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Módulo 1 - Espírito Empreendedor

1 - Espírito empreendedor


O ser humano é, por natureza, um empreendedor, ou seja, um inovador. Seu impulso em criar vem continuamente sofrendo limitações de diversas espécies, que impossibilitam a realização de suas vontades e talentos. O fato relevante é que, pela primeira vez na História, um número cada vez maior de profissionais, tem a possibilidade de fazer escolhas. Pela primeira vez, as pessoas terão de administrar a si próprias, assumir o controle de sua carreira, ser empreendedores de seu próprio futuro (Jacomino, 2001).

O desenvolvimento do empreendedorismo é fortemente afetado pela cultura, visto ser o empreendedor um ser social, que sofre as influências do meio em que vive. O ambiente e a valoração social dada aos comportamentos e atitudes característicos do empreendedorismo podem constituir-se em forte motivação para que os indivíduos criem ou desenvolvam seus próprios negócios. Esse fato explica o porquê do empreendedorismo ser um fenômeno regional desenvolvendo-se mais em determinados países, regiões e cidades do que em outros.



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Módulo 1 - Espírito Empreendedor

Peter Drucker, referência mundial da área de administração, guru dos gurus dos executivos do planeta, sustenta que o grande evento que está acontecendo nos dias de hoje não é a revolução tecnológica, nem o surgimento da Internet. Pela primeira vez na história da civilização, as pessoas estão sendo convocadas a controlar a sua própria vida profissional, a serem empreendedoras de seu próprio futuro. Nunca o mercado brasileiro esteve tão aberto aos profissionais com histórias e carreiras diferenciadas. As empresas estão contratando profissionais de experiências diversificadas.

Cada vez mais o mundo econômico dá maior importância às pessoas com espírito empreendedor, pois são elas que fazem os fatos novos acontecerem. Entusiasmo e garra num empreendimento são de suma importância para o desenvolvimento sócio-econômico de um país novo como o Brasil. O mesmo se aplica ao executivo de uma empresa que decidir tornar-se um empreendedor.

O texto de Dalen Jacomino, descreve esse novo cenário empresarial. Leia e compare com a realidade do seu estado ou da área econômica em que você pretende atuar.



Peter Drucker

Revista Exame - 28/11/2001.

"Ele é o pai da moderna ciência da administração. Aos 92 anos, completados há alguns dias, Peter Drucker nunca precisou ser um showman para conquistar a audiência dos mais importantes homens de negócios do mundo. Fala devagar, com um suave sotaque austríaco e hoje, por causa das limitações que a idade impõe, raramente sai do refúgio em Claremont, na Califórnia. Seu pensamento, no entanto, viaja. Vai até o futuro, embora Drucker o guru dos gurus se negue firmemente a participar de qualquer conversa que tenha tom de profecia. Eu NUNCA faço previsões!, diz ele. É verdade. Sua matéria-prima é a história.
Ao contrário do que acontece com a maioria dos futurólogos da gestão e da economia, as análises de Peter Drucker são de uma precisão extraordinária. Ele foi um dos primeiros senão o primeiro a apontar o surgimento e as implicações da sociedade baseada no conhecimento e a mudança de perfil do trabalhador. Nas páginas a seguir, fica evidente sua clareza em relação à transformação que vem ocorrendo nas empresas, na organização social, na vida de lugares tão distantes da pequena Claremont quanto Tianjin, na China, ou a brasileira Recife. Nos últimos tempos, Drucker tem dedicado atenção especial ao estudo da sociedade do futuro. Entenda-se por futuro o mundo daqui a 20 ou 25 anos. Ele enxerga a inexistência de fronteiras, já que o conhecimento a base da estrutura social se move de maneira ainda mais fluida do que o dinheiro. A mobilidade entre classes sociais será mais freqüente graças ao maior acesso à educação formal. Qualquer um poderá ter os meios de produção para o trabalho. Mas nem todos vencerão. O fracasso continuará a ser um fantasma talvez ainda maior para o mundo capitalista".



Texto de Dalen Jacomino
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       Trecho do artigo - SEJA O SEU PATRÃO, revista VOCÊ s.a., jan. 2001

"O velho modelo do profissional de sucesso, aquele que saía das melhores universidades, iniciava sua carreira como trainee numa grande multinacional e, ali mesmo, subia cada degrau na hierarquia rígida e bem verticalizada da companhia, está em xeque. Em seu lugar, existem novos caminhos para trilhar uma vida profissional brilhante. Veja bem: isso não significa que estar numa multinacional e nela crescer não possa ser interessante; o fato é que essa não é mais a única possibilidade. Agora, o profissional, principalmente, o talentoso e bem preparado, pode optar.

A atitude é que faz a diferença. Mais do que nunca o mercado valoriza quem sabe empreender. Há uma demanda crescente por profissionais com espírito empreendedor. São profissionais inovadores, inquietos, que quebram as regras, correm atrás dos seus sonhos e sabem reconhecer oportunidades. "O empreendedor é a pessoa que é motivada por desafios. O dinheiro vai ser apenas a medida do seu sucesso", afirma Carlos Alberto Sucupira, sócio do GP Investimentos.

Não importa se ele é funcionário de uma empresa ou se está tocando seu próprio negócio. "Inovação depende basicamente de como a pessoa encara sua vida, e não do lugar em que está trabalhando", afirma o consultor americano Gifford Pinchot. É claro que essa discussão não é exatamente uma novidade. Em 1995, Pinchot já falava do empreendedorismo dentro das empresas, batizado de intrapreneurs, em inglês, para diferenciá-la dos entrepreneurs (os empreendedores que têm seu próprio negócio). Hoje em dia, essa demanda está cada vez maior. As empresas precisam inovar o tempo todo se quiserem aumentar sua receita e conquistar novos mercados. Afinal, ficou para trás o tempo em que conseguiam aumentar seu lucro apenas com os downsizings e reengenharias típicos dos anos 80 e do início dos anos 90. "O executivo pode muitas vezes ter todos os números e análises do mercado nas mãos, mas na hora de tomar uma decisão é preciso mais que isso. é necessário que ele tenha feeling, que acredite em seu taco, afirma Dácio Crespi, sócio e diretor-geral da empresa Headhunting Heidrick & Struggles, em São Paulo.

Não por acaso, o salário da maioria dos executivos é formado por uma parte fixa e outra variável, que está ligada diretamente aos resultados do negócio. "Hoje, 90% das empresas que nos contratam para procurar executivos no mercado estão em busca de profissionais com perfil empreendedor", diz Francisco Britto, diretor da empresa Headhunting Spencer Stuart, em São Paulo. "Se um diretor, por exemplo, não assumir a idéia de que o seu departamento é como se fosse seu próprio negócio, ele está frito".



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Módulo 1 - Significado do Termo Empreendorismo

2 - Significado do termo empreendedorismo

O termo empreendedorismo é uma livre tradução que se faz da palavra entrepreneurship. Designa uma área de grande abrangência e trata de outros temas, além da criação de empresas:

  • geração do auto-emprego (trabalhador autônomo);
  • empreendedorismo comunitário (como as comunidades empreendem);
  • intra-empreendedorismo (o empregado empreendedor);
  • políticas públicas (políticas de governo para o setor).

A palavra entrepeneur, de origem francesa, significava no século XII, dentro de determinado contexto, a pessoa que incentivava brigas. No século XVIII, o termo passou a designar, na Inglaterra, as pessoas que adquiriam matéria-prima, via de regra um produto agrícola, processando-o e vendendo-o para terceiros, identificando uma oportunidade de negócio e assumindo riscos. Posteriormente, a palavra adquiriu novo sentido, caracterizando a pessoa que criava e conduzia projetos e empreendimentos.

Atualmente, empreendedorismo é termo utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, compreendendo-lhe a origem, a forma de atuação dentro de determinado contexto e o perfil psicológico e comportamental.



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Módulo 1 - Significado do Termo Empreendorismo

Dolabela diz:


"...as características e fundamentos do empreendedorismo não se incluem no conceito tradicional do que se aprende na escola. Ser empreendedor não é somente uma questão de acúmulo de conhecimento, mas a introjeção de valores, atitudes, comportamentos, formas de percepção do mundo e de si mesmo voltados para atividades em que o risco, a capacidade de inovar, perseverar e de conviver com a incerteza são elementos indispensáveis."

Duas grandes vertentes do empreendedorismo desembocam no empreendimento em nível de negócios ou no empreendimento em nível de pesquisa. No primeiro caso, a avaliação do sucesso ou não do empreendedorismo é função direta da obtenção de lucro na atividade negocial. Por outro lado, na área da pesquisa, a avaliação do empreendedorismo engloba variáveis de mensuração mais refinada, visto tratar-se da aplicação potencial de novos conhecimentos ou novas tecnologias que, não raras vezes, passam ao largo da simples avaliação pelo mercado.

O campo de atuação do empreendedorismo é extremamente amplo. Para os fins deste curso, será utilizado o conceito de Dolabela (1999) que compreende como empreendedorismo as atividades que envolvam, de alguma forma, a criação de riquezas, quer pela inovação em áreas como mercadologia (marketing), produção, organização etc., quer pela transformação de conhecimentos em novos produtos ou serviços, quer pela alteração de processos produtivos ou administrativos já existentes.



Mercadologia
é um termo mais utilizado em ambientes acadêmicos. Mercadologia e mercadização foram usadas predominantemente na área de administração no Brasil por muitos anos; entretanto, hoje o termo marketing vem se impondo, no Brasil e internacionalmente.

Segundo Philip Kotler:

"O conceito de marketing é uma orientação para o cliente, tendo como retaguarda o marketing integrado, dirigido para a realização da satisfação do cliente, como solução para satisfazer aos objetivos da organização."



Produção
(Michaelis - Econ polít) - Obtenção de bens comerciais, quer matérias-primas (agricultura, mineração, pesca etc.), quer manufaturas destas, com destino ao mercado e ao próprio consumo.

Koogan/Larousse - "Criação de valores econômicos, para atender as necessidades do homem".



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Módulo 1 - Significado do Termo Empreendorismo

Alguns autores consideram o empreendedorismo como um ramo do curso de administração de empresas, respeitando-se suas características e peculiaridades, vez que aborda as novas formas de aprendizagem e relacionamento.

Outros estudiosos, no entanto, contrariamente, consideram a administração de empresas um ramo do empreendedorismo, conceituando o segundo numa esfera mais abrangente que a primeira. Para esses autores, o empreendedorismo engloba a administração de empresas, visto ela tratar da formação para o gerenciamento de empresas ou sistemas já existentes. No empreendedorismo, além da função de operar sistemas já existentes, o empreendedor pode também criar novos sistemas nos quais o administrador vai atuar. Dessa forma, é a existência do empreendedor que possibilita a existência da função gerencial.



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Módulo 1 - Significado do Termo Empreendorismo

Atualmente, as escolas de administração de empresas apresentam, como opção ao aluno interessado, cursos, matérias específicas ou áreas de concentração em empreendedorismo.

Algumas universidades de países desenvolvidos criaram “centros de empreendedorismo”, objetivando dar suporte às empresas emergentes e estabelecendo elos entre a pesquisa e o ensino, face aos problemas específicos enfrentados pela empresa, no dia a dia. Embora válidos, tais centros não substituem o verdadeiro ambiente empresarial que abarca, além do empreendedor, um sem-número de participantes e colaboradores, dentre os quais, empregados, fornecedores, bancos, financiadores, sócios, contadores, advogados, sócios, concorrentes, publicitários etc. Nesse ecossistema econômico-empresarial, o verdadeiro habitat do empreendedor, é que devem ser estabelecidos e implementados os conhecimentos e as relações que possibilitarão o crescimento e fortalecimento do empreendimento.

Veja o exemplo da Perfumaria Chamma que nasceu na incubadora da Universidade Federal do Pará em 1996.



"O AROMA DO SUCESSO" (Revista VOCÊ s.a./ janeiro 2001)

É possível encontrar no mercado empresas que cresceram, sim, depois de algumas aulas de como tocar um negócio. Veja o caso da Perfumaria Chamma, da Amazônia, que tinha um projeto embrionário para vender perfumes elaborados com aromas da selva amazônica. Depois de entrar na incubadora da Universidade Federal do Pará, em 1996, o casal André Ribeiro, 36 anos, e Fátima Chamma, 50 anos, teve aulas de capacitação gerencial, desenvolveu produtos e viu a produção aumentar exponencialmente, cerca de 300% ao ano. A empresa, recém-saída da incubadora, tem 21 pontos de venda espalhados pelo Brasil, entre lojas próprias e franquias, que rendem, junto com a fábrica, cerca de 2,5 milhões de reais por ano e estão ajudando a tornar a empresa conhecida no país e no exterior. "Por dia, são em média dez pedidos de informações de como abrir uma franquia", diz André, que está negociando com um possível sócio na Itália. "No total já recebemos mais de 1000 solicitações."

André e Fátima aprenderam a gerir o negócio e, principalmente, a tocar um projeto de franquias, um diferencial da UFPA em relação às outras 130 que existem no Brasil. Eles não eram simplesmente aventureiros caindo de pára-quedas com uma idéia. Não. Tinham um perfil empreendedor, e só por isso foram selecionados pelo programa de incubação. Fátima deu prova disso ao continuar o trabalho de seu pai na elaboração de perfumes, depois que ele perdeu quase tudo num incêndio. Ela retomou a produção da perfumaria, participou de feiras para mostrar o produto, trocou Belém pelo Rio de Janeiro e conheceu o marido, André, que fornecia a ela embalagens para os produtos da Chamma. Por casualidade do destino, ele também queria montar uma empresa de perfumes, que teria o nome de Fluidos Raros. Eles casaram as idéias e nasceu a linha de perfumes Fluidos da Amazônia.

Mas é falando da empresa que Fátima e André deixam o interlocutor convencido de que são empreendedores natos. Eles sonham em construir uma fábrica à beira do rio Guamá, em Belém. A idéia é reproduzir o ambiente da selva, apresentando aos turistas trabalhos de tribos indígenas da região, expostos em corredores forrados por grama, enquanto alto-falantes reproduzem ruídos da mata e um CD-ROM projeta trilhas na floresta - tudo isso antes de chegar à plataforma de embarque, de onde um barco sai em direção à selva verdadeira, acompanhado por guias locais que.... Melhor parar por aqui. Quando empreendedores da gema começam a falar, uma idéia puxa outra.

Rodrigo Vieira da Cunha



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Módulo 1 - Significado do Termo Empreendorismo

3 - Por que o ensino de empreendedorismo?

Você vai conhecer, agora, as 10 principais razões que justificam o ensino do empreendedorismo:

Razão 1 - Mortalidade precoce das empresas

Razão 2
- Mudança nas relações de trabalho

Razão 3
- Empregados empreendedores

Razão 4 - Inadequação do ensino tradicional

Razão 5
- Relações universidade-empresa incipientes

Razão 6
- Cultura

Razão 7
- Importância das micro, pequenas e médias empresas

Razão 8
- Predomínio da cultura da "grande empresa" no ensino

Razão 9
- Ética

Razão 10
- Cidadania



No mundo das empresas emergentes a regra é falir e não, ter sucesso. De cada três empresas criadas, duas fecham as portas. As pequenas empresas (menos de 100 empregados) fecham mais: 99% das falências são de empresas pequenas. Se alguns têm sucesso sem qualquer suporte, a maioria fracassa; muitas vezes, desnecessariamente. A criação de empresas é um problema de crescimento econômico.



Desde o final do século passado, as relações de trabalho estão mudando. O emprego dá lugar a novas formas de participação. Na verdade, as empresas precisam de profissionais que tenham uma visão global do processo, que saibam identificar e satisfazer as necessidades do cliente. A tradição do nosso ensino, de formar empregados, nos níveis universitário e profissionalizante, não é mais compatível com a organização da economia mundial.



Exige-se hoje, mesmo para aqueles que vão ser empregados, um alto grau de "empreendedorismo". As empresas precisam de colaboradores que, além de dominar a tecnologia, conheçam também o negócio, saibam auscultar e atender as necessidades do cliente, possam identificar oportunidades, e mais: buscar e gerenciar os recursos para viabilizá-las.




A metodologia de ensino tradicional não é adequada para formar empreendedores.



As nossas instituições de ensino estão distanciadas dos "sistemas de suporte", ou seja, das empresas, órgãos governamentais, financiadores, associações de classe, entidades das quais os pequenos empreendedores dependem para sobreviver. As relações universidade-empresa ainda são incipientes no Brasil.



Os valores do nosso ensino não sinalizam para o empreendedorismo.



Ainda há uma percepção insuficiente da importância das micro, pequenas e médias empresas para o desenvolvimento econômico.
Navegue na web e procure sites interessantes, como o do SEBRAE, sobre esses tipos de empresas.

 



Predomina, nos ensinos profissionalizante e universitário, a cultura da "grande empresa". Não há o hábito de se falar na pequena empresa. Os cursos de administração, com raras exceções, são voltados quase exclusivamente para o gerenciamento de grandes empresas.



Uma grande preocupação no ensino do empreendedorismo refere-se aos aspectos éticos que envolvem essa atividade. Por sua grande influência na sociedade e na economia, é fundamental que os empreendedores - como qualquer cidadão - sejam guiados pelos princípios e valores nobres.



O empreendedor deve ser alguém com alto comprometimento com o meio ambiente e com a comunidade, com forte consciência social. A sala de aula é um excelente lugar para o debate desses termos.



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Módulo 1 - O Empreendedor e Seu Campo de Atuação

4 - O empreendedor e seu campo de atuação

Antes do início do estudo sistêmico do empreendedorismo, em alguns meios era aceita a tese de que as características comportamentais do empreendedor seriam fruto de herança genética. Atualmente, essa tese não encontra acolhida, visto ser possível e factível que as pessoas possam tornar-se empreendedoras por intermédio de um sistema especial de aprendizagem. Se uma pessoa possui naturalmente as características comportamentais básicas de um empreendedor, tanto menor será o grau de dificuldade na absorção dos saberes específicos.

O conhecimento atual sobre o empreendedorismo permite a identificação, tanto pelos empreendedores de fato como pelos empreendedores em potencial, das características que necessitam ser desenvolvidas e/ou aperfeiçoadas com o objetivo de formar um empreendedor mais eficiente.



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Módulo 1 - O Empreendedor e Seu Campo de Atuação

Mas o que é realmente um empreendedor? O empreendedor é um agente de mudanças. De acordo com Filion


“o empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões.”

Dada sua postura dinâmica, o empreendedor é considerado como o “agente motor” da economia.

O economista austríaco Joseph Schumpeter descreve o empreendedor


“como aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais.”

Na mesma visão, Dornelas acrescenta que essas definições evidenciam o aspecto da inovação, descoberta e aproveitamento das oportunidades de negócio, associando o empreendedor ao desenvolvimento econômico.


“o empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados”.

Em qualquer definição de empreendedorismo encontram-se, pelo menos, os seguintes aspectos referentes ao empreendedor:

iniciativa para criar um novo negócio;
paixão pelo que faz;
utilização dos recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico onde vive;
aceitação dos riscos e da possibilidade de fracassar.



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Módulo 1 - O Empreendedor e Seu Campo de Atuação

O processo empreendedor envolve todas as funções, atividades e ações associadas com a criação de novas empresas e com a introdução de inovações nos processos produtivos de uma empresa já existente, provocando o surgimento e a incorporação de valores adicionais.

O empreendedor cria algo novo orientando sua atuação, tempo e esforço para crescimento e fortalecimento da empresa. A postura do empreendedor requer ousadia e assunção de riscos calculados no processo de tomada de decisões críticas, não se deixando abater pelos erros e falhas, utilizando-os no aperfeiçoamento do processo.

O empreendedor revolucionário é aquele que cria novos mercados, ou seja, o indivíduo que cria algo único. Não é esta, no entanto, a regra geral visto que a maioria dos empreendedores cria negócios em mercados já existentes. Empreendedores são pessoas motivadas por desafios. São profissionais inquietos e inovadores que conhecem as regras, mas não se prendem demasiadamente a elas, correm atrás de seus sonhos e percebem com nitidez o aparecimento de oportunidades.

O empreendedor, com sua criatividade, associa as observações dos mais diversos tipos e formas de empreendimentos, para transformar uma simples oportunidade em um grande sucesso empresarial. A diferenciação que ele vai conseguir em relação aos seus concorrentes é fruto direto de sua criatividade. Como tudo na vida, o mundo dos negócios não difere do mundo dos esportes ou das artes. O sucesso de Pelé ou de Arthur Moreira Lima é função direta do exercício cotidiano da criatividade.



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Módulo 1 - O Empreendedor e Seu Campo de Atuação

O empreendedor, tanto o funcionário de uma empresa como o que está gerindo seu próprio negócio, deve ter a mente aberta e voltada para a possibilidade de inovar, ser capaz de encarar novos desafios como postura de vida, independentemente do lugar onde esteja trabalhando.

O campo de atuação do empreendedor dono do próprio negócio difere do empreendedor funcionário, no que diz respeito a algumas variáveis, a seguir explicitadas (Dalen Jacomino):

Inovação

Infra-estrutura

Risco

Remuneração

Ambiente de Trabalho



Inovação - O dono do próprio negócio possui mais liberdade e espaço para desenvolver seus projetos, enquanto o funcionário é mais limitado pelo organograma da empresa.



Infra-estrutura - Quando se abre um negócio é necessário criar a infra-estrutura; o empreendedor-dono deve estar disposto a fazer um pouco de tudo, já o empreendedor-funcionário pode contar com o suporte disponível da empresa.



Risco - O risco do dono do negócio é muito maior, uma vez que a responsabilidade pelo empreendimento recai totalmente sobre si mesmo. O risco do empreendedor-funcionário é mais diluído, em função de a estrutura organizacional de a empresa já estar estabelecida.



Remuneração
- O dono do próprio negócio não pode contar com uma remuneração garantida, face às dificuldades no estabelecimento de um fluxo de caixa regular. No caso do funcionário, além da remuneração mensal, muitas vezes a empresa oferece ainda benefícios extras como planos de saúde e seguro de vida.



Ambiente de Trabalho - No caso do próprio negócio, o ambiente tende a ser mais informal, pois depende de características pessoais da personalidade do empreendedor. Na empresa, o funcionário sofre as formalidades decorrentes da escala hierárquica à qual está submetido.



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Módulo 1 - Empreendedorismo/Empreendedor

Resumo

A natureza inovadora do Homem caracteriza-o como um ser dotado de espírito empreendedor. No entanto, é importante considerar as influências culturais que fazem do empreendedorismo um fenômeno regional.

Empreendedorismo é o termo utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, compreendendo sua origem, sua forma de atuação dentro de determinado contexto e seu perfil psicológico e comportamental.

As novas empresas da atual sociedade da informação estão exigindo profissionais qualificados e inovadores, ou seja, com perfil de comportamento empreendedor. A necessidade de formar esses profissionais provocou o ensino do empreendedorismo. Entre as razões que justificam esse ensino destacamos: mortalidade precoce das empresas; mudança nas relações de trabalho; necessidade de empregados empreendedores; inadequação do ensino tradicional; relações universidade-empresa incipientes; valores culturais do ensino; importância das micro, pequena e média empresas; predomínio da cultura da "grande empresa" no ensino; formação ética do empreendedor e importância do exercício da cidadania na atividade empresarial.

O processo empreendedor envolve todas as funções, atividades e ações associadas com a criação de novas empresas e com a introdução de inovações nos processos produtivos de uma empresa já existente, provocando o surgimento e incorporação de valores adicionais. A criatividade é, portanto, um fator essencial na atividade empreendedora.

Ser empreendedor é uma questão de atitude que pode estar presente tanto no dono de um negócio, quanto no funcionário que está sempre buscando alternativas diferentes para solucionar seus problemas de trabalho.



Unidade 1 Módulo 2
Tela 13
Módulo 2 - Abordagens e Mitos sobre o Empreendedor

1 - Abordagens e mitos sobre o empreendedor

Em várias definições correntes de empreendedor, defini-lo é uma questão de enquadramento psicológico sob um perfil dado. Normalmente, são realçadas as características de inovação, liderança, carisma, capacidade de organização etc.

Esse tipo de definição se preocupa em como é o empreendedor, chegando a um conjunto de características no qual outros indivíduos possam basear-se para obter igualmente sucesso em suas iniciativas. Não é difícil verificar que, para a chamada literatura de auto-ajuda, infelizmente tão em moda, este é um filão inesgotável, permitindo a elaboração de livros intermináveis sobre o perfil psicológico de quem venceu na vida.

Algumas dessas abordagens, que relacionam o perfil aos resultados obtidos na ação empreendedora, tornam-se apodícticas, ou seja, só podem se dar a posteriori: só podemos reconhecer o empreendedor após a realização do empreendimento e somente a obtenção do sucesso confirma o enquadramento do indivíduo no perfil elaborado para o empreendedor.

Quando a abordagem se prende ao perfil psicológico, podem ser enfatizadas algumas características da personalidade individual, a partir de um modelo de perfeição (um empreendedor deve reunir um conjunto de características de perfeição que o tornam uma espécie de super-homem), ou a partir do exame de casos reais (a análise de empreendedores de sucesso). Outra abordagem é examinar, por exemplo, quais os atributos que os próprios empresários consideram relevantes para definir o empreendedor, o que seria uma forma de fazer com que os próprios empreendedores ajudassem a desenhar seus próprios retratos.



Tela 14
Módulo 2 - Abordagens e Mitos sobre o Empreendedor

Há, também, muitas idéias erradas sobre o que significa ser empreendedor. É comum a ilusão de que ser “patrão” é a solução para todos os problemas.

O empreendedor nato é aquele que possui aguçada sensibilidade econômica para identificar oportunidades de mercado, buscando tanto atender ao consumidor em seus desejos de novos produtos e/ou serviços, quanto satisfazer às suas necessidades de realização profissional.

É necessário compreender que existem muitos mitos sobre o que significa ser um empresário:

ser independente, ser seu próprio patrão, não ser mandado;
• ter mais tempo, tirar férias quando e onde bem entender;
• trabalhar somente oito horas por dia;
• ter segurança econômica, sair da rotina , sem fracassos e sem erros.

Somente homens de iniciativa e garra terão a capacidade de produzir em quantidade e qualidade bens e serviços necessários ao bem-estar do ser humano. A imaginação e a criatividade irão torná-lo um empreendedor, desde que a sua vontade de realizar sonhos e pôr em prática idéias novas seja mais forte que as dificuldades encontradas pelo caminho. Um bom negócio é aquele que satisfaz aos desejos do consumidor e do empreendedor complementarmente.


O empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, desde uma idéia intangível, transformando-a em produto tangível.



Tela 15
Módulo 2 - Ação Empreendedora

2 - Ação empreendedora


Eles vêem o modelo, compreendem a ordem, experimentam a visão.

Peter Drucker (A nova Sociedade)

Para construir uma ação empreendedora, é preciso saber enfrentar os desafios que se encontram entre o fracasso e o sucesso do seu negócio.

O empreendedor moderno, faz cálculos detalhando chances do empreendimento para ser bem sucedido. Aceita assumir riscos, contando com que as chances de sucesso sejam maiores do que as de fracasso, principalmente quando conhece e tem controle dos fatores determinantes do sucesso.


O novo empreendedor assume riscos calculados, isto é, planeja a sua investida utilizando-se das atuais técnicas de simulação, modelos, cenários econômicos, tentando prever o seu futuro, antes de aventurar-se em um novo negócio.

Com os estudos de viabilidade técnico-econômica, o empreendedor é alguém com capacidade de assumir riscos além daqueles já calculados.

A capacidade fundamental do empreendedor é aceitar os desafios, assumindo a possibilidade de fracasso como um elemento motivador, mas não se arrisca em aventuras, pois não se admite depender da sorte ou estar submetido a fatores externos sobre os quais não possa ter controle.



Tela 16
Módulo 2 - A Ação Empreendedora

Fracassos causam atordoamentos nas pessoas, produzindo um abalo em seu autoconceito. O fracasso, no entanto, pode ser produtivamente utilizado como fonte de informações para reformular idéias e aprimorar desempenhos, sendo um fator importante de determinação das possibilidades de novos êxitos no futuro.

O fracasso de diversos novos negócios, produtos ou serviços lançados no mercado é atribuído à ausência de planejamento ou a fatores externos de política econômica do País. Em parte, isso pode ser verdade, mas a taxa de mortalidade de novos negócios (cerca de 90% no Brasil) que desaparecem após o segundo ano de criação, não pode ser atribuída somente a fatores externos ou à excessiva interferência do Estado plenipotenciário, mas ao despreparo pessoal ou à ausência de espírito empreendedor.

Alguns empresários dispõem de capacitação e de conhecimento técnico de engenharia de produção ou de vendas, mas desconhecem outras áreas necessárias como finanças, administração geral, legal e fiscal e outras informações gerenciais, que serão aplicadas na prática, exigindo preparo e planejamento anterior. Outros empresários têm somente espírito empreendedor, mas não têm preparo anterior. A ausência de uma dessas condições aumenta os riscos de fracasso.



Fracassos - A tolerância para o fracasso é uma parte muito específica da excelente cultura empresarial - e essa lição vem diretamente de cima. Um campeão tem que fazer muitas tentativas e, com isso, aceitar um certo número de fracassos, pois do contrário, a empresa não irá aprender.

Thomas J. Peter e Robert H. Walterman Jr.
"Vencendo a Crise"



Plenipotenciário - Aquele que tem plenos poderes.



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Módulo 2 - A Ação Empreendedora

Para atingir os objetivos de um futuro empresário, é necessária boa margem de segurança para se alcançar o sucesso, sendo que a preparação curricular, a garra de empresário e o estudo ou projeto de viabilidade técnico-econômica dão maior segurança ao investir seus recursos no atendimento dos objetivos empresariais.

Para tanto, é necessário fixar objetivos a longo prazo e definir metas de curto prazo pois, geralmente, as pessoas têm sonhos mas não conseguem definir os objetivos claramente. Com esse tipo de comportamento sistemático, a tendência será o empreendedor alcançar condições de realizar projetos mais amplos e duradouros.

Tome o seu tempo para preparar metódica e progressivamente o seu novo empreendimento, pois um bom planejamento, por mais demorado que seja, vai economizar-lhe muito tempo e dinheiro, diminuindo os riscos na criação e no desenvolvimento de seu negócio.

O bom planejamento do empreendimento depende de definições claras e objetivas com relação a:

• Por quê?
• O quê?
• Como?
• Quando?
• Onde?
• Quem?
• Quanto?


Tela 18
Módulo 2 - Sucesso do Projeto do Empreendimento

3 - Sucesso do projeto do empreendimento

Muitos autores apontam alguns conhecimentos necessários ao novo empreendedor para definir o "seu projeto de negócios", dentre os quais destacam-se:



Acessória e/ou Consultoria - O empreendedor trabalha com fatos e dados metodicamente pesquisados e reformula estratégias pouco eficientes, com objetivos claros e definidos. A tendência do empreendedor é realizar uma cuidadosa busca de informações necessárias, que fundamentem o estabelecimento de estratégias racionais, com boas chances de êxito, na fase inicial do novo empreendimento.

Para tanto, avaliar o grau de informação necessário, para constituir o seu novo negócio, deverá ser feito com base em auxílio técnico de especialistas, que poderão montar um planejamento estratégico adequado. A contratação de consultores para melhor orientá-lo na consecução dos seus objetivos empresariais é condição básica para começar corretamente um empreendimento.

Entrevistas e reuniões com homens de negócio do ramo também aumentam o grau de informação e permitem avaliar as experiências vividas, bem como leituras especializadas ajudam a complementar seu conhecimento.



Mercado X Produto - O empreendedor é persistente, dinâmico e autoconfiante, batalhador, geralmente confia em si mesmo e em suas condições; trabalha fora de hora, é capaz de se divertir trabalhando e trabalhar se divertindo. Entretanto, o conhecimento sobre o setor em que pretende entrar é essencial para o futuro sucesso do negócio. É de vital importância estudar as oportunidades de mercado e identificar o "nicho", isto é, a brecha que existe para entrar no mercado.

Se o novo produto e/ou serviço identificado tiver uma demanda reprimida e for de utilidade essencial aos consumidores, já terá meio caminho andado para o sucesso. Se o mercado escolhido é ainda desconhecido, é necessário fazer uma boa pesquisa antes de se lançar ao empreendimento.

Verificar se existe viabilidade técnica na fabricação do novo produto é uma estratégia fundamental. Avaliar a capacidade de adaptar o produto ao mercado escolhido dependerá da tecnologia utilizada para produzi-lo. Construir um protótipo antes de colocar em linha de produção, possibilita a avaliação da viabilidade técnica.




Investimento Financeiro - Analisar a viabilidade econômico-financeira do empreendimento irá proporcionar mais confiança na tomada de decisões e, ao mesmo tempo, evitará prejuízos, antecipando as principais dificuldades da atividade empresarial.

Avaliar a disponibilidade financeira para arcar com os custos de desenvolvimento de produtos é essencial para levar a bom termo o projeto.

Calcular a rentabilidade do negócio e verificar quais são as suas disponibilidades para investimento em ativos fixos e capital de giro na implantação da empresa darão maior segurança na gestão econômica do novo empreendimento.

"Sem grana, não tem negócio", diz o ditado popular. E isto é mais do que verdade para casos de novos negócios independentes. Já para o caso de associação a uma empresa que se utiliza do sistema de franchising, o aporte de capital para investimento inicial poderá ser menor e viabilizar economicamente o empreendimento
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Administração, organização e comercialização
- Para administrar uma empresa é importante ter conhecimentos atualizados sobre vendas, custos, qualidades, mercado e suas tendências. Acompanhar a evolução dos conceitos de gerência é fundamental para a sobrevivência e o crescimento da empresa.

Habilidades técnicas ou comerciais não são por si só garantia de sucesso. O conhecimento de administração e organização de empresas é vital para se estabelecer por conta própria no mercado.

Questionar também os aspectos societários da criação da empresa ou de administração estratégica permitirá definir melhor as políticas a serem adotadas no novo negócio. Restará ainda definir como serão comercializados os produtos, pois não basta saber que o mercado necessita e pode absorver esses produtos. É necessário determinar quais os canais de distribuição mais apropriados para fazer chegar ao consumidor tudo aquilo que foi produzido.

Ao avaliar as competências e atributos pessoais, profissionais e empresariais da ação empreendedora, você poderá ter uma idéia bastante clara sobre o "projeto de negócios".



O conceito de ativos fixos inclui a totalidade dos ativos do setor que se deseja avaliar, determinados a preço de mercado e, no caso particular de um país em seu conjunto, inclui a totalidade das terras, imóveis, estradas, portos, maquinários etc., situados dentro do país.





O capital de giro ou circulante é representado pelo ativo circulante e principalmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques.

O capital de giro demonstra os recursos necessários para o financiamento das atividades operacionais da empresa, desde as aquisições de insumos básicos até o recebimento pela venda da produção acabada.




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Módulo 2 - Características de Personalidade do Empreendedor

4 - Características de personalidade do empreendedor

Para que a pessoa seja considerada um empreendedor, ela precisa possuir algumas características de personalidade específicas. Não obstante existirem algumas exceções, as principais características exigidas de um empreendedor serão apresentadas a seguir:



Comportamento - O empreendedor faz sacrifícios e esforços pessoais para completar tarefas ou cumprir compromissos assumidos. Aceita a responsabilidade por suas falhas no cumprimento de suas tarefas.

Além de assumir e cumprir as tarefas específicas do empreendimento, o empreendedor deve manter uma atitude de intensa comunicação com a sociedade para perceber de que forma as forças sociais podem contribuir no seu empreendimento e, reciprocamente, como o seu negócio pode beneficiar a sociedade.

Deve, também, buscar a colaboração interna na empresa e a convivência pacífica com a comunidade mais próxima que resultarão em atitudes favoráveis ao negócio.



Liderança - O empreendedor gosta de ser a última instância decisória da organização em que sua atividade está envolvida ou, pelo menos, um elemento de grande influência, já que busca o controle sobre os fatores que definem os resultados finais de uma ação.

A liderança em um país moderno está baseada em idéias claras e benéficas para o conjunto da sociedade. Já se foi o tempo de lideranças carismáticas, em que quase tudo era permitido às pessoas que possuíam somente o dom da palavra, mas que não geravam conseqüências positivas em benefício de seus liderados.

Essa característica é importante, uma vez que certamente irá trabalhar com várias pessoas de idade, sexo e preparo diferentes. No perfil do empreendedor, as qualidades de liderança são essenciais para a criação
de uma empresa. O trato das questões de relações humanas, bem como o "jogo de cintura" necessário para driblar as dificuldades de relacionamento no novo negócio, são primordiais a um chefe.



Iniciativa - O empreendedor sempre será identificado pela capacidade de inovar e criar e desenvolver novas soluções quando aquelas já conhecidas não satisfazem.

A iniciativa é uma das principais características do líder. A gestão empreendedora contínua é básica para a sobrevivência e manutenção da empresa.

Fazer acontecer é uma atividade que requer talento e esforço na busca dos seus objetivos e metas a cumprir. A "garra" e a pertinácia farão com que o empreendedor vença, no futuro, pela sua maneira de ser, tanto para a resolução de problemas do dia a dia, quanto para o desenvolvimento de idéias sobre novos produtos, técnicas ou serviços que podem ser prestados.



Vitalidade - Quando inicia um negócio, a atividade geralmente absorve completamente o empreendedor, pois ele não acredita em empreendimentos que não exijam dedicação total de seu proprietário. O negócio para o empreendedor passa a fazer parte integrante do seu projeto de vida.

Vitalidade equivale a energia, no sentido físico da palavra, mas a força interior, baseada numa crença maior, levará o empreendedor a fazer transparecer a todos a "vida" que está disposto a dar, para conseguir o sucesso profissional.

O empreendedor precisa "comunicar" ao seu público interno e externo que dispõe da força necessária e suficiente para levar a efeito as metas que se propôs alcançar. O objetivo é demonstrar aos seus colaboradores a sinergia necessária para alcançar o sucesso no empreendimento.



Comando - Tomadas de decisões são, por vezes, um trabalho árduo e desgastante. Por essa razão, é natural que essas responsabilidades, por serem decisões difíceis, amedrontem o ser humano.

A procrastinação nas decisões, bem como a falta de comando, são os dois pecados mortais costumeiramente cometidos contra pessoas que dependem da sua decisão para tomar outras iniciativas.

Dizem os especialistas em Teoria da Administração que "é melhor uma decisão errada em tempo certo do que uma decisão certa em tempo errado". A combinação desses dois fatores precisa ser buscada insistentemente pelo empreendedor.



Segurança - A segurança que o empreendedor dará ao seu público é aquela baseada na racionalidade e na profundidade do conhecimento de seu negócio. A informação teórica e a formação prática são os instrumentos necessários ao embasamento das suas decisões e atitudes. O empreendedor que deixar transparecer continuamente insegurança perderá todas as qualidades que descrevemos e, como conseqüência, perderá o seu negócio.



Responsabilidade - O empreendedor assume responsabilidades por suas ações; quando fracassa, não se limita a culpar fatores externos como falhas de outras pessoas, concorrentes desleais, governo, sorte etc. Ele analisa a situação e os problemas, no sentido de avaliar as fraquezas e ameaças, buscando formas de exercer o controle para eliminar ou amenizar os danos.

Assumir responsabilidades pelo conjunto de decisões tomadas é da essência do caráter do empreendedor. Manter a palavra e garantir o que falou, escreveu e disse é a condição para que se estabeleça um clima de confiança tanto interna quanto externa à sua empresa.

A flexibilidade dos usos e costumes na sociedade brasileira, em relação às responsabilidades, não tem levado a bom termo as relações comunitárias. Em sociedades mais desenvolvidas, o risco de punição civil (pecuniária) e penal (de prisão) tem contribuído eficazmente para uma convivência mais harmônica entre os diferentes graus de responsabilidade social.



Michaelis: Simultaneidade de forças concorrentes.
Dicionário Portoeditora: efeito resultante da ação de diferentes agentes que atuam de modo semelhante e de valor superior ao do conjunto desses agentes, se atuassem separadamente
.



Tela 20
Módulo 2 - Uma Pesquisa Sobre as Características dos Empreendedores

5 - Uma pesquisa sobre as características dos empreendedores

Fernando Dolabela apresenta em seu livro, “O Segredo de Luiza”, uma síntese das principais características dos empreendedores, baseado nas pesquisas elaboradas por Timmons, em 1994, e Hornaday, em 1982.

As pesquisas de Timmons constataram ainda os seguintes fatos relativos a empreendedores e empreendimentos:


É possível aprender a ser empreendedor!

  • a capacidade criativa de identificar e aproveitar oportunidades vem depois de anos de experiência, tempo que propicia um reconhecimento de padrões. O empreendedor acumula habilidades, conhecimentos (know how), experiências e contatos com o decorrer do tempo;
  • o reconhecimento da diferença entre idéia e oportunidade é fator fundamental do sucesso. Começar um negócio é a parte mais fácil, o difícil é sobreviver e aqui sobressaem os empreendedores;
  • os riscos devem ser calculados e minimizados. Empreendedores de sucesso não acreditam em sorte, eles fazem a sorte;
  • o empreendedor individual geralmente produz uma receita que lhe permite sobreviver com relativo conforto. É difícil ter um negócio de alto potencial sozinho. A tendência para negócios de maior porte é a formação de equipes;
  • ao contrário do que se pensa, os empreendedores estão longe de ser independentes, vez que mantêm uma relação direta com vários agentes do mercado, tais como sócios, empregados, investidores, clientes, fornecedores, credores etc.;
  • os empreendedores consideram seu trabalho gratificante e têm dificuldades para se aposentar;
  • se houver talento e possuir as características necessárias, o dinheiro vem como conseqüência. O dinheiro é, para o empreendedor, o que o pincel e a tinta são para o pintor: ferramentas inertes que, nas mãos certas, podem criar maravilhas;
  • a idade não é barreira para o empreendedor. Embora a maioria dos empreendedores de sucesso realizem seus objetivos com a idade média de 35 anos, há exemplos numerosos de empreendedores de todas as idades, inclusive com 60 anos. As características que contam realmente são conhecimento, experiência e relações;
  • os empreendedores buscam realização pessoal, controle de seus próprios destinos e materialização de seus sonhos. O dinheiro é visto como uma ferramenta. Os ganhos de capital aparecem no médio e longo prazos.


Síntese das principais características dos empreendedores, de acordo com Dolabela

- o empreendedor, via de regra, possui um “modelo”, ou seja uma pessoa que exerce ou exerceu forte influência sobre ele;

- tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização;

- trabalha sozinho;

- tem perseverança e tenacidade;

- o fracasso é considerado um resultado como outro qualquer. O empreendedor aprende com os resultados negativos e com os próprios erros;

- tem grande energia. É um trabalhador incansável. Dedica-se intensamente ao trabalho e sabe concentrar seus esforços para alcançar resultados;

- sabe fixar metas e alcançá-las. Luta contra padrões impostos. Diferencia-se. Tem a capacidade de ocupar espaços não ocupados no mercado. É um descobridor de nichos;

- tem forte intuição. O que importa é o que faz, não o que sabe;

- acredita no que faz. Tem alto grau de comprometimento com suas idéias e objetivos;

- cria situações nas quais possa obter retorno (feedback) sobre seu comportamento. Utiliza as informações em seu aprimoramento pessoal;

- sabe buscar, utilizar e controlar recursos;

- é um sonhador que tem os pés calcados na realidade. Utiliza ambos os lados do cérebro, tanto o lado racional como o criativo;

- é líder. Cria um sistema próprio de relacionamento com os empregados, extraindo deles o melhor, na consecução de seus objetivos;

- é orientado para a obtenção de resultados num horizonte de médio e longo prazos;

- considera o dinheiro como uma das medidas para seu desempenho;

- cria rede de relações, tanto internas como externas, que são utilizadas como suporte para atingir suas metas;

- tem grande conhecimento do ramo de negócios em que atua;

- cultiva a imaginação e aprende a definir visões;

- materializa seus pensamentos em ações;

- delimita seu campo de aprendizagem para realizar suas visões. É pró-ativo diante daquilo que deve saber: primeiro define o que quer e onde quer chegar, depois busca o conhecimento que lhe permitirá atingir o objetivo. Preocupa-se em aprender a aprender, porque sabe que seu dia a dia será submetido a situações que exigem constante apreensão de conhecimentos que não estão nos livros. O empreendedor é um fixador de metas;

- cria métodos próprios de aprendizagem. Aprende a partir do que faz. Emoção e afeto são determinantes para explicar seus interesses;

- tem alto grau de internalidade, ou seja, capacidade para influenciar as pessoas com as quais lida. Crê que pode mudar o mundo. A empresa é um sistema social que gira em torno do empreendedor;

- o empreendedor assume riscos moderados. Não é um aventureiro, aceita o risco mas faz tudo para minimizá-lo. É inovador e criativo, no que diz respeito a produtos e processos;

- tolera a ambigüidade e a incerteza e possui habilidade para definir a partir do indefinido;

- tem alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios.



Tela 21
Módulo 2 - O Comportamento Empreendedor no Contexto Atual

6 - O comportamento empreendedor no contexto atual

O desenvolvimento de um modelo de negócio para uma empresa passa necessariamente pela sua capacidade de resposta ao mercado. O empreendedor deve visualizar quem serão os seus clientes, diferenciar a sua oferta, definir quais serão as tarefas a serem desenvolvidas pela empresa e quais serão terceirizadas e estabelecer suas fontes de recursos. O nicho de atuação da empresa deve ser claro, ou seja, deve-se ter em mente para quem e como a empresa criará as utilidades que gerarão seus lucros.


A competitividade é fator determinante no estabelecimento de quais empresas continuarão e quais sairão do mercado e depende, em grande parte, da capacidade criativa dos empreendedores.


As inovações, tanto em nível de produtos como de processos, constituem constante desafio às abordagens tradicionais de gestão e estratégia de negócios. A luta pela competitividade induz os empreendedores a criarem produtos, idealizarem estratégias e desenvolverem processos que permitam a continuidade da empresa no mundo dos negócios. Os desafios e as oportunidades caminham passo a passo e, na conquista do mercado, detêm as melhores armas aqueles que possuem os conhecimentos requeridos. A postura empreendedora requer pragmatismo e vigilância constante nas tendências do mercado.



Tela 22
Módulo 2 - O Comportamento Empreendedor no Contexto Atual

O capital humano materializado nos conhecimentos e na forma de atuação dos empreendedores deve estar internalizado nos procedimentos e sistemas de negócios adotados pela empresa e deve ser do conhecimento do cliente que, em última análise, é quem consumirá seus produtos e serviços finais.

Para que o cliente continue a ser cliente é necessário não só conhecer o empreendedor e seu produto como também valorizá-lo. O empreendedor, além de oferecer um bom e diferenciado produto ou serviço, deve considerar a venda como uma etapa e não como o fechamento de seu processo. Muitas vezes a assistência pós-venda tem igual ou maior importância que os contatos pré-venda, pois com esse tipo de serviço é que se conseguem clientes permanentes.


O lucro se constitui na recompensa do empreendedor, pelo fornecimento de produtos e serviços que atendam a demanda dos clientes.


A satisfação das necessidades do cliente, em termos de prazo, qualidade e custo, é objetivo constante para viabilização do empreendimento.



Tela 23
Módulo 2 - O Perfil do Empreendedor

A era industrial, caracterizada pelas mega-corporações que abarcavam todo o processo industrial, produzindo desde os parafusos até os aviões, vem dando lugar à era da informação, caracterizada por uma nova forma de fazer negócios.

As mudanças observadas nessa passagem permitiram e permitem o surgimento de novas empresas, não só em decorrência do crescimento do processo de terceirização, mas também pela detenção de conhecimentos e tecnologias pelas empresas de pequeno e médio porte que vêm ocupando nichos específicos de mercado ao lado de empresas de grande porte.

Nesses novos setores da economia, apesar de o risco do empreendedor ser muito alto, são grandes as oportunidades de realização no mundo dos negócios que permitem o progresso pessoal, empresarial e da comunidade e se constituem em alavancas para o desenvolvimento econômico. É nesse ambiente de mudanças que florescem os desafios que se constituem na mola propulsora de todos aqueles que possuem espírito empreendedor.


É necessário assumir riscos calculados, tendo como objetivos de médio e longo prazo uma participação cada vez maior no mercado.



Tela 24
Módulo 2 - O Perfil do Empreendedor

Uma avaliação do mercado, a mais próxima possível da realidade, é pré-condição que pode determinar o sucesso ou não do empreendimento. Muitos negócios não prosperaram pelas mais variadas razões, que vão desde o desconhecimento do mercado, conceito distorcido do produto, financiamento subdimensionado, dificuldades na distribuição, falta de diferenciação do produto em relação aos que se encontram no mercado, desconhecimento de aspectos legais, localização inadequada, escolha errada de sócios, problemas técnicos não previstos etc.

A materialização da visão passa pela disponibilidade de recursos financeiros. O empreendimento só toma corpo se houver capital financeiro suficiente para efetivar os investimentos materiais e intelectuais necessários.

A observação e a vivência dos mínimos detalhes dos procedimentos negociais levam o empreendedor bem-sucedido a desenvolver um sentido intuitivo, que constitui poderoso instrumento administrativo no trato com clientes, empregados e no aperfeiçoamento de seus produtos ou serviços.

A visão, a oportunidade e a criatividade aliadas à determinação e espírito de independência constituem matéria-prima básica para que o empreendedor possa levar a cabo sua empreitada. A motivação, a capacidade de interagir com outros agentes, a habilidade para escapar de estereótipos e a determinação com que enfrenta os desafios levam o empreendedor a obter sucesso no transcorrer de sua jornada.



Tela 25
Módulo 2 - O Perfil do Empreendedor

Resumo

É comum encontrarmos idéias erradas, mitos, sobre o perfil e o estilo de vida do empreendedor.

O empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, desde uma idéia intangível, transformando-a em produto tangível. Para isso, ele precisa de iniciativa e garra, imaginação e criatividade. Assim, poderá enfrentar os desafios com que se depara e que definem o sucesso ou fracasso do empreendimento. O planejamento e os estudos de viabilidade não eliminam os riscos do negócio; mas estes podem e devem ser cuidadosamente calculados, bem como os objetivos e metas de curto, médio e longo prazos.

O empreendedor precisa estar atento para alguns aspectos importantes. A consulta a especialistas e leitura especializada é um deles. Outro é o conhecimento sobre o setor, a demanda do produto e a viabilidade técnica de fabricação. É necessário, ainda, avaliar a disponibilidade financeira e calcular a rentabilidade do negócio. E, finalmente, manter-se atualizado quanto a conhecimentos de administração e organização de empresas e, também, sobre a comercialização do produto.

As principais características psicológicas a serem destacadas no empreendedor referem-se a comportamento, liderança, iniciativa, vitalidade, comando, segurança e responsabilidade.

Uma pesquisa de Timmons, apresentada por Dolabela, também relata aspectos interessantes sobre o empreendedor.

Um modelo de negócio empreendedor deve ter competitividade para manter seus clientes. Estes precisam estar informados das inovações e qualidades do produto para valorizar sua escolha, tanto no momento da compra quanto no acompanhamento pós-venda.

Na era da informação, as empresas têm um perfil diferente daquele que tinham na era industrial. Empresas de pequeno e médio porte se instalam em nichos específicos do mercado e convivem com empresas de grande porte. A terceirização e o domínio tecnológico também caracterizam essa nova era.

A atitude do empreendedor, aprendida ou não, leva-o a desenvolver um sentido intuitivo que, aliado à criatividade, imaginação, visão, determinação e espírito de independência, contribuem para o sucesso do negócio.



Unidade 2 Módulo 1
Tela 26
Módulo 1 - O Processo Empreendedor
1 - O processo empreendedor

A decisão de tornar-se empreendedor pode ocorrer aparentemente por acaso. Na realidade, porém, essa decisão ocorre devido a fatores externos, ambientais e sociais, a aptidões pessoais ou a um somatório de todos esses fatores, que são críticos para o surgimento e o crescimento de uma nova empresa.

Quanto ao processo empreendedor, dentre os fatores que o influenciam, não se pode deixar de mencionar a inovação. Quando se fala em inovação, a semente do processo empreendedor, remete-se naturalmente ao termo inovação tecnológica. Algumas peculiaridades devem ser entendidas para que se interprete o processo empreendedor ligado a empresas de base tecnológicas, vez que as inovações tecnológicas têm sido o diferencial do desenvolvimento econômico mundial. Quatro fatores críticos do processo empreendedor devem ser analisados para entender-se o assunto.

O processo de inovação empresarial possui quatro pilares:

Investimento de capital de risco;
• Infra-estrutura de alta tecnologia;
• Idéias criativas;
• Cultura empreendedora focada na paixão pelo negócio.

É raro que esses quatro ingredientes ocorram simultaneamente. No empreendedorismo, primeiro vem a paixão pelo negócio e depois o dinheiro, o que, de certa forma, contradiz a corrente que diz que “dinheiro atrai dinheiro”.



Tela 27
Módulo 1 - O Processo Empreendedor

O processo empreendedor ocorre nas seguintes fases:

1. Identificação e avaliação das oportunidades, compreendendo: criação e abrangência da oportunidade; valores percebidos e reais da oportunidade; riscos e retornos da oportunidade; oportunidade versus habilidades e metas pessoais; situação dos competidores.

2. Desenvolvimento do plano de negócio, envolvendo: sumário executivo; conceito do negócio; equipe de gestão; mercado e competidores; marketing e vendas; estrutura e operação; análise estratégica; plano financeiro e anexos.

3. Determinação e captação dos recursos necessários, abrangendo: recursos pessoais; recursos de amigos e parentes; capitais de risco; bancos; governo e incubadoras.

4. Gerenciamento da empresa criada, compreendendo: imposição de estilo de gestão; análise dos fatores críticos de sucesso; identificação dos problemas atuais e potenciais; implementação de um sistema de controle; profissionalização da gestão e penetração em novos mercados.


A identificação e a avaliação das oportunidades são extremamente difíceis. Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade é como um velho sábio barbudo, baixinho e careca, que passa ao seu lado. Normalmente você não o nota passando. Quando percebe ou intui que ele pode ser a solução dos seus problemas, tenta-se desesperadamente correr atrás do velho, abordá-lo e tocá-lo na cabeça com as mãos. Mas quando, finalmente, você toca na cabeça do velho, ela está toda cheia de óleo e seus dedos escorregam, sem conseguir segurar o velho, que vai embora...
Apesar das dificuldades, os empreendedores de sucesso “agarram o velho” com as duas mãos, logo no primeiro instante, usufruindo o máximo de sua sabedoria. Mas como se distingue o velho sábio de um velho qualquer? Para isto é necessário ao empreendedor: talento, conhecimento, percepção e “feeling”.




A segunda fase do processo empreendedor – desenvolvimento do plano de negócios – talvez seja a que dá mais trabalho aos empreendedores novos. Ela envolve vários conceitos que devem ser entendidos e expressos de forma escrita, dando forma ao documento que sintetiza a essência da empresa, sua estratégia de negócio, seu mercado, competidores e como vai gerar receitas e crescer.



A determinação dos recursos necessários é conseqüência do que foi feito e planejado no plano de negócios. A captação dos recursos pode ser feita de várias formas e por meio de várias fontes distintas. Há alguns anos, as possibilidades de se obter financiamento ou recursos, no Brasil, eram recorrer aos bancos e a economias pessoais, à família e aos amigos. Atualmente, com a globalização das economias e os mercados mundiais, o Brasil passou a ser visto como um celeiro de oportunidades a serem exploradas pelos capitalistas. Isso vem ocorrendo nos setores da nova economia: empresas de Internet e tecnologia e está mudando todo um paradigma de investimentos no Brasil, o que é saudável para o País e para os empreendedores que estão surgindo.




O gerenciamento da empresa parece ser a parte mais fácil, pois as outras já foram feitas. Mas não é bem assim. Cada fase do processo empreendedor tem seus desafios e aprendizados. Às vezes, o empreendedor identifica uma excelente oportunidade, elabora um bom plano de negócios e “vende” a sua idéia para investidores que acreditam nela e concordam em financiar o novo empreendimento. Quando é hora de colocar as ações em prática, começam a surgir os problemas. Os clientes não aceitam tão bem o produto, surge um concorrente forte, um funcionário-chave pede demissão, uma máquina quebra e não existe outra para repor. Enfim, problemas vão surgir e precisarão ser solucionados. A gestão do empreendedor é que proporcionará na prática a solução dos problemas. O empreendedor deve estar consciente de suas limitações pessoais e saber recrutar uma equipe eficiente de profissionais para ajudá-lo no gerenciamento da empresa. Devem ser implementadas ações que visem a minimizar os problemas, identificar as prioridades e avaliar e apresentar soluções para os pontos críticos que podem impedir o sucesso do empreendimento.



Tela 28
Módulo 1 - Módulo 1 - Diferenciando Idéias de Oportunidades

2 - Diferenciando idéias de oportunidades


Empreendedores sem sucesso confundem idéia com oportunidade.

Fernando Dolabela (1999)

De acordo com Dolabela, a idéia causa grande fascínio ao seu criador. O apego à idéia impede sua análise para que seja devidamente validada e, freqüentemente, transforma-se na razão do insucesso. O distanciamento emocional é imprescindível ao jovem empreendedor.

Um dos maiores mitos a respeito de novas idéias de negócios é que elas devam ser únicas. O fato de uma idéia ser ou não única não importa.


Importa é como o empreendedor utiliza sua idéia, inédita ou não, de modo a transformá-la em um produto ou serviço que faça sua empresa crescer.


As oportunidades, geralmente, são únicas, pois o empreendedor pode ficar vários anos sem observar e aproveitar uma oportunidade de desenvolver novo produto, ganhar novo mercado e estabelecer uma parceria que o diferencie de seus concorrentes.

A oportunidade tem algo de novo, é atrativa, atende a uma demanda dos clientes, está vinculada a um produto ou serviço que agrega valor ao seu consumidor.

A idéia, como foi dito no início, pode transformar-se numa armadilha que leve o empreendedor ao fracasso. Ela nasce de um estado de paixão e somente estudo profundo poderá indicar seu potencial verdadeiro.


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Tela 29
Módulo 1 - Diferenciando Idéias de Oportunidades

É aconselhável que o empreendedor teste sua idéia ou conceito de negócio junto a clientes em potencial, empreendedores mais experientes (conselheiros) e amigos próximos, evitando assim que a paixão pela idéia cegue sua visão analítica do negócio. Além do mais, a idéia em si, sozinha, não vale nada. No empreendedorismo, importante é saber desenvolvê-la, implementá-la e construir a partir dela um negócio de sucesso.

Se você tem uma idéia que acredita ser interessante e que pode transformar-se em negócio de sucesso, pergunte a si mesmo e a seus sócios:

  • Quais são os clientes que comprarão o produto ou o serviço de sua empresa?
  • Qual o tamanho atual do mercado, em "reais" e em número de clientes?
  • O mercado está em crescimento, estável ou estagnado?
  • Quem atende tais clientes atualmente, ou seja, quem são os seus concorrentes?

Se você e seus sócios não conseguirem responder a essas perguntas básicas, iniciais, com dados concretos, vocês têm apenas uma idéia e não uma oportunidade de mercado.

Outro fator que deve ser considerado é o timing da idéia. Principalmente em empresas de base tecnológica, o timing é crucial, pois a tecnologia evolui muito rapidamente e, com isso, o ciclo de vida de produtos de base tecnológica é cada vez mais curto, exigindo ainda maior inovação e agilidade das empresas para se manterem competitivas no mercado.


Timing da idéia - Tempo oportuno que a idéia leva para ser gerada.



Tela 30
Módulo 1 - Diferenciando Idéias de Oportunidades
Existem, porém, mercados com desempenho em menor velocidade que os de alta tecnologia; o que mais importa, nesses casos, é o serviço prestado aos clientes.

É a situação, por exemplo, do mercado de turismo no Brasil, praticamente inexplorado. Um negócio bem estruturado para esse nicho de mercado pode alcançar sucesso rapidamente. O Brasil não tem tradição de receber muitos turistas estrangeiros, apesar de suas belezas naturais exuberantes, que podem constituir forte apelo turístico.

Essa visível oportunidade de mercado, para ser bem aproveitada, depende de fatores como, por exemplo, maior criatividade e excelência nos serviços prestados, além de fatores que estariam fora da competência privada e sim na área governamental (segurança, câmbio compatível etc.).

Freqüentemente ocorre, o candidato a empreendedor ter idéia brilhante, dirigida a um mercado que ele conhece pouco ou em ramo de negócios no qual nunca atuou profissionalmente. As chances de sucesso, em tais hipóteses são mínimas.


É aconselhável a criação de negócios em áreas nas quais já existe alguma experiência acumulada; áreas em que já trabalhou ou tem sócios que nelas já trabalharam.


Não é prudente arriscar tudo, em negócios cuja dinâmica do mercado e forma operacional de tocar a empresa você desconhece, ou pelos quais simpatiza por serem de área na qual você acredita que poderá fazer muito dinheiro. Lembre-se que em primeiro lugar vem a paixão pelo negócio; ganhar dinheiro é a conseqüência.


Tela 31
Módulo 1 - Gerando Idéias
3 - Gerando idéias

Apesar de existirem muitas fontes de informação, identificar uma nova oportunidade pode não ser fácil. No entanto, há algumas dicas que auxiliam o empreendedor nessa tarefa.

Uma das mais conhecidas formas de estimular a criatividade e a geração de novas idéias, é o brainstorming.

Esse método estimula as pessoas a gerarem novas idéias, quando estão reunidas em grupo. As idéias de uns, muitas vezes “puxam” as de outros. Para não se perder, o grupo define algumas regras básicas sem limitar a criatividade dos participantes. Ao final, muita coisa é inútil, mas geralmente surgem novas formas de produção, soluções mais simples para determinado problema, concepções de novos produtos etc..

Para se estruturar o brainstorming, aconselham-se as seguintes regras:

  • Ninguém pode criticar outras pessoas do grupo e todos estão livres para expor as idéias que vierem à cabeça, mesmo que aparentemente pareçam absurdas.
  • Quanto mais rodadas houver entre os participantes, melhor, pois serão geradas mais idéias. Sempre, em cada rodada, todos os participantes devem dar uma idéia a respeito do tópico em discussão.
  • Não são proibidas idéias baseadas em idéias anteriores de outras pessoas. Essas combinações são bem-vindas e podem gerar bons resultados.
  • A sessão deve ser divertida, sem que haja uma ou outra pessoa dominando a mesma;
  • A participação de todos deve ser garantida, sem restrições.


Brainstorming – tempestade cerebral.




Tela 32
Módulo 1 - Gerando Idéias

Existem outras formas e técnicas para gerar idéias, mas é requisito básico que o empreendedor tenha sua mente estimulada e esteja preparado para transpor as idéias novas para o ambiente em que deseja efetuar modificações. O assunto será aprofundado com o estudo das oportunidades na próxima Unidade; mas veja algumas atitudes que favorecem o surgimento de idéias:

  • Conversar com pessoas de todos os níveis sociais e de idade (de adolescentes aos mais velhos e experientes) sobre os mais variados temas, pode trazer novas idéias de produtos e serviços em determinado nicho de mercado.
  • Pesquisar novas patentes e licenciamentos de produtos, em áreas onde o empreendedor tem intenção de atuar com novo negócio, pode levar a conclusões interessantes, que definirão a estratégia da empresa.
  • Estar atento aos acontecimentos sociais da região de atuação da empresa, tendências, preferências da população, mudanças no estilo padrão de vida das pessoas e nos hábitos dos jovens, que serão os futuros, ou mesmo os atuais, consumidores para determinados produtos e serviços.
  • Visitar institutos de pesquisa, universidades, feiras de negócios, empresas etc.
  • Participar de conferências e congressos da área, ir a reuniões e eventos de entidades de classe e associações.
Você é criativo? Então faça o Teste.


TESTE: Você é criativo?

1. No seu dia a dia de trabalho, você prefere:

a- seguir os mesmos passos dos processos em que já obteve êxito;
b- manter os principais procedimentos de trabalhos com êxito, mas busca outras idéias;
c- buscar novas idéias, apesar de já ter realizado o mesmo trabalho com êxito.

2. Durante o trabalho, o horário do almoço serve para:

a- saciar a fome;
b- resolver problemas particulares;
c- repensar problemas e soluções.

3. Ser criativo é:

a- elaborar situações rápidas para situações diversas;
b- encontrar soluções rápidas para situações inesperadas;
c- buscar novas formas de realizar as mesmas tarefas.

4. Você prefere trabalhar numa empresa que:

a- tem procedimentos definidos, o que facilita as tomadas de decisão;
b- permite a análise de processos;
c- está em constante mudança, a fim de se manter competitiva.

5. Em trabalhos que precisam ser feitos em equipe, você:

a- contribui com idéias, mas prefere seguir o que a maioria aprova;
b- busca contribuir com idéias que possam ser aceitas pelo grupo;
c- apresenta idéias diferentes, mostrando que também são eficazes.

6. Na hora do almoço você:

a- costuma ir ao mesmo restaurante, pois se acostumou com o ambiente;
b- escolhe entre duas ou três opções de restaurante;
c- tem necessidade de variar o lugar em que realiza suas refeições para não se entediar.

7. Ao se preparar para ir ao trabalho você:

a- veste a primeira roupa que vê;
b-
escolhe várias peças, mas faz as mesmas combinações de sempre;
c- sente-se impulsionado a variar as combinações das roupas.

8. No fim de semana, você:

a- descansa;
b- aproveita para colocar em dia leituras atrasadas;
c- busca atividades como trabalhos manuais, esportes radicais etc.

RESULTADO

Para cada resposta "c", some 3 pontos; para cada resposta "b", um ponto e, para cada resposta "a" não acrescente valor algum.

De 0 a 7 pontos: você prefere realizar escolhas que sejam aceitas e seguramente eficazes.

De 8 a 16 pontos: você sente necessidade de buscar novos caminhos e idéias, porém ainda não conseguiu ser muito criativo; você está no caminho certo.

Acima de 17 pontos: você consegue buscar maneiras criativas de lidar com seu ambiente profissional e pessoal. Parabéns!



Tela 33
Módulo 1 - Gerando Idéias
Há algum tempo, criatividade era algo de gênio ou de publicitário. Hoje, pessoas cheias de idéias são bem-vindas em todas as seções de uma empresa.

As organizações precisam investir em seus funcionários, se quiserem fugir das soluções já conhecidas e experimentadas. O estímulo, no entanto, não se limita aos aspectos técnicos. Aguçar a criatividade de um empregado pode ser mais lucrativo do que matriculá-lo em um curso de informática.


"Investir em novo pensar impulsiona as pessoas a mudarem e melhorarem as atividades que desempenham".

Maria Rita Gramigna
Especialista em criatividade

O insight pode surgir, a partir de um serviço prestado pelo concorrente, de uma falha detectada no local de trabalho ou até mesmo durante um "cineminha" de fim de semana. Tudo depende do tamanho da ousadia e da visão de futuro do empregado. Chefe que cerceia a imaginação de seus empregados é chefe ultrapassado. O estímulo à inovação exige postura mais branda com relação às falhas.


"Só não erra quem não faz. Uma empresa moderna jamais trabalha com o conceito zero de erro".

Antonio Carlos Silva
Consultor de Recursos Humanos



Insight – Compreensão repentina sobre algo.



Tela 34
Módulo 1 - Gerando Idéias
Não deve haver a preocupação inicial de se avaliar se uma idéia é viável ou não, se ela é boa ou ruim, se ela é potencialmente uma boa oportunidade de negócio. Essa análise deve ser feita em uma segunda etapa, após a seleção natural de várias idéias e deve ter como base o “feeling” do empreendedor de acordo com sua identificação com cada idéia.

Para estimular sua criatividade e gerar novas idéias, o empreendedor deve observar tudo e todos, de forma dinâmica.




Aponte mais de uma solução para um problema existente em sua empresa.

Quanto mais idéias, maior a chance de adotar-se a melhor atitude.

Não sofra com suas falhas.

Rir dos próprios erros faz com que novas tentativas sejam experimentadas.

Cultive a auto-estima, o otimismo e o bom humor.

A criatividade só é aguçada quando a pessoa está bem consigo mesma.

Aproveite todas as oportunidades para estabelecer contatos informais.

Boas idéias podem surgir nos corredores, lanchonetes e estacionamentos do seu trabalho.

Mantenha-se informado.

Livros, filmes e noticiários estimulam o processo criativo.

Use e abuse do bom senso.

Não adianta sugerir um projeto espalhafatoso se sua empresa está em regime de contenção de gastos.

Seja humilde.

Suas idéias nem sempre serão as melhores e poderão ser enriquecidas por comentários dos seus colegas de trabalho.

Não procure idéias complexas.

As melhores idéias estão em soluções que simplificam os processos produtivos.

Não censure sua imaginação.

Grandes idéias adormecem no fundo da gaveta por falta de coragem. Deixe o seu superior decidir se elas são viáveis ou não.



Tela 35
Módulo 1 - Gerando Idéias


Um verdadeiro empreendedor é capaz de identificar uma oportunidade. Ele a reconhece e não a deixa escapar!

Embora não haja regras infalíveis para identificar oportunidades, conhecer suas características é o primeiro passo desse processo. De acordo com Dolabela (1999), os seguintes aspectos caracterizam as oportunidades:

  • Surgem em função da identificação de desejos e necessidades insatisfeitos, da identificação de recursos potencialmente aproveitáveis ou subaproveitáveis, ou quando se procuram aplicações (problemas) para novas descobertas (soluções);
  • Estão em qualquer lugar;
  • São ofertas à mente preparada: normalmente provêm da nossa experiência, intuição;
  • Exigem grandes esforços, não podem ser tratadas superficialmente;
  • Devem ajustar-se ao empreendedor: algo que é oportunidade para uma pessoa pode não sê-lo para outra, por vários motivos (conhecimento, perfil individual, motivação, relações etc.);
  • São atraentes, duráveis, têm hora certa, ancoram-se em produto ou serviço que cria ou adiciona valor para seu comprador;
  • São alvos móveis: se alguém as vê, ainda há tempo de aproveitá-las;
  • O empreendedor habilidoso dá forma a uma oportunidade na qual outros nada vêem, ou vêem muito cedo ou tarde demais;
  • São as fagulhas que detonam a explosão do empreendedorismo;
  • Boas oportunidades de negócio são menos numerosas que as idéias;
  • Identificá-las representa desafio: uma oportunidade pode estar camuflada em dados contraditórios, sinais inconsistentes, lacunas de informação e outros vácuos, atrasos e avanços, barulho e caos do mercado (quanto mais imperfeito o mercado, maiores são as oportunidades).


O otimista vê uma oportunidade em cada calamidade.

O pessimista vê uma calamidade em cada oportunidade.

Winston Churchill



Tela 36
Módulo 1 - Resumo

Resumo

O empreendedor se constitui a partir de fatores internos (competências) e externos (meio ambiente). O processo empreendedor está relacionado com a inovação e pressupõe a análise de quatro fatores críticos: Talento/Pessoas; Tecnologia/Idéias; Capital/Recursos e Know-how/Conhecimento.

Também são quatro as fases do processo empreendedor: identificação e avaliação das oportunidades; desenvolvimento do plano de negócio; determinação e captação dos recursos necessários e gerenciamento da empresa criada.

Confundir uma idéia com oportunidade pode levar o empreendedor ao fracasso. Enquanto a oportunidade tem algo de novo, é atrativa, atende a uma demanda dos clientes e está vinculada a um produto ou serviço que agrega valor ao seu consumidor, a idéia nasce de um estado de paixão e somente estudo profundo poderá indicar seu potencial verdadeiro.

Para isso, o empreendedor deve testar sua idéia, analisar o seu timming e os serviços que ela disponibilizará aos clientes, além de certificar-se de que sua experiência e seus conhecimentos são compatíveis com a área de atuação pretendida.

Há várias maneiras de obter-se novas idéias como o brainstorming, conversas e contatos, consultas, pesquisas, busca de atualização, participação em seminários, congressos e associações da área etc.

Os empreendedores-empregados devem ser estimulados em sua criatividade para que tenham idéias e possam transformá-las em oportunidades dentro da empresa.

Finalmente, o empreendedor precisa desenvolver sua capacidade de reconhecer as oportunidades quando estas se apresentam, seja de maneira explícita ou camufladas nas mais diversas situações. É preciso que ele identifique suas características e desenvolva um sentido intuitivo de percepção para que as oportunidades não escapem de suas mãos, pois, em geral, elas são únicas e não se repetem.