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- O MI em outros contextos culturais
De forma próxima ao que acontece com os contextos de especialização flexível e de distrito industrial, o aspecto “modelar” da experiência italiana tem sido questionado em larga medida, pela carga valorativa positiva, em muitos dos relatos que dela são feitos, partindo-se de um universo de mais de 60 distritos computados na Itália. Várias dessas realidades locais têm sucesso condicionado, menos pela elevada capacidade de inovar ou estabelecer estratégias avançadas de inserção no mercado, do que pela autoexploração e emprego de mão de obra familiar, evasão tributária e seguridade social, o uso do trabalho feminino e juvenil barato, especialmente não-especializado.
Outra crítica é feita à limitada variedade de processos produtivos que, naquele país, obtiveram êxito nos moldes descritos. A evidência de que - ao lado de exemplos como o da produção de máquinas/ferramentas especializadas, na Emilia-Romagna - a grande concentração em indústrias tidas como tradicionais (vestuário e mobiliário, por exemplo) leva a que se ponha em questão a visão da experiência italiana, como exemplo de retomada do dinamismo industrial contemporâneo.
A participação da Itália nas exportações mundiais obteve aumento em ramos industriais que têm apresentado crescimento mais lento perde espaço naqueles em que as taxas mostram-se mais elevadas. Quanto à
sustentabilidade e à possibilidade de difusão da experiência
tomada como modelo, deve ser considerada a possibilidade de que o fenômeno
estudado mostre-se “temporário ou de transição”.
Nessa linha de raciocínio, naquele país, as redes de pequenas
empresas poderiam ter, nos anos 1970 e 1980, vantagens adequadas a um
momento que profunda redefinição de mercados e práticas
produtivas surpreendia e desafiava as grandes corporações.
Estas últimas, todavia, estariam, nos anos 1990, colocando a necessidade
de algum grau de concentração industrial - inclusive com
empresa maior assumindo liderança de caráter hierárquico. |
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