gafanhotos dos desertos africanos também apresentam aumentos maciços da população, fenômeno conhecido como irrupção. Outros animais utilizam a quantidade de comida ou espaço disponível para controlar suas populações, mas muitos outros fazem isso controlando a taxa de natalidade ao invés da de mortalidade. Como exemplo, muitas espécies de pássaros somente se acasalam, constroem ninhos e põem ovos se o território em que habitam tiver certa população. Se a população torna-se muito grande para o território e não houver mais espaço disponível, esses pássaros param de gerar filhotes. Esta mesma tática é utilizada por uma grande variedade de animais, incluindo lobos, leões e muitos outros. Essa também é a forma básica pela qual as populações de plantas são controladas. |
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Por exemplo, se as árvores em uma determinada área são muito escassas, as sementes que brotam recebem sol suficiente para crescer. No entanto, à medida que as novas árvores forem crescendo, a área vai se tornar mais sombreada dificultando o crescimento de novas árvores.
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| Todos os fenômenos podem ser representados em feedbacks que afetam tanto a taxa de natalidade como a de mortalidade:
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. Obs.: todos os feedbacks do diagrama são negativos, exceto o que relaciona população e nascimentos. |
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| Se alguém,
eventualmente desejar interromper o crescimento de uma população,
deverá analisar cada situação em particular. Muitas vezes,poucos fazem a maioria do trabalho, enquanto que o resto é mantido como "reserva" para os momentos em que for necessário atuar. Esse padrão é comum em muitos tipos de sistemas e sempre trazem frustração para as pessoas que desconhecem o comportamento dos sistemas. Não é raro pessoas intervirem em um sistema para eliminar um feedback que não desejam e ficam surpresas ao verem resultados piores do que antes. Por exemplo, se uma doença é reduzida por um medicamento (suponha que as pessoas não morram mais do coração ou de câncer) e nada for feito para controlar a taxa de natalidade, a população poderá crescer a um ponto que não haja mais comida suficiente para todos gerando aumento da mortalidade.
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| Dispendemos algum tempo analisando as maneiras pelas quais uma variedade de feedbacks negativos podem limitar o crescimento produzido por um feedback positivo porque isso é uma combinação muito comum no mundo. Feedbacks positivos são tão poderosos que podem produzir inacreditáveis aumentos em alguma coisa em um curto espaço de tempo. Muitos sistemas complexos usam esse potencial para poder crescer rapidamente e reagir às mudanças no ambiente. Ao mesmo tempo, se isso é permitido a um sistema qualquer, quase sempre ele se torna destrutivo e, pode ter certeza, haverá sempre um limite de crescimento (lembra-se dos coelhos na Austrália?). Outros sistemas desenvolveram meios de parar os feedbacks positivos depois que eles tenham cumprido sua tarefa e antes que tenham se tornado destrutivos. |
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| Assim, uma das primeiras coisas a examinar em um sistema complexo é a natureza positiva e negativa dos feedbacks e o relacionamento entre eles. Normalmente, o ponto no qual as forças positivas e negativas estão em equilíbrio é o ponto no qual o sistema irá retornar de tempos em tempos, após ser perturbado por alguma mudança no ambiente em que está inserido. Esse processo de identificação dos feedbacks positivos e negativos é também importante porque nos permite distinguir as coisas que irão ter um efeito temporário sobre o sistema ou um efeito duradouro. Em síntese:
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Passemos à vida real? Vamos retomar nossa análise do ataque terrorista de 11 de setembro aos Estados Unidos. Percebemos que houve uma mudança e é incontestável a sua magnitude. Alguns historiadores consideram que, simbolicamente, o século XXI começou nessa data. Jamais os americanos (e o mundo, de uma maneira geral) imaginaram que tal fato pudesse acontecer, nem mesmo o serviço de inteligência, constantemente alerta para qualquer manifestação do ambiente externo que possa afetar o equilíbrio do sistema globalizado estabelecido. |
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Obviamente, não podemos prever com exatidão o que vai acontecer no futuro. Mas, pesquisas demonstram que pessoas que utilizam apenas a intuição para a tomada de decisão têm uma margem de erro muito maior do que aquelas que trabalham e analisam as informações, principalmente com o auxílio de metodologias como, por exemplo, o pensamento sistêmico.
A pergunta que se faz é: Essa grande mudança provocada pelos atos terroristas afetou o relacionamento dos feedbacks negativos ou positivos do sistema capitalista (ou pós-capitalista, como diria Peter Drucker) liderado pelos EUA? |
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Antes que dê uma resposta, agregue mais algumas variáveis:
Nossa intenção é apenas agregar outros valores à sua análise do fato, se é que já não o tenha feito. Pensar sistematicamente sobre os problemas nos ajuda a encontrar soluções menos óbvias para os problemas, sejam pessoais ou mundiais, evitando tomar decisões que levem o sistema a uma condição pior do que ele se encontrava inicialmente. |
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8 - Competição A maioria dos exemplos de que tratamos lidam com a combinação de muitos feedbacks negativos em contrapartida a um positivo. O que acontece se um sistema tem mais de um feedback positivo? Observe, por exemplo um diagrama representando as populações de ratos e corujas:
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. Feedbacks positivos aumentam a população de ratos, o que aumenta a disponibilidade de alimentos para as corujas, o que aumenta a quantidade de comida por coruja, o que reduz a taxa de mortalidade das corujas, o que reduz a população de ratos, o que reduz a disponibilidade de comida para as corujas, o que aumenta a taxa e mortalidade das corujas e reduz a taxa de natalidade, o que reduz a população de corujas, o que aumenta a população de ratos e etc., etc., etc., etc... |
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Ou, de modo mais simples:
Conforme recomendação na introdução da unidade, diagrame este modelo no Vensim, analise a causalidade em cada ciclo e confira o feedback associado. Em outras palavras, dois feedbacks em competição buscam se estabilizar por meio de feedbacks negativos para cada um deles. A competição é um dos componentes mais importantes de um sistema. Não apenas os predadores e presa competem por sua sobrevivência, como diferentes predadores competem pela mesma presa. Raposas e corujas, por exemplo, competem pelo rato - mais raposas implicam em menos alimentos para as corujas e vice-versa - e assim por diante, com vários competidores a cada nível, de modo que cada população controla a população do outro.
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... e existem outros feedbacks integrando a Ford, a Mercedes, a Toyota, a Mitsubishi, a Peugeot, a Renault, a Chevrolet, etc. Cada empresa limita o crescimento das demais de duas formas: buscando para si as maiores fatias do mercado e forçando as outras empresas a manterem uma política de preços baixos e promoções, sem as quais elas perderiam vendas. Na política, a competição é pelo poder, entre políticos, partidos políticos, aliados do governo e dentro do próprio governo. Se um determinado político não desempenha bem as funções para as quais foi eleito, seus oponentes irão denunciar esses fatos à opinião pública. Se um partido tenta manipular ideologicamente ou economicamente uma eleição, será contestado pelos demais partidos que lhe fazem oposição. Se o Congresso aprova leis que contrariam os interesses do governo, o presidente irá vetá-las. E assim por diante... |
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O conhecimento também é gerenciado dessa forma: cientistas e pesquisadores competem por status e respeito tentando fazer novas descobertas e desenvolver novas teorias. Se um determinado cientista já ganhou notoriedade - talvez ganhando um prêmio Nobel - as pessoas tendem a aceitar o que ele diz, mesmo que errado, dando-lhe maior poder e prestígio. Porém, cientistas também ganham prestígio ao descobrirem erros e contestando as teorias de outros cientistas. O resultado é que os esforços de cada cientista no sentido de ganhar prestígio funciona como um teste para o prestígio de outros cientistas. Nesse processo, as más teorias são abandonadas e as boas encorajadas. Não podemos, contudo, ser ingênuos em relação à competição. Milhares de críticas podem ser feitas à competição, principalmente quando levada aos extremos. As corujas desejam, instintivamente, capturar todos os ratos de uma determinada região. Porém, se o fizerem, estarão com sérios problemas de alimentação, assim como outros predadores dos ratos. |
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Tela 77 |
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A sociedade se beneficia da competição entre os partidos políticos, porém começará a perder se um determinado político utilizar meios ilegais para obter mais poder ou para eliminar os partidos adversários. De igual modo, a competição entre as empresas favorece a inovação e a manutenção dos preços, mas se uma determinada empresa consegue o monopólio de uma determinada área de negócios, poderá definir os preços que desejar para seus produtos ou serviços (para evitar isso, existem as leis). Em outras palavras, a competição em que uma das partes derrota o opositor é muito perigosa porque significa o fim da competição. Entretanto, a vida real não é um jogo de futebol, com um placar, um relógio e um resultado final. Os sistemas naturais e sociais tendem a mover seus subsistemas uns contra os outros de modo que não haja um vencedor que determine o fim da competição. Quando isso ocorre, geralmente há um prejuízo, como por exemplo, a extinção de uma espécie ou a liquidação de uma empresa tradicional. |
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Tela 78 |
| Esse balançar dos sistemas é, naturalmente perigoso, uma vez que há sempre uma chance de um feedback positivo se perder e arruinar o sistema. Mas os feedbacks positivos são muito úteis quando um rápido crescimento é necessário. E, uma vez que a competição com outros sistemas em crescimento é a forma mais efetiva de mantê-los sob controle, muitos sistemas analisam cuidadosamente a forma de crescer sem provocar fortes reações de seus opositores. O resultado de tudo isso é uma característica padrão que aparece até nos sistemas mais simples: um feedback de crescimento positivo é contraposto por um feedback negativo que tende a manter o equilíbrio do sistema. Essa duas "peças" básicas - feedbacks positivos e negativos - podem ser arranjadas de maneiras infinitas, mas os sistemas seguem, normalmente, seus próprios padrões, de modo a sobreviver. |
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Tela 79 |
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Resumo
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| Unidade 2 | Módulo 4 | Tela 80 |
| 1
- Introdução “O
que observamos não é a natureza em si, mas a natureza exposta
ao nosso método de questionamento.” (CAPRA, 1975)
O processo de Modelagem e Simulação de Negócios é uma atividade muito abrangente e, sob um determinado prisma, relativamente complexa. Não se deve, contudo, confundir complexidade com dificuldade. Partindo da idéia de que ao se construir um modelo está-se exercitando uma nova compreensão científica não apenas dos negócios, mas da vida, observa-se que os problemas abordados por essa disciplina são problemas sistêmicos, isto é, os componentes estão interligados e são interdependentes. E, por se tratar de uma abordagem científica, existem métodos que lhe são próprios, capazes de lidar com a complexidade anteriormente citada. É, pois, o momento de se aprofundar os estudos da modelagem e simulação, procurando compreender sua fundamentação científica e, para isso, nada melhor do que estudar a evolução do pensamento sistêmico através da história. O físico austríaco Fritjof Capra, que esteve presente no Terceiro Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, entre 23 e 28 de janeiro de 2003, no livro A Teia da Vida: Uma nova compreensão Científica dos Sistemas Vivos, afirma que “quanto mais estudamos os principais problemas de nossa época, mais somos levados a perceber que eles não podem ser entendidos isoladamente”.
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Tela 81 |
| O autor
cita alguns exemplos:
- só será possível estabilizar a população quando a pobreza for reduzida em âmbito mundial;
- as enormes dívidas dos países em desenvolvimento contribuem para a extinção de espécies animais e vegetais em escala massiva;
a escassez de recursos e a degradação do meio-ambiente têm estreita relação com populações em rápida expansão, assim como estas estão relacionadas ao crescimento da violência. Para o autor, a crise está em uma percepção equivocada desses problemas, que continuam a ser tratados dentro de uma ótica científica ultrapassada e obsoleta. Apresentar e conhecer as bases de um novo paradigma para a ciência é uma obrigação para todos os administradores preocupados com sua inserção na nova sociedade contemporânea. Apenas por meio de uma reflexão crítica acerca desses paradigmas, será possível aos futuros gerentes do século XXI colocarem suas empresas em consonância com os ditames dessa nova ordem social, administrando mudanças e criando empresas comprometidas com o desenvolvimento auto-sustentável e com a responsabilidade social. |
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Tela 82 |
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- Noções de Ecologia Profunda
De acordo com Capra existem já vários sinais de que o paradigma atual – o qual tem dominado nossa cultura por quase três séculos – encontra-se em processo de franca decadência. Em suas palavras,
O novo paradigma que aponta no horizonte social pode ser denominado de visão holística. Na visão holística, as partes de cada sistema se encontram no todo, e os princípios e as leis que regem o todo se encontram em cada uma das partes. Todos os fenômenos ou eventos interligam-se e interpenetram-se, de forma que se pode concluir que tudo é interdependente. Capra afirma que essa visão pode, também, ser denominada de ecológica, desde que o termo ecológico seja empregado em um sentido mais amplo do que se está acostumado. |
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| Compreender
uma empresa, do ponto de vista holístico, significa vê-la como
um todo funcional e compreender a interdependência de seus componentes.
A visão ecológica da empresa também inclui esse processo,
mas acrescenta a percepção de como a empresa está inserida
no seu ambiente – de onde vêm os suprimentos utilizados na produção,
quem são os fornecedores, como é o processo de produção,
como a produção é distribuída, como afeta o
meio ambiente natural e a comunidade que consome os seus produtos –,
e assim por diante.
Em relação aos sistemas vivos, essa distinção é ainda mais importante, pois as conexões dos sistemas vivos com o meio ambiente são muito mais vitais. |
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| A chamada “ecologia profunda” foi fundada pelo filósofo norueguês Arne Naess, no início da década de 70, ao realizar a distinção entre “ecologia rasa” e “ecologia profunda”. A ecologia rasa é antropocêntrica, isto é, centrada no ser humano. Sua concepção básica é de que os seres humanos estão situados acima ou fora da natureza, a natureza é colocada como um instrumento a serviço do homem. A ecologia profunda vê o homem como parte do meio ambiente natural. Não se trata de uma coleção de objetos isolados, mas uma rede de fenômenos que estão profundamente interconectados e são interdependentes. Nesse sentido, os seres humanos são concebidos apenas como um fio particular na teia da vida. A ecologia profunda é, também, uma percepção espiritual na qual o indivíduo tem uma sensação de pertinência, de conexidade, com o cosmos como um todo. O criador da ecologia profunda a define como o processo
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| É
importante observar as mudanças entre pensamentos e valores do velho
e novo paradigma. Basicamente, existem duas tendências: auto-afirmativa
e a integrativa, sendo ambas aspectos essenciais de todos os sistemas vivos.
Nenhuma delas é, basicamente, boa ou má. O que é bom,
o saudável, é um equilíbrio dinâmico; e o que
a mal, ou insalubre, é o desequilíbrio, a ênfase excessiva
em uma das tendências em detrimento da outra.
Ao observar nossa cultura industrial ocidental, vê-se que enfatizamos em excesso as tendências auto-afirmativas e, normalmente, deixamos de lado as integrativas. A tabela abaixo coloca lado a lado essas tendências antagônicas.
É interessante observar que os valores auto-afirmativos como competição, expansão e dominação estão, na maioria das vezes, relacionados com o mundo masculino. Esse fato tem origem na sociedade patriarcal, na qual, não somente esses valores são incentivados, como recebem recompensas econômicas e poder político. Isso explica a resistência dos homens em migrar para um sistema de valores mais equilibrado. |
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Tela 86 |
| Como exemplo,
pode-se citar as estruturas hierárquicas presentes em nossa sociedade:
estruturas políticas, militares e corporativas são hierarquicamente
ordenadas, com os homens geralmente ocupando os níveis superiores,
e as mulheres, os níveis inferiores. Enquanto o velho paradigma está fundado em valores antropocêntricos, a ecologia profunda se baseia em valores ecocêntricos (centralizados na terra). Isso significa dizer que a ecologia profunda reconhece o valor de todos os sistemas vivos não humanos, e que, se essa rede de interdependência entre os sistemas humanos e a natureza for rompida, significará a extinção do próprio homem. Essa percepção da ecologia profunda deve fazer parte de nossa vida cotidiana, pois está intrinsecamente ligada à ética. |
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| A ecologia
profunda veio para superar o pensamento cartesiano valorizando, essencialmente,
as ciências da vida. Dessa forma, sendo a profissão de administrador
intrinsecamente ligada às ciências da vida, a responsabilidade
de estudá-las, reconhecê-las e integrá-las às
organizações, é uma das tarefas essenciais do administrador
do século XXI.
Para isso, deve-se ter consciência de que os valores da natureza estão ali cerceados na experiência profunda, ecológica ou espiritual, de que a natureza e o eu são um só. Essa expansão do eu até a identificação com a natureza é a instrução básica da ecologia profunda, como Arne Naess claramente reconhece:
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- Teorias Sistêmicas: o conhecimento em forma de rede
O Pensamento Sistêmico apresenta algumas características-chave. A primeira delas é a mudança na visão das partes para o todo. Os sistemas vivos são todos integrados, e não podem ser reduzidos às categorias de suas unidades. Suas propriedades essenciais são do todo, que nenhuma das partes possui. Elas são resultado das “relações de organização” das partes, ou, em outras palavras, de um contexto de relações ordenadas que caracteriza cada classe de organismo ou sistema. Se um sistema é dissecado, suas propriedades sistêmicas são destruídas. Uma segunda característica-chave do pensamento sistêmico é a capacidade de deslocar a atenção de um lado para outro entre níveis sistêmicos. Vimos, em Modelagem e Simulação de Negócios I, que os sistemas são constituídos de subsistemas. O importante, neste ponto, é ressaltar que diferentes níveis de sistêmicos apresentam níveis de complexidade diversos. Em cada nível, os fenômenos observados exibem propriedades não existentes em níveis inferiores. Segundo Capra, as propriedades sistêmicas de um determinado nível são denominadas de propriedades emergentes, uma vez que emergem desse nível em particular. |
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| Para Descartes,
em qualquer sistema o comportamento poderia ser analisado em termos das
propriedades de suas partes. Contudo, as propriedades das partes não
são propriedades intrínsecas, podendo ser compreendidas apenas
dentro do contexto do todo maior. Afirma-se, então, que o pensamento
sistêmico é pensamento contextual e, explicar as coisas considerando
o seu contexto significa explicá-las considerando o seu meio-ambiente.
Desse modo, pode-se também afirmar que o pensamento sistêmico
é pensamento ambientalista.
Na visão mecanicista, o mundo é uma coleção de objetos. Estes, naturalmente, interagem uns com os outros, havendo, portanto, relações entre eles. Mas, dentro dessa visão, as relações são secundárias, como mostra a figura a seguir:
Fonte: CAPRA, 2000. Adaptado. |
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Na visão sistêmica, compreendem-se que os próprios objetos são redes de relações, embutidas em redes maiores. As relações são fundamentais para um pensador sistêmico, enquanto as fronteiras dos objetos são secundárias. Essa idéia é representada na figura a seguir:
Fonte: CAPRA, 2000. Adaptado. Por muitas dezenas de anos, os cientistas conceberam o conhecimento como um edifício construído por vários blocos de conhecimento que eram sobrepostos. No pensamento sistêmico essa metáfora é substituída pela de rede. Quando se observa a realidade em termos de uma rede, forma-se em nosso cérebro também uma rede interconectada de conceitos e de modelos fundamentados. |
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A origem dessa concepção sobre o conhecimento provém do físico Geoffrey Chew, com a sua denominada “filosofia bootstrap”, na década de 1970. Essa filosofia abandona a visão de blocos de construção fundamentais da matéria “como também não aceita unidades fundamentais, quaisquer que sejam – nem constantes, nem leis, nem equações fundamentais. O universo material é visto como uma teia dinâmica de eventos inter-relacionados.” (CAPRA, 2000). É como imaginar uma densa floresta, em que as raízes de todas as árvores estão interligadas e formam uma densa rede na qual não há fronteiras precisas entre as raízes.
Essa nova abordagem da questão, afirma Capra, leva a uma importante questão: - “Se tudo está conectado entre si, como será possível entender alguma coisa?” |
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Partindo desse princípio, para explicar qualquer fenômeno ter-se-ia que entender todos os outros, o que, evidentemente, seria impossível. O autor afirma, então, que “o que torna possível converter a abordagem sistêmica numa ciência, é a descoberta de que há conhecimento aproximado”. Sob a ótica do paradigma cartesiano, há a crença no conhecimento científico de que todas as coisas podem ser explicadas completa e definitivamente com o desenvolvimento da ciência. Já para o novo paradigma emergente, despertado a partir das descobertas da física quântica nas primeiras décadas do século passado, todas as concepções e todas as teorias científicas são limitadas e aproximadas e a ciência, ao contrário, nunca pode fornecer uma compreensão completa e definitiva. Para comprovar essa teoria é possível fazer mentalmente a seguinte simulação:
Conclui-se,
portanto, que a ciência não seria neutra, uma vez que o próprio
observador interfere na experiência. Por mais precisas que sejam
as fórmulas, elas serão sempre uma aproximação.
Alguém pode indagar que o experimento possa ser conduzido em laboratório,
sem a interferência do experimentador. Essa idéia de laboratório
também é falha, pois nenhum laboratório pode reproduzir
toda a riqueza das variáveis de um ambiente, ou seja, trata-se
de um modelo e, portanto, de uma aproximação. Não
se trata de negar o conhecimento gerado pela experiência, mas de
desenvolver um raciocínio ampliado das múltiplas inter-relações
entre todos os fenômenos. |
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- Modelagem, Simulação de Negócios e Interdisciplinaridade
“Eu
quase que nada sei, mas desconfio de muita coisa.” Guimarães
Rosa
O papel da Modelagem e Simulação de Negócios não se restringe apenas à construção e simulação de modelos que ajudem a compreender o mundo dos negócios. Já vimos anteriormente que a Dinâmica de Sistemas é uma metodologia de caráter eminentemente multidisciplinar. No entanto, trata-se de uma classificação incompleta, ou mesmo equivocada, como será visto a seguir. Nosso objetivo é completar a definição e a contextualização da disciplina, de modo a se ter melhor compreensão de sua potencialidade, não só no âmbito acadêmico, mas, e principalmente, na prática das organizações. Em outras palavras, o objetivo é demonstrar como a Modelagem e Simulação de Negócios, por meio da Dinâmica de Sistemas, pode ser uma ferramenta útil para conduzir o processo de reintegração das disciplinas mediante a prática organizacional. |
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No que tange à interdisciplinaridade, um aspecto bastante significativo, e que é abordado neste módulo, passa pela elaboração de seu próprio conceito. A existência de vários conceitos revela uma dificuldade de definição que está, muito possivelmente, relacionada ao caráter de práxis do termo.
O mesmo autor afirma que: “[...] a interdisciplinaridade não é apenas um conceito teórico: ela é sobretudo uma prática.”
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5 - A evolução interdisciplinar: conceitos básicos Alguns conceitos de interdisciplinaridade, apresentados por autores diversos, foram sintetizados no sentido de auxiliar na construção de seu entendimento. Para o filósofo francês Yves-François Le Coadic, a interdisciplinaridade,
Francisca dos Santos Gonçalves, professora da Escola de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, em artigo sobre o tema, afirma:
Sua abordagem se concentra em uma concepção que busca a construção coletiva do conhecimento. Para a autora, a concepção de interdisciplinaridade pressupõe indivíduos (ou educadores) imbuídos de um verdadeiro espírito crítico, abertos para a cooperação, o intercâmbio entre as diferentes disciplinas, o constante questionamento do saber arbitrário, cristalizado e desvinculado da realidade: exige a prática da pesquisa, a troca, a sistematização de idéias, a construção do conhecimento, em um processo de indagação e de busca permanente. |
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Para Julie Klein, da Wayne State University de Detroit (EUA), as atividades interdisciplinares são o resultado de desenvolvimentos históricos e contemporâneos nas disciplinas, profissões e novos campos interdisciplinares que surjam. Complementando a apresentação de conceitos sobre o tema, cabe aqui acrescentar algumas terminologias elucidativas:
Tais terminologias apresentadas foram colocadas por H. Japiassu (1976), em seu livro sobre a interdisciplinaridade e a patologia do saber. Para o autor, a especialização – tão freqüente na atualidade – é a fragmentação das disciplinas, dos objetivos, da experiência. Ela revela muito mais o sintoma da situação patológica na qual se encontra o saber, do que se constitui como um progresso do conhecimento. Japiassu considera que o objeto epistemológico só será apreendido na interdisciplinaridade, sendo, pois, preciso que cada especialista esteja impregnado de um espírito epistemológico suficientemente amplo, para que possa observar as relações de sua disciplina com as demais, não negligenciando o terreno de sua própria especialidade. |
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Por conseguinte, a interdisciplinaridade é o objeto de consideração de todos que vêem na fragmentação das disciplinas científicas um esfacelamento dos horizontes do saber. A interdisciplinaridade, portanto, configura-se como um tríplice protesto: contra um saber fragmentado; contra a esquizofrenia intelectual entre uma universidade – cada vez mais compartimentada – e a sociedade, em sua realidade dinâmica; contra o conformismo das situações adquiridas e das idéias recebidas ou impostas.
Para se falar de interdisciplinaridade deve-se falar de interação de disciplinas. O termo “disciplina” é entendido, hoje, como sinônimo de “ciência”. Assim, a “disciplinaridade” significa a exploração científica especializada de determinado domínio homogêneo de estudo. O projeto
interdisciplinar, segundo Hilton Japiassu, deve ser buscado na complexidade
dos problemas para se chegar ao conhecimento humano, se não em
sua integridade, pelo menos numa perspectiva de “convergência”
de nossos conhecimentos parcelares. |
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Tela 98 |
A interdisciplinaridade pode ser apresentada, também, como resultante da verificação de os progressos rápidos das diferentes disciplinas provocarem não apenas a constatação dos limites de cada uma delas, mas todo um esforço considerável de superação, que toma a forma de colaboração entre disciplinas diversas ou entre setores heterogêneos de uma mesma Ciência, culminando em interações recíprocas, em que se descobre uma verdadeira reciprocidade nas trocas de dados, de informações, de resultados, de metodologia. Quanto às precisões terminológicas, para o autor, ainda não se definiu um sentido epistemológico único e estável para a interdisciplinaridade. Trata-se de um neologismo cuja significação nem sempre é a mesma e cujo papel nem sempre é compreendido da mesma forma. O espaço do interdisciplinar não pode jamais ser constituído pela simples soma de todas as especialidades, nem ao menos por uma síntese de ordem filosófica dos saberes especializados. O fundamento desse espaço deverá ser buscado na negação e na superação das fronteiras disciplinares. |
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O grau próprio do interdisciplinar pode ser caracterizado como o nível em que a colaboração entre as diversas disciplinas, ou entre setores heterogêneos de uma mesma ciência, conduz a interações propriamente ditas, ou seja, a uma reciprocidade nos intercâmbios, de tal forma que, no final do processo interativo, cada disciplina saia enriquecida. Um empreendimento interdisciplinar efetivo se configura todas as vezes em que ele consegue incorporar os resultados de várias especialidades, tomando de empréstimo a outras disciplinas certos instrumentos e técnicas metodológicas, fazendo uso dos esquemas conceituais e das análises que se encontram nos diversos ramos do saber, objetivando a integração e a convergência, após terem sido comparados e julgados. O multidisciplinar,
para Hilton Japiassu, é um termo que evoca somente uma simples
justaposição, num projeto determinado, dos recursos de várias
disciplinas, sem implicar necessariamente num trabalho de equipe, e coordenado.
No nível do multidisciplinar, a solução de um problema
só exige informações tomadas de empréstimo
a duas ou mais especialidades - ou setores do conhecimento - sem que as
disciplinas envolvidas sejam alteradas ou enriquecidas. O procedimento
multidisciplinar consiste em estudar um objeto sob diferentes ângulos,
mas sem que tenha necessariamente havido um acordo prévio sobre
os métodos ou sobre os conceitos a serem utilizados. Sendo a Dinâmica
de sistemas uma metodologia para abordagem de sistemas
complexos, conclui-se, portanto, que sua dimensão é
interdisciplinar e não multidisciplinar. |
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Tela 100 |
Tanto o multidisciplinar, quanto o pluridisciplinar, somente realizam um agrupamento, intencional ou não, de certos módulos disciplinares, sem haver uma relação entre as disciplinas (no caso do multi – visa à construção de um sistema disciplinar de apenas um nível e com diversos objetivos), ou com apenas algumas relações (no caso do pluri – visa à construção de um sistema de um só nível e com objetivos distintos, porém dando margem a certa cooperação, embora excluindo qualquer coordenação). A transdisciplinaridade,
termo criado por Jean Piaget, significaria uma etapa superior das relações
interdisciplinares, que não se contentaria em atingir interações
ou reciprocidade entre pesquisas especializadas, mas que situaria essas
ligações no interior de um sistema total, sem fronteiras
estabelecidas entre as disciplinas. No entanto, o próprio Piaget
considerou tal etapa uma utopia, pois estamos muito longe de chegar a
um sistema total, de níveis e objetivos múltiplos, coordenando
todas as disciplinas e interdisciplinas, tomando por base uma axiomática
geral - objetivos de sistemas globais - capaz de instaurar uma coordenação
a ser feita tendo em vista uma finalidade comum dos sistemas. |
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Tela 101 |
6 - Alavancando a aprendizagem por meio de modelos dinâmicos O professor Carlos Seabra conta que cinco cegos encontraram um elefante e que cada um começou a apalpar uma parte dele. Como cada um apalpou apenas partes diferentes, nenhum deles teve uma idéia exata do animal, ou seja, do todo. Muitas das instituições de ensino do país e do exterior seguem esse mesmo modelo cognitivo, ensinando “trombologia” em uma disciplina, “rabologia” em outra, “orelhologia” em outra e assim por diante. E o aluno que se vire para pensar em como montar o elefante. Pensar... isso todos fazem. Mas o que significa? O dicionário Aurélio diz coisas como “combinar idéias, formar pensamentos, racionar, estar preocupado etc.”. Serão estas boas definições no âmbito da Dinâmica de Sistemas? Não, é o que afirma Barry Richmond, em sua obra An introduction to System Thinking. Para o autor, pensar sistemicamente consiste de duas atividades: construir modelos mentais e simulá-los com o objetivo de chegar a conclusões e tomar decisões. Porém, antes de modelar e simular é importante recuperar o conceito de modelos mentais. |
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Tela 102 |
Modelos mentais são abstrações seletivas da realidade criadas por nossos cérebros. Por maiores que sejam nossas orelhas, narizes e os demais captadores de informações do ambiente presentes no corpo humano, não se pode captar toda uma realidade. Assim, com o passar dos anos, são construídos diversos modelos mentais da realidade em nossos cérebros. A maneira como eles são construídos depende, fundamentalmente, dos processos de socialização a que cada indivíduo foi submetido, determinando os filtros mentais que captam as informações do ambiente. Se a intenção é saber de um filho porque ele não foi bem na prova de Matemática, pode-se, a princípio, ignorar a cor de seus olhos (mas não a expressão) ou o tamanho de seu cabelo (mas não se estão bem cuidados, o que pode identificar uma causa). Porém, é muito pouco provável que a cor dos olhos ou o tamanho do cabelo tenham interferido na nota, embora possível. Uma criança que é míope e tanto ela quanto seus pais desconhecem o problema, formará modelos mentais diferentes de quem tem uma visão normal. Nesse caso, o uso de óculos irá restaurar rapidamente a formação de significado. |
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Tela 103 |
Simulam-se esses modelos no sentido de construir significados para experiências a que se é submetido durante a vida e, também, para tomar decisões relevantes, profissionais ou pessoais. Assim, compreende-se que os modelos mentais são simplificações para a compreensão da realidade. Cabe citar, então, duas frases muito importantes para o profissional que deseja utilizar a Dinâmica de Sistemas como metodologia de interpretação do mundo e dos negócios:
É importante recuperar de tempos em tempos essas citações no sentido de evitar confundir os modelos criados com a própria realidade. É imprescindível reconhecer as limitações dos modelos, da mesma forma que as suas grandes contribuições. Porém, se o objetivo é pensar, os modelos sistêmicos são uma poderosa ferramenta. No entanto, se a opção for por empregar métodos não estruturados de abordagem de problemas, como a intuição, não será necessário utilizar nenhum modelo mental. Possivelmente, os resultados serão bem diferentes em termos de eficiência e eficácia. |
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Tela 104 |
A figura a seguir é um mapa sistêmico das atividades de pensar.
Fonte: RICHMOND, 2001. Adaptado. Como a figura sugere o processo de construir (um modelo mental) é dividido em duas atividades: selecionando e representando. A primeira atividade responde à seguinte questão: “O que deve ser incluído no modelo mental?”. A segunda atividade responde à questão: “Como se deve representar o que foi selecionado?”. As respostas a essas questões são fundamentais na construção de um modelo mental. Normalmente, as escolas são ineficientes em dotar os alunos da capacidade de realizar esse processo. Esse é um dos motivos pelo qual a educação brasileira enfrenta tantas crises e tantas críticas. |
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Tela 105 |
A figura também mostra que os resultados da simulação desempenham um papel muito importante no processo de pensar: eles retroalimentam as atividades de seleção e representação das variáveis do mundo real. Resultados da simulação que não fazem sentido ou são considerados como errados, representam a necessidade de rever o processo de construção do modelo, fazendo os seguintes questionamentos:
Essas questões
constituem grande oportunidade para o processo de aprendizagem. Contudo,
antes de adentrar nessa discussão, é importante discutir
o processo de comunicação. |
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Tela 106 |
Um modelo do processo de comunicação pode ser observado na figura a seguir.
Fonte: RICHMOND, 2001. Adaptado. A primeira
idéia transmitida por esse modelo é a de que o processo
de pensar é intrinsecamente ligado ao de comunicar.
Assim, a variável “disponibilizando as informações
para o público”, o resultado do processo de pensar,
são a matéria-prima para o processo de comunicação.
Três fontes de matéria-prima são ilustradas na figura:
o modelo mental, os resultados da simulação e as conclusões
e decisões. Disponibilizando estas três fontes, outras pessoas
poderão “pensar” sobre o processo. Mais especificamente,
elas poderão compará-las com as próprias bases de
informação que conhecem o que nada mais é que um
processo de aprendizagem e de construção de conhecimentos. |
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Tela 107 |
Esse processo é representado na figura a seguir.
Fonte: RICHMOND, 2001. Adaptado. A primeira etapa do processo de aprendizagem foi identificada na discussão do processo de pensar. Pode-se denominá-lo aprendizagem auto-reflexiva. Ele acontece quando os resultados da simulação são usados para redirecionar o próprio processo de construção dos modelos. A comunicação pode ser considerada um outro processo de aprendizagem. Como demonstrado na última figura, a matéria-prima para esse processo de aprendizagem é: o próprio modelo, os resultados da simulação associados ao modelo e/ou as conclusões da simulação. O nível de aprendizagem vai depender tanto da qualidade das retroalimentações disponibilizadas, no qual “qualidade” implica tanto em conteúdo como forma, bem como da motivação e habilidade em “escutar” as retroalimentações. |
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Tela 108 |
Uma quarta fonte de matéria-prima foi incluída no modelo: os impactos resultantes das ações tomadas. Normalmente, há uma grande dificuldade em perceber os impactos associados a uma decisão em sua plenitude. Isso porque as ramificações sistêmicas de uma decisão podem ser tão “longas” que se torna praticamente impossível determinar a sua extensão. Considera-se importante
dispensar algum tempo analisando o processo que demonstra o sistema formado
pelos verbos pensar, comunicar e aprender. Pode-se perceber uma forte
ligação no processo de aprendizagem: o aumento na qualidade
de representação de modelos mentais. A aprendizagem
somente ocorre por meio da mudança, tanto do modelo mental, como
de sua representação. Os três processos – pensar,
comunicar e aprender – formam um ciclo de retroalimentação
positivo. A menos que ocorra a mudança, não haverá
aprendizagem. |
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Tela 109 |
7 - Modelagem e Simulação e interdisciplinaridade Além da aprendizagem, a utilização de Diagramas de Fluxos e Estoques pode levar à efetiva construção de projetos interdisciplinares. A Educação à Distância – EAD não muda, ou não deveria mudar, em essência, o processo de aprendizagem. Ao contrário, vários projetos alicerçados por uma correta orientação e atuação didático-pedagógica, conteúdos e suporte de professores habilitados, têm demonstrado níveis superiores de aprendizagem em relação aos cursos presenciais. Na parte inicial desse módulo, vimos que a interdisciplinaridade só ocorre na prática, na concretização efetiva de projetos. A Dinâmica de Sistemas disponibiliza, desse modo, ferramentas e metodologias disponíveis aos estudantes de EAD para preencherem, com base em suas próprias experiências, as lacunas eventualmente presentes em um modelo educacional em processo de maturação. A figura a seguir demonstra como esses resultados podem ser alcançados. Ressalta, além do que foi exposto, que uma boa parcela do processo cognitivo está nas mãos dos próprios alunos que, nutrindo-se das fontes de infra-estrutura disponíveis, são, em última instância, responsáveis por seu próprio aprendizado. Esse fator é uma variável independente da modalidade de ensino: presencial, semi-presencial ou puramente virtual.
Fonte: RICHMOND, 2001. Adaptado. A síntese interdisciplinar ocorre na aquisição de habilidades gerais de representação de conteúdos. A aprendizagem – como já comprovado por vários estudiosos – ocorre apenas quando assentada nos conhecimentos prévios e experiências vivenciadas pelas pessoas, o desenvolvimento dessas habilidades e a evolução do conhecimento pressupõe a práxis, elemento central do esforço interdisciplinar. Corroborando essa afirmação, não é possível representar o que não se conhece. Como o conhecimento é contextual, o aluno tão somente terá oportunidade de aumentar suas habilidades de representação se estiver vivenciando e aplicando os conteúdos disponibilizados em sua vida pessoal e profissional, nas complexas interações do tecido social. |
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Tela 110 |
Resumo processo de Modelagem e Simulação de Negócios é uma atividade relativamente complexa. Não se deve, contudo, confundir complexidade com dificuldade. Esta última é superada durante próprio processo reflexivo de construção de modelos. A sociedade atual, segundo o físico Fritjof Capra, passa por uma transição de paradigmas, em que o novo paradigma que se apresenta é denominado de “visão holística”. Também pode ser utilizado o termo “visão ecológica” em um contexto amplo, em que se consideram todas as interligações entre os componentes dos sistemas nos quais estamos inseridos. Enquanto o velho paradigma está fundado em valores antropocêntricos, a ecologia profunda se baseia em valores ecocêntricos (centralizados na terra). Isso significa dizer que a ecologia profunda reconhece o valor de todos os sistemas vivos não humanos e que, se essa rede de interdependência entre os sistemas humanos e a natureza for rompida, significará a extinção do próprio homem. Essa percepção da ecologia profunda deve fazer parte de nossa vida cotidiana, pois está intrinsecamente ligada à Ética. O Pensamento Sistêmico muda a visão das partes para o todo e tem a capacidade de deslocar a atenção de um lado para outro entre níveis sistêmicos. No Pensamento Sistêmico, a idéia do conhecimento como um edifício construído por vários blocos de conhecimento sobrepostos é substituída pela de rede. Quando se observa a realidade em termos de uma rede, forma-se em nosso cérebro também uma rede interconectada de conceitos e de modelos fundamentados. Este módulo teve como ponto central a questão da interdisciplinaridade. Em especial, preocupou-se em demonstrar que classificar a Dinâmica de Sistemas como uma metodologia de caráter eminentemente multidisciplinar é uma definição incompleta, ou mesmo equivocada. A interdisciplinaridade é uma concepção que busca a construção coletiva do conhecimento. Pressupõe indivíduos (ou educadores) imbuídos de um verdadeiro espírito crítico, abertos para a cooperação, o intercâmbio entre as diferentes disciplinas, o constante questionamento do saber arbitrário, cristalizado e desvinculado da realidade: exige a prática da pesquisa, a troca, a sistematização de idéias, a construção do conhecimento, em um processo de indagação e de busca permanente. Foi visto que o espaço do interdisciplinar não pode jamais ser constituído pela simples soma de todas as especialidades, nem ao menos por uma síntese de ordem filosófica dos saberes especializados. O fundamento desse espaço deverá ser buscado na negação e na superação das fronteiras disciplinares. O multidisciplinar é um termo que evoca somente uma simples justaposição, num projeto determinado, dos recursos de várias disciplinas, sem implicar necessariamente num trabalho de equipe e coordenado. No nível do multidisciplinar, a solução de um problema só exige informações tomadas de empréstimo a duas ou mais especialidades – ou setores do conhecimento – sem que as disciplinas envolvidas sejam alteradas ou enriquecidas. O procedimento multidisciplinar consiste em estudar um objeto sob diferentes ângulos, mas sem que tenha, necessariamente, havido um acordo prévio sobre os métodos ou sobre os conceitos a serem utilizados. Sendo a Dinâmica de sistemas uma metodologia para abordagem de sistemas complexos, conclui-se, portanto, que sua dimensão é interdisciplinar e não multidisciplinar. Para defender essa hipótese, foram apresentados modelos qualitativos demonstrando como a Dinâmica de Sistemas pode alavancar a aprendizagem organizacional e romper as fronteiras disciplinares por meio da modelagem e simulação de negócios. |
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