| Unidade 2 | Módulo 5 | Tela 1 |
| 1 – Administrando as informações sobre as pessoas na Organização Deve haver um mecanismo de controle de pessoas, para que as diversas partes da organização possam desempenhar sua responsabilidade, em relação a elas. Quanto maior for a organização e mais descentralizada em sua estrutura, maior será a necessidade de controle de seus recursos humanos.
A palavra controle tem muitas conotações e seu significado depende da função ou da área específica em que é aplicada. • pode ser função administrativa e gerencial de controle; neste caso, é parte do processo administrativo, como o planejamento, a organização e a direção; • pode ser meios de regulação de um sistema ou organização. É o caso das tarefas específicas que um controller aplica em uma empresa. O mecanismo de controle detecta qualquer desvio dos padrões normais; • pode ser função restritiva de um sistema para manter os participantes dentro dos padrões desejados. É o caso do controle de frequência dos empregados. |
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Tela 2 |
| A essência do controle é a ação que ajusta as operações aos padrões predeterminados, e sua base é a informação que os gerentes recebem. É a função que consiste em medir e corrigir o desempenho de subordinados, a fim de assegurar que os objetivos da empresa e os planos delineados para alcançá-los sejam realizados. Consiste em verificar se tudo ocorre conforme o planejado. Atua no sentido de ajustar as operações a determinados padrões, previamente estabelecidos, e funciona de acordo com a informação que recebe. Muitas vezes a palavra controle está associada a algum aspecto negativo. Por exemplo, nas organizações e na sociedade ao ser interpretada no sentido de restrição, coerção, delimitação e inibição. |
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Tela 3 |
| 2 - Processo de Controle
O controle é feito a partir de uma seqüência de etapas que formam um processo (Chiavenatto, 1995):
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Tela 4 |
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Utilidades dos Controles Organizacionais 1. padronizar o
desempenho por meio de inspeções, supervisão, procedimentos
escritos ou programas de produção.
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Tela 5 |
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3 - Bancos de Dados e Sistemas de Informação de Pessoas As informações sobre as pessoas estão registradas nos Bancos de Dados de Pessoal. Para isso, utilizaremos os conceitos citados por Chiavenatto (1995): Conceito de dados e de informações - São elementos que servem de base para a resolução de problemas ou para a formação de juízo. Um dado é apenas um índice, exige interpretação do indivíduo para sua manipulação. Assim, como dados não constituem informação, a informação isolada não é significativa. Se os dados exigem processamento (classificação, armazenamento e relacionamento) para que possam informar, a informação também exige processamento para que possa adquirir significado. A informação constitui-se de dados coletados, organizados, ordenados, e com os quais são atribuídos significados e contextos. Informação = dado em uso. Apresenta aspecto fundamental que a diferencia do dado. O termo processamento de dados designa a grande variedade de atividades que ocorrem tanto nas organizações, nos grupos sociais, como entre pessoas. O processamento de dados pode ser: •
Manual |
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Tela 6 |
Banco de dados - Segundo Chiavenatto (1995) é um sistema de armazenamento e acumulação de dados devidamente codificados e disponíveis para o processamento e obtenção de informações. É um conjunto de arquivos relacionados logicamente, organizados de forma a melhorar e facilitar o acesso aos dados e eliminar redundância. É comum existir vários bancos de dados relacionados entre si por meio de um software que executa as funções de criar e atualizar arquivos, recuperar dados e gerar relatórios.
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Tela 7 |
| Sistemas de Informações de Recursos Humanos - O Sistema de Informações de Pessoas obtém dados e informações acerca do empregado, do ambiente organizacional, do ambiente externo (mercado de trabalho, exigências e restrições legais) do macroambiente (conjuntura econômica, política etc.) Este fluxo de dados sofre um trabalho de coleta, processamento e utilização. Alguns dados são coletados para avaliação e diagnóstico da força de trabalho, objetivando decisões. Outros dados são tabulados e apresentados na forma de pesquisa, análise e acompanhamento para fins de caracterização, como é o caso de pesquisas salariais e de benefícios sociais. Outros, ainda, são armazenados no banco de dados para posterior recuperação e processamento para descrição.
Segundo Chiavenatto (1995), a elaboração de um sistema de Informação de Pessoas requer observação sistemática e análise e avaliação da organização ou de seus subsistemas, e das suas respectivas necessidades de informação. |
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Tela 8 |
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Um sistema de informação deve identificar e envolver toda a rede de fluxos de informação para ser projetado para cada grupo de decisões. A ênfase deve ser colocada na necessidade de informações e não simplesmente no uso da informação como convencionalmente se faz. O sistema de informação é a base do processo decisório da organização.
Fonte: CHIAVENATTO, Idalberto. Recursos Humanos. Ed.3ª. São Paulo-SP: Ed. Atlas, 1995, p.476. |
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Tela 9 |
| Planejamento de um Sistema de Informações de Pessoas Segundo Chiavenatto (1995), o sistema de informações de pessoas utiliza como fontes de dados, elementos fornecidos por:
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Tela 10 |
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O sistema de informações de pessoas deve ser planejado e montado para atingir determinados objetivos. O alcance desses objetivos é que permitirá avaliar a eficácia do sistema: levar os órgãos de linha à tomada de decisões adequadas sobre pessoas.
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Tela 11 |
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4 - Auditoria de Pessoas O controle de pessoas em uma organização requer também, uma auditoria nas atividades de Gestão de Pessoas a fim de verificar a execução da política de pessoal. A auditoria é um sistema de controle e se baseia na determinação de padrões de quantidade, qualidade, tempo e custo. Esses padrões permitem a avaliação e controle por meio da comparação com os resultados ou desempenho daquilo que se pretende controlar. O propósito principal da auditoria, segundo Chiavenatto (1995), é mostrar como o programa está funcionando, localizando práticas e condições que são prejudiciais à organização ou que não estão compensando o seu custo ou, ainda, práticas e condições que devam ser acrescentadas. A auditoria é um sistema de revisão e controle para informar a administração sobre a eficiência e a eficácia do programa em desenvolvimento. |
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Tela 12 |
| Padrões de Avaliação e Controle de Pessoas A Gestão de Pessoas necessita de padrões capazes de permitir uma contínua avaliação e um sistemático controle de seu funcionamento (Chiavenatto, 1995). Geralmente são utilizados vários padrões na avaliação e controle do sistema de Gestão de Pessoas. Os tipos
de padrões podem ser, segundo Chiavenatto (1995): |
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Tela 13 |
| A auditoria de pessoas pode ser executada por um consultor externo ou por um da própria organização. Este consultor assume o papel de autoridade em pesquisa de recursos humanos (Chiavenatto, 1995) e dedica-se a verificar alguns aspectos das diretrizes de Gestão de Pessoas.
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Tela 14 |
| 5 - Contabilidade de Pessoas e Balanço Social O controle de pessoas na organização passa pela verificação dos conceitos de Contabilidade de Pessoas e Balanço Social nas Organizações (Chiavenatto, 1995). Assim como a contabilidade tradicional se dirige para o acionista avaliar aspectos das finanças e da contabilidade, a contabilidade de pessoas visa o balanço social, de forma a verificar como a organização executa a responsabilidade social em termos de pessoas e do seu negócio (Chiavenatto, 1995). A preocupação visa destacar o ser humano como uma grande preocupação. O aspecto social e humano é contabilizado em virtude da boa produtividade, do clima organizacional, ou seja, dos fatores humanos e sociais que contribuam para os resultados favoráveis. |
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Tela 15 |
| O balanço social é um conceito cuja concretização ainda está incompleta, pois na inventariação dos valores sociais apenas são focalizados certos aspectos que não são mais do que um dos lados do balanço, ou seja, aspectos do ativo social. As organizações não costumam evidenciar aspectos negativos, ou seja, aspectos do passivo social. Neste sentido, se não temos ativo social e passivo social, não poderemos ter balanço social.
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Tela 16 |
| O balanço social busca recapitular em documento único os principais dados que permitam apreciar a situação da organização no domínio social, registrar as realizações efetuadas e medir as mudanças ocorridas no curso do ano em referência e dos anos anteriores. Assim, o balanço social deve comportar informações sobre o emprego, a remuneração, os encargos sociais, as condições de higiene e segurança, a produtividade das pessoas, as disfunções (como rotatividade, o absenteísmo, os conflitos trabalhistas) e as relações trabalhistas. O balanço social deve retratar não somente as relações entre a organização e seus recursos humanos, mas, sobretudo, as relações entre a organização e a sociedade em seu conjunto, englobando, assim, informações sobre as seguintes categorias de parceiros sociais: 1. os empregados,
sua contribuição, características, remuneração,
encargos sociais, potencial de desenvolvimento, promoções,
condições de trabalho etc.; |
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Tela 17 |
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Desse modo, o balanço social procura demonstrar as relações entre a organização e seus parceiros sociais, bem como a influência social ou societária e o impacto social exercido pela organização. Procura retratar os diversos fluxos entre a organização e seu ambiente.
O estado da arte do balanço social reflete a situação social e política de cada país, e não há um consenso a respeito de sua natureza e conceituação. Assim, o balanço social de uma empresa brasileira difere do de uma empresa europeia e americana. |
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Tela 18 |
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Classificação das Contas Sociais - Os modelos de contabilidade social consideram cada elemento importante sob o prisma social como uma conta analítica particular. Podemos classificar quatro categorias de contas sociais: 1. As contas
sociais reduzidas a análises em termos de custos sociais,
relacionadas com os principais parceiros sociais da organização
como: |
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Tela 19 |
| 2. As
contas sociais em que as ações com fins sociais são
avaliadas em termos de custos monetarizados e em termos de impacto não
monetarizados. Trata-se de um melhoramento do item precedente, em que
o produto social é conhecido, mas não avaliado em expressão
monetária. Assim, além de um benefício financeiro
definido, inclui-se um benefício social não exprimível
em unidades monetárias, mas em melhores condições
de trabalho, em acréscimo de educação ou cultura,
em menor poluição a) empregados |
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Tela 20 |
| 4. As
contas sociais que visam essencialmente mostrar como, no curso do tempo,
evolui a parte da riqueza criada pela organização e como
é distribuída entre os diversos parceiros sociais.
Este modelo parte de certa ideia de justiça social vestida de
uma concepção política da sociedade: procura evidenciar
o fato de que a economia liberal é apta a proporcionar o bem-estar
material de todos os parceiros sociais, seja para mostrar como os ganhos
de produtividade são repartidos entre os diferentes parceiros
sociais, sobretudo nas empresas nacionalizadas ou de economia mista.
Na forma mais elementar este tipo de contabilidade apresenta anualmente
um quadro de repartição ou de sobreposição
do valor agregado entre os diversos parceiros sociais, considerando
dois períodos sucessivos de tempos para demonstrar: |
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Tela 21 |
| 6 - Responsabilidade Social da Organização Representa os compromissos da organização com a sociedade e está voltada para a atitude e comportamento da organização em face das exigências sociais, em conseqüência das suas atividades. Isto implica a avaliação e compensação dos custos sociais gerados por ela e a ampliação do campo dos seus objetivos, definindo o papel social a desenvolver para conseguir a legitimidade e responsabilidade perante os diversos grupos humanos que a integram e a sociedade no seu conjunto (Chiavenato 1995). A organização é uma instituição de grupos humanos integrados por um sistema de relações econômicas, sociais e tecnológicas intra e intergrupos que interagem dinamicamente entre si. Cada uma delas depende do seu ambiente para as suas entradas e para as suas saídas sendo bem sucedida e alcançando eficácia quando consegue atingir seus objetivos e é capaz de atender às necessidades do seu ambiente. Sob esta ótica, responsabilidade social da organização se dá quando cumpridas as prescrições de leis e de contratos, constituindo a sua resposta às necessidades da sociedade, isto é, internalizando o que é bom para a sociedade e respondendo ao que ela espera da organização. Por esta razão, seu conceito de responsabilidade social está condicionado pelo meio ambiente político, social, econômico, além de ter de considerar os grupos por ela afetados e o tempo. Uma mesma atividade organizacional pode ser socialmente responsável num dado momento dentro de um conjunto de circunstâncias culturais, sociais etc., e socialmente irresponsável em outro momento, lugar e circunstâncias. |
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Tela 22 |
| O balanço
social surge como um instrumento para delimitar e definir a
responsabilidade da organização (Chiavenatto, 1995). Deste modo, o balanço social passa a ser um sistema de informação dirigido ao público a respeito do comportamento socialmente responsável da organização, o qual mostra se a organização está fazendo um bom trabalho ou não, seja do ponto de vista dos seus participantes, dos seus acionistas, dos seus clientes, do público geral e da comunidade. |
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Tela 23 |
| Resumo A Gestão de Pessoas requer que se faça o controle por meio de: - Banco
de dados e sistemas de informação. O controle é feito a partir de uma seqüência de etapas que formam um processo:
Sistema de Informação é um conjunto de elementos interdependentes, logicamente associados para que de sua interação sejam geradas informações necessárias à tomada de decisões. O órgão de pessoas deve comunicar e abastecer todos os órgãos de informações relevantes sobre os recursos humanos neles lotados para que os respectivos chefes administrem adequadamente os seus subordinados. Um sistema de informação de pessoas utiliza como fontes de dados, elementos fornecidos por: banco de dados de recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento de pessoas, avaliação de desempenho, administração de salários, registros e controles de pessoas, a respeito de faltas, atrasos, disciplinas, higiene e segurança. Auditoria de recursos humanos A auditoria de Gestão de Pessoas pode ser definida como a análise das políticas e práticas das pessoas de uma organização e avaliação do seu funcionamento atual, seguida de sugestões para melhoria. O propósito principal da auditoria de pessoas é mostrar como o programa está funcionando, localizar práticas e condições que são prejudiciais à organização ou que não estão compensando o seu custo ou, ainda, sugerir práticas e condições que devam ser acrescentadas. A auditoria é um sistema de revisão e controle para informar a administração sobre a eficiência e eficácia do programa em desenvolvimento. Contabilidade de recursos humanos e Balanço Social O fator humano constitui o elemento mais importante das organizações. O desempenho das organizações não pode ser adequadamente avaliado se o fator humano não for incluído nessa avaliação. Cumpre colocar a pessoa no centro das preocupações, não só da administração como também da contabilidade. O balanço social é um sistema de informação dirigido ao público a respeito do comportamento socialmente responsável da organização. Expressa um conjunto de índices e indicadores que apresentam os níveis de cada uma das variáveis tomadas como relevantes pela organização para fazer cumprir sua responsabilidade. Procura mostrar se a organização está fazendo um bom trabalho ou não, seja do ponto de vista dos seus participantes, dos seus acionistas, dos seus clientes, do público geral e da comunidade. Busca recapitular em um único documento os principais dados que permitam apreciar a situação da organização no domínio social, registrar as realizações efetuadas e medir as mudanças ocorridas no curso do ano em referência e dos anos anteriores. Responsabilidade social significa os compromissos da organização com a sociedade e de forma mais intensa com aqueles grupos ou parte da sociedade com a qual está mais em contato: seu ambiente. A responsabilidade social está voltada para a atitude e comportamento da organização, face às exigências sociais da sociedade em consequência de suas atividades. Implica a avaliação e compensação dos custos sociais que a mesma gera e a ampliação do campo dos seus objetivos, definindo o papel social a desenvolver para conseguir com tudo isto a legitimidade e responsabilidade perante os diversos grupos humanos que a integram e perante a sociedade no seu conjunto. |
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| Unidade 3 | Módulo 1 | Tela 24 |
| 1
- Globalização: o novo cenário mundial
As transformações estruturais das sociedades, provocadas pela globalização, desafiam as Ciências Sociais a pensar o mundo como uma sociedade sem fronteiras. As condições de soberania, de hegemonia e o papel do Estado estão em reformulação. As empresas adquirem poder sempre crescente; passam a operar em escala global e sobrevivem em mercado sem fronteiras, substituem o trabalho humano pela eficiência e perfeição da alta tecnologia, geram desemprego ou realocam trabalhadores. A globalização representa um desafio, na
medida em que modifica estruturalmente as sociedades, incorporando-as
em uma única sociedade global. Alguns autores têm definido
o processo de globalização, entre eles Octávio
Ianni, Marcos
Arruda, Castells. |
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Tela 25 |
Não somente as sociedades avançadas, mas todas as sociedades interdependentes são incluídas no processo de transformação estrutural. A produtividade e a competitividade baseiam-se cada vez mais no conhecimento e na informação. O trabalho qualificado e as matérias-primas deixam de ser estratégicos.
Durante a década de 1970, a maioria das organizações definia-se numa estrutura predominantemente hierarquizada, departamentalizada, formal, com centralização de informações e de decisões, estrutura essa criada com base nas grandes empresas industriais. Os padrões
de produção de tais organizações caracterizavam-se
por aspectos como produção em massa, notadamente de bens
de baixa diferenciação e produção em linha
de montagem. |
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Tela 26 |
| Havia,
assim, uma padronização do maquinário e do equipamento,
da mão de obra e das matérias-primas. A organização
e a gestão do trabalho baseavam-se em elementos como divisão
de tarefas, especialização do trabalhador, separação
entre execução e produção, aumento do controle,
dentre outros. O trabalho era rotineiro com pequeno grau de envolvimento
dos operários e a produção era estimulada sobretudo
por incentivos financeiros. Esse conjunto de características configura
o que ficou conhecido como o paradigma taylorista/fordista ou o modo de
produção fordista.
Fatores como a saturação do mercado de bens
duráveis, a perda do poder aquisitivo de grande parte da população,
a entrada de novos países produtores e a formação
de blocos regionais levaram as empresas a repensar sua forma de organização.
Iniciou-se nessa época, a busca de novos padrões e modelos
organizacionais, para fazer frente a esses novos desafios de competitividade
por meio dos quais as empresas poderiam sobreviver. |
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Tela 27 |
| 2
- Reestruturação do Setor Produtivo
As transformações decorrentes da globalização trouxeram um novo nível de competição mundial para as organizações produtivas e prestadoras de serviço, impondo-lhes novos padrões de qualidade e produtividade. Diante desse cenário, era necessário implantar
não apenas mudanças tecnológicas, mas em especial
novas formas de organização de trabalho, na busca de uma
empresa mais flexível e integrada, que elevasse a produtividade
e fizesse frente a um ambiente marcado pela imprevisibilidade e complexidade
do mercado.
Surgiam, assim, estruturas organizacionais
menos hierarquizadas, mais ágeis e mais enxutas, que possibilitariam
uma redução de custos em diferenciação de
algumas das empresas perante seus concorrentes (Salerno, 1993). |
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Tela 28 |
Os impactos decorrentes da busca por produtividade e da crescente competitividade estimularam as empresas a se modificarem estruturalmente. Nesse contexto, as empresas iniciaram um processo de reestruturação produtiva, buscando:
As organizações procuraram adequar o processo produtivo, tentando tornar compatíveis as novas exigências de consumo diferenciado e a individualização crescente das demandas, à necessidade de economia de escala na produção. A reestruturação produtiva representou uma busca por maior racionalização técnica e organizacional, com consequente modernização dos parques produtivos, por meio da automação e robotização, flexibilização empresarial, mediante adoção de novos modelos organizacionais. Na busca por redução de custos, também um requisito para a competitividade, etapas intermediárias dos processos de produção e indústrias que utilizam mão de obra intensiva foram deslocadas para países periféricos, eliminando postos de trabalho, nos países desenvolvidos e provocando uma divisão internacional do trabalho. |
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Tela 29 |
| O
processo acelerado da globalização tem transformado o mercado
mundial de trabalho, sugerindo mudanças incompatíveis com
a estabilidade empregatícia. A política do full employment
(emprego pleno) é substituída pela do employ hability
(contratação de acordo com as habilidades), num amplo risco
de precarização do emprego, seja em nível societário
(desemprego), seja no âmbito das empresas (terceirização,
contrato temporário de trabalho etc.).
A redução dos empregos também se relaciona com as exigências de formação profissional, tendendo a excluir do mercado formal de trabalho as pessoas que não acompanham o desenvolvimento tecnológico e as mudanças de mentalidade e de comportamento organizacional. A necessidade de adaptação
levou a um enxugamento das estruturas e a novos tipos de relacionamento
entre as empresas. Parte dos processos organizacionais foi repassada a
outras empresas, por meio da terceirização, de parcerias
e de prestação de serviços (por autônomos),
visando estruturas organizacionais mais enxutas e eficientes.
Assim, empresas de todo o mundo percebem a necessidade de mudar, sob pena de não serem capazes de competir e sobreviver, e sentem os reflexos da globalização e a necessidade de mudança. |
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Tela 30 |
| 3
- A Gestão de Pessoas diante do Novo Cenário As mudanças causadas pela globalização e reestruturação no ambiente organizacional impuseram modificações também na Gestão de Pessoas nas empresas. A necessidade de aumentar a produtividade e a qualidade torna necessária a otimização do uso do potencial humano como ativador do processo de trabalho nas organizações. A tecnologia, tanto em termos de equipamentos como de gestão e de processos, modificou a maneira de gerenciar os recursos e as pessoas, delineando novos desenhos organizacionais. Esse novo contexto obrigou uma redistribuição da autoridade formal nas empresas, exigindo maior descentralização, maior autonomia dos funcionários e maior transferência de responsabilidade aos empregados. Tal situação, aliada a novos parâmetros de cobrança de resultados, com maior exigência, pode alterar as formas de controle do trabalho, impondo aos funcionários maior autocontrole e autorregulação. A contrapartida do aumento de autonomia é o aumento de cobrança. Para lidar com essas mudanças de parâmetros, a Gestão de Pessoas necessita de reformulação. |
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Tela 31 |
| O
setor de pessoas vem sofrendo sérias modificações,
chegando até mesmo a ser extinto em algumas empresas. Nesse ambiente
instável, interna e externamente à organização,
faz-se necessário repensar a área de pessoas e redefinir sua
missão. Toda a antiga filosofia de gestão de pessoal, com
suas ferramentas tradicionais, passa a ser questionada. Gonçalves
(1997) aponta a necessidade de as empresas centrarem-se em processos, com
foco nos clientes e a importância da nova Gestão de Pessoas
visando prepará-las para atuar nesse contexto. O planejamento de
pessoas deverá adequar-se às novas necessidades das organizações,
de flexibilidade e de adaptação às constantes e rápidas
mudanças. Assim, a Gestão de Pessoas parece adquirir características
de staff. Antigos analistas (como de cargos e salários)
tendem a ser deslocados de funções técnicas para consultivas.
A tendência é que o conhecimento de Gestão de Pessoas passe a ser disseminado para um maior número de pessoas dentro da organização, notadamente para os gerentes das áreas funcionais. A função de gerenciamento de pessoal ganha nova perspectiva com a incorporação do instrumental de pessoas pelos gerentes das outras áreas, capacitando-os a desenvolver e utilizar, de forma mais efetiva, as aptidões de seus subordinados, possibilitando a agregação de valor aos processos. Os gerentes precisam desenvolver a capacidade de interpretação do comportamento humano, a fim de compreender a reação das pessoas, especialmente nos momentos de mudança, e saber como utilizar essas informações em tais circunstâncias. Assim, na perspectiva de Gonçalves (1997), a Gestão de Pessoas passa a ser vista, cada vez mais, como uma área estratégica que não deve ficar sob a responsabilidade de um único departamento ou divisão. As políticas de Gestão de Pessoas devem formular um conjunto estruturado de estratégias, programas e instrumentos de gestão integrados entre si e com as demais estratégias da organização. Nessa tarefa, deve analisar o ambiente externo (gestão pública, planejamento, economia e legislação), o ambiente interno (estratégias, processos, qualidade, marketing de produtos e serviços, finanças, custos, gestão de pessoas e de projetos) e as habilidades comportamentais dos gestores (liderança, administração do tempo, de conflitos, formação e desenvolvimento de equipes). |
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Tela 32 |
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Um dos papéis da Gestão de Pessoas é desenvolver estratégias para o comprometimento dos trabalhadores com os objetivos organizacionais, utilizando sua efetiva participação como catalisador das mudanças necessárias ao alcance de um estágio mais avançado nas organizações. Cabe à Gestão de Pessoas a iniciativa de, junto com a direção da empresa, fazer transição do estilo de gerenciamento tradicional, autocrático e burocrático para o estilo de gerenciamento mais democrático. Esse sistema gerencial requer maior participação dos funcionários, mas opta, muitas vezes, pela redução de mão de obra, entendida não somente como diminuição de custos, mas também como redutor da instabilidade causada pela interferência humana nos processos. A Gestão de Pessoas deve criar mecanismos que minimizem a insegurança dos empregados que permanecem na empresa. Em parte, isso pode ser conseguido com maior transparência na comunicação interna sobre as reais possibilidades de manutenção de mão de obra e os esforços empreendidos nesse sentido. |
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Tela 33 |
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4 - O Novo Trabalhador
É cada vez mais presente nas organizações a exigência de um novo tipo de trabalhador, que tome atitudes mais elaboradas e intelectualizadas. As empresas parecem não mais necessitar de profissionais estritamente técnicos, mas de pessoas voltadas para processos de interpretação, elaboração e transformação. Isso significa afirmar que, em lugar de uma especialização rígida, busca-se maior flexibilidade, raciocínio lógico e capacidade de adaptação, de aprendizado, de comunicação, de trabalho em equipe, de tomada de decisão, de avaliação dos resultados e de identificação e solução de problemas. Dessa forma, quanto mais seletivo o processo de escolha dos empregados mais adequados ao novo contexto. Entretanto, para obter esse novo tipo de trabalhador, as empresas não podem depender exclusivamente da oferta do mercado de trabalho. As organizações têm a possibilidade de formar internamente os profissionais com o perfil ideal, preparando-os para lidar com as mudanças intrínsecas ao novo processo produtivo. Por meio de treinamento atualizado, os funcionários tornam-se mais adaptáveis às mudanças, criando condições para sua permanência na empresa e para concorrência com a mão de obra externa.
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Tela 34 |
A necessidade de repensar a Gestão de Pessoas nas empresas de todo o mundo e as questões do novo tipo de trabalhador impõem como desafios aos pesquisadores organizacionais e aos gerentes, uma atitude reflexiva sobre mudanças e a possibilidade de adequação ao novo contexto. Em um cenário de concorrência global tão acirrada e sob pena de não serem capazes de proagir (ou reagir) à velocidade das mudanças, já não basta aos profissionais das organizações e aos gestores de pessoas refletirem sobre esses assuntos: eles precisam se colocar em ação em direção às mudanças. |
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Tela 35 |
5 - A Empresa Moderna e o Processo de Gestão de Pessoas
Este item procura
apresentar as transformações que estão ocorrendo
com as organizações inseridas no contexto mundial de contínuas
mudanças, bem como as novas tendências no processo de gestão
e analisar seus impactos sobre a Gestão de Pessoas. Na época atual, o mundo passa por um processo histórico caracterizado por imensa integração econômica, pelo crescimento dos processos de disseminação da informação e do conhecimento, por meio da evolução explosiva das telecomunicações, da informática e da automação eletrônica e microeletrônica dos meios produtivos. A concorrência global e o aceleramento nas inovações tecnológicas implicam em novas ameaças e oportunidades (HAMEL & PRAHALAD, 1994). |
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Tela 36 |
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Nessas novas condições, as empresas encontram-se diante de inúmeros desafios. Para garantir sua capacidade de competir e sobreviver no mercado com exigências internacionais, constantemente, procuram inovar em tecnologia ou em novos modelos de gestão, proporcionando, assim, maior integração com seus clientes, fornecedores, funcionários e acionistas. Tal processo visa o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das pessoas. A internacionalização afetou o aspecto da cultura organizacional, incorporando as diversidades étnicas e culturais no ambiente de negócios e do trabalho. A comunidade passou a ter papel importante para as atividades da empresa. Assim, as questões sociais e ambientais têm o poder decisivo na definição das estratégias empresariais. Alguns autores (RAMOS, 1981), que procuram as novas direções no desenvolvimento organizacional, atribuem o aspecto moral, além do técnico, ao processo de produção. Dessa maneira, o trabalho é considerado não apenas como uma atividade metamórfica, mas também como processo criativo, que proporciona contribuições em termos de educação e de satisfação para o trabalhador. Então como as empresas são modificadas e se modificam para navegar num ambiente tão mutável e multidimensional? |
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Tela 37 |
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O processo de inovação, muitas vezes, leva à mudança no desenho organizacional (KILIMNIK, 1997) por meio da descentralização produtiva, que permite aperfeiçoamento das atividades e serviços específicos, do achatamento das estruturas hierárquicas, da desintegração vertical, que reduz a cadeia de atividades e da focalização nas competências específicas da empresa, da terceirização. A organização passa a ser orientada para processos (GONÇALVES, 1997), que permitem melhor alinhamento aos objetivos e melhor desempenho para direcionar as atividades, orientando-a para a satisfação das necessidades do mercado e dos clientes. A dependência da estrutura organizacional à estratégia da empresa, que é moldada em grande parte pelas condições do ambiente externo, foi enfatizada ainda por CHANDLER (1990). O processo da formação da estrutura da empresa moderna vai além dessa visão contingencial e implica na interdependência em duas direções que facilitam o processo de aprendizagem organizacional e maior flexibilidade da empresa. As mudanças afetam a organização e os modos do trabalho. Os princípios tradicionais de Administração, da divisão do trabalho, da amplitude de controle e disciplina e da comunicação formal do papel não atendem mais às características do mundo contemporâneo. A dinâmica mudou, a execução das tarefas individuais transformou-se no trabalho em equipe, ou seja, o subjetivo do trabalhador, sua experiência e visão pessoal passam a ser essenciais para o sucesso da empresa. O tipo do trabalhador Homo faber dá lugar ao Homo sapiens (CARNEIRO, 1995) cuja função não é mais executar, mas pensar. As empresas buscam o novo perfil do seu empregado valorizando os conhecimentos e educação geral, a esfera mais ampla das experiências profissionais e pessoais. A Empresa do futuro necessita dos novos modelos de administração e do profissional com novas competências gerenciais. |
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Tela 38 |
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Mudanças para a Gestão de Pessoas – Neste novo século, observa-se que a empresa moderna promove uma verdadeira revolução nos princípios tradicionais do desenho organizacional, motivada pela mola-mestra dos resultados financeiros. Tais modificações afetam inúmeros aspectos da vida humana como saúde, relações sociais, economia, tecnologia e política, sejam em países desenvolvidos ou em desenvolvimento.
Para a adequada gestão dos seus resultados, a empresa moderna adota, como referencial, os processos determinantes da agregação de valor aos produtos e serviços oferecidos. Tendo o uso intensivo da tecnologia transformado a matriz da eficiência empresarial, o desenho organizacional evolui de forma a contemplar a adequação do profissional que, de simples executante de tarefas prescritas, passa a ser um gestor de processos. A alocação dinâmica de recursos, o trabalho realizado em equipes e orientado por projetos e a coordenação efetiva estabelecem novos princípios de desenho organizacional, sugerindo um realinhamento constante das verdadeiras fronteiras da organização que se desligaram dos conceitos físico e geográfico para adotar visão mais ampla, flexível e dinâmica que apontam para a visão orgânica da instituição. As oportunidades delineiam o modelo organizacional que resulta em criação de valor para os produtos e serviços oferecidos, deixando claro que os recursos necessários poderão não estar sempre numa empresa específica, ou mesmo não pertencer a ela. |
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Tela 39 |
6 - As Novas Relações Organizacionais
O quadro dinâmico apresentado exige uma nova relação entre o capital e o trabalho nas organizações. Assim como o primeiro, que busca a rentabilidade sem se preocupar com credos ou ideologias, a relação de trabalho deixa de ser durável e exige a redefinição do modelo organizacional. Nessa reorganização, criam-se novos referenciais de poder, uma vez que, como nos apresenta KILIMNIK (1997), há uma desintegração vertical, um achatamento da pirâmide com eliminação de níveis hierárquicos nas organizações. Por outro prisma observa-se o fenômeno da terceirização, que dá uma dinâmica particular aos novos processos organizacionais. Em prol dos resultados finais, a iniciativa dos empregados é colocada em evidência, ou seja, tanto na empresa geradora do processo como naquelas que se responsabilizam por suas etapas terceirizadas. |
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Tela 40 |
| Nesse
ponto, podemos qualificar os negócios como um jogo, em que os fornecedores,
clientes, competidores e parceiros complementares interagem com a empresa,
que oferece produtos e serviços. Nesse jogo, uma organização
deve ser vista como passível de estar atuando, a qualquer momento,
como qualquer um dos elementos citados, aos que se denomina nova rede de
valor (BRAMDENBURGER & NALEBUFF, 1996). Essa flexibilidade apresenta
desafios relevantes para a gestão de recursos humanos que passa a
ter que redirecionar ações de treinamento para um profissional
que precisa se adaptar a novas funções. A multidisciplinaridade
de capacitações passa a ser ingrediente importante na formação
de equipes multifuncionais, que se complementam na cadeia de produção.
Toda essa evolução traz à função de recursos
humanos, um universo de desafios que exige novos olhos, novas estratégias
de abordagem dos problemas e novas ações.
Com as novas tecnologias e a nova visão negocial, surgirão profissionais que, ao perder o status do emprego estável, deverão ser apoiados adequadamente, para que não percam a cultura e o clima organizacional necessários ao alcance dos níveis de produtividade esperados. A função de pessoal deve desenvolver novas competências gerenciais, tanto para consumo próprio como para o enfrentamento de um processo de gestão de mudança continuada, em que o plano de carreira deixa seu ar mais sisudo e torna-se flexível o bastante para que novas lideranças sejam desenvolvidas nesse novo ambiente. |
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Tela 41 |
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A ênfase está na Gestão de Pessoas, preparando-as para o trabalho real em contraponto ao trabalho prescrito, em que a melhoria na qualificação dos gerentes para o enfrentamento de desafios continuados é tarefa das mais urgentes. À função de pessoal cabe a participação integrativa na reorganização das novas linhas de poder e na recomposição de quadros, adequando-os à nova realidade institucional da organização. A tecnologia da informação possibilita, com as suas vertentes interligadas em rede, o trabalho em organizações virtuais. De fato, nem a organização, nem o trabalho em si são virtuais. O que denota esse conceito de virtualidade é a possibilidade de se redirecionar os processos de forma global, sob a égide do sentido e do valor dados à informação nos novos tempos. Assim, mantendo-se as pessoas fisicamente numa localidade, a efetividade de muitos processos, como aqueles relacionados a serviços, não podem mais estar diretamente relacionados a conceitos tradicionais vinculados ao trabalho. Os conceitos jurídicos também deverão ser revisados para bem orientar a empresa cem sua totalidade, particularmente, o profissional de pessoal. Nesse caminho, aproveita-se a tecnologia da informação disponível para a realização de treinamento a distância e para o desenvolvimento da nova cultura organizacional globalizada. Apesar da manutenção da riqueza da imagem e do alto grau de interatividade possível, essas tecnologias ainda não fazem parte do consciente coletivo dos profissionais não especialistas em tecnologia da informação. A opção pelo treinamento não presencial deve ser realizada com cuidados especiais. O resultado obtido na produtividade ao longo do tempo depende do nível de aproveitamento que profissionais de diferentes gerações farão dessas novas abordagens. |
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Tela 42 |
Desafios Apresentados à Gestão de Pessoas - Nesse mundo globalizado, organizado em redes, transformar pessoas passa a ser o maior desafio estratégico. E essas, uma vez transformadas comporão times autônomos, o que não deve ser uma tarefa imediatista. Deve se constituir em processo evolutivo, a ser observado pacientemente por aqueles que irão ocupar as empresas do futuro. Neste aspecto, certo tipo de meritocracia está sendo formado, para que permaneçam nas organizações, como em uma seleção natural, somente pessoas realmente adequadas à confecção dos produtos e à execução dos serviços propostos.
Essa realidade apresenta contornos que precisam ser analisados sob o ponto de vista profissional, político e ético nas organizações. Visto que diferentes organizações operam processos distintos na confecção e oferta de produtos e serviços específicos, a adequação extremada do profissional poderá ser um fator o qual restringirá a sua inserção noutra empresa, ainda que do mesmo ramo de negócios. As políticas de Gestão de Pessoas deverão contemplar mecanismos que aproveitem essas qualidades presentes no profissional treinado sem deixar de lado os limites éticos dessa transformação. Apesar disso, todo esse quadro da empresa do futuro convive, em meio à transição, com um universo de ferramentas básicas que a administração de recursos humanos mantém incorporadas às organizações, o que exige cuidado adicional para que um sincronismo seja encontrado, pois não se transformarão pessoas com argumentos, tecnologias e ferramental inadequado.
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Tela 43 |
Impactos sobre a Gestão de Pessoas - Diante das mudanças na estrutura das empresas, na necessidade de novas habilidades para os empregados e na procura por maior flexibilidade, é natural que se demandem também modificações nos processos de trabalho da área de Gestão de Pessoas das organizações.
Uma das maiores mudanças tende a ser adoção de equipes autodirigidas e o empowerment – reconhecer o valor dos empregados e dar a eles suficiente poder de decisão e responsabilidade para que possam desempenhar suas tarefas e resolver seus problemas sozinhos. É claro que, primeiramente, a empresa precisa analisar se o uso do trabalho em equipe valerá a pena; mas, se assim for verificado, a Gestão de Pessoas passa a ser a facilitadora desse processo. Deve, então, ser dada ênfase no treinamento e desenvolvimento do indivíduo e da equipe. Também o recrutamento e a seleção deverão adequar-se para identificar profissionais já formados ou com potencial para trabalhar em equipe. Essa adequação advém das demandas, habilidades e competências específicas exigidas do profissional atuando em equipes, diferentes daquelas analisadas para o trabalho isolado. |
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Tela 44 |
O gerenciamento das pessoas deve envolver o implemento das equipes auxiliando-as a: definir metas; estágios do processo de implementação; formas de mensurar seu sucesso e progresso; recursos alocados; responsabilidades e recompensas. No caso do recrutamento e seleção, a tendência atual é privilegiar outros aspectos além dos tradicionais, como escolaridade, experiência e aptidões técnicas do tipo conhecimento de software. Um dos aspectos a ser buscado no recrutamento de novos funcionários é o comprometimento, ou seja, até que ponto as pessoas estão dispostas a se envolver com os objetivos da empresa. Além disso, a capacidade de assumir responsabilidade pelos próprios erros, a fidelidade, a iniciativa, flexibilidade, a produtividade pessoal e a facilidade de relacionamento pessoal são aspectos que devem ser avaliados na seleção por serem importantes em organizações modernas. É bastante útil procurar essas características no momento mesmo do recrutamento, pois desta forma pode-se diminuir os gastos da empresa para desenvolver essas características. Ainda que as aptidões e competências profissionais continuem sendo importantes e avaliadas na seleção, as empresas estão percebendo que uma pessoa emocionalmente envolvida com o trabalho tende a dar o melhor de si, por perceber a relação direta entre o sucesso da empresa, de cada equipe e de cada pessoa. |
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Tela 45 |
| A
Gestão de Pessoas também desempenha um significativo papel
para trabalhar a motivação dos empregados. Além de
procurar recrutar pessoas internamente motivadas, o uso de reforços
positivos, como o reconhecimento por um serviço bem feito, melhora
a autoestima. Assim, o gerenciamento delas deve orientar os executivos sobre
a importância de lhes dar as informações necessárias
para a realização de um bom trabalho, fornecendo um feedback
regular sobre seus progressos.
Existem várias técnicas de motivação de empregados, como: criar canais de comunicação fáceis de usar, promover reuniões destinadas a comemorar o sucesso do grupo, reconhecer publicamente um trabalho bem feito, aprender com todos sobre aquilo que os motiva e quais atividades que desenvolvem em tempo livre. Outras maneiras eficazes de mantê-los motivados são: reconhecer suas necessidades pessoais, usar o desempenho, as contribuições ao trabalho em equipe e a apresentação de novas ideias como base para uma eventual promoção. |
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Tela 46 |
| É
também essencial recompensar financeiramente de forma competitiva,
pois fica difícil manter as pessoas estimuladas a fazer um bom trabalho
e aprimorar seus conhecimentos sem um retorno financeiro bem definido, tanto
em termos atuais quanto futuros.
Assim, a Gestão de Pessoas tem importante papel na motivação dos empregados, direta e indiretamente. De forma indireta, por meio do treinamento e da preparação dos gerentes na utilização adequada das ferramentas, supervisionando o seu uso. Sua atuação direta faz-se pelo próprio desenvolvimento dessas ferramentas além da criação de uma política de salários e um plano de carreira para estimular os empregados. |
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Tela 47 |
| Resumo O mundo organizacional e de negócios desloca-se do enfoque de mercado local para o global. As organizações adquirem novas posições, regulam e desenvolvem novas formas de viver e de trabalhar, assim como instâncias de socialização dos diversos atores que as compõem e as estruturam. A transformação do sistema empresarial se processa sob o signo da modernização tecnológica nos países desenvolvidos. O que muda, entretanto, não é apenas o aspecto tecnológico, no que se refere a equipamentos e materiais. Trata-se de transformação mais profunda, que muda radicalmente os modos de funcionamento do sistema empresarial: as condições de produção, a relação com os mercados, a visão, e o tratamento com os trabalhadores. Nesse contexto, os antigos modos de produção não são mais eficazes: novos modelos de gestão se implantam. As palavras-chave desse novo discurso são: integração, abordagem sistêmica dos modos de produção, horizontalidade dos procedimentos e das comunicações, descentralização das estruturas e das decisões. A combinação das funções de fabricação, manutenção e qualidade fazem “descer” os objetivos econômicos até o “chão de fábrica”, sendo diretamente abertos à flutuação dos mercados. Implicam também mudanças na forma, conteúdo e natureza do trabalho a partir do fenômeno da globalização e da reestruturação produtiva, denotando maior exigência na análise de suas consequências para as organizações, para a administração e para os trabalhadores. |
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| Unidade 3 | Módulo 2 | Tela 48 |
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1 - O trabalho e as Mudanças no Cenário Produtivo Mundial
Um novo cenário vem se consolidando no mundo do
trabalho e transformações tecnológicas, estruturais
e econômicas exercem grandes impactos sobre as pessoas e a gestão
dessas dentro das organizações. A crise do petróleo, em meados da década
de 1970, é um dos marcos referenciais do início das transformações
do trabalho, embora as origens do processo antecedam cronologicamente
esse período. Essas mudanças ocorreram paralelas e concomitantemente
no ambiente macroeconômico e intraorganizacional desde 1930. Na
verdade, não se pode dissociar todo |
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Tela 49 |
O taylorismo e o
fordismo surgem e se consolidam em uma época na qual a produção
em massa é garantida por um mercado apto a absorvê-la como
um todo. A grande preocupação dos empreendimentos fabris
durante esse período é ampliar as taxas de produtividade
e reduzir os custos de fabricação. As indústrias
de grande porte estrutural são uma das características
desse processo à medida que refletem uma política de A prescrição
do trabalho, a fragmentação da tarefa e a mecanização
das operações são ferramentas desse sistema fabril
que serve tanto para tornar mais dóceis os trabalhadores (FOUCAULT,
1987) quanto para aumento da produtividade. Deixa-se claro nesse processo,
que a padronização e a prescrição das tarefas
são feitas em um contexto em que poucas mudanças ocorriam
no processo produtivo ao longo do tempo. A fragmentação
do trabalho se dá de forma que o trabalhador se torna intercambiável,
ou seja, Segundo
HELOANI (1994), entre 1950 e 1960 ocorreu um forte movimento |
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Tela 50 |
| No
final da década de 1960, o modelo de produção em massa
começou a mostrar evidentes sinais de sua fragilidade. O Estado,
não podendo sustentar seus gastos em função da crescente
dívida pública e elevação dos salários,
estava se tornando um empecilho à competitividade dentro do padrão
de contenção de custos. Nesse aspecto, o fordismo-taylorismo
apresenta incoerência, pois, ao mesmo que precisa dos salários
adequados para a manutenção do sistema, prega a contenção
de custos e, dentro desses, a redução dos salários. Na década de 1970, intensificam-se as iniciativas de automatização microeletrônica das fábricas, mas é na década de 1980 que esse processo se consolida. As máquinas são implementadas para a substituição de tarefas repetitivas e mecânicas que até então eram realizadas pelos operários. No início da década de 1990, há um recrudescimento do neoliberalismo, tendo como pano de fundo a globalização, os movimentos de qualidade e o aumento da competitividade. O Setor de serviços cresce, absorvendo grande parte da mão de obra que está sendo liberada pelo setor fabril. A mão de obra feminina se insere fortemente no mercado de trabalho. Em decorrência do excesso de trabalhadores disponíveis, os mais velhos e os mais jovens encontram mais dificuldades de inserção no mercado de trabalho, sendo os primeiros considerados como incapazes de se adequar às novas exigências e os últimos inexperientes. Destaca-se o caráter estrutural da crise como evidencia MATTOSO (1995:78). |
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Tela 51 |
| Como
consequência desse processo, a classe trabalhadora ficou enfraquecida
em relação aos seus direitos. Com as novas formas de trabalho,
a classe operária ficou heterogeneizada, fragmentada e complexificada
(ANTUNES, 1995).
Dentro desse novo contexto, as organizações precisam adaptar-se
às exigências de um mercado que, além de se inserir
em uma competitividade internacional, estava estrangulado pela redução
de consumo e de gastos governamentais. As empresas que
querem sobreviver precisam, cada vez As
mudanças não se restringem ao advento e expansão
da tecnologia. A estrutura das organizações, assim como
a gestão da força produtiva é repensada a partir
do momento em que se constata que o sucesso TAUILLE (1994) chama a atenção para o fato de que as novas formas que tomam as estruturas das organizações ante esse novo processo não se restringem às modificações tecnológicas. A estruturação de elementos cooperativos dentro das organizações e entre elas é o que lhes garantirá alcançarem o padrão competitivo. PIMENTA (1997)
aponta a cooperação como um dos pontos em que há
uma ruptura no modelo taylorista-fordista na estrutura do trabalho. A
mesma estrutura que no modelo tradicional fica reduzida ao sequenciamento
das atividades na produção, surge, no modelo atual, como
forma dinâmica que sustenta o novo sistema fundamentado na inovação
e na aprendizagem. |
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Tela 52 |
Técnicas de gestão surgidas no final de 1970/80 difundem-se a exemplo da experiência da Terceira Itália e do Toyotismo no Japão e ganham espaço. Independentemente da discussão sobre a possibilidade de ter ocorrido uma ruptura e superação do modelo taylorista-fordista ou não, ficam evidentes algumas mudanças ocorridas no processo produtivo. Ressalta-se, entretanto que, dependendo do setor de atuação, do tipo de empresa, do país em que se localiza e do montante de investimentos, há diferenças de intensidade dessas transformações para cada caso, como salientam ANTUNES (1995), PIMENTA (1997) e FLEURY & FLEURY (1997). Essas modificações na forma de gestão
da força de trabalho acabam por definir um novo tipo de trabalho
e trabalhador. O trabalho não se restringe exclusivamente à
produção repetitiva de tarefas fragmentadas e pré-definidas.
Ao contrário, ele engloba, em um mesmo cargo, tarefas diferentes
que exigem conhecimento de mais de uma operação e pode demandar
a habilidade de controle de mais de uma máquina. O trabalho
já não pode ser prescrito como antes, em função
das linhas flexíveis de produção, em que ele necessita
ser um constante alvo de inovações. Em alguns casos, em
dias diferentes, o funcionário executa tarefas diferentes. O trabalhador
deve tornar-se um funcionário polivalente ou multifuncional. A
subjetividade do trabalhador constitui-se em um elemento importante para
a criatividade e a mudança no ambiente produtivo. Deve agir de
forma cooperativa com os demais funcionários e ser comprometido
com o processo produtivo. Agrega-se a necessidade de um trabalhador que
utilize sua inteligência e sua capacidade a favor do processo produtivo
e não apenas se utiliza um elenco restrito de habilidades, como
anteriormente, no modelo taylorista-fordista. |
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Tela 53 |
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Desse novo trabalhador é exigido que dedique todo
seu esforço para os objetivos organizacionais. Entretanto, é
por meio das mudanças na gestão das pessoas que esse processo
é implementado. O trabalhador passa a ser percebido como uma chave
importante para o aprendizado e inovação da organização
(FLEURY & FLEURY, 1997). Além disso, o trabalho em grupo passa
a ter maior importância do que o trabalho individual e, por isso,
a compreensão dos aspectos culturais passa a ser um ponto fundamental
na gestão das pessoas. |
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Tela 54 |
2 - Culturas Brasileira, Organizacional e Pessoal
A cultura da organização é uma importante variável para entender os processos rápidos e contínuos de mudanças no âmbito das relações de trabalho.
A cultura brasileira identifica valores e símbolos que agregam um povo em torno das concepções de nacionalidade e cidadania. Isso só é possível na medida em que se resgatam, historicamente, elementos que conduzem a essas concepções e as relacionam com traços identificáveis dessa cultura, nas ações e comportamentos dos indivíduos na sociedade. |
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Tela 55 |
| Autores
como Freyre, Furtado, Holanda e outros (apud SALES, 1994) procuram a explicação
para os padrões que dominavam a sociedade brasileira do século
passado, por meio do resgate histórico do modo de produção
escravista e suas consequências. De forma geral, a explicação
gira em torno da incorporação dos elementos da estrutura escravista,
agrária, assistencialista e oligárquica, ratificando a cidadania
concedida, fruto da cultura da dádiva (mandar/pedir, mando/subserviência, mandar/obedecer, mando/obediência). Essa configuração da cultura política brasileira reforça as desigualdades sociais presentes na nossa sociedade. (SALES, 1994:26) Entendemos que a cultura nacional dá suporte e sustentação para que as instituições criem, modifiquem ou reforcem os valores e símbolos conforme seus objetivos. Por outro lado, adventos como a globalização e a mudança da centralidade do trabalho (como eixo norteador e formador da cultura), possibilitam a coexistência de uma pluralidade de concepções que atribui sucesso às organizações que sabem valer-se da flexibilidade e, assim, criam uma identidade diferente das demais. São essas novas características organizacionais que têm posto em foco a cultura brasileira e, mais especificamente, os valores e símbolos que apregoam como se constituíram e como se inter-relacionam com os demais elementos de seu ambiente. |
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Tela 56 |
| 3
- Cultura Organizacional e de Pessoal
O contexto socioeconômico enfrentado pelas empresas neste final de século caracteriza-se pela sua velocidade de transformação. A revolução tecnológica obriga as empresas a se adaptarem rapidamente e de maneira satisfatória a ambientes em ininterrupta modificação. Assim, as organizações buscam compreender a si mesmas, com o intuito de transformar essa compreensão em fator de adaptação e criação de uma atmosfera propícia à inovação, ao incremento da produtividade, reforçando seus pontos fortes e buscando a superação das deficiências eventualmente detectadas. A
partir da cultura organizacional é possível captar a lógica
das relações internas, suas contradições,
suas mediações, para melhor compreender os estágios
administrativos, os sucessos e fracassos além das facilidades ou
dificuldades impostas às mudanças institucionais (CURVELO,
1993). O conhecimento de sua própria cultura organizacional torna-se
um elemento- chave do processo de compreensão interior e autodescoberta
da organização. |
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Tela 57 |
| AKTOUF
(1994) aponta que fica claro que a Gestão de Pessoas não deve
contribuir para aprofundar o fosso entre dirigentes e dirigidos, tratando
o empregado como input e, ao mesmo tempo, dispondo de mão de obra,
entusiasta e pronta a mobilizar-se para ultrapassar metas. Por outro lado,
Aktouf desconsidera o fato de que a economia capitalista gera uma sociedade
hierarquizada e que a desigualdade está presente de forma intrínseca.
Pode ser talvez minimizada, reduzida, mas não eliminada.
No cenário futurístico do novo modelo de
organização virtual, entra em xeque a própria gestão
de pessoal, vista como detentora de papel estratégico na construção
de universo simbólico que visa aproximar e |
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Tela 58 |
| A
necessidade cada vez mais urgente de otimizar a Gestão de Pessoas
nas empresas tem proporcionado o surgimento de impasses, normalmente solucionados
por decisões apressadas e que nem sempre contemplam a complexidade
que a função requer. As atividades rotineiras de gestão
de pessoal deixam de lado situações problemáticas que
são reduzidas ao limite da competência e do feeling
de cada um. É o que comenta SARSUR (1997:12). "As práticas de Gestão de Pessoas são, em verdade, ainda recentes no contexto brasileiro, e a própria área ainda não conseguiu de fato, ocupar um espaço no interior das organizações. A reivindicação, abordada por muitos autores, de uma atitude mais estratégica, parece mesclar-se com necessidades diárias de mostrar serviço por meio de resultados concretos e palpáveis, como o número de contratações ou o número de funcionários treinados. Por vezes, os profissionais da área acabam tão envolvidos com atividades rotineiras que podem não atentar para o ritmo acelerado de mudanças que os cercam”. As rotinas não deixarão de existir, só
que a Gestão de Pessoas terá novos papéis a desempenhar
na motivação para o trabalho, dentro de um contexto situacional,
fazendo com que os empregados se sintam capazes de dirigir seu próprio
destino, sem exercer funções manipulativas e despersonalizadoras.
E, desse modo, contribuir para a administração do século
XXI, conforme AKTOUF (1996: 238-244), preparando pessoas comprometidas
e bem pagas para se tornarem seres pensantes e inteligentes que, mais
do que nunca, serão essenciais para o alcance de melhor rentabilidade
das organizações. |
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Tela 59 |
| 4
- Subjetividade, Trabalho e Gestão de Pessoas
A análise de HOBSBAWN (1995) sobre fatos históricos ocorridos entre 1914 e 1990 em nível mundial, leva à perspectiva que esse período não tem demonstrado qualquer sinal de estabilização ou tendência de equilíbrio. Para o autor, o século acaba em problemas, impacto de um cenário de incerteza tem acarretado profundas modificações nas organizações e no sistema produtivo. Além disso, a globalização econômica acelerou significativamente o ambiente empresarial, ligando o mercado mundial e integrando cada produtor ao sistema internacional. A melhoria no produto fabricado pode ser obtida mais rapidamente que a melhoria da gestão das pessoas. Uma das linhas de pensamento contemporâneo busca o diferencial competitivo para as organizações por meio da Gestão de Pessoas, uma vez que somente com as mudanças comportamentais podem-se alcançar alguns patamares ideais (dos quais a flexibilidade faz parte). Em decorrência de tais transformações, houve uma mudança nas funções das empresas, que vêm sendo obrigadas a assumir novas responsabilidades, especialmente ligadas ao campo da cidadania e da busca da qualidade de vida na sociedade. A organização passa a ser, portanto, considerada
além de seu espaço tecnológico e/ou econômico,
para revelar-se como espaço social. A ampliação do
espaço organizacional no âmbito da sociedade é fruto
da própria conjuntura na qual ela se insere, marcada em particular
pela abertura das relações empresariais (não basta
só produzir, é necessário se relacionar nas esferas
exteriores aos muros da organização). Nesse sentido é
que se pode afirmar que essas organizações atuam de modo
a estruturar “sujeitos do trabalho”. Na visão de WIGLEY
(1994), citada em FONSECA (1997), “além de concentrar a atenção
nas edificações existentes no parque fabril, é necessário
associá-las (as organizações) a premissas sócio-político-pedagógicas
determinadas, que as colocam como (...) garantia cultural de uma série
de qualidades e valores, como a ordem, a estabilidade, a segurança,
o controle, a delimitação, o enclausuramento (...) (WIGELY,
1994:241)” |
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Tela 60 |
| Valendo-se
desse recente ponto de vista de estruturação de sujeitos de
trabalho, a questão da subjetividade passou a se constituir em um
pensamento dominante na Administração. Há que considerar
que os estudos
de Hawthorne apontaram para a importância da organização
informal do trabalho, do papel dos grupos e da comunicação
para a produtividade, mas a subjetividade no trabalho, há bem pouco
tempo, passou a ser encarada como uma das variáveis que interferem
no processo organizacional. A vertente mais otimista pode afirmar que a preocupação com a subjetividade está relacionada à busca de um trabalho e de um trabalhador mais completo, menos alienado e mais integrado às necessidades organizacionais. Os pessimistas podem encarar o movimento de entender e agregar a subjetividade das pessoas à organização como mais uma forma de dominação e expropriação do saber que se estende para a dominação e a expropriação do ser, do estar sendo no mundo. O fato é que se pode falar, sem exageros, do esgotamento do modelo tradicional de Gestão de Pessoas baseado em remuneração salarial. Desde Maslow e McGregor já se havia delineado que apenas salário não era fator motivacional e de recompensa pelo trabalho humano. Hoje, os novos modelos de gestão, em especial o japonês, apregoam qualidade total a partir das pessoas, e isso é possível se as pessoas de fato estiverem integradas à estratégia global das empresas. Na Gestão de Pessoas vem à tona um novo constructo – a subjetividade, na tentativa de conhecer melhor o envolvimento do indivíduo no trabalho. |
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Tela 61 |
| 5
- Subjetividade: uma visão multidisciplinar
Falar de interioridade e de subjetividade remete à questão
da construção da realidade psíquica. A realidade
psíquica é fruto da internalização das imagens
dos outros e de si próprio. Esta realidade se constrói em
fases correspondentes aos estágios de desenvolvimento do indivíduo. |
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Tela 62 |
| De
acordo com Lapierre (1993), a interioridade é inerente à prática
da gestão e aos vários papéis simbólicos que
representam as organizações para os indivíduos. O dirigente
atua sobre a realidade exterior com base em sua dimensão interior.
É na reflexão sobre a sua ação que um dirigente
descobre um pouco mais a cada dia os fantasmas inconscientes que sustentam
sua visão, sua posição afetiva e seu método
de interação na sua prática de direção. O processo de tomada de decisão organizacional e as práticas gerenciais são envolvidos pela objetividade e pela subjetividade, mesmo que haja uma tendência em negar a interioridade presente nas ações. No espaço da organização, torna-se imprescindível a adoção de estratégias que disciplinem a força de trabalho. Entretanto, essa disciplina é garantida não mais por ações coercitivas, mas pela “adesão e interiorização de regras (...) [em que] (...) elementos tradicionais de controle estão ultrapassados pela força da adesão do pessoal aos princípios de base da empresa e pela fidelidade com que cada um os aplica”. (Lima, 1995) Nesse sentido, a educação e a mídia aparecem como principais formas de persuasão. Na construção da subjetividade, da identidade
e, até mesmo da cultura, a mídia é um fator de peso.
A velocidade da informação e a força da imagem, que
atualmente podem atravessar distâncias em segundos, têm contribuído
de maneira cada vez maior para o estabelecimento de padrões de
conduta. |
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Tela 63 |
Assim, nas organizações, o que a mídia está buscando é a convergência simbólica, ou seja, dizer aquilo que ressoa nas pessoas e, quando o assunto é publicidade, motivá-las à ação. Nessa perspectiva, compreender o funcionamento da mídia em relação à subjetividade é importante para compreender a construção do projeto em relação ao ambiente organizacional. O papel da
Gestão de Pessoas tem se modificado ao longo do desenvolvimento
do capitalismo, passou de uma função marcadamente de controle
e suprimento de mão de obra para uma forma de atuação
mais |
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Tela 64 |
Torna-se cada vez mais comum, nas organizações, adotar políticas de recursos humanos que valorizem o aprendizado, o desenvolvimento de capacitações e habilidades pessoais, por meio de recompensas econômicas associadas a recompensas simbólicas, modelos de descentralização e competição entre colegas, aumento do fluxo de informações, intelectualização de tarefas e, sobretudo, controle pela adesão e interiorização de regras ao invés da imposição concreta de ordens e proibições. O modelo de Gestão de Pessoas que emerge da busca em absorver e integrar as pessoas como sujeitos de si mesmos, pode assegurar uma nova condição de trabalho e, até mesmo, um novo modelo de organização. Entretanto, o processo é mais complexo do que aparenta.
Delimitar as fronteiras da subjetividade, seja incorporando, seja estimulando,
seja criando, é um movimento que envolve riscos de ordem não
apenas psicológicas. As regras do jogo não são claras,
tampouco os resultados que podem surgir da tentativa de gerenciar o que
há de mais íntimo nas pessoas. |
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Tela 65 |
| Os
pontos críticos desta análise podem ser: a) o questionamento de uma nova Gestão de Pessoas, fundamentada na subjetividade, a ser implantada apenas como um elemento reformador do atual modelo de organização do trabalho; b) o repensar da estrutura produtiva. Essas questões não invalidam os esforços que vêm sendo empreendidos para humanizar as relações de trabalho. Por intermédio da administração de recursos humanos, baseada nessa nova ótica, procura-se garantir a manifestação da subjetividade no processo de trabalho. Para isso é necessária a articulação entre a ressonância simbólica, de uma parte, e o espaço da palavra de outra parte. O grande desafio para os gestores nesse início de século é: respeitar a individualidade e a interioridade das pessoas, ao mesmo tempo em que as incorpora aos objetivos organizacionais traduzindo-se em novo ambiente e em novas relações interpessoais e produtivas. A subjetividade aparece como fator de relevância
do saber no contexto produtivo atual, pois estabelece à demarcação
de um limite, sendo este a “impossibilidade de colocar entre parênteses
a experiência e a vida dos homens que trabalham.” (SANTOS,
1997). É ela que dá sentido à função
do trabalhador enquanto papel social e permite a sua participação
de forma mais interativa e produtiva, gerando benefícios recíprocos
para a realização do indivíduo e os resultados que
a empresa almeja. Por tanto tempo desconsiderada, quando não completamente
ignorada pelos gestores da organização, a subjetividade
é uma dimensão cada vez mais integrada à nova lógica
organizacional, pois o trabalhador que simplesmente cumpria normas e instruções
cegamente parece ter definitivamente perdido seu lugar, abrindo espaço
para a proliferação de questionamento a respeito do trabalho
e das formas de melhorá-lo. Isso pressupõe um novo profissional |
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Tela 66 |
| 6
- Liberdade e capital humano: o novo paradigma
A década de 1960 trouxe intenso conflito a muitos elementos da sociedade. À medida que as atitudes correspondentes a uma sociedade industrial amadureciam, começaram a desmoronar-se em vista dos novos paradigmas da sociedade do conhecimento pós-industrial, teve início uma transformação de atitudes em massa. Embora os EUA tenham sido o centro da revolução por maior liberdade, este novo paradigma disseminou–se por todo o mundo na década de 1980. Isso pode ser observado pelo crescimento dos Partidos Verdes, na Europa Ocidental, pela disseminação da democracia na América Latina e Ásia e pelas mobilizações da Europa Oriental e a reestruturação da ex-União Soviética com a Perestroika. A essência
dessa revolução se faz em torno da liberação
do potencial humano e constitui um resultado direto do crescimento da
importância do capital humano na economia e do papel do computador
e da tecnologia nas comunicações. A educação
constitui uma experiência de libertação, que desenvolve
o conceito de que a liberdade é um pré-requisito para uma
efetiva disseminação dos conhecimentos e desprendimento
das energias criativas. |
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Tela 67 |
Um
conceito fundamental dessa nova consciência da sociedade do conhecimento
(pós-industrial) é o poder de mudar o estilo de vida. O
valor-chave dessa consciência está no centro das revoluções
por maior liberdade. Inclui a revolução empreendedora que
está transformando a economia: movimento pelos direitos civis,
pelo meio-ambiente, feminista, papel da mulher, são respostas para
o mundo que está sendo transformado pela tecnologia. Valores sociais básicos
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Tela 68 |
| Resumo
Um novo cenário vem se consolidando no mundo do trabalho. Transformações
tecnológicas, estruturais e econômicas exercem grandes impactos
sobre as pessoas e a gestão dessas dentro das organizações.
Apesar de essas transformações terem atingido indiscriminadamente
todos os setores socioeconômicos, especificamente no sistema fabril
de produção encontram-se características marcantes
desse processo. Essas características sugerem a necessidade de
novas concepções e abordagens sobre organização/empresa,
trabalho e trabalhador, tendo em vista a reestruturação
do setor produtivo decorrente de todo esse processo de mudança. No final da década
de 1960, o modelo de produção em massa começou a
mostrar evidentes sinais de sua fragilidade. O Estado não pôde
sustentar seus gastos em função da crescente dívida
pública e elevação dos salários, que estava
tornando um empecilho à competitividade dentro do padrão
de contenção de custos. Nesse aspecto, o taylorismo-fordismo
possui uma incoerência, pois, ao mesmo tempo que precisa dos salários
adequados para a manutenção do sistema, prega a contenção
de custos e, dentro desses, a redução dos salários.
No início da década de 1990, há um aprofundamento do neoliberalismo, tendo como pano de fundo a globalização, os movimentos de qualidade e o aumento da competitividade. O Setor de serviços cresce, absorvendo grande parte da mão de obra que está sendo liberada pelo setor fabril. A mão de obra feminina se insere fortemente no mercado de trabalho. Em decorrência do excesso de trabalhadores disponíveis, os mais velhos e os mais jovens encontram mais dificuldades de inserção no mercado de trabalho, sendo os primeiros considerados como incapazes de se adequar às novas exigências e os últimos, inexperientes. Como consequência desse processo, a classe trabalhadora ficou enfraquecida em relação aos seus direitos. Com as novas formas de trabalho, a classe operária tornou-se heterogênea, fragmentada e complexa (ANTUNES, 1995). Dentro desse novo contexto, as organizações precisam adaptar-se para as exigências de um mercado que, além de se inserir em uma competitividade internacional, estava estrangulado pela redução de gastos governamentais e pela redução do consumo. As empresas que querem sobreviver precisam, cada vez mais, garantir a aceitação de seus produtos segundo diferenciais competitivos. As transformações não se restringem
a esses movimentos de implementação e expansão da
tecnologia. A estrutura das organizações assim como as gestões
das forças produtivas é repensada a partir da constatação
de que o sucesso empresarial não está associado às
grandes organizações. O que garante a competitividade da
organização é a capacidade de se adaptar às
mudanças de mercado que pode ser traduzido por flexibilidade e
à constante inovação e qualidade dos produtos, garantindo
um contínuo diferencial competitivo (Tauille 1994). |
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