| Unidade 3 | Módulo 5 | Tela 1 |
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- Objetivos gerais Para Edward Deming, os Programas de Qualidade Total (PQT) representariam uma revolução na administração, com o objetivo de tornar a economia norte-americana:
Para alcançar objetivos audaciosos, seriam necessárias mudanças radicais na organização do processo produtivo, tais como:
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Tela 2 |
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| A nova
concepção de administração considerava que se
deveria ajudar as pessoas a trabalharem de modo mais inteligente e criativo,
e não a trabalhar mais. Contraditoriamente, o modelo de reestruturação
proposto por Deming
e Juran não sensibilizou o empresariado norte-americano, ainda
muito influenciado pelos modelos taylorista/fordista.
Foi no Japão que a tese encontrou respaldo. Também é importante lembrar que as propostas estavam assentadas na ideia de cooperação e liderança, dois qualitativos estranhos e distantes da proposta taylorista/fordista. E foram esses modelos que formaram a cultura empresarial norte-americana. Era necessário, portanto, aliar-se necessidade de lucro, competitividade e produção ao ambiente cultural propício ao trabalho em equipe. Tal contexto foi encontrado no Japão. A qualidade
seria incorporada ao produto, durante o processo de produção,
em vez de ser controlada apenas no final. |
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Tela 3 |
Na versão formulada por Deming, são propostos quatorze princípios norteadores:
Para as propostas principais, há um conjunto de fundamentos básicos que devem antecedê-las, para que a Qualidade Total seja implementada com êxito. Tais fundamentos básicos são:
Esses fatores combinados representariam efetiva mudança cultural em favor de completa identificação com a empresa. Com isso, o novo modelo procura substituir a figura do chefe/autoridade pela imagem do líder, no sentido de valorizar legitimidade, respeito, reconhecimento e admiração, que a liderança deveria despertar nos subordinados, e não aspectos ligados à hierarquia, distanciamento, temor e conflitos. |
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Tela 4 |
Associado a esses aspectos, temos:
No que se refere ao trabalhador, destaca-se a atitude de comprometimento com os objetivos da empresa, juntamente com a adesão a uma ética do trabalho, de tal forma que ele se transforme em preocupação central na vida do indivíduo. Supõe-se indispensável que se desenvolva o sentimento de pertencimento, com a finalidade de obter disposição para bom desempenho e cooperação, condição que favoreceria a vivência ou experiência de realização pessoal e reconhecimento profissional. Tudo isso, sem que haja, necessariamente, vantagens materiais, tais como: aumento de salário, promoção e melhoria nas condições de trabalho. |
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Tela 5 |
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| Todas as recomendações definem estilo de gestão participativa, fundamentando-se, principalmente, na eliminação de barreiras entre chefia e subordinados com a tomada de decisão por consenso, traduzindo concordância geral e comprometimento do grupo como um todo. |
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Tela 6 |
As propostas se apoiam em dois pressupostos. O primeiro indica que:
A proposta é de transformação cultural que atingiria a empresa como um todo, incluindo a esfera gerencial e a alta gerência. Defende a:
O segundo pressuposto
implica que as transformações no mundo do trabalho, nos
valores e na mentalidade das pessoas, geradas pela busca da qualidade,
assumiriam dimensão universalizante, capazes de desencadear mudanças
na própria sociedade. |
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Tela 7 |
| 2
- Relações empregadores-empregados
No que se refere às relações empregadores-empregados, a ênfase é posta nas atitudes de negociação, cooperação e solidariedade, uma vez que os trabalhadores são considerados os agentes da transformação da empresa. Torna-se, pois, necessário ganhar confiança. Esse tipo de atitude pode representar ameaça ao movimento sindical, na medida em que as empresas tendem a adiantar-se, tomando iniciativas no que diz respeito às reivindicações dos trabalhadores e ao desenvolvimento de acordos e de negociações, embasando-as em vantagens mútuas.
No Brasil,
os PQTs negam a importância da articulação
com o movimento sindical, rejeitando qualquer tipo de negociação
ou acordo com os sindicatos. Essa rejeição é justificada
com o argumento de que não é necessário, pois as
organizações se antecipam à intervenção
sindical no atendimento às demandas dos empregados, em fornecer
melhores condições de trabalho. Tal concepção
consideravelmente discutida pelos sindicatos que afirmam que, com os PQTs,
os trabalhadores passam a ser submetidos a nível muito mais elevado
de dominação, com o agravante de que seus sindicatos, instrumentos
históricos de luta na conquista de melhores condições
de trabalho, são esvaziados. |
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Tela 8 |
Na verdade, toda a lógica orientadora da concepção dos PQTs está calcada na priorização do cliente, e não na satisfação do trabalhador. Essa importante medida possibilita chegar-se à satisfação total do cliente. É de certa forma, a posição do trabalhador como simples engrenagem dentro de sistema amplo, que ele não controla, tal qual nos modelos taylorista e fordista, embora haja todo um argumento fundamentado na “valorização do trabalhador”. Talvez seja o caso de se lembrar de que, nas empresas que aplicaram os PQTs, os salários dos trabalhadores não melhoraram. Ao contrário, concretamente nota-se que se passou a trabalhar mais.
Quando se afirma que a prioridade na abordagem é dada ao cliente, é importante ter clara a dimensão dessa concepção. Não se trata apenas de satisfazer suas necessidades, mas de se apreender a sua expectativa, o que deseja e o que poderá vir a desejar. O levantamento das informações é realizado por meio de instrumentos, tais como pesquisa de mercado e conscientização dos empregados. A estratégia é transformar os funcionários em clientes. Por exemplo, os empregados que não estiverem em contato direto com o cliente externo deverão ver os seus colegas como clientes, os quais, igualmente, deverão merecer atitudes de presteza, dedicação e competência. |
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Tela 9 |
| 3
- Visão crítica aos PQTs
O que representa a estratégia organizacional centrar-se na satisfação do cliente? O que significa o cliente ser o centro das exigências e, em nome dele, serem adotadas ações e tomadas iniciativas que pressionam os empregados? A prática cotidiana das empresas, sobretudo aquelas dos países em desenvolvimento, tem como foco central a necessidade de garantir competitividade, produtividade e maior lucratividade. A satisfação do cliente, de fato, estaria em contradição com as novas práticas de produção, planejadas para gerar obsolescência prematura dos produtos, tendo em vista manter ritmo adequado de consumo em fase de crise de mercados. Essas questões
caracterizam o modelo de Gestão da Qualidade Total
e definem a sua novidade face às práticas de gestão
tradicional. |
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Tela 10 |
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Seria ingênuo acreditar que a simples reprodução de seus quatorze princípios seria suficiente para garantir a pretendida revolução cultural na administração, capaz de reverter os padrões tradicionais. A análise de casos concretos mostra que o mais frequente é a adoção de alguns princípios, de acordo com cuidadosa avaliação das condições da empresa, considerados diferentes fatores - Exemplo. Em relação ao caráter supostamente democratizador dos novos instrumentos de gestão, entre eles os PQTs, tem sido observada a natureza restrita da intervenção dos empregados no cotidiano de trabalho. Estudos mostram a
insignificância do tempo dedicado aos mecanismos participativos,
se comparado ao número de horas de trabalho. Há autores
que acentuam a natureza contraditória das novas formas de gestão.
De um lado, possibilitam a expressão dos trabalhadores e valoriza-lhes
a capacidade de pensar e de propor ideias, capacidade totalmente ignorada
pela gestão em moldes tayloristas. Dessa forma, transforma imediatamente
os dados do quotidiano de trabalho taylorista, caracterizado pela exclusão
da palavra e do saber.
Parece
claro, no entanto, que maior abrangência de tais mecanismos dependeria
de fatores como poder de pressão e de barganha dos empregados.
É, porém, justamente nesse aspecto, que os fundamentos da
nova gestão podem interferir. |
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Tela 11 |
A lógica de funcionamento do Programa caracteriza-se por:
Diferente de outras propostas (como a gestão participativa), o poder de barganha dos empregados fica, também, fragilizado face às condições do mercado em situação econômica desfavorável, evidenciada pelo crescimento do desemprego (resultado, entre outras razões, da utilização mais eficiente dos recursos humanos). Nessas condições, a tendência é de crescer a dependência dos empregados em relação à empresa e, portanto, a legitimidade desta última. |
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Tela 12 |
Resumo O Programa de Qualidade Total tem como objetivos eliminar o desperdício e reestruturar toda a concepção organizacional. O desperdício não se refere exclusivamente à subutilização dos materiais disponíveis, mas também a subutilização das pessoas. A transformação deveria ser gerada não por utilização de novas máquinas, mas por nova abordagem, no que se refere à utilização das potencialidades do empregado. Os Programas de Qualidade Total estão ligados aos modos pós-fordistas de organização do trabalho, que favoreceriam a participação dos trabalhadores nos processos de tomada de decisão nas empresas, contribuindo para a emergência de uma suposta democracia industrial. Um dos pontos mais importantes para que se consiga aumentar a produção com qualidade é a eliminação do medo e a criação de um ambiente de trabalho que favoreça a liberdade de expressão de ideias, de crítica, de sugestões e de exposição de dúvidas entre os empregados da organização. Os líderes e não chefes (na antiga concepção taylorista) seriam pessoas que influenciariam as demais para a aquisição de comportamentos positivos; estimulariam os empregados a obterem melhor desempenho. A ênfase na cooperação expressar-se-ia na valorização do trabalho em equipe e, em consequência, na condenação da avaliação por desempenho, o que tenderia a inibir o trabalho. Nesta proposta de gestão, não há necessidade de coagir, de controlar as pessoas para que elas desempenhem satisfatoriamente suas funções. |
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| Unidade 4 | Módulo 1 | Tela 13 |
| 1 - O processo de trabalho Segundo Marx, toda produção se caracteriza por dois elementos inseparáveis: a)
processo de trabalho, que dá conta da transformação
da natureza que o homem realiza para convertê-la em um objeto útil,
e
b)
as relações de produção,
que dão conta da forma histórica concreta na qual se realiza
o processo de trabalho.
Processo de trabalho é o curso/modo/procedimento de transformação de um objeto em um produto determinado, esteja aquele em seu estado natural ou já trabalhado. É transformação efetuada por atividade humana, por meio de instrumentos específicos.
O momento da transformação é o momento determinante, o mais importante do processo de trabalho. Fala-se em processo de trabalho quando o objeto sofre um processo de transformação para chegar a converter-se em produto útil. Esta transformação se realiza mediante a atividade humana do trabalho, utilizando-se para isso de instrumentos mais ou menos aperfeiçoados do ponto de vista técnico. |
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Tela 14 |
| Os elementos do trabalho são:
Devemos distinguir dois tipos: a matéria bruta e a matéria-prima. Matéria bruta é a substância que provém diretamente da natureza, aquela que o trabalho nada mais faz do que dela se beneficiar. Exemplos: as árvores que esperam ser cortadas nos bosques, o mineral que vai ser extraído das minas, etc. Matéria-prima
é a substância que já sofreu qualquer modificação
efetuada pelo trabalho.
As matérias-primas auxiliares são aquelas que:
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Tela 15 |
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| b) Meios com os quais se trabalha - Há dois tipos de meios de trabalho: um no sentido estrito e um no sentido amplo. Marx denominou de meios de produção a matéria-prima (ou bruta) e os meios de trabalho em seu sentido amplo, devido ao fato de a produção de bens materiais não poder ser realizada sem a participação desses elementos.
c) Atividade humana realizada no processo de produção. A atividade humana desenvolvida no processo de produção de bens materiais é chamada, corretamente, de trabalho. Esse trabalho que se expressa em certa quantidade de produtos implica o emprego de certa quantidade de energia humana.
A fadiga, após uma jornada de trabalho, não é senão a expressão física deste dispêndio de energia, produto da atividade humana desenvolvida durante o processo de trabalho. A boa alimentação e o descanso permitem recuperar a energia gasta.
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Tela 16 |
| Não
se pode confundir o conceito de trabalho com o de força
de trabalho. Cada um deles se refere a realidades diferentes.
Quando Marx fez a diferenciação entre o conceito de trabalho e força de trabalho, estava preparando o terreno para a sua teoria sobre a origem da exploração capitalista, que, segundo ele, conforme veremos a seguir, estaria na exploração da forma de trabalho.
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Tela 17 |
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| 2 - O trabalho: fonte de todos os valores Todo o
aparato conceitual formulado por Marx teve como fio condutor a tese
segundo a qual o trabalho humano, essa capacidade de transformar matérias
brutas em matérias-primas, é a fonte primeira do valor. E esta é a principal contradição do capitalismo: o trabalho humano, fonte de todas as riquezas, não usufrui das riquezas criadas por ele mesmo. Embora tenhamos uma sociedade em que a produção é coletiva, por meio da divisão social do trabalho, a apropriação do fruto desse trabalho coletivo é privada. No capitalismo, o direito à propriedade privada sobrepuja-se ao direito à justiça e à igualdade. Esta contradição do capitalismo o leva a permanentes crises. O pensamento de Marx é, portanto, uma interpretação do caráter contraditório ou antagônico da sociedade capitalista.
Para Marx, os conflitos entre os operários e empresários são o fato mais importante das sociedades modernas. De certo modo, todo seu pensamento é um esforço destinado a demonstrar que esse caráter contraditório é inseparável da estrutura fundamental do capitalismo. Para Marx, o que faz a história andar são os conflitos entre os interesses de classes. Esta é a primeira ideia decisiva de Marx: a história humana se caracteriza pela luta de grupos humanos, das classes sociais. |
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Tela 18 |
| Para começar, a burguesia, classe dominante, é incapaz de manter seu poder sem revolucionar permanentemente os instrumentos da produção, sem racionalizar seus atos. Ou seja, no capitalismo há uma permanente busca para se combinar os meios apropriados aos fins, de forma a obter o máximo de resultado com o mínimo de esforços. Para Marx,
a burguesia não pode existir sem transformar constantemente os
instrumentos de produção, portanto, as relações
de produção. Esta característica diferencia o capitalismo
de todos os outros sistemas econômicos, qual seja a busca permanente
de transformar os meios de produção e, ao fazê-lo,
também alterar as relações de produção.
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Tela 19 |
| As contradições geradas pelo capitalismo podem ser resumidas em dois pontos:
Empenhados numa concorrência infindável, os capitalistas não podem deixar de aumentar os meios de produção, de ampliar ao mesmo tempo o número dos proletários e sua miséria. Os capitalistas não podem deixar de transformar a organização social. O caráter contraditório do capitalismo se manifesta no fato de que o crescimento dos meios de produção, em vez de se traduzir pela elevação do nível de vida dos trabalhadores, leva a um processo de pauperização. |
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Tela 20 |
| Vejamos as principais teses de Marx:
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Tela 21 |
| 3 - Valor-trabalho Segundo Marx, o valor de qualquer mercadoria é, de modo geral, determinado pela quantidade de trabalho social média nela contida. É o que chama de valor-trabalho. Toda mercadoria leva um tempo para ser produzida. O tempo que o trabalhador leva para produzi-la determina, portanto, o valor da mercadoria. É importante não confundir valor com preço. O valor é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produção da mercadoria, enquanto no cálculo do preço de uma mercadoria outras variáveis interferem (como os outros insumos da produção, mecanismo da lei de oferta e procura, etc.). Quando Marx formulou suas teses sobre o valor da mercadoria relacionando-o ao trabalho humano, tinha em mente que:
De fato,
basta lembrarmos que o local onde se compra e se vende força
de trabalho é chamado “mercado de trabalho”. |
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Tela 22 |
| O tempo de trabalho necessário para o operário produzir um valor igual ao que recebe, sob forma de salário, é inferior à duração efetiva do seu trabalho e é o tempo de trabalho não pago pelo capitalista ao operário. Daí decorre o lucro do capital. A esse valor não pago, Marx chama de “mais-valia”. Vejamos um exemplo: Um trabalhador é contratado para produzir sapatos, em uma jornada de trabalho de 40 horas semanais, portanto, 160 horas/mês. Imaginemos
que a produção de sapatos por operário ao longo
de um mês seja de 100 unidades. Pois então, provavelmente quando o empregado tiver cumprido 80 horas de trabalho já terá produzido 50 sapatos, que quando forem vendidos pagarão, com sobra, seu salário. Agora responda: o operário para de trabalhar quando produz os 50 sapatos?
Não, ele continuará produzindo sapatos por mais 80 horas, transferindo a energia da sua força de trabalho para transformar cola, couro, linha, tinta, sola em nova mercadoria: sapato. |
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Tela 23 |
| É, portanto, o trabalho humano, o único que tem a capacidade de produzir novas mercadorias. No entanto, no capitalismo, não há justa troca do tempo de trabalho, despendido ao longo da jornada de trabalho, com a remuneração. Retornando ao exemplo, o trabalhador continuará a produzir valores, materializados em valor-sapato, por mais 80 horas sem remuneração. Aí está o segredo do capitalismo. É desse mais valor (mais-valia), não remunerado, que o capitalismo extrai sua taxa de lucro. Ou seja, o trabalhador produz, em 80 horas, um valor igual ao que está contido no seu salário, mas na verdade trabalha 160 horas. Portanto, trabalha metade do tempo para si mesmo e a outra metade para o dono da empresa.
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Tela 24 |
| Existem dois procedimentos fundamentais para aumentar a mais-valia à custa dos assalariados, isto é, para elevar a taxa de exploração. a)
Um consiste em prolongar a duração do trabalho, ou seja,
prolongar-se a jornada de trabalho, que Marx chamará de mais-valia
absoluta.
b)
E a mais-valia relativa que consiste em reduzir o mais
possível o tempo de trabalho necessário, por meio do incremento
de novas tecnologias. Isso explica o mecanismo da tendência pela
qual a economia capitalista procura aumentar constantemente a produtividade
do trabalho.
A mais-valia absoluta era típica do início do capitalismo, quando os trabalhadores cumpriam uma jornada de trabalho extenuante de 17 a 20 horas diárias. A mais-valia relativa é característica dos tempos modernos com o desenvolvimento tecnológico. A origem
do lucro, segundo Marx, é o modo como um sistema econômico
em que tudo se troca de acordo com o seu valor, pode, ao mesmo tempo,
produzir mais-valia, isto é, lucro para os empresários.
Há uma mercadoria que tem esta particularidade de ser paga pelo
seu valor, e ao mesmo tempo produzir mais que seu valor, é o
trabalho humano. |
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Tela 25 |
| Para sabermos o nível de desenvolvimento tecnológico de uma empresa, precisamos observar sua composição orgânica, ou seja, a relação entre o capital constante e o capital variável.
A mais-valia provém toda do capital variável, correspondente ao pagamento dos salários. A modificação da composição orgânica do capital torna-se inevitável pela concorrência, e também pelo desejo dos empresários de diminuir o tempo de trabalho necessário. Com a globalização, o que acontece é a elevação permanente da composição orgânica do capital, e toda empresa que não consegue renovar-se permanentemente para manter-se no mercado, principalmente por meio da redução do capital variável necessário, perde em produtividade. A concorrência
das empresas capitalistas aumenta a produtividade; o aumento da produtividade
se traduz normalmente pela mecanização da produção,
isto é, pela redução do capital variável
em relação ao capital constante. Em outras palavras, o
mecanismo da concorrência de uma economia baseada no lucro tende
à acumulação do capital, à mecanização
da produção, à redução da parte do
capital variável no capital total. |
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Tela 26 |
| 4 - A fábrica: local de extração da mais-valia É
importante se lembrar de que, para Marx, o local onde acontecerá
o “milagre” da produção capitalista, ou seja,
da extração da mais-valia, é a fábrica.
Especialização.
Levado às máximas consequências, muito diferente
da adotada nos séculos anteriores. Taylor chega ao ponto de defender
que cada trabalhador deve repetir milhares de vez por dia um só
gesto (enroscar um parafuso, por exemplo, ou deslocar um material),
para fazê-lo o mais mecanicamente possível. A
sincronização. Se fôssemos artesãos
numa oficina de vasos, cada um fabricaria um vaso inteiro. Se, ao contrário,
trabalhássemos numa linha de montagem, você enroscaria
um parafuso e, cinco segundos depois, eu deveria apertar outro: logo,
deveríamos ambos estar presentes no instante que a cadeia se
inicia. E bastaria que um de nós dois falhasse para que fracassasse
toda a produção. |
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Tela 27 |
| Resumo Para Marx, a fonte de todas as riquezas encontra-se no trabalho humano. Enquanto o trabalhador está no espaço da fábrica, o que ocorre, de fato, é a transferência de energia da força de trabalho, que dá vida às mercadorias.O valor do trabalho pode ser medido como o valor de qualquer mercadoria. O salário pago pelo capitalista ao trabalhador assalariado, como contrapartida da força que este último lhe vende, equivale à quantidade de trabalho social necessário para produzir mercadorias indispensáveis à vida do trabalhador e de sua família. O trabalho humano é pago pelo seu valor, de acordo com a lei geral do valor aplicável a todas as mercadorias. No entanto, quando ele produz mercadorias suficientes para pagar seu salário, não para de trabalhar, a jornada de trabalho continua. É desse excedente que provém o lucro do capitalismo, no mais-valor que não é pago ao trabalhador. Há duas formas de mais-valia: a relativa e a absoluta. O nível de desenvolvimento do capitalismo é medido por sua composição orgânica, ou seja, a relação entre o capital constante e o capital variável. |
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| Unidade 4 | Módulo 2 | Tela 28 |
| 1 - As organizações em xeque No segundo
semestre de 2003, a revista Exame publicou uma longa matéria
sobre as novas relações humanas nas grandes organizações.
Essa matéria nos dá um quadro trágico e pessimista
dos resultados de novos modelos de gestão implementados nos últimos
30 anos que, em última instância, serviram muito mais para
oprimir o trabalhador e diminuir sua qualidade de vida, do que a antiga
promessa de felicidade. Algumas situações levantadas pela matéria:
Pois é, situações como essas se tornam cada vez mais corriqueiras no cotidiano corporativo, e levam grande número de executivos a se perguntar se ainda vale a pena trabalhar numa grande empresa. |
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Tela 29 |
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| Não
há dúvida de que nos últimos tempos a vida ficou
muito mais difícil.
De
cada três executivos, dois sonham sair. Talvez você esteja
pensando que esse pessoal poderia ser justamente aquele que não
está dando conta do recado, os profissionais que têm dificuldade
em se adaptar às novas exigências do mundo empresarial.
Esses
três exemplos, de certa forma, revelam uma tendência geral
dentro das organizações. A revista Exame conversou
com presidentes de algumas das maiores empresas do país. As respostas
sobre a vida nas organizações foram mais ou menos consensuais
e apontam que a vida nas organizações está piorando.
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Tela 30 |
| 2 - Uma bomba-relógio? O que parece hoje uma situação desconfortável para os executivos é também uma bomba-relógio para as empresas. Segundo Luiz Roberto Gouvêa, gerente-geral da consultoria de recursos humanos Towers Perrin, “quando a economia se recuperar, o problema da insatisfação ganhará visibilidade e as companhias verão seus executivos mais valiosos saindo em busca de algo melhor”. A insatisfação
dos profissionais já está custando às empresas
uma perda de intensidade no relacionamento e no comprometimento com
seu empregador. Enquanto não pode sair, o empregado fica “cumprindo
tabela”, como se diz na gíria. Mas a cabeça já
não está lá. O executivo persegue o resultado com
um pouco menos de empenho, não se esforça para ser tão
criativo quanto poderia, economiza aquela dose extra de energia tão
fundamental para a organização.
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Tela 31 |
| As empresas
estão ameaçadas de perderem as contribuições
intelectuais das pessoas, e de terem profissionais que entreguem somente
o suficiente, e não o extraordinário. Pressionados por
um mercado cada vez mais competitivo e recessivo, as propostas das novas
tecnologias de gestão podem declinar. E a criatividade e a motivação
dos funcionários decrescerem. Outras companhias diagnosticam o problema, mas não sabem o que fazer. “Mais gente tem me procurado para falar sobre desempenho, e está ficando mais difícil gerenciar as expectativas”, diz Mário Fleck, presidente da consultoria Accenture. Apresentada a questão desse modo, parece que as empresas de repente se tornaram más e os executivos são suas vítimas. Não é assim. O que acontece hoje é consequência de um conjunto de mudanças pelas quais vem passando o mundo das organizações. |
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Tela 32 |
| Nas filiais
das multinacionais, a crise e as descobertas de desvios contábeis
nos Estados Unidos fizeram aumentar os controles da matriz, o que reduz
a autonomia dos executivos locais. Nas empresas
em geral, a necessidade de resultados de curto prazo, que já
vinha aumentando nos últimos anos, agora se tornou questão
de sobrevivência. Com o processo de fusões e aquisições
e com o enxugamento das empresas, há hoje muito menos postos
aos quais os executivos possam ascender. Podem-se citar alguns exemplos
de como essas mudanças se refletem no dia a dia: Apenas dois exemplos para se medir o nível de stress no ambiente organizacional:
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Tela 33 |
| Mais do que desestímulo, o que se nota nessas mudanças é um momento delicado nas relações corporativas. Na década passada, o que se ouvia no mundo empresarial era uma defesa incondicional do capital humano. Era a “guerra pelos talentos”, espelhando a teoria de que o diferencial competitivo dos novos tempos não estaria mais em produtos ou tecnologia, mas em cérebros.
O discurso de que as pessoas são o principal ativo dos negócios se mantêm, mas agora as pressões competitivas estão mais visíveis do que o apreço pelos profissionais que se destacam.
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Tela 34 |
| 3 - A balança virou Nos últimos anos, demissões no alto escalão tornaram-se corriqueiras, e o topo das organizações transformou-se num lugar escorregadio. “Hoje as companhias não podem ter certeza de que vão manter os funcionários-chave para o seu sucesso. O novo modelo de relacionamentos é regulado pelas variações de humor do mercado, de forma que fica difícil pensar em contratos estáveis ou comprometimento de longo prazo", afirma o americano Peter Cappelli, diretor do Centro de estudos de recursos humanos da Escola de negócios Wharton, da Universidade da Pensilvânia. Passamos
do modelo do funcionário feliz para o do funcionário com
medo. Na década de 1990, quem dava as cartas eram os profissionais.
As empresas faziam filas nas portas das principais universidades e escolas
de negócios para literalmente caçar os melhores alunos,
às vezes ainda no meio do curso, e os headhunters viviam
ocupados prospectando os talentos nas empresas concorrentes de seus
clientes.
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Tela 35 |
| Atualmente,
tudo indica que a balança virou para o lado das empresas. Elas
são as procuradas. O que já era verdade no nível
técnico tornou-se real também para os “talentos”
executivos.
Por
mais que se possa argumentar que a tecnologia também cria empregos,
não se pode “tapar o sol com a peneira” e afirmar
que o desemprego tecnológico não se constitui em um problema. Não é nosso interesse fazer ataque ou defesa do desenvolvimento tecnológico, mas pensar, refletir, debater sobre os alcances e influências dessas rápidas e radicais transformações na cabeça dos trabalhadores, setor sem o qual a vida nas organizações não existe. |
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Tela 36 |
| Vivemos uma época de medo e insegurança. Muito se falou de “novos modelos de gestão”, “novas tecnologias de gestão” (a reengenharia, a qualidade total, os modelos japonês, italiano e sueco) e parece que paira no ar um retorno ao taylorismo. Talvez pior: você se lembra do que Taylor afirmava? Ele dizia que a presença do capataz na linha de produção era importante para gerar medo nos operários e o medo era um fator importante, tipo de insumo invisível, para a produtividade. Por que piorou? Porque não é mais preciso a presença do capataz. O próprio trabalhador "se policia". No entanto, vale ressaltar que muitas empresas que dizem ter realizado processos internos de reengenharia, qualidade total, etc., não abrem mão de utilizar as novas tecnologias para controlar seus funcionários, seja com câmaras de filmagem, ou com controle de entrada e saída, via cartões magnéticos.
Na verdade, essas questões nos põem diante da difícil e complexa tarefa de examinar sociologicamente a vida nas organizações em tempos de permanentes revoluções técnico-científicas. Quando se diz “sociologicamente” deve-se ter claro que estamos fechando o foco nas relações sociais. |
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Tela 37 |
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| Os novos
estudos em ambientes organizacionais apontam que a sensação
geral entre os empregados é que as empresas só querem
saber dos negócios e estão cada vez menos preocupadas
com as pessoas, como indicam as pesquisas de clima da consultoria de
recursos humanos Hay.
O número
dos que dizem haver boas oportunidades de carreira na empresa, que em
2000 já era de apenas 40%, caiu ainda um pouco mais para 37%.
As mudanças no ambiente empresarial criam focos de tensão
para os executivos, segundo um estudo da professora Betania Tanure,
especialista em comportamento organizacional da Fundação
Dom Cabral, de Belo Horizonte, que entrevistou 626 profissionais de
várias das 500 maiores empresas do país. “Existe atualmente um olhar mais crítico em relação à gestão, e isso acentua o desconforto”, afirma Betania. |
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Tela 38 |
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A tendência à crise dos trabalhadores aumenta também devido à pressão das organizações que, empurradas pela alta competitividade no mercado, impõe aos seus trabalhadores a necessidade permanente da reciclagem. Nas oficinas
artesanais, por exemplo, quando a família participava
de todo o processo produtivo, as crianças cresciam ao mesmo tempo
em que aprendiam, já produziam, e o “jeito de fazer”
não mudava. Quanto mais tradicional, melhor. Por exemplo, atualmente na escola de executivos da Telecom, a empresa estatal italiana de telefonia, os engenheiros fazem cursos de atualização, que duram nove meses. Mas, no final do curso, parte do que aprenderam já se tornou ultrapassado, porque no meio um novo tipo de celular ou fibra ótica foi introduzido no mercado. E, é justamente isso que provoca medo, ansiedade no ambiente organizacional. Quando se supõe que se domina uma técnica ou uma rotina de trabalho, novos padrões, metas e desafios são apresentados. |
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Tela 39 |
| 4 - O abismo entre pessoas e empresas O que explica o mal-estar generalizado é um abismo crescente entre os profissionais e as organizações. Segundo estudiosos, a razão é que, ao longo do último século, os indivíduos evoluem muito mais do que as corporações.
A consequência é que os indivíduos acham cada vez mais difícil acreditar que as organizações sejam capazes de atender a seus interesses, seja como consumidor, seja como funcionário. O que estudos mostram, portanto, é um fosso entre indivíduos modernos e uma mentalidade corporativa antiquada. Mas há ainda o fosso contrário, apontado por psicólogos como José Ernesto Bologna, da Ethos Desenvolvimento Humano e Organizacional: aquele entre a pós-modernidade das empresas e os anseios tradicionais das pessoas. |
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Tela 40 |
Se essas análises estão corretas, por que o sistema ainda sobrevive? Segundo Betania, da Fundação Dom Cabral, trata-se de uma situação temporária. “Soa dramático, mas, no geral, as empresas enxergam da seguinte forma: o modelo não é sustentável do ponto de vista do indivíduo, mas está sustentável do ponto de vista da organização”, diz ela. Estar sustentável
não significa, no entanto, que o modelo esteja confortável.
Várias empresas notam os sintomas de crise. As principais
queixas, segundo Pianucci, são a perda de poder de decisão
e as inquietações do dia a dia. Mesmo empresas que praticam
a chamada administração participativa, inclusive as que
cultivam o modelo do funcionário-acionista, vêm sendo afetadas.
É o caso da Promon, um grupo de engenharia e tecnologia cujo
controle acionário pertence aos funcionários. |
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Tela 41 |
| "A nova geração de talentos é formada por pessoas menos comprometidas com a empresa.” Isso se reflete na adesão ao modelo de controle acionário: em 1998, 87,5% dos profissionais de 25 a 30 anos eram acionistas da empresa. Hoje, a taxa é de 54,3%. Preocupado,
Gemignani muniu-se na última semana de junho com 50 funcionários
para debater a questão. Um dos motivos apontados para a queda
de interesse foram as demissões do ano passado, quando a empresa
teve de cortar seu quadro pela metade. “Não saíram
só os de desempenho baixo, foi um corte na carne. As pessoas
interpretaram assim: a empresa quer comprometimento, mas não
pode oferecer garantias?", diz Gemignani. |
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Tela 42 |
| Resumo Atualmente
as grandes organizações vivem uma crise sem precedente
histórico. Pressionadas pela alta competitividade do mercado,
as organizações passam a exigir de seus funcionários
metas cada vez mais rígidas. Os procedimentos de controle, próprio
do modelo taylorista, são revigorados. Essa conjuntura gera nos
profissionais uma insatisfação que se reflete no pouco
entusiasmo e envolvimento com os objetivos da organização.
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| Unidade 4 | Módulo 3 | Tela 43 |
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1
- Reinventar a empresa? A diminuição de pressão é improvável, até porque as pessoas estão imbuídas do mesmo espírito. “Outro dia perguntei a alguns líderes o que é ter sucesso”, diz Marcos Cominato, diretor de RH da Nokia. “A resposta que obtive foi: galgar níveis mais altos no menor tempo possível. Para ele, o cotejo entre essas expectativas altas e a realidade oferecida acaba dando margem a conflitos. “As chances de a maioria estar descontente é muito grande”, afirma Cominato. Embora se diga há mais de uma década que o mundo em que vivemos mudou, que longevidade no emprego e garantia de ascensão contínua na carreira são valores fora de moda, os profissionais ainda se comportam em grande medida como no passado. “A maioria das pessoas que me procuraram para aconselhamento de carreira e estão atrás de um novo emprego continua buscando os modelos antigos”, diz Saulo Lerner, diretor responsável por altos executivos da consultoria Right Saad Fellipelli. Ou seja: esse pessoal quer segurança, salário, benefício, autoridade formal, promoções e título. |
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Tela 44 |
| Outra corrente de analistas sugere que a solução é reinventar a grande empresa, para que ela funcione como se fosse pequena. “Grandes estruturas, para funcionar, precisam de sistemas rígidos, chefes e controles. É uma abordagem mecanicista, não uma abordagem natural”, diz o consultor Oscar Motomura, fundador da Amana-Key, empresa de treinamento de executivos. Essa opinião tem amparo em várias pesquisas científicas. “Sociólogos já reconheceram há muito tempo que os negócios com menos de 200 indivíduos podem operar com fluxo livre de informações”, diz o psicólogo Robin Dunbar, da Universidade de Liverpool. Com mais de 200 pessoas, a organização perde o senso de comprometimento individual e o reconhecimento das especialidades de cada um, que tanto ajudam a fortalecer o grupo. “Em grandes estruturas, os favores são claramente um toma-lá-dá-cá, em vez de uma obrigação comum”, diz Dunbar. A Gore Associates, multinacional americana de alta tecnologia, que produz tecidos impermeáveis, fio dental, isolantes para cabos de computadores e vários tipos de cartucho para a indústria, tenta reinventar os vínculos entre seu pessoal. A companhia fatura 1 bilhão de dólares por ano e emprega 7.000 funcionários, mas nenhuma divisão de negócios tem mais de 200 pessoas. Se uma unidade cresce, além disso, é dividida. A frustração de um dos fundadores, Bill Gore, com a burocracia das grandes organizações deu origem a uma cultura não hierárquica, que valoriza a autonomia e o empreendorismo. Não há organograma, não há chefes, não há plano de carreira e nem canais estruturados de comunicação. Ninguém tem cargo, são todos “associados”. Algo que se aproxima disso no Brasil é a cultura da construtora Odebrecht, onde não há departamentos e cada equipe é uma unidade de negócio, como se houvesse pequenas empresas dentro da grande. “É uma confederação de funcionários-parceiros, na qual o sujeito vê o resultado e participa dele”, diz Sergio Foguel, membro do conselho de administração da Odebrecht. Cada líder é responsável por um centro de resultado e tem uma empresinha para gerir. O foco do REI não é dar benefícios. O plano de saúde existe, mas é opcional, ou seja, o profissional que tiver interesse em comprá-lo deverá geri-lo em todos os aspectos.“O importante para nós é que o sujeito cresça, remunere-se e faça sua poupança”, diz Foguel. |
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2 - A gestão do vínculo. Especialistas afirmam que salário e desafios já não são mais suficientes para motivar os executivos. “A retenção estará cada vez mais baseada em aspectos culturais. A gestão do vínculo está ficando muito mais complexa.”, diz o headhunter Luis Carlos Cabrera, da PMC Amrop. Isso não está passando despercebido para as empresas. “Retenção como conhecemos é coisa do passado”, diz Cominato, da Nokia. “As empresas têm de se esforçar para criar causas que tenham valor para as pessoas e fazer com que se identifiquem com a cultura.” Para Cominato, “chegou o momento de fazer o alinhamento entre a nova cara das empresas e as expectativas das pessoas”.
Às
vezes, o caminho é alinhar a velha cara das empresas. A Johnson
& Johnson (J&J) segue desde 1943 o credo de que seus objetivos
são atender, nesta ordem, o cliente, o funcionário, a
comunidade e só então o acionista. “As pessoas insatisfeitas são aquelas que não se identificam com a cultura da organização”, diz Fábio Barbosa, presidente do ABN Amro Real, banco que vem apostando alto na formação de imagem de respeito à sociedade e transparência. “Nosso mote é: é possível dar certo fazendo as coisas do jeito certo”, diz Barbosa e “ O elemento central do vínculo entre funcionários e empresa é a identidade de valores. Segundo Motomura, da Amana-Key, as pessoas precisam sentir que seu trabalho tem significado e que elas fazem parte do processo de decisão. |
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Tela 46 |
| Como construir uma cultura empresarial saudável, que valorize a participação dos empregados? Betania Tanure, da Fundação Dom Cabral, sugere:
Talvez
a resposta seja um pouco de cada coisa: encontrar formas de amenizar
a pressão e lidar com as expectativas, criar estruturas de convivência
menores e mais flexíveis, dar sentido ao trabalho e participação
nas decisões. Nada disso é fácil. Mas é
neste momento, de mercado favorável ao empregador, que as companhias
precisam agir. |
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Tela 47 |
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3
- As histórias de cinco executivos Segundo
a Global Entrepreneurship Monitor, que analisa o empreendedorismo em
37 países, mais da metade dos empreendedores brasileiros cria
a própria empresa por pura necessidade. Mas há, também,
os que, mesmo bem-sucedidos numa grande organização, decidem
sair. “O risco de ser executivo está cada vez mais
próximo do risco de empreender. E, em tempos de corte de custos,
os que gostam de criar valor se cansam de vê-lo ser destruído
nas grandes empresas.”, diz Marília Rocca, diretora-geral
do Instituto Empreender Endeavor, organização não
governamental de apoio ao empreendedorismo.
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Tela 49 |
| 4 - Desemprego no mundo Vivemos momentos de profundas mudanças no mundo de trabalho, decorrentes das inovações tecnológicas e organizacionais. Vale lembrar uma passagem do texto de Marx:
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Tela 50 |
| Historicamente, o capitalismo teve que revolucionar constantemente as forças produtivas, bem como as próprias relações sociais de produção. O desemprego estrutural desde o fim de século demarca não apenas o aumento do exército de reserva, mas especialmente o excedente de trabalhadores, ou seja, a não necessidade, para a produção de milhões de trabalhadores.
O desemprego, no entanto, não atinge exclusivamente os trabalhadores não qualificados. Os trabalhadores qualificados também continuam perdendo seus empregos. Na Alemanha, atualmente, quase um milhão de operários qualificados e 75.000 engenheiros, economistas de empresa, físicos e químicos na sua maioria com menos de 35 anos de idade, estão sem emprego. O desemprego dos trabalhadores qualificados triplicou em dez anos.
O núcleo representado pelos trabalhadores estáveis, permanentes, não cessa de diminuir, enquanto o número de trabalhadores precários, terceirizados, em tempo parcial, cresce a cada dia. Esse quadro expressa bem a crise estrutural vivida pelo capital. |
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Tela 51 |
| Empresas como a Nike pagam às trabalhadoras um salário mensal de US$ 38. O mesmo ocorre com outras empresas como Walmart, Kmart e Sears, em Bangladesh, que pagam às trabalhadoras, por uma jornada de trabalho de 60 horas semanais, um salário mensal de US$ 30. A Sony informou,
em outubro de 2003, que cortará 13% de seu quadro de funcionários
em todo o mundo, o equivalente a cerca de 20 mil pessoas, ao longo dos
próximos três anos. Só no Japão serão
fechadas mais de 7000 vagas, as outras 13 000 serão distribuídas
por suas filiais em todo mundo. Ao contrário do que prenunciam alguns entusiastas do fenômeno da globalização, intensificam-se as contradições de classes e a anarquia na produção, que se expressam nitidamente nas formas antediluvianas de superexploração, bem como no desemprego estrutural, na desregulamentação das conquistas históricas dos trabalhadores, no trabalho em tempo parcial, na precarização das condições de trabalho em tempo parcial, e na miséria crescente e pauperização crônica – que grassam desde os países centrais aos países periféricos. Para manter-se, o capital cria também outras formas de controle social, tais como: controle efetivo da produção, controle dos tempos e movimentos, novas formas de gestão da força de trabalho, flexibilização do trabalho, reestruturação produtiva (CCQ, TQC, JIT, KAIZEN, KANBAN, gestão participativa, trabalho em grupo, etc.). |
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Tela 52 |
| O
desemprego no Brasil - Pesquisas revelam que o trabalhador brasileiro
está mais produtivo, mas nem por isso está ganhando mais
dinheiro. Isso significa que o operário que produzia cem canetas em 1991 passou a fabricar 119 unidades em 1998, no mesmo espaço de tempo. Só que, enquanto isso, de 1990 a 1999, a participação do salário na composição do Produto Interno Bruto (PIB) caiu oito pontos percentuais, de 45% para 37% respectivamente. Há vários setores em que a renda real do empregado até caiu, como o de refino de petróleo, farmacêutico, perfumaria, café, leite, laticínios, óleos vegetais, comunicações e construção civil. É o que constata trabalho do Ph.D. em Economia, Regis Bonelli, pesquisador associado do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Entretanto, ele não viu relação entre ganhos de produtividade e queda de preços. O trabalhador
saiu perdendo nessa década, porque nos anos 1990 ele ficou muito
mais preocupado em manter o emprego do que em aumentar o salário.
O desemprego faz com que os sindicatos percam poder de negociação.
Além disso, para poder competir, as empresas tiveram de reduzir
custos, o que significa, entre outras medidas, evitar reajustes salariais. |
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Tela 53 |
| Alguns setores, porém, conseguiram até superar isso. Pelos cálculos do economista, a produtividade do trabalhador do setor de extração de petróleo, gás, carvão e de combustíveis subiu 11,73 ao ano. Os setores da economia brasileira que mais cresceram foram os produtores dos chamados “bens modernos”. O IBGE identifica
uma queda de oito pontos percentuais na participação do
componente trabalho (remuneração dos empregados) no PIB. Ao mesmo tempo, as empresas investiram em tecnologias e os aluguéis subiram (ambos são componentes do capital) nos anos 1990. Como esses ganhos não foram repassados aos salários, veio a queda da participação do trabalho. Segundo alguns
economistas, essa situação deve persistir por mais algumas
décadas no Brasil. Para que ocorra uma inversão, é
preciso que o trabalho seja mais valorizado e a indústria esteja
bem diversificada para absorver a mão de obra desempregada. |
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Tela 54 |
| Resumo O mundo globalizado
desenhou uma nova relação entre capital e trabalho. Segundo
os dados disponíveis, os salários dos trabalhadores, qualificados
ou não, sofreram perdas consideráveis nas duas últimas
décadas. Essa realidade não está limitada aos países
pobres ou em via de desenvolvimento, mas atinge principalmente os desenvolvidos. |
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