Unidade 4 Módulo 1
Tela 1
Módulo 01 - Procedimentos Metodológicos da Pesquisa

1 - Metodologia

A proposta de metodologia de uma pesquisa compreende a descrição do processo de coleta e de análise dos dados. Ou seja, o pesquisador mostra como será efetuada a pesquisa e como os dados serão coletados e analisados, seguindo o rigor do método científico.


Metodologia
deve abordar os requisitos e os mecanismos de coleta e análise de dados que, juntamente com os elementos teóricos, irão responder ao problema e às hipóteses de pesquisa.

O pesquisador define inicialmente o tema, o problema e as hipóteses de pesquisa, efetua um completo levantamento do conhecimento já existente sobre o tema (revisão bibliográfica), relatando as contribuições mais relevantes e pertinentes, as hipóteses, objetivos e, finalmente, a metodologia do estudo.


A Metodologia merece cuidado do pesquisador em face da sua complexidade e importância. Contempla o estabelecimento das estratégias e a definição de procedimentos para a realização da pesquisa científica.



Tela 2
Módulo 01 - Procedimentos Metodológicos da Pesquisa

Na metodologia, o pesquisador tem que:

  • definir a população - o conjunto de elementos que compõem o estudo;
  • amostra populacional - a parte do universo que será utilizada, quando não for possível trabalhar com toda a população.

A metodologia apresenta os meios para testar as hipóteses formuladas para resolver o problema de pesquisa. Deve satisfazer as seguintes condições:


  • fundamentação teórica;
  • objetividade, isto é, independência do observador;
  • estabilidade, isto é, correlação com dados ou projetos anteriores;
  • concordância com outros procedimentos, ou seja, os procedimentos têm que ser apoiados ou refutados por um corpo de conhecimentos científicos;
  • procedimentos empíricos analisados, comparados e criticados.


Tela 3
Módulo 01 - Procedimentos Metodológicos da Pesquisa

É na descrição da metodologia que o pesquisador deve identificar o processo de organização da coleta dos dados. Somente após cumprir os requisitos do marco teórico da pesquisa, por exemplo, formulação do problema e hipóteses de pesquisa, identificação de fontes potenciais de informações, especificação de conceitos, indicadores e variáveis e previsão dos instrumentos necessários ao processo de pesquisa, é que se volta para a reflexão em torno do marco empírico. Por meio da descrição metodológica, outro pesquisador terá a possibilidade de repetir o estudo.

É preciso justificar necessidade de realizar o estudo, explicitando os argumentos sobre o interesse e importância da pesquisa.


A justificativa objetiva arguir sobre a necessidade do estudo em termos teóricos e práticos.

É na metodologia que o pesquisador deverá indicar o tipo de estudo e os procedimentos referentes ao processo de coleta e análise dos dados.

Nesta perspectiva, é importante que seja mostrado, de forma clara e consistente, o tipo de estudo, as etapas e os meios de realização da pesquisa. O leitor deve ser informado sobre o tipo de pesquisa que será realizado, sua conceituação e justificativa.



Tela 4
Módulo 01 - Procedimentos Metodológicos da Pesquisa

2 - Marco Teórico

O projeto de pesquisa compõe-se, basicamente, de um marco teórico e de um marco empírico, os quais buscam responder às seguintes perguntas:


Marco teórico:
refere-se às fases do objeto da pesquisa, ou seja, apresenta o problema, as hipóteses e o referencial teórico da investigação.

O marco teórico indica:

  • o que pesquisar? - definição do problema, das hipóteses e da base teórica e conceitual.
  • por que pesquisar? - justificativa e importância da escolha do problema de pesquisa e os objetivos da pesquisa.


Marco empírico: refere-se às estratégias de coleta e análise das informações.

O marco empírico indica:

  • como pesquisar? - a metodologia da pesquisa, ou seja, processo de coleta e análise dos dados.
  • quando pesquisar? - cronograma de atividades.
  • quanto gastar? - o orçamento.

 



Tela 5
Módulo 01 - Procedimentos Metodológicos da Pesquisa

3 - Tipos de Pesquisa

A Pesquisa pode ser tipificada de duas formas: quanto aos fins ou objetivos e quanto aos meios ou procedimentos de coleta.

1. Quanto aos fins ou objetivos, a pesquisa pode ser:

exploratória
descritiva
explicativa

2. Quanto aos meios de investigação ou procedimentos de coleta, pode ser:

Os tipos de pesquisa não são, mutuamente, excludentes. Uma pesquisa pode ser, ao mesmo tempo, bibliográfica, estudo de caso, descritiva e documental.


Exploratória - É quase sempre feita como levantamento bibliográfico, entrevistas com profissionais que estudam/atuam na área, visitas a web sites, etc. (SANTOS, 2000:26).



Descritiva - Após a primeira aproximação (pesquisa Exploratória), o interesse é descrever um fato ou fenômeno. Portanto, a pesquisa descritiva - é um levantamento das características conhecidas, componentes do fato/fenômeno/problema. É normalmente feita na forma de levantamento ou observações sistemáticas do fato/fenômeno/problema escolhido. (SANTOS,2000:26).



Explicativa - Criar uma teoria aceitável a respeito de um fato ou fenômeno constitui a pesquisa explicativa. Esta se preocupa com os porquês de fatos/fenômenos que preenchem a realidade, isto é, com a identificação dos fatores que contribuem ou determinam a ocorrência, ou maneira de ocorrer dos fatos e fenômenos. Envolve o pesquisador num nível também mais elevado de responsabilidade para com os resultados obtidos. (SANTOS, 2000:27).



Pesquisa de campo - Lugar natural no qual acontecem os fatos e fenômenos. A pesquisa de campo é a que recolhe os dados in natura, como percebidos pelo pesquisador. Geralmente a pesquisa de campo se realiza por observação direta, levantamento ou estudo de caso. (SANTOS, 2000:31).



Pesquisa de laboratório -
Espaço e momento de uma pesquisa caracterizada por duas situações: a interferência artificial na produção do fato/fenômeno ou a artificialização de sua leitura, geralmente melhorando as capacidades humanas naturais de percepção. Com efeito, os fatos/fenômenos que acontecem na realidade, no campo, muitas vezes escapam ao padrão desejável de observação. Por isso são reproduzidos de forma artificial e controlados, e permitem a captação adequada para descrição e análise. (SANTOS, 2000:31).



Documental - Documentos são as fontes de informação que ainda não receberam organização, tratamento analítico e publicação. São fontes documentais as tabelas estatísticas, relatórios de empresas, documentos informativos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, escolas, sindicatos; fotografias, epitáfios, obras originais de qualquer natureza, correspondência pessoal, empresarial, comercial, etc. Então, a pesquisa documental é a que se utiliza dessas fontes. (SANTOS, 2000:29).



Bibliográfica - O conjunto de materiais escritos/gravados, mecânica ou eletronicamente, que contêm informações anteriormente elaboradas e publicadas por outros autores é uma bibliografia. Consideram-se fontes bibliográficas os livros (de leitura corrente, ou de referência, tais, como dicionários, anuários, enciclopédia, etc.), a fitas gravadas de áudio, e vídeo, páginas da web sites, relatórios simpósios/seminários, anais de congressos, etc. A utilização total ou parcial destas fontes é o que caracteriza uma pesquisa como bibliográfica. A qualquer tipo de pesquisa, a pesquisa bibliográfica é imprescindível (SANTOS, 2000:29).



Estudo de caso -
Selecionar um objeto de pesquisa restrito ou único, com o objetivo de aprofundar-lhe os aspectos característicos é um estudo de caso, cujo objeto pode ser qualquer fato/fenômeno individual, ou um dos seus aspectos. Para se lidar com fatos/fenômenos normalmente isolados, o estudo de caso exige do pesquisador grande equilíbrio intelectual e capacidade de observação ("olho clínico"), além de parcimônia quanto à generalização de resultados (SANTOS, 2000:29).



Pesquisa-ação, participante ou qualitativa - Às vezes são também apresentadas como procedimentos de coleta de dados. A pesquisa-ação acontece quando qualquer um dos processos é desenvolvido envolvendo pesquisadores e pesquisados no mesmo trabalho, já que a ambos interessaria a criação de respostas imediatas para certa necessidade ou seja, pesquisador e pesquisado, são ao mesmo tempo, sujeitos e objetos de pesquisa. Pesquisa participante é aquela em que o pesquisador é, ele mesmo, um dos dados pesquisados. Pesquisa qualitativa é aquela cujos dados só fazem sentido por meio de um tratamento lógico secundário, feito pelo pesquisador. Ou seja, os resultados da pesquisa qualitativa necessitam do tratamento lógico, resultante do "olho clínico" do pesquisador (SANTOS, 2000 29:30).



História oral - A técnica da história oral é complexa e muito ampla. Ela objetiva compreender o que é relevante e significante para a compreensão da sociedade, que não são possíveis de serem coletadas com os dados existentes. Esta estratégia atribui aos indivíduos e à sua vivência, o conteúdo da coleta de dados. É a própria personagem que a constrói e a produz, estimulada ou orientada pelo pesquisador que deve se mostrar discreto.




História de vida - É um meio utilizado para investigar em "história de vida", é uma entrevista semiestruturada que se realiza com uma pessoa de relevo social (escritor famoso, cientista célebre, empresário bem sucedido, político de renome, etc.). A entrevista aprofunda-se cada vez mais na "História de vida"' do sujeito. Assim, valendo-se deste tipo de pesquisa surgiu a ideia de denominar a pesquisa qualitativa de "Entrevista aprofundada". Mas, a entrevista não é a única técnica que se pode usar na "História de Vida".



Tela 6
Módulo 01 - Procedimentos Metodológicos da Pesquisa

4 - Questões de Pesquisa

Na investigação, devem ser buscadas respostas para as seguintes questões:


  • Quais serão as fontes de informações?
  • Será necessário o recrutamento de pessoas?
  • Como elas serão selecionadas?
  • Quais são os conceitos utilizados nas hipóteses?
  • São necessários instrumentos especiais?

Após a coleta das informações, têm-se as etapas de análise e interpretação dos dados, para, a seguir, serem feitas as devidas conclusões e recomendações.

O pesquisador deve especificar as ações da pesquisa em um "Cronograma de Atividades" no qual são mostradas as atividades nos meses e anos de sua realização e, no "Orçamento", relacionar atividades e seus respectivos custos, pois qualquer trabalho exige o necessário suporte financeiro. Logo, é necessário que sejam visualizados os custos previstos para cada etapa conforme constam do cronograma de ação.


Cronograma de Atividades
: apresenta as atividades do processo da investigação e a época de sua realização.



Orçamento
: é o valor a ser despendido nas atividades da pesquisa.

Exemplo I                   Exemplo II



Tema: O Balanço Social das Empresas

Problema: Tendo em vista a problemática da geração de empregos diretos e indiretos, quais as metodologias de balanço social utilizadas pelas empresas?

Hipóteses: As empresas que tem responsabilidade social e, portanto, elaboram o seu balanço social são as maiores geradoras de empregos.

Metodologia:
1. Quanto aos fins: trata-se de uma pesquisa descritiva, pois pretende expor as características das metodologias de balanço social atualmente utilizadas.
2. Quanto aos meios: trata-se de pesquisa, ao mesmo tempo, bibliográfica e descritiva.
3. Universo: todas as empresas registradas nas seguintes "Federação das Indústrias" de Brasília-DF; Belém-PA; Fortaleza-CE; Recife-PE; Salvador-BA; Belo Horizonte-MG; São Paulo-SP e Curitiba-PR.
4. Amostra: A população amostral será não probabilística, pois serão acessadas e tipificadas somente as indústrias de produtos alimentícios animais industrializados.




Tema: A base genética da capacidade de aprendizagem
Segundo BUNGE (1983: 839 - 40).

Problema: É inata ou adquirida a capacidade aprendizagem?

Hipóteses: Se a capacidade de aprendizagem é inata, pode aumentar mediante a seleção artificial.

Metodologia:
1. Quanto aos fins: trata-se de uma pesquisa experimental, pois pretende provar a origem da capacidade de aprendizagem.
2.2. Quanto aos meios: trata-se de pesquisa a ser desenvolvida sob controle, em condições de laboratório.

2.3. Amostra: Será selecionado um grupo de ratos biologicamente uniforme e aos quais será ensinada a atividade de locomover-se em labirintos. De acordo com os seus rendimentos, os ratos serão divididos em dois grupos: os que aprendem rapidamente e os que aprendem lentamente. Assim, serão efetuados cruzamentos dos rápidos e dos lentos entre si. Ao cabo de oito gerações ter-se-ão as linhas de descendências que apresentam diferenças significativas quanto à capacidade de aprendizagem em labirintos. A inferência obtida mostra que a capacidade de aprendizagem é hereditária.




Tela 7
Módulo 01 - Procedimentos Metodológicos da Pesquisa

Resumo

O método científico tem requisitos de forma e de conteúdo. Assim como os enfoques teóricos, os empíricos complementam a investigação científica. O marco empírico da investigação apresenta-se como de grande relevância à chamada metodologia, ou seja, como é desenvolvida a pesquisa. Requisitos do controle da realidade, desde a observação até os instrumentos e técnicas de pesquisa são observados. Na metodologia são também explicitadas as estratégias de coleta e análise das informações. Instrumentos de coleta de dados como questionários, estudos de casos, observação participante, dentre outros, são, na metodologia, devidamente justificados.



Unidade 4 Módulo 2
Tela 8
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

1 - Elaboração de Questionários


Questionário
é um instrumento quantitativo de coleta de dados.

O Questionário é elaborado após a definição das etapas e de acordo com os objetivos da pesquisa. Ao elaborar o questionário, o pesquisador deve estar atento ao problema, às hipóteses e às variáveis. O questionário deve conter uma introdução que explique os objetivos da pesquisa, a forma de preenchimento e o tempo necessário para fazê-lo.

Sugestões para elaboração do questionário



As perguntas do questionário devem ser:

  • elaboradas em função da hipótese de pesquisa;
  • abertas e fechadas;
  • formuladas de modo que o entrevistado tenha condição de
    responder;
  • organizadas em ordem cronológica - respostas a fatos recentes
    apresentadas inicialmente;
  • apresentadas em ordem de dificuldade - respostas simples
    devem ser feitas no início;
  • possibilitar uma única interpretação;
  • formuladas de forma clara, concreta, precisa e não
    estereotipada;
  • formuladas de modo a respeitar a intimidade das pessoas.



Tela 9
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

Depois da elaboração do questionário, é imprescindível a realização do pré-teste, tendo em vista verificar o tempo e a compreensão das perguntas pelos entrevistados. Ou seja, o pré-teste mostrará a clareza e precisão dos termos, a quantidade de perguntas, a forma e ordem das perguntas.

Após a aferição do questionário pelo pré-teste, o pesquisador fará as devidas correções e aplicará definitivamente o questionário. Pode ser aplicado diretamente pelo entrevistador, por entrevistadores devidamente treinados ou enviado pelo correio, fax e mais recentemente por meio da Internet.

Ao mesmo tempo em que o entrevistador aplica o questionário, ele estará usando a observação participante, e deve anotar as informações coletadas. Quando possível, é importante o questionário ser aplicado por um mesmo entrevistador em toda a amostra.



Pré-teste - É a aplicação do questionário com representantes similares àqueles da população, na qual será efetivamente aplicado o questionário.



Tela 10
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

2 - Estudo de Caso

A estratégia de estudo de caso é uma das diversas maneiras de se efetuar pesquisa em ciência social. O Estudo de caso é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade, uma instituição, uma empresa que se analisa profundamente.

Consiste em uma técnica de investigação empírica, que segue procedimentos específicos e tem o seu próprio planejamento de pesquisa. Pode ser complementado por outros tipos de estudos: o exploratório e o descritivo.

O Estudo de Caso só deve ser aplicado nas seguintes circunstâncias:

  • quando se deseja saber "como" ou "por quê";
  • quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos;
  • quando o foco da pesquisa é sobre assuntos contemporâneos dentro do contexto da vida real.

O estudo de caso é adequado para ser usado com uma ampla variedade de evidências, como: documentos, entrevistas e observações. Como exemplo do uso do estudo de caso, tem-se: a pesquisa em administração; sociologia; psicologia; estudos sobre organizações; dentre outros.



Tela 11
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

As preocupações sobre o estudo de caso são:


a carência de rigor científico;
a pouca base para generalização científica;
a massiva quantidade de resultados.

Em resumo, o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que busca:

  • investigar fenômenos contemporâneos dentro do contexto da vida real;
  • os limites entre o fenômeno e o contexto que não são claramente evidentes e compõe-se de múltiplas fontes de evidências.

Neste sentido, o estudo de caso não representa uma amostra, a meta do pesquisador é expandir as generalizações teóricas e não enumerar frequências estatísticas, portanto é uma pesquisa qualitativa.



Tela 12
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

No estudo de caso, cinco componentes do planejamento da pesquisa são importantes:


as questões de pesquisa;
as proposições;
as unidades de análises;
a relação lógica entre os dados e as proposições;
os critérios de análise e interpretação dos dados.

O estudo de caso tem como finalidade o conhecimento aprofundado de uma determinada situação no mundo real. Obter informação minuciosa e confiável sobre o funcionamento de determinado fenômeno social e registrar o que acontece no caso estudado, com o objetivo de levantar um grande número de informações.



Tela 13
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

O estudo de caso tem sido usado com frequência nas ciências sociais, com o objetivo de analisar determinado fenômeno por meio de situações particulares e elaborar uma intensiva e detalhada descrição sobre um fenômeno social específico.

As análises descritivas são próprias dos estudos de caso na busca de análises precisas no plano específico do caso em estudo. As generalizações são frágeis nos estudos de caso, somente sendo possível com confiabilidade para casos similares.

O estudo de caso constitui-se em um dos instrumentos básicos para a obtenção de informações econômicas e sociais, os quais irão auxiliar na compreensão integral de uma realidade mais complexa.

Alguns pontos são fundamentais na pesquisa com estudo de caso:

O estudo de caso se diferencia de outras estratégias de pesquisa em face do seguinte:

  • explica situações que não são clarificadas por meio de survey - descreve situações da vida real;
  • utiliza o processo descritivo;
  • explora as situações em que as intervenções não se tornaram claras.


Futuras pesquisas - Os estudos de caso podem ser úteis no levantamento de informações com controle. Eles têm o atributo insubstituível de descrever de forma minuciosa e confiável os diversos processos que ocorrem em determinada situação.



Registros confiáveis - Os estudos de casos permitem a obtenção de informações de melhor qualidade do que as obtidas em amostragens aleatórias.



Impactos duráveis - Os estudos de caso contêm informações que seriam praticamente impossíveis de se obter com outra técnica, e podem auxiliar na formulação de uma apreciável quantidade de problemas que poderão ser objeto de futuras pesquisas.



Tela 14
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

A investigação científica, em geral, pressupõe o seguinte:

  • definição da estratégia de coleta de dados mais apropriada ao problema de pesquisa;
  • controle do investigador sobre os eventos;
  • grau do foco sobre os fenômenos.

Observe três situações relacionadas às estratégias mais comuns de pesquisa, que são utilizadas nas ciências sociais.

Estratégias

Questões de Pesquisa

Controle

Foco sobre
Eventos
Contemporâneos

Experimento

Como e Por quê

Sim

Sim

Survey

Como, O que, Onde e Quanto

Não

Sim

Análise de Arquivos

O que, Quem, Onde e Quanto

Não

Sim/Não

História

Como e Por quê

Não

Não

Estudo de Caso

Como e Por quê

Não

Sim


Fonte: YIN, R. K. Case Study Research: Design and Methods. London: Sage Publications. 1988, 166 p.


Tela 15
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

3 - Observação Participante

Na observação participante, o pesquisador deve evitar qualquer interrupção no curso dos eventos em análise, esforçar-se para coletar a maior base de informações e interpretá-las à luz do objeto da sua investigação.

A observação é uma estratégia de pesquisa utilizada com mais intensidade pelos antropólogos, introduzida pelo professor Eduard Lindeman no livro Social Discovery: An Approach to the Study of Functional Groups, em 1924.


Ao se planejar o uso da observação participante, o pesquisador deve efetuar as seguintes perguntas:

  • quais os objetivos da pesquisa?
  • que tipos de dados são necessários?
  • qual o método mais viável para o objeto da pesquisa ?



Tela 16
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

Um dos pontos fortes da observação participante é a possibilidade de coletar uma grande quantidade de informações. Uma das fraquezas é a carência de padronizações nas informações obtidas. Cada pesquisador tem a sua própria lógica e entendimento do fenômeno estudado. Deste modo, torna-se difícil a repetição do estudo.

A observação participante é utilizada de forma útil na identificação inicial de determinados fenômenos e nos estudos exploratórios auxiliando, dessa forma, na formulação de problemas e hipóteses. Na observação participante, predomina o envolvimento do pesquisador durante a pesquisa.

Em face da sua extrema flexibilidade, a observação participante é ameaçada por fatores que podem provocar interpretações errôneas sobre o fenômeno estudado a exemplo do:



Viés sociocultural -
Derivado da pessoa do observador.



Viés profissional e ideológico - Que induz à seletividade da observação.



Viés interpessoal - Do observador que moldará, com base em suas emoções, o fenômeno em observação.



seu viés normativo - Acerca da natureza do comportamento humano, o viés normativo pode conduzi-los a juízos de valor que prejudicarão não só coleta de dados como sua análise e interpretação.



Tela 17
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

A observação participante não tem tido uma definição clara nas ciências sociais, ela também é identificada por alguns autores como observação de campo, observação qualitativa, observação direta e pesquisa de campo.

As anotações do entrevistador podem ser:

- memorizadas;
- escritas resumidamente;
- notas na totalidade;
- gravadas em fita magnética de áudio ou vídeo.


Tela 18
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

4 - Método Histórico

Método histórico refere-se à compreensão do presente a partir do estudo do passado. Constitui-se em uma estratégia sistemática e objetiva, para localizar e interpretar evidências para compreender o passado, o presente e apontar tendências para o futuro.

O passado pode ser estudado de duas maneiras:

  • pela memória pessoal buscando avaliar as suas verdades;
  • mediante interpretação de determinados objetos julgados como vestígios do passado.

Os vestígios da história podem ser:

  • testemunhos escritos (biografias, memórias, documentos públicos e crônicas, dentre outros);
  • tradições orais (canções, cantos, etc.) ou vestígios de edifícios, monumentos e partes de seres mortos.


Documentos públicos - Os documentos constituem-se na principal fonte de informação para o método histórico. Têm validade quanto aos aspectos internos (autenticidade) e externos (documento verdadeiro, mas com conteúdo falso). A investigação dos documentos é efetuada por meio da análise de conteúdo (formato, palavras, frases).



Tela 19
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

A principal tarefa do investigador é examinar os testemunhos existentes para determinar o seu valor como elementos de juízo relativos ao passado.

O historiador responde às seguintes indagações na sua investigação:

  • Os dados da investigação são admissíveis como elementos de juízo, e as fontes são autênticas?
  • As afirmações derivadas dos dados são verdadeiras e pode-se confiar nas fontes como um mecanismo de informação concernente ao passado?



Elementos de juízo nunca são completos e concludentes, ainda que possam ter características de uma prova bastante convincente.



Dados da investigação - A determinação do autor de um documento é essencial para decidir se estava em condições de realizar as descrições que se lhe atribuem e de oferecer um relato honesto e autorizado dos assuntos sobre os quais se escreveu.
Antes de se deduzir informações sobre o passado, valendo-se de testemunhos dos registros, deve-se determinar com exatidão o que de fato significa o testemunho, tarefa que demanda preparação, mas cujos métodos são facilmente compreensíveis.
A tarefa do pesquisador em história não termina quando adquire conhecimento do sentido geral do documento. Deve certificar-se da identidade e competência dos autores em consideração, suas características, as ocasiões e os motivos que motivaram a escrita dos seus textos.



Tela 20
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

Os princípios da conduta social e as ciências da natureza podem contribuir para confirmar proposições do passado. Isto se deve ao fato de que a história humana é mais complexa, e inclui outros fatores além da história. Tratando-se da história, não é possível formular teorias com a mesma precisão das ciências naturais, assim como não é fácil explorá-las dedutivamente, pois não podem ser verificadas ou refutadas na forma definida.

O historiador deve fazer uma seleção criteriosa de seu material. É impossível escrever uma história que esgote todos os aspectos de um tema. Deverão ser selecionadas as personagens principais, os argumentos políticos e os fatores econômicos e sociais.



Tela 21
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

No caso de elementos de juízo, eles são classificados de duas maneiras:

  • elementos de juízo provenientes de testemunhas que consistem em afirmações do ser humano referentes à existência dos fatos examinados;
  • elementos de juízo circunstanciais que são outros feitos sob os quais se inferem conclusões.

Nesta perspectiva, as conclusões não são exatas, ao contrário, são incertas. Finalmente, o objetivo do historiador é não só conhecer a crônica do passado, senão também compreender as suas consequências. O método histórico não é válido para fins de previsão.

Vantagens do método histórico: evita a interação entre o pesquisador e o objeto que está sendo investigado - diminui a possibilidade de "bias".

São desvantagens do método histórico:

  • quanto ao controle: existe uma falta total de controle, pois trata-se de fatos já ocorridos;
  • quanto à amostra: somente dispõe daqueles documentos, o pesquisador seleciona o material de forma intencional;
  • quanto à replicação: não existe possibilidade da replicação, pois não é possível o retorno no tempo.


Bias ou vieses são erros cometidos pelo pesquisador e que não são controlados no processo da investigação.



Tela 22
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

5 - História Oral

A utilização da técnica de história oral na produção de documentos históricos é relativamente recente, embora tenha tomado um grande impulso na década de sessenta nos Estados Unidos. É uma técnica complexa e muito ampla; objetiva compreender o que é relevante e significante para o entendimento da sociedade e que não é possível de ser coletado com os dados existentes.

A história oral oferece um meio para a gravação e preservação de fontes pessoais para preencher as lacunas dos documentos escritos. Ela não é inovação moderna, é antiga, o que é nova é a gravação magnética, usada em larga escala para capturar os relatos reais.
Esta estratégia atribui aos indivíduos, e à sua vivência, o conteúdo da coleta de dados. É a própria personagem que a constrói e a produz, estimulada ou orientada pelo pesquisador que deve se mostrar discreto.



Tela 23
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

Por basear-se no depoimento pessoal e na memória, a história oral está sujeita a críticas quanto à validade dos dados por ela obtidos:

É, por definição, um depoimento parcial porque se fundamenta no depoimento de um ator social. Esse ator transmite a sua versão dos acontecimentos, sua visão pode ser deturpada e enganadora pela força de sua ideologia, ou mesmo pode ser mentirosa.

Como se funda na memória do depoente, e sendo a memória humana falha e deficiente, os acontecimentos ou impressões relatadas podem ser distorcidos, episódicos, deslocados ou ter elementos omitidos.

A história oral, a história de vida e a entrevista não podem ser vistas como peças individuais, mas em termos do conjunto de depoimentos que informam o todo de um determinado projeto de pesquisa.

Pode-se afirmar que a história oral é uma técnica de coleta de dados baseada no depoimento oral que tem por finalidade o preenchimento de lacunas existentes nos documentos escritos; é interdisciplinar; é caracterizada como uma técnica e como instrumento de captação de dados.

A utilização da técnica da história oral pressupõe, primeiramente, a existência de um programa de reconstituição histórica sobre algum tema específico, preferencialmente, vinculado a alguma instituição. A história oral é guiada por uma ou algumas interrogações e algumas hipóteses inscritas em uma dada problemática.



A técnica de coleta de dados é baseada no depoimento oral, gravado, obtido por meio da interação entre o especialista e o entrevistador, ator social ou testemunha de acontecimentos relevantes para a compreensão da sociedade.



Essa técnica tem por finalidade o preenchimento de lacunas existentes nos documentos escritos e, assim, prestar serviços à comunidade científica por meio da socialização do seu produto;



Interdisciplinar -
É uma técnica que pode ser utilizada interessando à História, à Sociologia, à Antropologia, à Ciência Política e mesmo ao Jornalismo.



Essa técnica é empregada como instrumento de captação de dados, mas possui algumas limitações comuns a outros instrumentos de coleta.



Tela 24
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

O pesquisador deve se tornar o mais discreto possível diante do autor e seu relato, evitar qualquer intervenção que possa desviar do tema. A narração deve ser devidamente registrada e depois transcrita.

Algumas orientações importantes para o uso da história oral


Definir quem deve ser entrevistado.
Quem deve conduzir as entrevistas.
Selecionar a melhor abordagem histórica.
Organizar o conteúdo ou roteiro da entrevista.
Definir como processar as informações.

Cada uma das técnicas tem suas vantagens e desvantagens, dependendo dos objetivos da sua pesquisa, do tipo de questões que se deseja elaborar, do tipo de controle que o pesquisador deseja desenvolver e do foco da pesquisa, sobre os aspectos contemporâneos ou históricos.

Concluindo: a boa pesquisa deve abranger, dentre outros, os seguintes pontos:


  • contribuição para o conhecimento existente;
  • contradições que o estudo traz para o mundo científico;
  • novas pesquisas que o estudo promoverá;
  • contribuições práticas;
  • destaque dos limites e aspectos positivos do estudo.


Tela 25
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

6 - Revisão e Codificação dos Dados

A revisão dos dados deve ser feita ainda no campo, no momento da coleta e imediatamente após a conclusão da coleta, aproveitando as informações presentes na sua memória. Pois, caso necessário, o pesquisador pode voltar a campo e refazer a coleta.

Este processo de revisão conduz à codificação dos dados, enquanto operação de organização do material coletado. Nem todas as informações podem ser codificadas por meios quantitativos e computacionais. As respostas descritivas e a pesquisa qualitativa exigem uma atenção especial do pesquisador.

No processo de codificação dos dados, o pesquisador deve prever códigos para traduzir as informações e deve codificar os seus comentários.

É muito comum o pesquisador perder algumas informações, seja porque algumas entrevistas não foram realizadas, ou por não ter todas as perguntas respondidas, no caso de questionários.



Tela 26
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

Existem situações em que a omissão de informações durante a coleta de dados pode causar "bias" ou dificultar as análises de toda a investigação.

Quando as entrevistas não ocorrem em número expressivo, o pesquisador pode redefinir uma nova população ou ignorar as omissões, desde que o fato seja relatado nas conclusões da pesquisa.

O pesquisador tem liberdade na forma da apresentação, o importante é responder às questões de pesquisa previamente formuladas. Entretanto, os resultados devem ser apresentados de modo a facilitar a compreensão e o entendimento dos leitores, seguindo o rigor da metodologia científica. É fundamental que o pesquisador descreva os dados, ou mais precisamente, que caracterize o comportamento das variáveis no conjunto das suas observações.

Cuidados na apresentação dos resultados



Cuidados na apresentação dos resultados -
evitar sentenças longas;
não usar "jargões";
não usar termos desnecessários;
usar adequadamente gráficos e tabelas.



Tela 27
Módulo 02 - Elaboração dos Instrumentos da Pesquisa

Resumo

O método científico exige para o seu pleno exercício requisitos de forma e de conteúdo, assim como os enfoques teóricos e os empíricos. No chamado marco empírico da investigação, apresenta-se, como de grande relevância, a metodologia, ou seja, como é desenvolvida a pesquisa. Requisitos do controle da realidade, desde a observação até os instrumentos e técnicas de pesquisa, são observados. Aqui, são explicitadas as estratégias de coleta e análise das informações. Instrumentos de coleta de dados como questionários, estudos de casos, observação participante, dentre outros, na metodologia devidamente justificados.

Os dados oriundos da investigação científica devem sofrer tratamentos e adaptações a fim de torná-los compreensíveis e passíveis de análises. Por sua vez, a investigação científica em seu conteúdo teórico e metodológico transforma-se em um projeto de pesquisa. É como um projeto de pesquisa que o investigador transforma os imperativos do método científico em estratégia de trabalho na sua atividade laborial. Embora com nomenclaturas distintas, os componentes do projeto de pesquisa devem absorver os elementos do método científico. Do mesmo modo, a comunidade científica utiliza-se de resenhas científicas como um veículo de comunicação entre os seus membros. A metodologia reflete o conteúdo do método científico.