| Unidade 3 | Módulo 1 | Tela 1 |
| 1 - Controle e disciplina fabris Com a Revolução Industrial, o surgimento das fábricas trouxe a exigência de um tipo de trabalhador que se adaptasse ao mundo fabril. A fábrica moderna nasce do controle e da disciplina fabris. É com o taylorismo/fordismo que tais regras são aprimoradas. A invenção da máquina de fiar algodão, por Arkwright, é o exemplo. Atualmente, com o surgimento das novas formas de gestão do trabalho, principalmente as inspiradas no modelo japonês que, para alguns, constituem “novo paradigma”, reacendem-se os debates em torno do controle sobre os trabalhadores. Para alguns autores, esses novos métodos intensificam o mesmo controle existente no modelo taylorista/fordista, apenas com roupagem menos autoritária.
O pressuposto
dessa tese é que, dentro da fábrica, se estabelece a principal
disputa entre capital (patrões) e trabalho
(empregados), cujo elemento central é o controle
sobre os processos de trabalho. 1) a coerção
personalizada, quando o controle se dá de forma direta.
De
forma geral, nas organizações, observa-se que os três
tipos de controle se combinam e se articulam.
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Tela 2 |
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Até o surgimento da fábrica, a produção era determinada pelos ritmos da natureza. As noções de cedo e tarde eram orientadas pela posição do sol, pelas estações etc. Com o tempo, as noções do mundo do trabalho na fábrica foram sendo paulatinamente incorporadas e interiorizadas. A ditadura do relógio, para os teóricos, representa o fim da liberdade do sujeito em determinar e controlar seus ritmos corporais. Uma vez que entra na fábrica, o trabalhador não tem mais, durante toda a jornada de trabalho, contato algum com o exterior: não dispõe de telefone e seu corpo é agregado como se fosse mais uma peça na enorme engrenagem. Os princípios instaurados no interior da fábrica são complementos novos em relação ao trabalho agrícola ou artesanal. E são tão fortes que, embora formulados para a oficina, serão aplicados também nos escritórios e, aos poucos, nos diversos setores da sociedade. A organização do trabalho na grande indústria significa obrigar milhares de pessoas, que antes desenvolviam outra atividade no próprio lar, a sair de casa e ir para a fábrica. Mas esses milhares de pessoas, além de alterar o próprio ritmo de produção, também modificaram suas relações afetivas com os outros. Ou seja, com a fábrica, de fato, novas formas de relações sociais surgiram. Se o relógio foi o primeiro instrumento de controle e disciplina fabris, foi com o cronômetro de Frederick Taylor que vieram contornos mais definidos. É impossível falar de controle fabril sem fazer referência a Taylor. O controle e a disciplina fabris foram fundamentais nas formulações de Taylor e Ford. Vários pesquisadores caracterizam a história do início do taylorismo nos Estados Unidos pela introdução de rígido sistema repressivo no interior das fábricas, tirando do trabalhador o domínio que ainda detinha sobre seu próprio trabalho. Tais medidas autoritárias dentro das fábricas obrigaram o governo americano a estabelecer punições contra os abusos cometidos. As novas normas impostas produziram grandes conflitos entre os trabalhadores e os patrões; principalmente devido ao rígido controle dos tempos e movimentos realizados pelos fiscais ou capatazes. Para Taylor, a gerência tinha necessidade de conhecer e compreender o processo de produção, conhecimento esse, até então, em mãos dos trabalhadores. Tratava-se de disputa entre ela e os operários pelo controle do processo de produção. Tanto que o simples indício de o especialista nos estudos dos tempos e movimentos aparecer durante o expediente levava o trabalhador, o grupo ou todo o departamento a trabalhar mais depressa. Ou seja, segundo Taylor, “trabalhador com medo trabalha melhor”. Ford, por sua vez, defendia que o trabalho é fonte de riqueza e não permitia desperdícios. A disciplina do trabalho era uma condição da produtividade. Para ele, não deve existir contato pessoal entre as oficinas; os operários devem cumprir o seu trabalho e voltar logo para os seus lares. |
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Tela 3 |
| Para alguns teóricos, é inaceitável a tese de que o objetivo do capital é controlar o trabalho. Outros fatores, como a concorrência e o controle social exercido em outras esferas, que não a fábrica, têm maior importância do que o controle interno. Essa posição vem ganhando força nas organizações à medida que aponta para outros fatores que explicam o controle nas empresas, e não exclusivamente a exploração da força de trabalho. O mesmo ocorre no Brasil. |
Tela 4 |
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| 2 - Taylorismo Os princípios de racionalização do trabalho foram desenvolvidos pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915), empregado da Bethlehem Steelwork. Desde o seu início, a organização capitalista da produção esbarrou na autonomia dos produtores diretos e na sua capacidade de definir a sequência das tarefas e os ritmos de trabalho. Desse confronto, resultava multiplicidade das formas de produção.
Os princípios básicos do taylorismo são: a)
Separação programada da concepção e do planejamento
das tarefas;
b)
As iniciativas e o trabalho cerebral são banidos das oficinas e
centrados na administração superior. Segundo Taylor, “os
trabalhadores não são pagos para pensar, mas para executar”;
c)
Intensificação da divisão do trabalho. Devido ao
estudo dos tempos e movimentos, é possível fragmentar o
trabalho em parcelas elementares e simplificadas e, assim, encontrarem-se
maneiras mais rápidas e eficientes de executá-las;
d)
Cada tarefa corresponde a um posto de trabalho. Devido a criterioso processo
de recrutamento, é possível destacar-se o operário
mais adequado para ocupá-lo;
e)
Controle de tempos e movimentos, para eliminar o tempo não dedicado
às tarefas produtivas.
Há outros princípios, como:
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Tela 5 |
Algumas das críticas mais comuns ao taylorismo são:
Apesar das transformações recentes nas formas de gestão, é inegável que o taylorismo permanece como uma das principais estratégias patronais, que argumenta a necessidade e inevitabilidade da divisão do trabalho, e da separação entre dirigentes e executantes. |
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Tela 6 |
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| 3 - Fordismo O método fordista caracteriza o sistema de produção e gestão empregado por Henry Ford em sua fábrica, a Ford Motor Co., e é baseado em inovações técnicas e organizacionais, que se articulam para produção e consumo em massa. Essa, talvez, seja a principal característica do fordismo: a organização do trabalho para a produção em massa. Como processo de trabalho, o fordismo caracteriza-se pela: |
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Tela 7 |
| No que se refere ao contexto de países periféricos, como o Brasil, a implantação do fordismo realizou-se muito precariamente, pois o desenvolvimento industrial, em contexto de exclusão, era de forte concentração de renda, impossibilitando, portanto, a característica básica do fordismo que é a criação de mercado de consumo em massa.
Na verdade, o que mais caracteriza o fordismo é a adaptação do mundo da fábrica para a produção em massa. Ora, para se ter a “produção em massa”, é necessário ter mercado consumidor interno, portanto, é necessário também que se discutam políticas salariais. |
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Tela 8 |
É preciso destacar que fordismo não se confunde com taylorismo. Trata-se de processos de trabalho com traços particulares, que podem, no entanto, encontrar-se na mesma empresa.
Enquanto o taylorismo pode ser aplicado em firmas médias e pequenas, o fordismo difunde-se, principalmente, em grandes empresas produtoras de bens de consumo duráveis (tecnicamente mais complexos), tendo em vista a produção de produtos padronizados, para consumo de massa. E assim se forma a economia de escala, elemento central do fordismo. |
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Tela 9 |
| 4 - Pós-Fordismo Nos anos 1970, acentuam-se mudanças significativas nas formas de produção fordista em razão de pressões competitivas, causadas, principalmente, pela concorrência japonesa. As novas formas de produção são difundidas e implementadas em contexto de intensificação dos processos de inovação tecnológica (com a utilização tecnologia de base microeletrônica) e de competição ao nível global. No âmbito acadêmico, desencadeia-se intenso debate sobre a origem e significado de tais mudanças, se o que está ocorrendo representaria:
Os defensores da primeira tese afirmam que as condições de vigência do modelo fordista estariam esgotadas, em razão de os mercados não mais aceitarem a padronização da produção (fordismo), exigindo produtos diferenciados, de acordo com as demandas de diferentes segmentos socioculturais. |
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Tela 10 |
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A nova forma deveria, portanto, tornar-se flexível, capaz de responder, rapidamente, às frequentes mudanças de demanda do mercado. Para tanto, utilizar-se-iam as possibilidades oferecidas pelas: a)
novas tecnologias (flexibilidade do equipamento) e
b) novas formas de uso e gestão da força de trabalho (trabalho em equipe e círculos de controle de qualidade, com ênfase na cooperação, na multifuncionalidade e na polivalência).
A compreensão de que os novos métodos de produção expressariam a superação do modelo fordista é contestada pelos teóricos da chamada escola francesa da regulação. As novas
formas de produção não teriam sido capazes de romper
os princípios básicos do fordismo, como a separação
entre concepção e execução do trabalho.
Permaneceria, portanto, o monopólio gerencial em termos de controle
do processo de programação da tecnologia computadorizada,
da esfera da pesquisa e desenvolvimento, do processo de informação
e difusão. |
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Tela 11 |
| A tecnologia computadorizada seria utilizada como meio de se poupar mão de obra e de se elevarem a produtividade e a qualidade do produto. Nessa perspectiva, ressaltam-se os aspectos negativos associados à produção flexível, no que diz respeito à situação do trabalhador, entre eles:
Os
críticos às novas propostas do chamado “pós-fordismo”
apontam:
O debate em torno da questão da ruptura ou continuidade do modelo fordista de produção não pode, no entanto, ser abordado em termos de oposição (ou a favor ou contra). Em relação ao uso e gestão da força de trabalho - mesmo admitindo-se os limites restritos de participação dos trabalhadores -, há que se reconhecer que as novas formas de gestão valorizam sua capacidade de expressão; isso, por si só, constituiria mudança significativa das maneiras fordistas de gestão. |
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Tela 12 |
| Atualmente, há uma combinação de produção fordista altamente eficiente em alguns setores e regiões (como o setor dos carros nos EUA, no Japão ou na Coreia do Sul), e de sistemas de produção mais tradicionais (como os de Singapura, Taiwan ou Hong Kong), que se apoiam em relações de trabalho “artesanais” ou patriarcais (familiares), que usam mecanismos bem diferentes de controle do trabalho. Em síntese, o quadro abaixo demonstra as principais características entre taylorismo e fordismo.
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Tela 13 |
| Resumo As fábricas
trouxeram a necessidade de se “criar” novo tipo de relação
com o mundo do trabalho. Passou-se a exigir um tipo de trabalhador que
se adaptasse à nova realidade. Até o surgimento da fábrica,
a produção era determinada, em grande parte, pelos ritmos
da natureza. O taylorismo
caracteriza-se pela intensificação do trabalho pela racionalização
científica, tendo como objetivo eliminar os movimentos inúteis,
por meio da utilização de instrumentos de trabalho mais
adaptados à tarefa. O fordismo é estratégia mais
abrangente de organização da produção, que
envolve extensa mecanização, uso de máquinas-ferramentas
especializadas, linha de montagem, esteira rolante e crescente divisão
do trabalho. |
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| Unidade 3 | Módulo 2 | Tela 14 |
| 1 - Gestão Ao falar-se de gestão, faz-se referência à própria administração do negócio, à forma de conceber e gerenciar todos os recursos envolvidos na produção de um bem ou serviço. Assim, são muitas formas de gestão: gestão de recursos humanos, gestão de capitais, gestão de tecnologia, gestão de marketing etc.
Englobaria a determinação dos objetivos e da filosofia da organização, do desenho da estrutura, da organização do trabalho, da natureza das relações hierárquicas, mecanismos de decisão e de controle, entre outros aspectos. Porém, para os críticos, tal processo englobaria não apenas a busca do aumento da produtividade, mas, principalmente, a reprodução das relações de poder, das relações entre capital e trabalho. Dessa forma, sob a bandeira da busca da racionalidade, objetiva o aumento da produção. |
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Tela 15 |
| A administração tem origem na chamada Administração Científica, da qual são principais representantes Frederick Taylor, Henri Fayol, Henry Ford e Henry Gantt, que procuraram desenvolver a ciência da organização do processo produtivo, buscando basicamente:
Esses autores utilizavam-se de métodos e técnicas da Engenharia Industrial, como o estudo dos tempos e movimentos, a criação de ferramentas, o planejamento de tarefas e cargos, para elevar os níveis de produtividade das empresas por meio da divisão e da racionalização do trabalho, a criação de estruturas hierarquizadas, de mecanismos de decisão centralizados e do aumento do controle para certificação de que o trabalho estivesse sendo executado de acordo com os padrões então estabelecidos. Em resumo: a organização era vista, essencialmente, como uma estrutura formal, constituída de órgãos, cargos e tarefas. |
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Tela 16 |
| 2 - Escolas de gestão Como principais escolas de gestão, destacamos: Até os anos 1970, as organizações caracterizavam-se pela estrutura predominantemente formal, hierarquizada, departamentalizada de informações, com centralização de comunicações e de decisões. Essa estrutura é das grandes empresas industriais. Os padrões de produção de tais organizações distinguem-se por aspectos como:
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Tela 17 |
| Havia, assim, padronização do maquinário e do equipamento, da mão de obra e de matérias-primas; porém, com o acirramento da concorrência internacional e com a globalização da economia, esse padrão de desenvolvimento capitalista entrou em crise, devido a fatores como a saturação do mercado de bens duráveis, a perda do poder aquisitivo, a entrada de novos países produtores, a formação de blocos regionais. Com isso, buscam-se novos padrões e modelos de organizações, para fazer frente aos desafios de competitividade, por meio dos quais as empresas poderiam sobreviver.
Além disso, a partir dos anos 1960, a organização científica do trabalho, como técnica de dominação do capital sobre o processo trabalhista, deixou de ser eficaz em seu objetivo fundamental: o aumento da produtividade pela elevação constante dos ritmos de trabalho. A resistência dos trabalhadores à atividade laboral parcelada e repetitiva, ao ritmo acelerado e aos baixos salários causados pela depreciação do valor da força de trabalho - princípios norteadores dessa forma de organização, que originaram vários movimentos sociais - também contribuíram, de forma marcante, para o agravamento da crise existente. |
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Tela 18 |
| Nesse quadro de crise, como soluções alternativas para o problema da qualidade e da produtividade, passaram a ser tomados como modelos especialmente o caso japonês, o sueco na produção em média série, o italiano e o alemão. Esses paradigmas trouxeram novas estratégias de sobrevivência no mercado, por serem capazes de produzir a baixos custos, com qualidade assegurada e flexibilidade de oferta (diversidade e rapidez).
Observou-se
que, para tais países servirem de exemplo para outras economias,
seriam necessárias não apenas mudanças de nível
tecnológico, mas, principalmente, novas formas de organização
do trabalho, novas estruturas organizacionais e novos padrões
de relações interfirmas. As novas propostas gestacionais buscam o crescimento da competitividade por meio de novas formas de ganhos de produtividade, aliados à flexibilidade da produção. Tudo com vistas à adequação do aparelho produtivo às novas exigências do mercado de muita produção e pouco consumo; da concorrência não só nacional, mas principalmente internacional, com produtos de qualidade e em constante inovação. Conforme a capacidade de inovar produtos e processos, transformou-se em diferencial estratégico para as empresas. No entanto, essa reestruturação produtiva, antes de ser processo homogêneo, é movimento que comporta diferentes estratégias ou modos de uso de força de trabalho, distintos ritmos na incorporação de tecnologias, variadas formas de segmentação da força de trabalho e desiguais modos de se solicitarem as qualificações. Muitas vezes combinam-se processos tayloristas/fordistas com novas propostas. |
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Tela 19 |
| 3 - Gestão Participativa - GP
Pode-se analisar a GP por dois ângulos:
As iniciativas dos assalariados, em relação à participação na gestão das empresas, têm como referência o ideal da autonomia. Aberta uma brecha no sistema de poder, os trabalhadores querem, invariavelmente, ampliar o seu espaço. Do seu lado, o patronato concebe a gestão participativa dentro de marcos predeterminados, estáveis e controláveis. No modelo produtivo que se delineou, a partir dos anos 1980, observa-se a supremacia da GP instrumentalizada pelos interesses patronais, como forma de aumentar a eficiência e a racionalidade. Consequentemente visam os lucros, por meio de discursos que atraem os trabalhadores e os "convidam" a "colaborar". |
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Tela 20 |
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| Pode-se classificar a GP de acordo com:
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Tela 21 |
| Os princípios da GP podem ser encontrados na Escola de Relações Humanas, desenvolvida a partir dos trabalhos de Elton Mayo. A Sociologia Industrial norte-americana respaldou os teóricos da administração na definição de estratégias, visando a reduzir os conflitos fabris e o desinteresse crescente dos operários pelo trabalho. Não era a organização capitalista da produção que estava em causa, mas suas consequências mais negativas. Após a Segunda Guerra Mundial, multiplicaram-se as propostas, de fazer com que os trabalhadores aumentassem o interesse pelo trabalho e sua lealdade para com a empresa, visão que veio, com o tempo, a chocar-se com as propostas tayloristas/fordistas. No período de Guerra Fria, essa dimensão integrou a campanha cívica de caráter nacional, em prol da “livre empresa”. Entre as mais conhecidas, destacam-se a teoria Y, de McGregor.
O sucesso da proposta da gestão participativa nos outros países norte ocidentais esteve ligado:
Notou-se, então, que o aumento da qualificação e da remuneração não foi suficiente para promover o empenho e a atenção dos trabalhadores. Assim, as inovações na gestão da força de trabalho, até então aplicadas de forma isolada, foram se multiplicando. |
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Tela 22 |
| Antecipou vários princípios adotados nos anos 1990, entre eles, a utilização da criatividade dos funcionários, na resolução dos problemas técnicos, a ampliação da responsabilidade e as recompensas não monetárias para se atingirem os objetivos organizacionais. Na Europa, destacam-se as aplicações das propostas da Escola Sócio-Técnica desenvolvidas, basicamente, pelo Tavistock Institute da Inglaterra, bem como as teorias formuladas pelo norueguês E. Thorsrud. A associação destes trabalhos fomentou o início das experiências sueca e norueguesa, denominadas, mais tarde, “Democracia Industrial”. Durante quase duas décadas, essas experiências permaneceram limitadas aos países nórdicos e a algumas grandes empresas isoladas que não constituíam referencial para o conjunto da economia. A República Federal da Alemanha tornou-se uma exceção. Devido às dificuldades da reconstrução da parte ocidental da antiga Alemanha, o poder político recuperou a tradição reformista do pós-Primeira Guerra Mundial e definiu uma estratégia situada a meio caminho, entre o liberalismo e o intervencionismo estatal. Um dos pilares dessa política era a repartição do poder e das responsabilidades nas empresas. O sistema de cogestão iniciou-se, em alguns ramos considerados de segurança nacional, ainda em 1951, tendo sido reforçado pela Lei Constitucional das Empresas em 1952. Essa lei regulamentava as comissões de fábrica em firmas com mais de cinco operários. As comissões foram investidas pelos sindicatos que, dessa forma, penetraram no seio das empresas, tendo o direito legal de defenderem, de perto, os interesses dos assalariados e de zelarem pelo cumprimento dos convênios salariais. Reforçadas e ampliadas por diversas leis (1975, 1988), as comissões de fábrica passaram a ter influência crescente sobre a administração e a política empresariais. O sistema de cogestão tem possibilitado, em todos os casos, a intervenção dos trabalhadores no que diz respeito a questões pontuais (horários, férias, serviços sociais etc.). Nas situações em que a representação dos trabalhadores seja qualificada e respaldada pelos sindicatos, a cogestão possibilita a intervenção nas questões complexas, como planejamento dos recursos humanos, inclusive demissões, concepção do local de trabalho e a própria dinâmica organizacional da empresa. Em certos setores (mineração, siderurgia), há o Conselho Fiscal, com poder de nomear e demitir membros da diretoria. Ele deve ser constituído de forma paritária: cinco representantes dos trabalhadores e cinco representantes dos empregadores, sendo o presidente (11o membro) eleito por ambas as partes. |
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Tela 23 |
| Recorreu-se a formas adaptadas de modelo japonês, às quais se somaram outras experiências, com ênfases diversas segundo a moda: direção participativa por objetivos, ilhas de produção, grupos semiautônomos, contratos de qualidade total etc. A reestruturação
foi tão intensa, ao longo da década de 1970 principalmente,
que é possível referir-se a um novo modelo produtivo,
pós-fordista e pós-taylorista. As mudanças ocorreram
em vários níveis, na organização interna
das empresas (especialização flexível, intensificação
da automação, descentralização etc.) e no
conjunto da estrutura produtiva. Nesse quadro, a gestão participativa
deve ser analisada como uma das tantas estratégias empresariais
na busca de aumentos de produtividade.
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Tela 24 |
| 4 - Críticas à GP A adoção da Gestão Participativa seguiu esse ciclo, motivada pela transformação da economia internacional e pelas pressões do novo sindicalismo. A classe empresarial brasileira, caracterizada historicamente pela sua radical aversão às manifestações autônomas dos subalternos - herança, para muitos sociólogos, de um País patriarcal e escravocrata -, acomodou-se bem aos princípios do produtivismo taylorista, adicionando, ao seu caráter autoritário, nuanças paternalistas. A subordinação ao industrialismo internacionalizado levou o empresariado local a reformular o sistema de relações com seus empregados. Dessa forma, a "participação" passou a ser adotada como estratégia para se neutralizarem as reivindicações operárias e o crescimento da penetração dos sindicatos nos espaços produtivos.
A participação, quando reivindicada pelos trabalhadores, é categoricamente rechaçada. O procedimento habitual é se outorgarem espaços delimitados de participação. As possibilidades e os limites da GT são objetos de controvérsias. Para a empresa, as vantagens são tão evidentes que certos autores perguntam-se por que ela não é adotada de maneira mais sistemática e permanente. A resposta está nos possíveis desdobramentos resultantes do aproveitamento das brechas no poder hierárquico, arbitrário, detido pelas direções. Existe apenas consenso na constatação de que, em face ao despotismo fabril, o sistema participativo representa não só vantagens para a empresa, mas melhorias substanciais para os trabalhadores. As posições mais otimistas com relação à GP consideram as experiências em curso altamente positivas, na medida em que os assalariados têm possibilidades de: intervir de maneira consciente e criativa na produção, romper com a cultura da submissão, assumir responsabilidades de forma cooperativa; enfim, de se apropriarem de conhecimentos que os habilitem para o exercício da democracia em vários níveis. Apontam, também, que a redução das hierarquias, a descentralização da autoridade e a flexibilização dos controles gerenciais reforçariam o espírito de autodeterminação, ampliando as possibilidades de inovação social, além do esquema convencional da resistência operária. |
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Tela 25 |
| As críticas mais comuns à GP são:
Ao possibilitar a participação criativa dos assalariados, ela corresponde ao modelo de gestão menos hierarquizado, menos desumano e menos autoritário que o taylorismo. Isto é particularmente importante no Brasil, habituado à utilização predatória da força de trabalho. Por outro lado, o sucesso da GP traz a possibilidade da intensificação do trabalho e da assimilação, em termos individuais, de normas disciplinares que redefinem e reforçam a hegemonia do capital. |
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Tela 26 |
| 5 - Novas Tecnologias de Gestão As Novas Tecnologias de Gestão - NTGs, são as inovações tecnológicas e organizacionais voltadas para o núcleo gestional. Sobretudo, a partir do final da década de 1980, as NTGs vincularam-se ao retorno do fator humano, como o novo e importante fator para gerar competitividade. Nesse contexto, as NTGs são concebidas no bojo da “lean production” (produção enxuta), ou seja:
Cada vez mais se nota a necessidade de incorporar os aspectos sociais, simbólicos e culturais dentro da noção de tecnologia. A tecnologia passa a ser pensada como um conjunto de
Nessa concepção, questiona-se a ideia de a tecnologia ser, exclusivamente, conhecimento técnico. Destaca-se também que as condições socioeconômicas são determinantes para se produzir “tecnologia”. Na mesma linha de análise, a noção de “tecnologia de organização” parece também pertinente. Tal noção começou a ser formulada em 1985. |
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Tela 27 |
| Tecnologia de organização é:
Essa coerência tem que ser assegurada por um conjunto de princípios que vão orientar os métodos e as técnicas de mobilização e de implicação/engajamento da força de trabalho na empresa. A Gestão, assim, passa a ser tão ou mais importante que a “tecnologia” (hardware) e as NTGs podem ser entendidas como a “síntese” otimizada entre os processos softwares (leves) e hardwares (duros). Seriam, por exemplo, sistemas integrados de gerenciamento, do ponto de vista humano e maquinal, em termos de produtividade. |
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Tela 28 |
| Em resumo, pode-se afirmar que as NTGs são, sobretudo, a transformação do trabalho em atividade de gestão. Em princípios da década de 1990, essa terminologia começa a ser adotada. A Gestão torna-se, então, o centro dos processos organizacionais. Uma das primeiras providências sugeridas pelas NTGs foi unificar a gestão do trabalho, e a gestão do trabalhador, antes atividades separadas. A partir das Novas Tecnologias de Gestão, observa-se o processo de transferência das atividades de gestão para os trabalhadores, promovendo o deslocamento de alguns dos mecanismos decisórios para os próprios trabalhadores. Essa reestruturação organizacional busca garantir o comprometimento dos trabalhadores e a maior competitividade organizacional junto ao mercado. As NTGs objetivam o controle do trabalhador, mas esse controle passa a ser cada vez mais autocontrole (do desempenho produtivo, dos estados emocionais, e o da subjetividade). A mobilização da subjetividade às habilidades atitudinais e relacionais é incorporada a atividades de gestão.
O termo genérico “novas tecnologias” é empregado para designar a automação de base microeletrônica introduzida na indústria e nos serviços. É componente da reestruturação produtiva em curso em nível mundial. Faz parte das novas tecnologias, inovações na gestão do trabalho e da produção - as técnicas e programas - Círculos de Controle de Qualidade - CCQ, Qualidade Total, Gestão Participativa, Kanban, Controle Estatístico de Processo, entre outros - quase sempre implementados, inicialmente, no Japão (e que passou a se chamar de modelo japonês). |
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Tela 29 |
| Resumo Quando se fala de gestão, a referência é a própria forma de se conceber e gerenciar os recursos envolvidos na produção de um bem ou serviço. São muitas as formas de gestão: de recursos humanos, de capitais, de tecnologia, de marketing etc. Há várias escolas teóricas que propõem formas específicas de articular tais níveis. Entre outras, podem ser citadas: Escola das Relações Humanas, Abordagem Estruturalista da Administração, Administração por Objetivos, Escola Comportamentalista da Administração, Abordagem dos Sistemas Abertos e Abordagem Contingencial da Administração. Ao longo da década de 1970, iniciou-se intenso debate sobre novas formas de gestão, contrapondo-se aos modelos tayloristas e fordistas. Esse debate foi intensificado na década de 1980. Entre as propostas de gestão, assumiu grande repercussão a de gestão participativa. Por gestão participativa - GP -, entendem-se as situações nas quais os trabalhadores, diretamente ou por delegação, estejam investidos da capacidade de decisão na organização do trabalho; eventualmente, nos procedimentos administrativos e comerciais e, mais raramente, na condução geral da empresa ou da instituição. A GT, na verdade, também pode ser compreendida como sendo uma das propostas das Novas Tecnologias de Gestão, de ordem tecnológica e organizacional, voltadas para o núcleo gestional. Sobretudo, a partir do final da década de 1980, as NTGs estão vinculadas ao retorno do fator humano, como novo e importante fator para gerar competitividade; ou seja, para elevar o nível de racionalidade presente nas organizações. |
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| Unidade 3 | Módulo 3 | Tela 30 |
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| 1
- Modelo Japonês - MJ
Nos anos de 1980, a expressão “modelo japonês” começou a ser usada com grande frequência em seminários e publicações. A expressão tentava resumir o conjunto de técnicas de organização da produção e do trabalho industrial, de práticas administrativas, relações de trabalho e princípios de gestão da empresa, associados a ganhos crescentes de produtividade, atingidos pelo sistema produtivo do Japão, após a Segunda Guerra Mundial.
Em um primeiro momento, a indústria dos países avançados obstinou-se na busca pela automatização, visando recuperar sua competitividade. O alto custo em investimentos e os insatisfatórios resultados obtidos reforçam a percepção de que o diferencial de produtividade em favor do Japão - em diversos segmentos estratégicos do mercado mundial, como o automobilístico - não se deve a maior intensidade em capital ou a tecnologias mais avançadas. A resposta, então, não estaria exclusivamente no desenvolvimento tecnológico, mas na organização da produção e do trabalho. Ali estava a chave explicativa do sucesso nipônico.
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Tela 31 |
| Qual
o conteúdo desse modelo? As respostas são as mais diversas, destacando-se os cinco focos frequentes de atenção: 1) Relação capital-trabalho:
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Tela 32 |
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3)
Gestão de fluxos de material e de informação:
4) Relações interempresariais:
5) Apoio do Estado:
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Tela 33 |
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| 2
- O Modelo Japonês em outros contextos culturais
O tratamento que se der à experiência japonesa apresenta dois riscos:
O tratamento mais rico parece ser aquele que articula a irredutibilidade da experiência concreta japonesa com preocupação quanto às possibilidades de disseminação, indução, adaptação e recriação de algumas práticas e princípios em outros contextos. Isso ocorre entre as noções de japonização e toyotismo. Mesmo com tal distinção, muitos são
os elementos alternativos que podem estar sendo evocados, quando se menciona
que o modelo japonês está sendo implementado em algum caso
concreto, o que torna a noção frágil, devido à
ausência de hierarquização entre essas diversas dimensões. |
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Tela 34 |
| O
exemplo japonês tem sido um elemento central na discussão sobre
a crise do fordismo, constituindo-se em ponto de sustentação
para teóricos do pós-fordismo e/ou da especialização
flexível.
Há duas linhas de contestação:
Dentre os vários aspectos que caracterizam o modelo japonês, o que mais foi adaptado em outros contextos, inclusive no Brasil, foi o just-in-time, ficando em segundo plano os referentes ao processo de organização e democratização das decisões dentro da empresa. Deve-se, portanto, tomar as cautelas metodológicas no uso das referências ao modelo japonês.
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Tela 35 |
| 3
- Modelo Italiano - MI
Entre o início dos anos de 1970 e a metade da década
1980, a Itália teve a mais alta taxa de crescimento das quatro
grandes economias europeias, e passou a deter o quarto maior Produto Nacional
Bruto – PNB dos países capitalistas. O papel das pequenas
empresas nesse desempenho é pronunciado: entre 1972 e 1980, as
firmas com 20 a 100 empregados aumentaram sua participação
na produção nacional de 31% para 34%.
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Tela 36 |
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Para muitos, a região centro-norte é considerada como a "Terceira Itália”, para destacar suas singularidades em relação às duas realidades que, classicamente, são opostas: de um lado, o triângulo industrial tradicional (Milão-Turim-Gênova, sedes da produção em massa), ao norte; de outro, o Mezzogiorno, região marcadamente agrícola e mais subdesenvolvida, que compreende o centro-sul e as ilhas.
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Tela 37 |
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A
resposta italiana à crise dos anos 1970 marcou a revalorização
dos elementos frágeis, considerados residuais nas interpretações
do tipo dualístico.
Entre as peculiaridades dos sistemas produtivos da Terceira Itália que permitiram sua afirmação como focos do crescimento, podem-se destacar: Organização
na forma de distrito industrial |
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Tela 38 |
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| Na
região de Emília-Romagna, há alto índice de
sindicalização, ao contrário do que ocorre na Itália,
e não tende a reduzir-se proporcionalmente ao porte das empresas.
As estratégias sindicais são os fatores mais importantes para
se determinar a filiação dos trabalhadores. A capacidade de
negociação das questões relativas à inovação
tecnológica nas firmas é destacada, sobretudo, a partir do
exemplo dos metalúrgicos emilianos.
Há capacidade inovativa decorrente da especialização em processos produtivos específicos. Pode-se enfatizar o papel que a tecnologia microeletrônica desempenhou nos arranjos produtivos da Terceira Itália. Isso permitiu que produtos especializados tivessem custos de produção menos distanciados em relação aos produtos padronizados. Dessa forma, as redes de pequenas empresas italianas constituem inovação à parte do sistema central de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D nacional, destacando sua superior performance. Tem-se como exemplo o conjunto de instituições altamente eficaz
Nota-se também o conjunto de instituições
altamente eficaz na coordenação e no provimento de infraestrutura
e de serviços às redes de pequenas empresas. Exemplos.
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- O MI em outros contextos culturais
De forma próxima ao que acontece com os contextos de especialização flexível e de distrito industrial, o aspecto “modelar” da experiência italiana tem sido questionado em larga medida pela carga valorativa positiva, em muitos dos relatos que dela são feitos, partindo-se de um universo de mais de 60 distritos computados na Itália. Várias dessas realidades locais têm sucesso condicionado, menos pela elevada capacidade de inovar ou estabelecer estratégias avançadas de inserção no mercado, do que pela autoexploração e emprego de mão de obra familiar, evasão tributária e seguridade social, o uso do trabalho feminino e juvenil barato, especialmente não especializado.
Outra crítica é feita à limitada variedade de processos produtivos que, naquele país, obtiveram êxito nos moldes descritos. A evidência de que - ao lado de exemplos como o da produção de máquinas/ferramentas especializadas, na Emilia-Romagna - a grande concentração em indústrias tidas como tradicionais (vestuário e mobiliário, por exemplo) leva a que se ponha em questão a visão da experiência italiana, como exemplo de retomada do dinamismo industrial contemporâneo.
A participação da Itália nas exportações mundiais obteve aumento em ramos industriais que têm apresentado crescimento mais lento perde espaço naqueles em que as taxas mostram-se mais elevadas. Quanto à
sustentabilidade e à possibilidade de difusão da experiência
tomada como modelo, deve ser considerada a possibilidade de que o fenômeno
estudado mostre-se “temporário ou de transição”.
Nessa linha de raciocínio, naquele país, as redes de pequenas
empresas poderiam ter, nos anos 1970 e 1980, vantagens adequadas a um
momento em que uma profunda redefinição de mercados e práticas
produtivas surpreendia e desafiava as grandes corporações.
Estas últimas, todavia, estariam, nos anos 1990, colocando a necessidade
de algum grau de concentração industrial - inclusive com
empresa maior assumindo liderança de caráter hierárquico. |
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Tela 40 |
| Resumo
Os dois modelos de organização, o “japonês”
e o “italiano”, se fundamentam em crítica às
propostas taylorista e fordista de organização, à
medida que buscam, na criatividade, participação e flexibilização
das relações entre capital e trabalho, os pontos de apoio
para o aumento da racionalidade. De maneira mais detalhada, o modelo japonês
apoia-se na: |
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| Unidade 3 | Módulo 4 | Tela 41 |
| 1 - Reengenharia A
reengenharia é sistema de gestão desenvolvido
por meio de diferentes técnicas administrativas. Ela
tem, por pressuposto, uma perspectiva racionalizadora
e democrática.
Podem-se, então, identificar três dimensões essenciais no conceito de reengenharia:
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| Essas dimensões qualificam a reengenharia como princípio fundamental para a organização das relações sociais de produção, no sentido da redefinição das instâncias de poder decisório relativo a determinadas tarefas. Com isso, a relativização da hierarquia, legitimada pelo organograma, se expressa nas afirmações:
A reengenharia pode ser compreendida como sistema de gestão moderno. É alternativa ao modelo burocrático, autoritário e centralizador taylorista e fordista, mediante a atribuição seletiva de informações e autonomia gerencial às diversas unidades da empresa.
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2 - Críticas à reengenharia Para muitos,
no entanto, a reengenharia não propõe nenhum conceito
novo, em matéria de administração. Na verdade,
ela é a reiteração do autoritarismo que sempre
esteve presente na administração da força de trabalho.
Assim,
nos anos 1990, a reengenharia apresentou-se como o processo técnico
necessário para se reverem as regras estabelecidas do processo
produtivo. |
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| De fato, as empresas que fizeram suas reengenharias apresentaram melhores resultados, em termos de produtividade e rapidez das intervenções. A grande característica foi evidenciar que todos os processos internos deveriam estar a serviço do cliente (mercado). Quando
as empresas estão mal, admite-se remédio amargo, pois
o que está em jogo é a sua sobrevivência. Inversamente,
o tratamento pode se tornar violento e desnecessário quando administrado
sem precaução, apenas com a noção ingênua
de que, por ele dar certo em muitas empresas, dará certo sempre.
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Tela 45 |
| A reengenharia aparece como necessária, porque, no contexto atual da economia globalizada, com produção em série para um mercado de massas e pleno emprego, sistemas rígidos de produção e de produção social não são mais possíveis.
Assim, não se pode pensar o processo produtivo em termos de reengenharia.
Seria “nostálgico” ou fixado no “passado”
e não estar de acordo com os novos tempos, mesmo que esses novos
tempos impliquem a redução da complexidade das relações
sociais de produção à dimensão técnico-instrumental. |
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Tela 46 |
Independente do ângulo de análise, a reengenharia, como proposta técnica de gerenciamento e organização do processo produtivo, é estressante e provoca perda de memória técnica da empresa que propõe mudanças quantitativas, porquanto não traduz mudança substancial na base técnica da produção. |
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| 3 - Modelo sueco Alguns teóricos consideram o Modelo Sueco, também chamado de “volvoísmo”, a série de inovações referentes à organização do trabalho, implementadas com o objetivo de desafiar os princípios fordistas e tayloristas. Tais inovações foram implementadas em plantas suecas ligadas às empresas automotivas Saab/Scania e Volvo, fabricantes de carros, caminhões e ônibus. As mais conhecidas são as experiências das fábricas Kalmar, Torslanda e Uddevalla. Após três anos do início da reestruturação, 1977, o volume de produção em Kalmar ainda era insatisfatório. Novas alterações foram introduzidas a fim de racionalizar a produção. Por exemplo.
Contudo,
os trabalhadores, em Kalmar, desejariam ciclos de trabalho mais longos.
Depois da reforma dos anos 70, apesar do enriquecimento de tarefas,
o trabalho continuava repetitivo e a intensificação laboral
ainda era alta. O conteúdo do trabalho da equipe passou a ser definido de forma convencional, por número de minutos e não por função. O sistema de salário também deixou de apresentar relação com o trabalho em equipe. Consistindo em remuneração por posições, assiduidade e tempo de serviço, com a introdução de bônus de produtividade. Extinguiram-se as compensações ao grupo por aumento de responsabilidades.
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| Em
1984, nova avaliação do desempenho da
planta de Kalmar foi realizada, apresentando resultados econômicos
positivos. Os procedimentos de mudanças consistiram em:
O projeto incluía uma central de distribuição de peças, as quais seriam transportadas por veículos automatizados até as equipes, por solicitação delas, via computador.
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Tela 49 |
| Todo treinamento respalda-se na ideia e na relação do artesão-aprendiz, de uma geração para outra no interior de cada ocupação, valorizando a comunicação não-formal. Por exemplo, transferência de “macetes” e dicas e outros recursos que auxiliam e facilitam o domínio mais amplo da técnica de produção. A hierarquia na Volvo era constituída por apenas três níveis:
Nessa estrutura, não há supervisores, mas um ombudsman, também em posição rotativa. A Volvo notabilizou-se por haver posto em prática uma concepção de organização do trabalho que representaria a morte da linha de montagem. Em seu lugar, foi concebido o trabalho em equipe de trabalhadores autônomos, altamente qualificados, com participação no planejamento da produção. Cabe, ainda, referência a algumas características do volvoísmo, que o distinguiriam, por exemplo, do modelo japonês:
No entanto,
e surpreendentemente, a planta de Uddevalla foi fechada em 1993. Considerando-se
o alto desempenho dessa planta em termos de qualidade e de produtividade,
restaria a questão de se saberem as razões para o fechamento.
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Tela 50 |
| Resumo A reengenharia tem, por pressuposto, uma perspectiva racionalizadora e democrática. A reengenharia afirma que a existência de um projeto industrial só existe sob estrutura que articule os aspectos técnicos, econômicos, financeiros, monetários e sociais e também permita um trabalho de síntese (especializado), que coordene o trabalho de vários especialistas e em várias etapas do processo produtivo. O primado da racionalidade, como instrumento gerencial de superação dos limites organizacionais, é fator de mudança e inovação. A reengenharia rompe com os conceitos de linha de produção e permite maiores índices de produtividade, possibilitando a eliminação da média gerência e da supervisão, pelo aumento do nível de envolvimento pessoal de cada empregado. A reengenharia pode ser compreendida como sistema de gestão moderna. É alternativa ao modelo burocrático, autoritário e centralizador taylorista e fordista, mediante a atribuição seletiva de informações e autonomia gerencial às diversas unidades da empresa. Muitos críticos apontam, no entanto, que a reengenharia não propõe nenhum conceito novo, em matéria de administração, sendo, na verdade, uma reiteração do autoritarismo que sempre esteve presente na administração da força de trabalho. O modelo sueco, ou "volvoísmo”, caracteriza-se por uma série de inovações referentes à organização do trabalho, implementada com o objetivo de desafiar os princípios fordistas e tayloristas. Tais inovações foram implementadas em plantas suecas ligadas às empresas automotivas Saab/Scania e Volvo, fabricantes de carros, caminhões e ônibus. As mais conhecidas são as experiências das fábricas Kalmar, Torslanda e Uddevalla. Todo treinamento respalda-se na ideia e na relação do artesão-aprendiz, de uma geração para outra, no interior de cada ocupação, valorizando a comunicação não-formal. A hierarquia na Volvo era constituída por apenas três níveis: trabalhadores, gerentes de oficina e gerentes de planta. |
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