As críticas mais comuns à GP são:


  • como iniciativa patronal, é forma de legitimar as decisões tomadas pela administração superior, sem verdadeira consulta ao conjunto dos trabalhadores;


  • ocorre ao mesmo tempo em que se dá a intensificação da subcontratação, a rotatividade forçada da mão de obra e a retirada de direitos dos trabalhadores;


  • permite às gerências apoderarem-se dos saberes clandestinos e, assim, sabotarem a reapropriação do tempo conseguida pelos operários no sistema anterior (bloqueio das operações, astúcias para se diminuírem as cadências, absenteísmo disfarçado, etc.);


  • possibilita, ainda, transformar-se a colaboração do grupo (corresponsabilidade na execução das tarefas) numa forma de aumento do trabalho individual;


  • embora satisfeitos com o novo sistema, os trabalhadores reconhecem que aumentam o número de horas trabalhadas e a intensidade do esforço despendido;


  • no sistema participativo, os assalariados não reconhecem a gerência como fonte da pressão pelo aumento das cadências, considerando-se responsáveis pela redução da produtividade e culpados pelos eventuais desacertos;


  • o impacto mais contundente da GP ocorre sobre a ação sindical, uma vez que, habitualmente, os sindicatos são excluídos do processo. Por definição, a gestão participativa deveria ser processo coletivo. Entretanto, por imposição patronal, ela tende a isolar o trabalhador das questões coletivas mais amplas. A participação promovida pelas gerências restringe-se aos problemas técnicos da produção (custos, produtividade, qualidade), impedindo a discussão e a contestação do sistema de poder e do sentido da produção;


  • da forma como ela é implementada, integra-se ao conjunto de estratégias antissindicais, dificultando a penetração dos sindicatos nos locais de trabalho, e a livre organização e expressão dos trabalhadores.

Ao possibilitar a participação criativa dos assalariados, ela corresponde ao modelo de gestão menos hierarquizado, menos desumano e menos autoritário que o taylorismo. Isto é particularmente importante no Brasil, habituado à utilização predatória da força de trabalho. Por outro lado, o sucesso da GP traz a possibilidade da intensificação do trabalho e da assimilação, em termos individuais, de normas disciplinares que redefinem e reforçam a hegemonia do capital.


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