4 - Críticas à GP

A adoção da Gestão Participativa seguiu esse ciclo, motivada pela transformação da economia internacional e pelas pressões do novo sindicalismo.

A classe empresarial brasileira, caracterizada historicamente pela sua radical aversão às manifestações autônomas dos subalternos - herança, para muitos sociólogos de um País patriarcal e escravocrata - acomodou-se bem aos princípios do produtivismo taylorista, adicionando, ao seu caráter autoritário, nuanças paternalistas.

A subordinação ao industrialismo internacionalizado levou o empresariado local a reformular o sistema de relações com seus empregados. Dessa forma, a "participação" passou a ser adotada como estratégia para se neutralizarem as reivindicações operárias e o crescimento da penetração dos sindicatos nos espaços produtivos.

A participação, quando reivindicada pelos trabalhadores, é categoricamente rechaçada. O procedimento habitual é se outorgarem espaços delimitados de participação.

As possibilidades e os limites da GT são objetos de controvérsias. Para a empresa, as vantagens são tão evidentes, que certos autores perguntam-se por que ela não é adotada de maneira mais sistemática e permanente. A resposta está nos possíveis desdobramentos resultantes do aproveitamento das brechas no poder hierárquico, arbitrário, detido pelas direções. Existe apenas consenso na constatação de que, em face ao despotismo fabril, o sistema participativo representa não só vantagens para a empresa, mas melhorias substanciais para os trabalhadores.

As posições mais otimistas com relação à GP consideram as experiências em curso altamente positivas, na medida que os assalariados têm possibilidades de: intervir de maneira consciente e criativa na produção, romper com a cultura da submissão, assumir responsabilidades de forma cooperativa; enfim, de se apropriarem de conhecimentos que os habilitem para o exercício da democracia em vários níveis. Apontam, também, que a redução das hierarquias, a descentralização da autoridade e a flexibilização dos controles gerenciais reforçariam o espírito de autodeterminação, ampliando as possibilidades de inovação social, além do esquema convencional da resistência operária.



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