| Unidade 1 | Módulo 1 | Tela 1 |
1 - Que são finanças de empresas? Pense na sua cidade. Agora, imagine-se andando pelo polo industrial onde se situam as principais indústrias. Pare. Você está em frente a uma delas. O que você enxerga? Três prédios com inscrições: “Administração”; “Fábrica” e “Depósito de embarque/desembarque de insumos e produtos”.
Imagine uma situação em que você dirige-se à portaria, identifica-se, informa que deseja falar com o diretor financeiro. O stakeholder da portaria entra em contato com a secretária do diretor e a sua entrada no prédio é autorizada; Você recebe um crachá de visitante, encaminha-se para o departamento de finanças; entra no prédio da Administração Geral e observa que existem várias divisórias. Ao lado de cada porta há sinalização indicando que se localizam, ali, o Departamento de Recursos Humanos; o Departamento de Produção; o Departamento Administrativo; o Departamento Financeiro; o Departamento de Marketing; a Presidência etc. |
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Tela 2 |
Nos corredores há murais e, num deles, que se localiza próximo à sala de reunião, encontra-se o organograma da empresa. Além da presidência e das diretorias, você, por gostar muito, fixa-se no departamento financeiro. Organograma da Empresa Industrial
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Tela 3 |
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Atendo-se ao Departamento de Finanças, observa-se que ele opera com duas divisões: Tesouraria e Controladoria. Segundo Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002), no Brasil, de modo geral, as funções de tesouraria são exercidas pelo gerente financeiro; as funções de controladoria são exercidas pelo controller, utilizando-se o mesmo nome do profissional americano. Essas funções surgem e se expandem ou desaparecem, dependendo das necessidades de cada empresa, variando com a natureza, porte e estágio de desenvolvimento. Observe:
Olhando-se o departamento como um todo, pode-se concluir que ele trabalha com o intuito de maximizar a riqueza dos proprietários. No momento em que o gerenciamento do dinheiro, do crédito e do controle financeiro está sendo exercido, busca-se a maximização da riqueza. |
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Tela 4 |
| Sabe-se que um acréscimo no total do ativo implica comportamento idêntico no total do passivo. Logo, a responsabilidade do administrador financeiro deveria ser a de empregar sempre a melhor alternativa de poupança (passivo) para qualquer tipo de investimento (ativo). Por exemplo, imagine que a nossa empresa industrial esteja pleiteando o aumento da sua capacidade instalada, para tanto, faz-se necessário que a fábrica tenha mais um prédio, logo, a empresa deverá providenciar a construção de mais um prédio:
Ele estaria colocando a empresa em risco financeiro, caso procurasse fontes de curto prazo para financiar investimentos de longa maturação. Mais ainda, ele teria que estudar qual a melhor fonte, a saber, recursos próprios e/ou de terceiros. Outro detalhe: iria, com certeza, caso fosse financiar com recursos de bancos, optar por recursos, dinheiro semelhante ao da geração de receita da empresa; isto é, se a indústria gera receitas em reais, iria procurar se endividar em reais. |
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Tela 5 |
| Pode-se
também mencionar outro detalhe, o Diretor Financeiro, antes da
captação dos recursos, iria fazer uma pesquisa junto ao
mercado para escolher a modalidade de financiamento menos onerosa possível. De
preferência, recursos de bancos de fomento. Logo, finanças nas empresas são:
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Tela 6 |
| 2
- Mercado monetário e não monetário
A responsabilidade de gerenciar recursos nas empresas exige do diretor e do gerente financeiro fortes conhecimentos do modus operandi do mercado financeiro. Por exemplo, não tem o menor sentido um financeiro entrar em contato com o gerente de um banco de investimento para operar desconto de duplicatas e/ou operações de hot money. Estas são operações, no Brasil, típicas de “banco múltiplo” com carteira comercial ou bancos comerciais. Segundo Assaf Neto (2005) as instituições financeiras podem ser classificadas em dois tipos:
As instituições financeiras monetárias são aquelas a quem se permite a criação de moeda por meio do recebimento do depósito a vista. Suponha que você tenha acabado de abrir uma conta-corrente no Banco do Brasil. A partir deste momento, você poderá fazer depósitos em sua conta-corrente em dinheiro, em cheque, receber o seu salário por meio da transferência da conta-corrente da organização em que você trabalha para a sua conta-corrente etc. Com isso, você poderá pagar suas obrigações: por meio da emissão de cheques; por cartão eletrônico; por meio de autorização de débito em sua conta-corrente para a conta-corrente de terceiros; da autorização de débito em sua conta-corrente para a emissão de ordens de pagamento etc.
No Brasil, as instituições financeiras captadoras de depósitos a vista são: os bancos múltiplos com carteira comercial; os bancos comerciais; a Caixa Econômica Federal e as cooperativas de crédito. |
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Tela 7 |
| As instituições
financeiras não bancárias, ao contrário,
não estão legalmente autorizadas a receber depósitos
a vista, inexistindo, portanto, a faculdade de criação de
moeda. Essas instituições trabalham basicamente com ativos
não monetários, tais como certificados de depósitos
bancários, debêntures, ações, letras de câmbio
etc. Nessas organizações, o cliente não tem como pagar
suas obrigações com a utilização, por exemplo,
do talão de cheques, muito menos ir ao caixa eletrônico e fazer
saques em dinheiro.
No Brasil, as instituições financeiras não bancárias se distribuem como:
Ainda como instituições financeiras não monetárias, nós encontramos os intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros, a saber:
Nestas instituições financeiras, os clientes também não dispõem de talonários de cheques nem de cartões eletrônicos para saques rápidos. |
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Tela 8 |
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Tela 9 |
| Imagine que a empresa que você está visitando tenha um projeto de investimento em estudo que poderá aumentar a capacidade instalada da empresa em mais 1/3. Esta poderá emitir títulos, por exemplo, debêntures, que poderão ser conversíveis ou não conversíveis em ações. A empresa, caso necessite de um valor significativo, por exemplo, acima de US$10 milhões, poderá buscar o dinheiro no mercado de capitais internacional, por meio da emissão de Notes. Caso necessite de recursos em prazo maior que dez anos, poderá operar com a emissão de >Bonds (bônus). Ou ainda, fazer captação via securitização, isto é, dando como garantia futuros recebíveis. Outra fonte, caso a empresa fosse de capital aberto, seria a busca do mercado de capitais com vistas à emissão de novas ações. O que precisa ficar bem claro é o seguinte: numa economia de mercado existem agentes econômicos que operam com sobra de recursos (os poupadores); outros que operam com necessidade de recursos (os tomadores de recursos). Um terceiro agente econômico no processo seria o sistema financeiro (capta junto aos poupadores e repassa para os tomadores, isto é, o intermediário no processo). Para o sistema econômico de um país, numa economia de mercado, operar com eficácia e eficiência é condição básica que o seu sistema financeiro, na verdade, o coração do sistema capitalista, não tenha qualquer tipo de desajuste, ou “veias entupidas”.
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Tela 10 |
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| Observe: os agentes com sobra de recursos repassam-nas para o sistema financeiro (bancos comerciais, múltiplos, de investimento, financeiras, corretoras etc.), na forma de aplicações financeiras (CDB, RDB, Letra de Câmbio etc.). Os agentes superavitários serão remunerados pelas suas aplicações, por exemplo, em 15,25% a.a. Por sua vez, o sistema financeiro irá repassar os recursos captados para os agentes econômicos que têm necessidade de caixa. Supondo-se que o sistema financeiro repasse os recursos cobrando 24% a.a, o que se observa? O sistema operou com um ganho bruto de: Suponha que o Banco JJ, um banco de 2ª linha, tenha emprestado dinheiro no mercado cobrando uma taxa de 35% ao ano. O Spread do banco foi de 10% ao ano. Qual a taxa de juros paga pelo Banco JJ quando da compra de dinheiro? Suponha que o Banco Alfa, um banco de 1ª linha, tenha captado dinheiro no mercado pagando 13,75% ao ano. O banco experimentou sobre este dinheiro um Spread de 8% ao ano. Qual foi a taxa cobrada pelo banco nas suas operações de empréstimo? Suponha que o Banco Gama tenha captado dinheiro no mercado pelo prazo de 85 dias pagando uma taxa de 4,0% ao quadrimestre. O banco emprestou este dinheiro pelo mesmo prazo da capitação, cobrando uma taxa de 11% ao ano. Qual foi o Spread do banco nesta operação? Suponha que a Empresa JJ tenha captado dinheiro no Banco JJ pelo prazo de 135 dias pagando 32,25% ao ano. O Banco JJ comprou o dinheiro do Sr Muito Alegre também pelo prazo de 135 dias, pagando pelo dinheiro 15% ao semestre. Qual foi o Spread do banco nesta operação? Você deve estar preocupado com a ausência do depósito à vista. É simples. Nesse caso, imagine os agentes econômicos, com sobra de caixa, fazendo seus depósitos nas instituições financeiras monetárias. Eles não recebem remuneração explícita por isso, e, de imediato, as instituições financeiras descontam do valor do depósito à vista, o encaixe bancário e o depósito compulsório determinado pela autoridade monetária. O que sobra seria emprestado para os agentes econômicos que operam com necessidade de recursos. Evidentemente que a empresa tomadora dos recursos terá que pagar pela captação dos recursos (P+J). |
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Tela 11 |
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Suponha que o Sr J tenha uma sobra de $100,00. O Sr J entra em conta com o Banco RN, o banco diz que irá pagar 25% ao ano para o Sr J. Por sua vez, o Banco RN irá emprestar os $100,00 para o Sr NG cobrando uma taxa de 45% ao ano. Calcule o ganho bruto do Banco RN nesta operação. Banco RN/Sr J Banco
RN/Sr NG |
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Tela 12 |
| Para o sistema financeiro ser eficaz e eficiente - tanto para aqueles que operam com sobra quanto os que têm necessidade de recursos - torna-se fundamental que todos os agentes econômicos que operam com o sistema conheçam as oportunidades e os riscos existentes. Por exemplo, num país como o Brasil, que desde o início da sua colonização apresenta característica própria, a saber, a escassez de crédito, pergunta-se: Como a empresa que tem projetos de crescimento pode alcançar suas metas nesse ambiente? Entende-se que, em relação ao departamento financeiro das empresas, a maneira mais sábia seria a de se antecipar aos bancos, ou seja, ter em mente que esta área vive de informações. Logo, deve estar sempre alimentando os bancos. Como?
Outro detalhe interessante
a ser observado por qualquer agente econômico que opere no mercado
está no fato de que, quem não é visto não
será facilmente lembrado. Um bom gerente financeiro deveria desenvolver
a capacidade de ser atencioso com os gerentes de banco, pois nem sempre
um bom limite de crédito é alcançado em decorrência
apenas de bons números de balanço. Por sua vez, todo financeiro deveria fazer grandes esforços para tomar conhecimento da qualidade do papel do(s) banco(s) com quem a sua empresa faz negócio(s). No mercado, operar com um banco de primeira linha costuma ajudar muito, por exemplo, no Brasil, podemos mencionar alguns bancos atualmente considerados de primeira linha: Bradesco, Banco Itaú, Banco do Brasil, HSBC, Santander etc. Os bancos
de 1ª linha costumam operar com diferenças de taxas (spread)
menores do que os bancos de 2ª e 3ª linha. Quanto melhor for
a classificação do papel de um banco, mais barato este banco
irá pagar pelo dinheiro captado junto aos aplicadores. Logo, menor
tendem a ser suas taxas de juros, mesmo porque, para um papel ser de 1ª
linha faz-se necessário que os empréstimos daquela instituição
financeira sejam também para clientes com bom risco de crédito. |
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Tela 13 |
| Outro detalhe: todo diretor/gerente financeiro deve ter muito cuidado diante de um gerente de banco. O ambiente dos bancos é muito nervoso, portanto, deve ser evitado o pessimismo. Todo gerente de banco gosta de ouvir notícias positivas. Eles se assustam com muita facilidade. Pense num coelho, observe como ele é arisco; ao menor movimento, ele fica em pé, aguça os ouvidos, orelhas para cima, olhar desconfiado; sem mais nem menos, sai em disparado, na maior parte das vezes, sem qualquer motivo. Assim é um gerente de banco. Não se pode esquecer que o produto dinheiro é o bem mais cobiçado numa economia de mercado.
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Tela 14 |
| A maior parte dos bancos opera com limites/linhas de crédito. O que é um limite/linha de crédito? É um valor
estabelecido pelo banco que poderá ou não ser utilizado
pelo cliente.
O fato de uma empresa ter um limite de crédito aberto não significa que existe a certeza da liberação dos recursos toda vez que houver necessidade. A liberação da linha de crédito irá depender da disponibilidade de recursos por parte do banco. Entende-se que empresas que costumam ir ao mercado financeiro cap tar dinheiro deveriam ter o cuidado de não depender apenas de um banco fornecedor de fundos. É muito perigoso, pois nem sempre os bancos estão com disponibilidade de recursos suficientes para atender à demanda de todos os seus clientes. Portanto, é importante que as empresas façam um esforço para possuir linhas/limite de crédito em mais de um banco. Tal não se aplica, necessariamente, a empresas com sobras contínuas de caixa e que podem se dar ao luxo de operar apenas com um banco, o que não é muito usual no mercado, em se tratando de médias e/ou grandes empresas. |
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Tela 15 |
| Nos últimos vinte e cinco anos, os mercados financeiros da maioria dos países vêm experimentando fortes processos de mudanças. Com o avanço das telecomunicações e também da informática, assim como da interdependência entre as nações, as autoridades monetárias têm adotado políticas de desregulamentação de seus sistemas financeiros. Assim, tornou-se natural nos dias de hoje jornais noticiarem a facilidade com que os agentes econômicos estrangeiros fazem suas aplicações na Bovespa, assim como brasileiros fazem aplicações nos mercados internacionais. Observe que, a partir de meados dos anos 90, um número razoável de bancos internacionais vem se instalando no Brasil. O Bamerindus foi comprado pelo HSBC, que tem matriz no Reino Unido; o Banespa e o Banco Real foram adquiridos pelo espanhol Santander. Assim como os estrangeiros, bancos nacionais também estão se arriscando fora do país, principalmente nos “paraísos fiscais”. Na
divulgação para a imprensa datada de 21/12/2011 o Banco
Central do Brasil informou que o crédito do sistema financeiro nacional apresentou, em novembro, expansão mais acentuada que no mês anterior, refletindo, em particular, o retorno à normalidade após a greve bancária encerrada em 17 de outubro. Nesse contexto, o saldo total das operações de crédito atingiu R$1.984 bilhões, elevando-se 1,9% no mês e 18,2% em doze meses. Em decorrência, a relação empréstimos totais/PIB subiu para 48,2%, ante 47,5% em outubro e 44,9% no mesmo período do ano anterior. No mês, a representatividade dos bancos públicos aumentou de 42,4% para 42,8% em novembro, enquanto as participações relativas às instituições privadas nacionais e estrangeiras decresceram de 40,2% para 39,9% e de 17,4% para 17,3%, respectivamente. |
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Tela 16 |
| 3 - Oportunidades de carreira em finanças Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001, p. 24), finanças admitem três áreas inter-relacionadas:
As oportunidades de carreiras dentro de cada uma dessas áreas são muitas e variadas, porém os administradores financeiros devem ter o conhecimento das três áreas, caso queiram ser bem-sucedidos em seu trabalho. Pelas áreas de atuação, observa-se que o profissional de finanças deveria percorrer com insistência a busca pelo conhecimento nas áreas de matemática, economia, estatística, administração e informática. A dependência dessas áreas tem se mostrado evidente no dia a dia dos administradores financeiros. Por exemplo, imagine o departamento financeiro de um banco como o Bradesco, o preparo e os cuidados que os stakeholders que ali operam devem ter. Os movimentos bruscos nas taxas, nas expectativas e nas mudanças de perspectiva econômica. O volume de entrada e saída de dinheiro, a troca de papéis etc. O Jornal Valor,
no dia 21/12/2005, na página D6, traz uma reportagem conduzida
por Stela Campos, muito interessante, a saber: “Falta de profissionais
técnicos no futuro preocupa empresas”. Estudo feito com
1.396 companhias, de 60 países, incluindo Brasil, mostra que
74% delas estão vivendo ou preveem uma escassez de talentos tanto
para cargos executivos quanto para cargos técnicos. No Brasil,
a pesquisa conduzida pela Consultoria Deloitte, ouviu 65 empresas. |
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Tela 17 |
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Imagine um administrador de riqueza, isto é, aquele indivíduo que recebe de outras pessoas parte da fortuna para que seja, na pior das hipóteses, mantida em termos de poder de compra. Um administrador de fortunas deveria ter profundo conhecimento do modus operandi do mercado financeiro, seus pontos fortes e fracos, suas oportunidades e ameaças, além, evidentemente, de um sólido conhecimento de produtos financeiros. Isso para não mencionar um feeling para oportunidades momentâneas de negócios. |
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Tela 18 |
| Pense agora numa empresa que opere no comércio ou na indústria. As oportunidades para aqueles agentes econômicos que se dirigem para o departamento financeiro são grandes, em dois sentidos:
Aliás, no que tange a essa última, o pessoal de finanças em praticamente, quase todos os setores, não têm do que se queixar. A carga pesada traz em seu bojo a necessidade de saber operar com dinheiro. O valor de $ 0,01 deveria ser considerado, por todo financeiro, muito dinheiro. A busca pela maximização dos resultados, acredita-se, é a grande força motriz daqueles que operam nos departamentos de finanças das empresas. Os cuidados, por exemplo, numa crise de liquidez, isto é, durante um período de contração de crédito e de aumento dos juros reais na economia, deveria ser perseguido sem o comprometimento da margem líquida da empresa, por meio de eficiente programação financeira, ou melhor, de eficaz distribuição das necessidades de acordo com a sua natureza de maturação, com a correta captação dos recursos. Isto exige conhecimento da área de finanças. |
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Tela 19 |
| Resumo As organizações, em sua maioria, têm suas estruturas divididas por departamentos (diretorias). As diversas diretorias operam reportando-se a um executivo - chefe. Logo, o que diferencia cada diretoria é a sua função específica. Não existe uma diretoria mais ou menos importante, todas deveriam ser olhadas com o mesmo grau de importância. A tomada de decisão nas organizações envolve movimentação de recursos, isto é, dinheiro. A natureza dos investimentos deveria ser acompanhada pela correspondente captação de recursos. Compete à diretoria financeira operar, de forma eficaz e eficiente, os recursos na empresa e captar os recursos conforme a natureza do investimento, tanto em termos de prazo quanto de custo de capital. Logo, finanças é a arte e a ciência de administrar dinheiro com o objetivo de maximizar a riqueza do acionista. Compreender o modus operandi do mercado financeiro é tarefa básica de todo diretor financeiro/gerente financeiro, pois a eficácia (captar os recursos certos) e a eficiência (captar os recursos mais baratos) têm enorme influência sobre a competitividade das organizações. O mercado financeiro divide-se em:
Ao administrador financeiro compete saber explorar as oportunidades que o mercado financeiro coloca à sua disposição. A busca por linhas/limites de crédito bem como a capacidade de se relacionar com os integrantes do mercado financeiro são fatores determinantes para o sucesso de um departamento financeiro. A carreira na área financeira, evidentemente, como em qualquer outra área nas organizações, irá depender única e exclusivamente da qualidade do profissional de finanças. Esse profissional poderá brilhar atuando no mercado, operando tanto como tomador quanto aplicador de dinheiro. A remuneração, para os profissionais de finanças, há muito, tem apresentado bons resultados nas contas correntes, nas contas de aplicação e nos bolsos destes profissionais. |
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| Unidade 1 | Módulo 2 | Tela 20 |
| 1 - Captação de recursos As empresas vão ao mercado financeiro em busca de captação de recursos ou de aplicação de sobras de caixa. No caso específico do Brasil, as organizações não bancárias, desde 03 de setembro de 1962, por meio da Lei 4.131, têm tido a oportunidade de, por exemplo, fazer captação de recursos, diretamente, no resto do mundo. A partir de meados de 1967, através da Resolução 63 do Banco Central do Brasil, os bancos comerciais e de investimentos, com carteira de câmbio, receberam autorização para fazer captação de dinheiro no mercado financeiro internacional. O dinheiro seria repassado exclusivamente para clientes pessoas jurídicas. A Resolução 63 foi revogada em 30 de agosto de 2000 e outra resolução foi divulgada pelo Bacen. A Resolução 2.770 é mais abrangente do que a Resolução 63. Logo, no Brasil, as organizações, além da captação de recursos no mercado interno têm, também, a possibilidade de captar dinheiro no resto do mundo. Com isso o universo de captação de recursos aumenta e, muito.
Observando-se a estrutura gráfica do balanço patrimonial de uma empresa, observa-se:
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Tela 21 |
| Sabe-se que o balanço patrimonial divide-se em três partes: Sabe-se ainda que:
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Tela 22 |
| Imagine uma empresa com um faturamento mínimo mensal de $100 e que, na média, as vendas a vista giram em torno de 10%, enquanto as vendas a prazo alcançam 90%. Logo, o investimento mínimo em contas a receber, com característica típica de permanente, seria de $90/mês. Supondo-se que este faturamento mínimo mensal exija um estoque mínimo mensal de $50, percebe-se que o investimento permanente em estoque seria de $50. O mesmo se pode pensar em relação à conta caixa. Pense num fundo de caixa de $ 3. O que significa? A empresa terá que dispor desse recurso em caixa o tempo todo; logo, em termos de natureza de investimento, comporta-se como sendo de longo prazo ou permanente. Os investimentos com natureza permanente deveriam ser financiados com recursos de longo prazo, não importando se, em termos contábeis, a classificação do ativo fique no curto prazo. Na verdade, o dia a dia de um financeiro nas empresas gira em termos de gerenciamento de curto prazo - financiamentos do capital de giro -; e de longo prazo, administrando recursos de natureza permanente e/ou investimentos explícitos no ativo permanente, com natureza clássica de longo prazo.Por exemplo:
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Tela 23 |
| 2 - Fontes de captação Normalmente, três fontes estão à disposição do gerente financeiro:
É evidente que outras formas de captação de recursos se fazem presentes quando, por exemplo, na venda de algum item do ativo permanente: veículos usados, máquinas, imóveis etc. O mercado financeiro existe para fazer com que o dinheiro gire de forma eficaz, isto é, atendendo às melhores oportunidades de investimento, e eficiente, sem causar distorções em termos de preço e taxas de juros, de acordo com o risco do crédito. Cabe ao gerente financeiro saber operar o mercado. |
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Tela 24 |
| No Brasil, dentre as operações de curto prazo à disposição das empresas, destacam-se:
Hot money
- A taxa de juros é cobrada por dia útil bancário.
Geralmente, é captada na sexta-feira para ser paga na segunda-feira,
quando não, em vésperas de feriados. |
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Tela 25 |
| Cheque empresarial - O banco abre um crédito para a empresa, por meio de contrato, o qual o representante legal deve assinar, evidentemente com, no mínimo, dois avalistas. Nesse contrato, fica estipulado o valor do limite do cheque empresarial. Funciona da mesma forma que um cheque especial. Quando a empresa necessita utilizar os recursos, ela emite um cheque ou uma ordem de débito em sua conta corrente, podendo sacar até o limite determinado em contrato. Dentre as linhas de crédito no mercado brasileiro, essa costuma ser a mais cara.
O cheque empresarial não deve ser utilizado com muita frequência. Admite-se vez por outra. Por ser muito caro, a sua utilização de forma contínua iria provocar despesa financeira elevada, prejudicando a margem líquida da empresa. Enquanto no hot money os juros incidem sobre dias úteis bancários, no cheque empresarial, os juros incidem sobre dias corridos. Por exemplo, caso a empresa utilize o cheque empresarial na sexta-feira, ela terá de arcar com as despesas (juros) sobre sexta, sábado e domingo, caso venha, evidentemente, a cobrir a conta na segunda-feira. A diferença sobre o hot money é que, no cheque empresarial, os juros são cobrados, na maioria dos bancos, no primeiro dia útil do mês seguinte. |
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Tela 26 |
| Desconto de NP (nota promissória) - Assim como nas duas modalidades anteriores, também é caracterizado por uma linha de crédito a descoberto, isto é, na linguagem bancária, o banco está operando com garantia quirografária, a saber, aval, sem garantia real. O desconto de NP, na maioria das vezes, é utilizado para cobrir desajustes no fluxo de caixa da empresa.
Imagine, por exemplo, que há uma entrada grande de caixa prevista para determinada data e, por qualquer problema de caixa do cliente (devedor), a entrada esperada irá sofrer um atraso de, por exemplo, 25 dias. O que fazer? O desconto de NP poderia ser uma opção. Gastos imprevistos – oportunidades de compra de mercadorias de um concorrente em dificuldades financeiras, com preços considerados mais do que suficientes que compensam a despesa cobrada pelo banco – justificam a ida ao mercado financeiro. Essa modalidade de empréstimo também costuma ser cara. O modus operandi, no que se refere à parte legal, segue o hot money, ou seja, assinatura do representante legal e aval de duas pessoas físicas. Os juros, o IOF e a tarifa serão cobrados na data do desconto, isto é, antecipadamente, de acordo com o prazo da NP. |
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Tela 27 |
| Desconto de Duplicatas – trata-se de uma modalidade de empréstimo também de curto prazo, como as anteriores. Os juros são cobrados antecipadamente, como no desconto de NP e no hot money. Como a garantia está nas duplicatas, essa operação é considerada, na linguagem bancária, como uma operação coberta, isto é, com garantia real. Por ser a última fase do ciclo operacional, também conhecido, na terminologia bancária, como quase-dinheiro, costuma ser mais barata que as três modalidades anteriores.
É uma forma de antecipar caixa; também tende a ser utilizada pelas empresas como uma forma de cobrir desajustes oriundos do fluxo de caixa. Neste tipo de empréstimo, a empresa faz uma relação das duplicatas a vencer e combina com o banco o prazo mínimo de vencimento (normalmente os bancos não costumam descontar duplicatas com menos de 8 dias, devido a problemas de tempo hábil no aviso de vencimento para o sacado). As duplicatas terão de ser endossadas, no verso, além de conter, também no verso, o aval de dois sócios e/ou diretores da empresa. Os títulos (duplicatas) costumam ser remetidos ao banco por meio de um borderô, isto é, um documento onde as duplicatas são relacionadas contendo, normalmente: nome do sacado, valor da duplicata, vencimento, número da duplicata etc. É uma das linhas de crédito preferidas dos gerentes de bancos, pois, teoricamente, caso não haja problemas de liquidez com os títulos (duplicatas), a volta para o caixa do banco tende a ser líquida e certa. |
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Tela 28 |
Empréstimos
para capital de giro - é a modalidade de empréstimo
de curto prazo caracterizada pela figura de um contrato.
A preferida pelos
bancos será evidentemente a que contiver duplicatas como garantia. |
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Tela 29 |
| Resolução nº 2.770 – Às instituições financeiras e às sociedades de arrendamento mercantil é facultada a captação de recursos no exterior para livre aplicação no mercado doméstico, observados os respectivos campos operacionais. Por exemplo, o Banco Bradesco S/A, ele poderá captar dinheiro no exterior diretamente junto a outro(s) banco(s) ou junto a investidores no mercado de capitais. Suponha que a captação seja em dólar dos EUA, logo, com base na 2.770, o Bradesco poderá utilizar o dinheiro para repasse (empréstimos) a pessoas físicas, pessoas jurídicas não-financeiras e, também, para o mercado entre bancos, conhecido como mercado interfinanceiro. Essas operações poderão ser de curto, médio ou de longo prazo. Nessa modalidade de empréstimo, o contrato, por sugestão do Banco Central do Brasil, deveria ser celebrado na moeda da captação no exterior. Caso seja em dólar dos EUA, o cliente deveria pagar juros + variação cambial; o mesmo raciocínio seria válido para qualquer outra moeda estrangeira. Os juros poderão ser fixos ou flutuantes. Normalmente o contrato para pessoas jurídicas não financeiras costuma ser celebrado com garantia real. Quando a garantia for hipoteca, os gastos para a concretização do contrato costumam ser altos. Não são recomendáveis operações com hipoteca, com prazos inferiores a um ano, devido aos gastos. Essa modalidade de empréstimo é muito arriscada para empresas que, por exemplo, tenham as suas receitas em reais e se endividam em dólar dos EUA ou outra divisa externa qualquer.
No regime de câmbio flutuante, em economia periférica, isto é, subdesenvolvida, com os fundamentos econômicos não muito em ordem, a flutuação cambial tende a ser contínua. O problema é quando a flutuação inclina-se para cima, isto é, a cotação da moeda externa, em relação à nacional, só tende a subir. A taxa de juros cobrada pelas instituições financeiras costuma ter forte correlação com o risco de crédito do cliente tomador. É evidente que as empresas com hedge natural costumam levar vantagem em relação às demais. |
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Tela 30 |
| Adiantamento
sobre Contrato de Câmbio – ACC: é uma modalidade
de captação de dinheiro para empresas exportadoras. As empresas
exportadoras podem antecipar caixa, no todo ou em parte, sobre contratos
de exportação.
O ACC tem sido a principal fonte de financiamento dos nossos exportadores e está entre as modalidades mais baratas no mercado financeiro nacional. Muitos exportadores utilizam o ACC para fazer operações de arbitragem de juros, isto é, captam em divisa externa e aplicam o valor líquido em reais, ganhando pela diferença das taxas de juros. |
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Tela 31 |
| Exemplo
Imagine uma exportação de calçados para os EUA, no valor de US$ 100.000,00, efetuada por um fabricante localizado na cidade de Novo Hamburgo-RS. Caso o exportador tenha linha de crédito específico para ACC, em bancos autorizados a operar em câmbio e, dependendo da condição da linha – por exemplo: 100% do valor do contrato de exportação, 95%, 90%, 85% ou 80% etc. – a empresa poderá fazer uma antecipação de caixa antes do embarque da mercadoria. A taxa de juros poderá ser fixa ou flutuante. A partir da data do fechamento do ACC, a variação cambial não mais irá ocorrer sobre o valor do contrato de ACC. Suponhamos que a exportação de calçados tenha sido financiada em 100% por um contrato de ACC. Supondo que no momento do fechamento do ACC a taxa de câmbio para compra fosse de US$1,00 = R$1,70, logo, a empresa teria um embolso bruto no valor de: US$100.000 x R$1,70 = R$170.000,00. Supondo que o contrato seja por 110 dias e que a taxa de juros seja fixa, 7,5% ao ano, para pagamento no vencimento do contrato, com isso, a empresa iria pagar no final de 110 dias juros no valor de: US$100.000 x (7,5/100) x (110/360) = US$2.291,67 Os juros são calculados pelo regime de juros simples. Logo, no vencimento do ACC o exportador do exemplo em questão terá de fazer um desembolso de caixa referente ao pagamento dos juros no valor de US$2.291,67. Para tanto o banco irá cobrar sobre este valor a taxa de venda do Dólar Ptax estipulada pelo Banco Central para aquela data. Supondo que o contrato seja liquidado no vencimento do ACC e que, o importador tenha liquidez, nós temos que o principal do ACC, US$100.000,00 seria pago pelo importador. Neste exemplo específico, por ser uma exportação para os EUA, o importador americano iria providenciar o depósito dos US$100.000,00 diretamente para a conta corrente em dólar do banqueiro que financiou o ACC. |
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Tela 32 |
| Adiantamento sobre cambial entregue – ACE é outra modalidade de financiamento de curto prazo à disposição dos exportadores brasileiros. É também captação de recursos em divisa externa, da mesma forma que o ACC. A diferença é que no ACE, o financiamento é feito para o exportador, após ele ter feito o embarque da mercadoria. A despesa financeira tende a ser mais barata que a do ACC; também poderá ser com taxa de juro fixa ou flutuante. Seu prazo máximo, atualmente, está em 180 dias. Esses prazos do ACE e do ACC costumam ser, de vez em quando, alterados pelos condutores da política econômica do governo. Bancos de câmbio - são instituições financeiras autorizadas a realizar, sem restrições, operações de câmbio e operações de crédito vinculadas às de câmbio, como financiamentos à exportação e importação, e adiantamentos sobre contratos de câmbio. São autorizados a receber depósitos em contas sem remuneração, não movimentáveis por cheque ou por meio eletrônico pelo titular, cujos recursos sejam destinados à realização das operações acima citadas. Na denominação dessas instituições deve constar a expressão "Banco de Câmbio" (Res. CMN 3.426, de 2006). Operações de factoring - As empresas de pequeno e médio porte têm condições de vender, os seus recebíveis, isto é, as suas duplicatas a receber, para empresas especializadas nesse segmento de mercado, a saber, as empresas de factoring. Quando é difícil a abertura de linhas de crédito nos bancos, por problemas de porte e/ou de cadastro, as empresas costumam recorrer as factoring para fazer caixa. Ao entregar as suas duplicatas, elas estão antecipando entrada de caixa. Essa operação está entre as mais salgadas do mercado, isto é, mais caras. Uma empresa de factoring não é classificada como instituição financeira. Enquanto no desconto de duplicatas, caso o sacado não pague a duplicata, o banco que efetuou o desconto tem o direito de regresso sobre o título – isto é, a empresa que efetuou o desconto terá que reembolsar o banco – numa operação de factoring, isso não ocorre. Não existe a figura do direito de regresso, pois, a operação de factoring não é considerada um desconto, mas sim uma venda de recebíveis por parte da empresa, e uma compra de recebíveis por parte da empresa de factoring. |
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| Commercial Papers. Dentre as modalidades de financiamento vistas, observou-se o detalhe de empresas captarem os recursos junto a uma instituição de crédito e/ou uma factoring. No caso de Commercial Papers ou Notas Promissórias Comerciais, o modus operandi dá-se da seguinte forma: a empresa providencia a emissão de um título chamado “Commercial Papers”. O título será oferecido no mercado por uma instituição financeira contratada pela empresa emissora. Os títulos serão comprados por investidores, agentes econômicos que possuem sobras de recursos. Atualmente, segundo Fortuna (2002) o prazo mínimo deve ser de 30 dias e o máximo de 180 dias para sociedades anônimas de capital fechado e 360 dias para sociedades anônimas de capital aberto. Os títulos podem ser remunerados. A empresa que emite os títulos irá remunerar os investidores – aqueles que compraram os papéis, por taxas prefixadas, flutuantes e pós-fixadas em TR, TJLP, TBF e índice de preços. Nesse caso, só para empresas de capital aberto. A emissão deve ser de uma só vez, não sendo admitidas séries, como é feito nas debêntures. Nesse tipo de operação, a empresa emissora está isenta de IOF. |
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| Com relação à captação de recursos de longo prazo, seria interessante mencionar: Fundos Constitucionais
Segundo Fortuna (2002), esses fundos foram criados pela Constituição Federal de 1988. Ficou estabelecido que a União deve destinar 3% da arrecadação do IR e do IPI para aplicação em programas de financiamento aos setores produtivos das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, por meio de instituições financeiras de caráter regional, a saber: Banco da Amazônia, no Norte; Banco do Nordeste, no Nordeste e Banco do Brasil, no Centro-Oeste. A distribuição dá-se da seguinte forma: 1,8% do IR e do IPI para a Região Nordeste e 1,2% para as outras duas, divididas igualmente. Essas linhas de crédito operam com taxas de juros, dentre as mais baixas do mercado, além de períodos de carência e com prazos interessantes de amortização. |
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3 - BNDES
O BNDES conta com duas subsidiárias integrais, a FINAME (Agência Especial de Financiamento Industrial) e a BNDESPAR (BNDES Participações), criadas com o objetivo, respectivamente, de financiar a comercialização de máquinas e equipamentos e de possibilitar a subscrição de valores mobiliários no mercado de capitais brasileiro. As três empresas, juntas, compreendem o chamado "Sistema BNDES". As políticas operacionais do BNDES orientam e normatizam a concessão de financiamento, estabelecendo critérios para priorizar os projetos que promovam o desenvolvimento com inclusão social, estimulando os empreendimentos que criem emprego e renda, contribuindo também para a geração de divisas, em consonância com as orientações do Governo Federal. |
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| Na condição de instituição financeira, o BNDES utiliza critérios bancários para concessão dos financiamentos e segue a legislação, normas e resoluções que regulamentam as instituições financeiras públicas, sendo auditado pelo Tribunal de Contas da União - TCU.
Duas são as maneiras:
No site do BNDES www.bndes.gov.br existe a relação dos agentes credenciados, que, na verdade, são muitas instituições financeiras, não apenas os grandes bancos. Por exemplo, na relação de dezembro/2010 encontramos: Bradesco, Banco do Brasil, Itaú, Banrisul, Dibens Leasing, ABC Brasil, Porto Real, etc. A maior parte das operações do BNDES se dá por meio dos agentes credenciados. Esses agentes recebem uma comissão do BNDES, denominada de del credere. Os agentes são corresponsáveis pela liquidação da dívida junto ao BNDES. Logo, é fundamental que o departamento financeiro de empresas que tenham por objetivo utilizar financiamentos do BNDES seja, no mínimo, organizado. |
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Dentre as fontes de recursos utilizadas pelo BNDES, para poder atender a demanda dos seus clientes, destacam-se:
Por exemplo, em fevereiro de 2008, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) negociou com o BNDES a renovação de uma linha de crédito de US$ 3 bilhões para financiar programas de apoio a micro, pequenas e médias empresas. A nova linha seria desembolsada entre 2009 e 2011 e teria contrapartidas, nos mesmos valores, pelo BNDES. |
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O custo dos financiamentos com recursos do BNDES é composto por:
A explicação de cada um dos componentes de custo de financiamento pode ser encontrado no site do BNDES (www.bndes.gov.br), bem como as condições para cada uma das linhas disponibilizadas. Na divulgação para a imprensa datada de 26/01/2011 o Banco Central do Brasil informou que os desembolsos realizados pelo BNDES totalizaram R$153,6 bilhões no período compreendido entre janeiro e novembro, volume 30,8% superior ao registrado em igual período de 2009. Coube destaque à evolução dos financiamentos a micro, pequenas e médias empresas, que responderam por 26,8% do total de desembolsos e registraram expansão de 96% no período. Os financiamentos ao segmento de comércio e serviços, impulsionados pela demanda de transporte terrestre e comércio, aumentaram 31,5%, somando R$71,3 bilhões. Os recursos destinados à indústria atingiram R$73,2 bilhões, com acréscimo de 28,2%, destacando-se as operações para os ramos de produtos alimentícios e coque, petróleo e combustível. O setor agropecuário, por sua vez, cresceu 48,2%, alcançando R$9,1 bilhões.
A empresa Deib Otoch que atua no comércio varejista com as bandeiras “Esplanada” e “By Express” com sede na cidade de Fortaleza, no Estado do Ceará, com trinta lojas de departamento espalhadas por oito estados da região Nordeste e no Distrito Federal, apresentou um projeto de expansão para o BNDES, via Banco Brasdesco, no valor de $58 milhões. O projeto de expansão tem como objetivo a abertura de dez novas lojas nas regiões Norte e Nordeste. O BNDES, em fins de fevereiro de 2008, aprovou a solicitação da empresa, em que o banco de fomento irá participar com 66% do investimento total, ficando o restante por conta da empresa. A empresa
Bioenergética Vale do Paracatu S/A (Bevap) no dia 26/01/2009 teve
uma linha de financiamento de R$392 milhões aprovada pelo BNDES.
Os recursos foram destinados à construção de uma
unidade industrial com capacidade de processamento de três milhões
de toneladas por ano de cana-de-açúcar, a partir de 2010,
voltada para a produção de etanol hidratado e cogeração
de energia elétrica, no município de João Pinheiro
no Estado de Minas Gerais. |
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Emissão de título – As empresas têm o mercado de capitais à sua disposição para a emissão de uma série de títulos (papéis) com o intuito de fazer caixa para atender não apenas investimentos no ativo permanente. Também, para responder aos acréscimos das suas necessidades de giro em decorrência de incrementos na capacidade instalada, assim como, para reestruturação da estrutura de capital. Dentre os títulos, encontra-se a Debênture: um papel emitido apenas por sociedades anônimas não financeiras de capital aberto. As sociedades de arrendamento mercantil e as companhias hipotecárias estão autorizadas a emiti-las. Têm garantia de seu ativo, e com ou sem garantia subsidiária da instituição financeira, que as lança no mercado. A emissão e as condições de emissão são deliberadas em AGE (Assembléia Geral Extraordinária). A AGE decide sobre todas as condições de emissão dos títulos, e elabora um documento denominado de Escritura de Emissão. Essa escritura define o montante a ser lançado, a remuneração, as garantias e prazo de emissão etc., devendo ser registrada em cartório. O limite máximo para a emissão deste papel é o valor do capital próprio da empresa e seu prazo de resgate nunca deverá ser inferior a um ano. O Notes e o Bonds, para serem lançados no mercado internacional, deverão ter autorização do Banco Central do Brasil. São modalidades de captação de recursos amparadas pela Lei 4.131. |
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Outras modalidades de captação – Há, evidentemente, diversas outras modalidades de captação de recursos em bancos ou via mercado de capitais. Caso a empresa queira emitir novas ações, com o intuito de captar recursos para novos investimentos e/ou reestruturação de capital, sendo ela uma S/A de capital aberto, evidentemente deverá recorrer ao mercado de capitais. Ali, opera por meio de uma operação de underwriting, cuja prática é explicitamente autorizada aos bancos de investimento, que intermedeiam a colocação (lançamento) ou distribuição, de ações, debêntures ou outro título mobiliário qualquer para investimento ou revenda no mercado de capitais. Recebe uma comissão pelos serviços prestados, proporcional ao volume do lançamento. Evidentemente, o objetivo de apresentar algumas modalidades de fontes de recursos está relacionado com o fato de facilitar o entendimento do aluno, quando nos próximos módulos se fizer menção às necessidades de caixa das empresas, tanto de curto quanto de longo prazo. Vejamos um exemplo de captação de recurso: Em 29/10/2002, o jornal Gazeta Mercantil publicou uma reportagem referente ao investimento de R$53 milhões, efetuado pela Jalles Machado, terceira maior destilaria de álcool do Estado de Goiás. A aplicação objetivava a implantação de um projeto pioneiro de co-geração de energia a partir da biomassa.
O perfil do projeto é o seguinte: Investimento total: R$53 milhões; Financiamento do BNDES:
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A negociação entre a Jalles Machado e o BNDES durou quase um ano e meio. A garantia está amarrada à capacidade de criação de receitas a partir da venda da energia co-gerada. Atualmente, a Jalles gera 10 megawatts (MW), usando dois turbo geradores, dos quais cerca de 6 MW são utilizados pela usina em seu processo de produção e 3 a 4 MW estão disponíveis para venda. O novo gerador, de maior porte, terá capacidade para 29 MW (ou 190% a mais) e, do total, 10 MW a 14 MW seriam fornecidos à Companhia Paulista de Força e LUZ (CPFL). Quem sabe se sua primeira dúvida está na TJLP?
Assaf Neto (2002, p. 365) explica: “A TJLP é uma taxa de juros de longo prazo, instituída pelo Conselho Monetário Nacional, que tem como base de cálculo as médias de juros dos títulos públicos federais das dívidas externas e internas. O prazo de vigência dessa taxa é de três meses e seu percentual geralmente divulgado pelo Banco Central no primeiro dia útil do período de sua vigência. A TJLP foi regulamentada pela Resolução nº 2.121, de 30/11/94 do Banco Central do Brasil”. Fica evidente tratar-se de uma taxa de juros flutuante. Ela pode se manter por muito tempo, vários trimestres, estável; pode, por vários trimestres, operar ora subindo ora caindo. Em períodos de turbulência, de incerteza quanto ao futuro da economia, a tendência é de subida. Em períodos de calmaria, a tendência é de se manter. Em períodos de confiança nos fundamentos econômicos e de excelentes perspectivas quanto ao futuro da economia, a tendência seria de queda. Para o período 01/07/05 a 30/09/05 o custo da TJLP está fixado em 9,75% a.a. Convém observar que esta taxa está neste patamar desde abril de 2004. |
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4 - Empresas de classificação (Rating) de risco Suponha vários agentes econômicos, uns com sobras de caixa e outros com necessidades de caixa. Os primeiros estão em busca de boas alternativas para aplicar suas sobras de caixa; os segundos em busca de investidores interessados em comprar suas emissões de dívidas, sejam elas de curto ou de longo prazo. Existem empresas que são especializadas em classificar risco de papéis (títulos) de dívida. Estas empresas são chamadas de agências de classificação (rating) de risco.
A avaliação é feita por empresas especializadas, também conhecidas como agências de classificação de risco, que emitem notas, expressas na forma de letras e sinais aritméticos, que apontam para o maior ou menor risco de ocorrência de um "default", isto é, de suspensão de pagamentos.
Segundo Matias (2007), o rating pode ser visto como uma ferramenta adicional para avaliação de risco de emissão de dívida, sendo que cada empresa classificadora adota um sistema próprio para mensuração dos riscos, de acordo com o perfil da empresa. Os ratings podem ser de títulos, de depósitos e da qualidade financeira da instituição que emite a dívida, mas não de ações. Os investidores, de posse das informações fornecidas pelas empresas de rating, poderão tomar suas decisões de forma mais segura em termos de valor, prazo e onde colocar suas sobras de caixa. |
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Existem diversas agências internacionais de rating. As três agências de classificação de risco de maior visibilidade são a Standard & Poor's (www.standardandpoors.com) , a Moody's (www.moodys.com) e a Fitch Ratings (www.fitchratings.com). As duas primeiras são consideradas as maiores empresas de classificação de risco do mundo. Assim como as internacionais, existem também as nacionais, como: Atlantic Rating, RiskRating (www.riskbank.com.br), Inepad Rating (www.inepad.org.br), dentre outras.
Vamos nos fixar numa das empresas classificadoras, a RiskRating. Suponhamos que o Bradesco esteja interessado na classificação fornecida pela RiskRating, logo, o Bradesco irá contratar os serviços desta classificadora de risco. A classificadora, de posse das demonstrações financeiras do Bradesco, irá operar da seguinte forma:
O que o Bradesco irá fazer com a classificação fornecida pela RiskRating? Quando da publicação das suas demonstrações financeiras, sejam elas trimestrais, semestrais ou anuais, no corpo do relatório, aparecerá a classificação fornecida pela RiskRating. Trata-se de uma forma de transmitir maior segurança aos seus clientes atuais e potenciais. |
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Como a RiskRating é especializada na classificação de instituições financeiras, quem estaria interessado nos seus serviços? Segundo a RiskRating, a sua clientela está assim distribuída:
No Brasil, a maior parte das instituições financeiras, quando da publicação das suas demonstrações financeiras, apresenta a classificação fornecida pelas principais agências classificadoras de risco. No dia 22 de julho de 2010, no jornal Valor Econômico, página C3, o Banco BMG, com sede na capital mineira, Belo horizonte, publicou suas demonstrações financeiras consolidadas, envolvendo o banco e suas subsidiárias/coligadas referentes aos exercícios sociais encerrados em 30/06/2010 e 30/06/2009. O banco, ao lado da evolução dos seus números: lucro, depósitos, empréstimos etc., apresenta de forma bem clara, para chamar a atenção, a classificação de risco das seguintes empresas de rating: Fitch Ratings (Know Your Risk), A-; Austin Rating, A+; Standard&Poor's, Moeda Local brA-, Moeda Estrangeira BB-; Moody's investors Service, Moeda Local Ba2, Moeda Estrangeira Ba2; Risk bank (Sistema de Classificação de Risco Bancário), Baixo Risco para Médio Prazo; Lf rating, A+ Solidez Financeira. Tais informações têm por objetivo chamar a atenção dos seus clientes tomadores de dinheiro, dos seus clientes aplicadores de recursos nos papéis do banco, dos analistas de investimento e de crédito, dos potenciais investidores de bolsas etc. Quanto maior a classificação, maior a segurança, maior a capacidade do banco de operar no mercado, tanto na ponta de captação quanto na ponta de empréstimos. |
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5 - Risco país - country risk Imagine a seguinte situação.
E se o cliente tomador do empréstimo estivesse localizado em outro país? Veja um exemplo.
O risco país diz respeito a todos os ativos financeiros do país, impondo-lhes uma carga compensatória de prêmio no retorno por eles oferecido. |
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Tela 46 |
O risco-país é expresso em pontos básicos. Assim, tem-se que 100 unidades equivalem a uma sobretaxa de 1%. Por exemplo, suponha que o risco país, neste momento, esteja em 280 pontos, e que uma empresa consiga uma emissão de dívida nova com este nível de pontos de risco. Para facilitar, vamos supor que o papel será lançado por um prazo de cinco anos e que seja em dólares dos EUA. Logo, a empresa irá pagar, supondo que o papel seja lançado ao par: 2,8% + a taxa de juros que os títulos de cinco anos do governo americano estejam pagando no momento do lançamento da dívida. Vamos pensar em 3,8% ao ano, logo, teremos: Quanto maior a desconfiança, maior o prêmio exigido, maior a taxa a ser paga pelo emissor da dívida.
Em março de 2008, persistia a expectativa de que o Brasil estaria próximo a alcançar o grau de investimento (investment grade), isto é, uma classificação de crédito por parte da empresas de rating no grau não especulativo, ou seja, de qualidade média. Com a conquista desta classificação, o custo de captação cai, tanto para o governo quanto para as empresas em geral, o que torna o custo da dívida mais em conta, com reflexos sobre o custo de capital das organizações. |
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Resumo Após a geração de caixa operacional, a captação de recursos no mercado financeiro é o principal instrumento de que as organizações dispõem para o atendimento das suas necessidades de caixa. As organizações, no Brasil, além da captação de recursos no mercado interno, podem, também, levantar dinheiro no resto do mundo. Do mercado financeiro localizado no exterior, as empresas residentes poderão trazer dinheiro por suas próprias forças, através da Lei 4131, ou via instituições financeiras residentes, amparados pela Resolução 2.770. Para o administrador financeiro, é fundamental o entendimento da origem dos recursos captados no mercado financeiro. A identificação da natureza do investimento na empresa é o princípio básico de tudo. Saber sobre o aumento de investimento dos estoques é sazonal ou permanente, e sobre outras contas do ativo circulante, denota perfeito entrosamento do administrador financeiro com a sua organização. Os recursos de curto prazo, no Brasil, têm, nos últimos anos, a visita nada agradável da CPMF, além, evidentemente, das taxas de juros reais elevadas. Portanto, antes de qualquer tomada de decisão, é necessário conhecer profundamente as reais necessidades de caixa da empresa. A captação de dinheiro em divisa externa exige do administrador financeiro o conhecimento de instrumentos de hedge. Dentre as linhas de curto prazo, destaca-se o hot money, o cheque empresarial, o desconto de NP, o desconto de duplicatas, o empréstimo de capital de giro, a Resolução 2.770, o ACC, o ACE e as operações de factoring. A preocupação maior do administrador financeiro deveria se concentrar na origem dessas fontes de recursos, isto é, de onde as instituições financeiras buscam os recursos. Compete ainda, ao financeiro, domínio completo das características burocráticas de cada linha de financiamento. A busca incessante pela redução de despesas deveria fazer parte do dia a dia de todo administrador financeiro. O emprego do mercado de capitais via emissão de comercial papers, é também outra forma de se captar recursos de curto prazo. Quanto às fontes de longo prazo, destacam-se os fundos constitucionais: FNO, FNE e FCO, criados pela Constituição Federal de 1988, com o intuito de alavancar recursos para o desenvolvimento das regiões norte, nordeste e centro-oeste. As linhas do BNDES, o verdadeiro banco de fomento nacional, são também outras maneiras de as empresas operarem no mercado financeiro, com vistas ao desenvolvimento dos seus investimentos no ativo permanente. O BNDES opera através da sua rede de agentes em todo o território nacional. Em função disso, o BNDES pode atender às micro, pequenas, médias e grandes empresas residentes. As linhas do BNDES destacadas foram: FINEM e FINAME. As organizações residentes podem também captar recursos via emissão de títulos no mercado financeiro interno e internacional, via mercado de capitais, a saber: debênture, bond, note etc, além, evidentemente, do lançamento de novas ações. Entende-se que compete ao administrador financeiro uma significativa compreensão na apuração dos custos de toda e qualquer linha que o mercado financeiro coloca disposição da sua empresa. A riqueza do acionista depende dos investimentos, sejam eles de curto ou de longo prazo, cuja taxa de retorno seja superior ao custo de capital empregado pela empresa. |
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| Unidade 1 | Módulo 3 | Tela 48 |
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1- Ética em Finanças A teoria financeira se apóia no pressuposto da maximização do lucro ou da maximização do valor para o acionista. Você teria coragem de tirar o seu dinheiro da caderneta de poupança ou de qualquer outro tipo de aplicação financeira para comprar ações de uma empresa que prefere, antes de qualquer coisa, distribuir todas as suas sobras para os pobres, para os órfãos e para as viúvas?
Segundo Paxson e Wood (2001), a ética em finanças preocupa-se com a questão de como critérios que espelham o bem geral e que excedem o que é exigido pelas leis e pelos contratos assinados se refletem nas decisões financeiras das empresas. As principais áreas de aplicação encontram-se na remuneração e conduta dos agentes (problema de agency), na assimetria de informação e de divulgação (disclosure) e no grau segundo o qual considerações éticas são precificadas no mercado de capitais e internalizadas nas avaliações de investimentos das empresas. |
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Na verdade, estamos diante de uma das seguintes possibilidades:
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Assimetria
de informação é uma outra área fértil
para preocupações éticas. Assimetria ocorre entre
firmas e seus clientes, e entre investidores e empresas e empregados.
No processo de transmissão de informações entre esses
grupos, uma complexa rede de sinais coexiste com o sistema formal de relatórios.
Por exemplo, a descoberta de uma nova área de petróleo ou
a descoberta de um novo veio de minério de ouro; a descoberta de
nova droga, ou nova descoberta no segmento de biotecnologia etc. Imagine que um grupo limitado de pessoas tenha acesso a uma informação privilegiada sobre a descoberta de uma nova fonte de petróleo. Este grupo de pessoas investe na bolsa de valores com a aquisição de grandes lotes de ações da empresa que descobriu a nova reserva de petróleo para apurar enormes lucros, no futuro. Como controlar isto? Mesmo em mercados extremamente organizados, não é rara a descoberta de falhas no controle de divulgação de informações (disclosure), por parte dos órgãos reguladores.
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| Na verdade é difícil o acompanhamento aos padrões éticos. Suponha uma empresa prestadora de serviços de informática. Agora pense na assinatura de um contrato de prestação de serviços entre esta empresa e uma empresa estatal qualquer. A empresa de serviços para manter o contrato, todo início de mês tem que gerar uma mala, dita de executivo, cheia de dólares dos EUA, é evidente que este ato não está especificado no contrato. Muito bem, cabe ao gerente financeiro, da empresa prestadora de serviços, trocar moeda nacional por moeda externa, sempre em espécie, todo início de mês.
Vamos imaginar que este contrato de prestação de serviço absorva mais de mil funcionários da empresa prestadora de serviço, correspondendo a mais de 25% das receitas operacionais. O gerente financeiro sabe o motivo desta conversão dos reais para dólares, mas, não sabe quem recebe a mala, já que a mesma é entregue pelo proprietário da empresa. |
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Paxson e Wood afirmam que altos padrões éticos em finanças tanto podem ajudar como prejudicar os mercados. Historicamente, o alto perigo moral presente nos primeiros estágios da indústria bancária e da indústria de seguros somente pôde ser contrabalançado por, igualmente, altos padrões éticos.
Suponha que uma pessoa qualquer esteja à procura de um fundo de investimento para aplicar suas sobras de dinheiro. Esta pessoa acabou de dar uma olhada no jornal de finanças de maior circulação do país e descobre que o Fundo XYZ (imaginário), em operação no mercado há mais de dez anos, vem apresentando o melhor retorno no mercado há cinco anos seguidos. A pessoa entra em contato com o Fundo XYZ e aplica todo o seu dinheiro. |
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2
– Cálculos Financeiros Um dos empréstimos mais utilizados pelas empresas no Brasil é o desconto de duplicatas. A empresa faz uma venda a prazo e, com isso, ocorre geração de duplicatas que deverão ser pagas pelos clientes (sacados) no(s) vencimento(s) acordado quando da venda de bens e/ou serviços. Todo gerente financeiro deveria saber que este é um produto muito cobiçado pelos bancos, pois se refere à última parte do ciclo operacional de uma empresa. Suponhamos uma indústria, o início do ciclo operacional normalmente começa com a aquisição dos insumos, por exemplo, uma fábrica de calçados, ela necessita de cola, salto, couro, tinta etc.; normalmente esses insumos irão permanecer um determinado período no estoque. Logo a seguir a empresa irá produzir o calçado, ou seja, teremos o período do produto em elaboração; passada essa etapa, teremos o produto acabado, na verdade, em geral, todas essas etapas irão demandar períodos de tempo (dias). O produto acabado (pronto para venda) será vendido para as lojas (varejo), predominando a venda a prazo. Somando-se o prazo em que o insumo permaneceu parado; o período de processamento do produto; o período em que o produto acabado ficou parado mais o período concedido ao lojista quando da venda a prazo, teremos o ciclo operacional do produto. Suponhamos que: período médio de retenção do insumo= 10 dias; período médio de produto em elaboração = 5 dias; período médio de estoque do produto acabado = 30 dias; prazo médio das vendas a prazo = 90 dias; com isso o ciclo operacional seria igual = 10 + 5 + 30 + 90 = 135 dias. Quando a empresa vende o produto para o lojista, dos 135 dias do ciclo operacional, 45 dias já foram vencidos pela empresa, com isso, restam 90 dias, a isso chamamos a última fase do ciclo operacional, ou quase-dinheiro. Portanto, os riscos de problemas com a matéria-prima já foram vencidos; os riscos de produção já foram vencidos; os riscos de estoque já foram vencidos, restando o recebimento da venda a prazo. Por isso, em termos de risco de crédito, boa parte do risco já foi eliminada, eis o motivo pelo qual os bancos são apaixonados pelo desconto de duplicatas.
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1) Suponha que o gerente financeiro da Empresa JJ tenha acabado de fechar uma operação de desconto de duplicatas com o Banco XYZ (Banco Múltiplo). A empresa possui uma linha para desconto de duplicatas no Banco XYZ no valor de $30.000,00. Atualmente, a JJ está utilizando $10.000,00, portanto, possui uma folga de $20.000,00. Imagine que a JJ irá enviar um borderô contendo cinco duplicatas, de cinco sacados diferentes, a saber:
Suponha que o Banco irá cobrar uma taxa de 2,5% ao mês mais uma tarifa de $3,0 por título. Vamos ignorar a parte referente ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Compete ao gerente financeiro da empresa saber fazer cálculos, pois, em finanças, esta é uma condição básica. |
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Neste exemplo, o gerente financeiro terá que calcular e informar o prazo médio dos títulos, neste caso, existe uma fórmula simples, a saber: Prazo médio
ponderado = Solução pela fórmula:
Prazo médio
ponderado = 562.500,00/20.000 a)
valor dos juros (desconto)
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Tela 56 |
| Vamos agora colocar este desconto num DFC (Diagrama de Fluxo de Caixa):
No momento
inicial quando n=0, a empresa irá receber o valor líquido
da operação na sua conta corrente, isto é, dinheiro
entrando no caixa. No momento n=28,125 dias (média ponderada
do borderô), os títulos deverão ser pagos pelos
sacados.
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Solução do exercício, já de posse do saldo médio do borderô, pela HP-12C Caso você tenha operado individualmente cada um dos passos, poderia ir para a HP-12C desta maneira: 20.000
enter De posse desta taxa, o gerente financeiro automaticamente deverá calcular a taxa efetiva ao ano, logo:
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Tela 58 |
| Qual a importância desta taxa anual? Muito simples, todo gerente financeiro tem por obrigação calcular a taxa real de juros após cada operação de empréstimo, pois, com isso, ele irá saber de fato quanto à empresa está pagando pelo empréstimo. Para que isto seja feito, o gerente financeiro deverá se basear sempre num índice de inflação (IGP-DI; IGP-M; IPC; IPCA etc). Neste exemplo, vamos supor que a taxa de inflação anual esteja em 6%, ou seja: 6/100 = 0,06. Portanto, a taxa real de juros seria de:
O cálculo através da HP-12 C seria:
Observação
importante: é evidente que, os prezados alunos, logo,
logo, estarão desenvolvendo suas maneiras de operar na HP-12C
e/ou em outra máquina financeira, pois, não existe apenas
um caminho. Muito simples, como repassar uma taxa exorbitante destas? Pense, o seu salário, em termos de variação anual, tem aumentado quanto, comparado com a inflação média do país? Logo, uma taxa real de juros exorbitante é um fator de concentração de renda e de forte desajuste em toda a economia do país, pois, ela provoca perdas significativas de poder de compra daqueles que se endividam, tornando-se um caminho fértil para a inadimplência na economia. O quê isto significa? Isto significa que, nas empresas que operam com vendas a prazo, o departamento de crédito deverá ser sempre conservador. Todo gerente financeiro tem por obrigação saber disto. |
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2) A empresa Alfa necessita descontar as seguintes duplicatas:
A HP-12
C poderia também, fornecer a média aritmética dos
valores do borderô, bem como, o desvio-padrão (medida de
dispersão em torno da média) dos valores e dos prazos. |
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Tela 60 |
| 3 - Desconto de NP O desconto de NP,
conforme já observado (módulo 2 da Unidade I, páginas
7/24 e 8/24), é um produto que costuma sair mais caro do que
o desconto de duplicatas para as empresas, pois opera sem garantia real,
logo, é uma operação de crédito a descoberto. 1) A empresa Sigma possui linha de Desconto de NP (Nota Promissória) com o banco Alpha (banco comercial) no valor de $30.000,00. A empresa necessita do dinheiro para fazer uma compra de insumos. O prazo da operação será de 45 dias, o banco irá cobrar 3,0% ao mês mais uma tarifa de $20,00. Nesta operação, iremos operar com o IOF. Atualmente (dezembro 2010) o IOF é igual a 0,0041% ao dia. Calcular:
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Tela 61 |
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Solução a) calcular o valor dos juros (desconto) D = VN x id x n b) valor do IOF IOF = (VN –
d) x (0,0041/100) x 45 No caso do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o banco exerce o papel de intermediário, cobrando-o no ato da contratação do tomador do empréstimo e repassando os recursos, posteriormente, para os cofres públicos. c) Valor líquido (VL) creditado na conta corrente da empresa VL = VN –
D – IOF – Tarifas
Qualquer tarifa que venha a ser cobrada pelo banco irá contribuir para a elevação do custo efetivo da operação de empréstimo, uma vez que o tomador do empréstimo terá um valor menor creditado em sua conta corrente. No extrato de conta corrente da empresa, seriam efetuados os seguintes lançamentos relativos a essa operação de desconto de NP:
d) Taxa
efetiva mensal no conceito de juros compostos FV = P x (1 + i)n
onde: Solução completa do exercício pela HP-12C e) Taxa efetiva anual no conceito de juros compostos iaa
= [(1 + iam)360/30 – 1] x 100 Solução pela HP-12C 1
enter f) Taxa real de juros nesta operação em termos anuais Ir
= [(IE/Inflação) – 1] x 100 Solução pela HP 12 C 1
enter |
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4 - Contrato para capital de giro 1) A empresa
Alpha necessita de um dinheiro pelo prazo de 72 dias, no valor de $100.000,00.
A empresa possui linha de crédito em aberto no banco Sigma, um
banco múltiplo, no valor de $200.000,00. A empresa aceita a taxa
de juros compostos oferecida pelo banco, de 35% ao ano (ano-base de
360 dias corridos), para pagamento dos juros mais principal no vencimento
do contrato, o banco irá cobrar uma comissão no ato da
liberação do dinheiro de $50,00. A garantia da operação
será o aval de dois sócios. Caso a empresa dispusesse
de duplicatas em carteira, os juros seriam de 26% ao ano. Nesta operação
iremos operar normalmente com o IOF (atualmente, Dezembro 2010, o IOF
é igual a 0,0041% ao dia). Considerar, para efeito de cálculo
da taxa real de juros, uma inflação anual de 5%. b) valor final a ser pago pela empresa (principal + juros). c) taxa efetiva de juros desta operação. d) taxa real de juros desta operação. Solução d |
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Solução c c) Para se obter a taxa efetiva no período e sua equivalente mensal a juros compostos, deve-se comparar o valor efetivamente liberado ao tomador do empréstimo quando da contratação ($100.000,00 - $295,20 - $50,0 = $99.654,80), com o valor final a ser pago: if = [($106.185,88/$99.654,80) – 1] x 100 Solução pela HP-12C Para o período de 30 dias, teremos: if = [(1+0,0655370340)30/72 – 1] x 100 Solução pela HP-12C 1 enter 6,55370340% + Para o período de 12 meses teremos: if = [(1+ 0,0268024480)12– 1] x 100 Solução pela HP-12C
Podemos observar que a taxa realmente paga pela empresa é maior do que a taxa nominal de juros compostos do contrato, pois no contrato estão especificados 35% ao ano, e a empresa está pagando, de fato, 37,354453% ao ano. Qual o motivo para esta diferença? O motivo está no fato de que o valor do empréstimo foi de $100.000,00, porém, o valor que está entrando no caixa, na data focal zero, é menor, ou seja, $99.654,80. Eis a importância de, em todo cálculo envolvendo operações de empréstimos e/ou aplicações financeiras, estarmos sempre tomando por base o DFC. Todo administrador financeiro deveria ter o cuidado de estar sempre de olho no DFC das operações financeiras da sua empresa. |
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- Administrando Sobras de Caixa
Pensando-se no “Fluxo de Caixa” de uma empresa, podemos imaginar os momentos em que poderão ocorrer faltas de caixa, assim como sobras de caixa. Até então, abordamos as necessidades de caixa, suprindo estas necessidades com Desconto de Duplicatas, Desconto de NP e Contrato para Capital de Giro. No que tange as sobras de caixa, no Brasil, as empresas dispõem de muitas opções para aplicação das mesmas. Por enquanto, vamos nos ater apenas a duas oportunidades de aplicação de dinheiro, já que estamos voltados para a revisão de cálculos financeiros. Certificado de Depósito Bancário (CDB) O Certificado de
Depósito Bancário tem base legal regulamentada pela Lei
nº4.728/65 e Resolução do Conselho Monetário
Nacional nº18/66. |
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Exemplo 1) Suponha que, na Empresa JJ, o fluxo de caixa esteja sinalizando uma sobra de caixa no valor de $20.000,00 pelo período de 20/09/2005 a 30/11/2005. O Banco NN, Banco Múltiplo, oferece uma taxa bruta de 21,50% ao ano, a Empresa JJ, aceita. Suponha que, para este período de aplicação, a alíquota do Imposto de Renda seja de 22,5%. Com base nesses dados, responda as questões a seguir.
Resolução: Solução pela HP-12C
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| O DFC da aplicação ficaria:
Solução pela HP-12C Ainda, através da HP-12C, vamos para a taxa líquida anual de remuneração da operação. |
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| 2)
Suponha que na Empresa Alfa o fluxo de caixa esteja sinalizando uma sobra
de caixa no valor de $10.000 pelo período de 10/05/2007 a 22/09/2007.
O Banco Gama, Banco Múltiplo, oferece uma taxa bruta de 13,15% ao
ano, a Empresa Alfa, aceita. Suponha que para este período de aplicação
a alíquota do Imposto de Renda seja de 22,5%.
Com base nesses dados, responda: a) Qual o prazo desta operação? b) Qual o valor de resgate bruto? c) Qual o valor do Imposto de Renda? d) Qual o valor de resgate líquido? e) Qual a taxa efetiva recebida pela empresa? f) Supondo uma variação no nível dos preços de 4,75% ao ano, qual o ganho real desta operação? |
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3) Suponhamos
que o Sr. J seja um consumidor e que, no país do Sr. J predomina
a inflação. Logo, não estamos na situação
do Japão, que desde meados dos anos 1990 vem lutando contra a deflação.
Para o Sr. J, R$1,0 hoje, diante de uma taxa esperada de 4,5% de inflação
ao ano, vale:
Diante desta situação, o que motivaria o Sr. J a não
consumir hoje, isto é, postergar o consumo? Mesmo que não houvesse inflação e o real comprasse a mesma quantidade de bens hoje ou daqui a um ano, o Sr. J preferiria gastá-lo hoje. Para fazer com que o Sr. J postergue o consumo, seria necessário oferecer-lhe alguma compensação. Segundo Damodaran (2004) a compensação ocorre na forma de uma taxa de juros sobre as economias do Sr. J; isso é chamado de taxa de juros real. Quanto deveria ser oferecido para o Sr. J? Isso vai depender do quanto é forte a preferência do Sr. J pelo consumo presente, com preferências mais fortes levando para taxas de juros reais mais altas. A taxa de juros que inclui a inflação esperada, além da taxa de juros real, é chamada de taxa de juros nominal. |
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| 4) O Sr
J possui $100,00 ele tem a oportunidade de aplicar esta sobra de caixa num
título considerado livre de risco, a taxa de remuneração
será de 9,25% ao ano. Qual o valor do montante daqui a um ano?
Neste exemplo. o Sr. J está aplicando suas sobras de caixa numa taxa sem risco, logo, será líquido e certo que ele irá receber os $109,25 no final de um ano. Suponhamos que o Sr. J não estivesse diante de um papel livre de risco, mas sim, diante de um papel com risco. Neste caso, o Sr. J iria exigir um prêmio pela incerteza, ou seja, iria querer uma remuneração maior do que os 9,25% ao ano. Portanto, juntando
os dois exemplos envolvendo o Sr. J, quando falamos sobre o rendimento
que o Sr. J pode obter ao investir um real hoje, três componentes
fazem parte desse retorno: a taxa de inflação esperada,
uma taxa de juros real e uma recompensa pela incerteza. |
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5) Suponhamos que um fluxo de caixa apresente o recebimento de três valores nominais iguais de $100 cada, para recebimento no final de cada um dos próximos 3 anos. Diante desta situação:
a) Para uma taxa de juros de 10% ao ano, qual o valor presente deste fluxo de caixa? b) Para uma taxa de juros de 10% ao ano, qual o valor deste fluxo caixa no final do ano 3? 6) Em um estudo de rendimentos sobre ações e títulos do tesouro dos EUA entre 1926 e 1998, a Ibbotson Associates constatou que as ações renderam, em média, 11% ao ano, enquanto os títulos do governo renderam em torno de 5% ao ano. Com base nesses dados, responda: a) Para um período de 30 anos, uma aplicação de $100,00 iria apresentar uma diferença de quantas vezes a favor das ações? b) E para um período de 72 anos, qual seria a diferença? 7) Suponha que um cliente da Embraer esteja disposto a fazer um pedido de US$1 bilhão em aeronaves para daqui a cinco anos. Partindo da hipótese de que a Embraer opere com uma taxa de desconto para seus investimentos de 11% ao ano. Qual deveria ser o valor do investimento da Embraer hoje para ter US$1 bilhão em cinco anos?
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Resumo A teoria
financeira se apoia no pressuposto da maximização do lucro
ou da maximização do valor para o acionista. As principais
áreas de aplicação da ética em finanças
encontram-se na remuneração e conduta dos agentes (problema
de agency), na assimetria de informação e de divulgação
(disclosure) e no grau segundo o qual considerações éticas
são precificadas no mercado de capitais e internalizadas nas avaliações
de investimentos das empresas. |
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