|
Até o surgimento da fábrica, a produção era determinada pelos ritmos da natureza. As noções de cedo e tarde eram orientadas pela posição do sol, pelas estações etc. Com o tempo, as noções do mundo do trabalho na fábrica foram sendo paulatinamente incorporadas e interiorizadas. A ditadura do relógio, para os teóricos, representa o fim da liberdade do sujeito em determinar e controlar seus ritmos corporais. Uma vez ao entrar na fábrica, o trabalhador não tem mais, durante toda a jornada de trabalho, contato algum com o exterior: não dispõe de telefone e seu corpo é agregado como se fosse mais uma peça na enorme engrenagem. Os princípios instaurados no interior da fábrica são complementos novos em relação ao trabalho agrícola ou artesanal. E são tão fortes que, embora formulados para a oficina, serão aplicados também nos escritórios e, aos poucos, diversos setores da sociedade. A organização do trabalho na grande indústria significa obrigar milhares de pessoas, que antes desenvolviam outra atividade no próprio lar, a sair de casa e ir para a fábrica. Mas esses milhares de pessoas, além de alterar o próprio ritmo de produção, também modificaram suas relações afetivas com os outros. Ou seja, com a fábrica, de fato, novas formas de relações sociais surgiram. Se o relógio foi o primeiro instrumento de controle e disciplina fabris, foi com o cronômetro de Frederick Taylor que vieram contornos mais definidos. É impossível falar de controle fabril sem fazer referência a Taylor. O controle e a disciplina fabris foram fundamentais nas formulações de Taylor e Ford. Vários pesquisadores caracterizam a história do início do taylorismo nos Estados Unidos pela introdução de rígido sistema repressivo no interior das fábricas, tirando do trabalhador o domínio que ainda detinha sobre seu próprio trabalho. Tais medidas autoritárias dentro das fábricas obrigaram o governo americano a estabelecer punições contra os abusos cometidos. As novas normas impostas produziram grandes conflitos entre os trabalhadores e os patrões; principalmente devido ao rígido controle dos tempos e movimentos realizado pelos fiscais ou capatazes. Para Taylor, a gerência tinha necessidade de conhecer e compreender o processo de produção, conhecimento esse, até então, em mãos dos trabalhadores. Tratava-se de disputa entre ela e os operários pelo controle do processo de produção. Tanto que o simples indício de o especialista nos estudos dos tempos e movimentos aparecer durante o expediente levava o trabalhador, o grupo ou todo o departamento a trabalhar mais depressa. Ou seja, segundo Taylor, “trabalhador com medo trabalha melhor”. Ford, por sua vez, defendia que o trabalho é fonte de riqueza e não permitia desperdícios. A disciplina do trabalho era uma condição da produtividade. Para ele, não deve existir contato pessoal entre as oficinas; os operários devem cumprir o seu trabalho e voltar logo para os seus lares. |
Copyright © 2010 AIEC. |