1.
Os homens entram em relações determinadas, necessárias,
que são independentes da sua vontade. Em outras palavras, convém
seguir o movimento da história analisando a estrutura das sociedades,
as forças de produção e as relações
de produção.
2.
Em toda sociedade se pode diferenciar a base econômica, ou seja,
a infraestrutura e a superestrutura. A primeira é constituída
pelas forças produtivas e relações de produção,
ou seja, a base econômica; na superestrutura figuram as instituições
jurídicas e políticas, bem como os modos de pensar, as
ideologias, as filosofias.
3. O motor do movimento histórico é a contradição,
em cada momento da história, entre as forças e as relações
de produção. As forças de produção
são a capacidade de certa sociedade produzir; capacidade que
é função dos conhecimentos científicos,
do aparelhamento técnico, da própria organização
do trabalho coletivo.
As relações de produção são caracterizadas
pelas relações de propriedade. Em outras palavras, o movimento
da história é constituído pelo movimento das forças
produtivas, que entram em contradição, em certas épocas
revolucionárias, com as relações de produção,
isto é, tanto as relações de propriedade como a
distribuição da renda entre os indivíduos e grupos
da coletividade.
Nessa contradição, entre forças e relações
de produção, é fácil introduzir a luta de
classes. Basta considerar que nos períodos revolucionários,
isto é, nos períodos de contradição entre
forças e relações de produção, uma
classe está associada às antigas relações
de produção, que constituem obstáculo ao desenvolvimento
das forças de produção, enquanto que outra classe
é progressiva, representa novas relações de produção.
4.
Na sociedade capitalista, a burguesia está associada á
propriedade privada dos meios de produção e, por isso
mesmo, a certa distribuição da renda nacional. Em contrapartida,
os trabalhadores, que constituem o outro polo da sociedade, que representa
outra organização da coletividade. Esse polo se torna,
em certo momento da história, o representante de nova organização
social, que será mais progressiva do que a organização
capitalista, e marcará nova fase do processo histórico,
com desenvolvimento mais avançado das forças produtivas.
5.
Dessa relação das forças e das relações
de produção surge uma teoria das revoluções.
Com efeito, dentro dessa visão histórica, as revoluções
não são acidentais, mas sim a expressão de uma
necessidade histórica. As revoluções preenchem
funções necessárias e se produzem quando ocorrem
determinadas condições.
6.
Nessa interpretação histórica, Marx não
distingue só a infra e a superestrutura, mas também a
realidade social e a consciência: não é a consciência
dos homens que determina a realidade, mas ao contrário, é
a realidade social que determina sua consciência. Daí a
concepção segundo a qual é preciso explicar a maneira
de pensar dos homens pelas relações sociais às
quais estão integrados.