Unidade 1 Módulo 1
Tela 1
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais

1 - Introdução

Não é novidade que as empresas, nos últimos tempos, lutam para se manter no mercado. Para tanto, muitas delas se desdobram para traçar estratégias que levem a elaboração de produtos ou serviços inovadores e de vantagem competitiva. As cúpulas administrativas das organizações se conscientizaram de que a “velha e boa administração” já não é suficiente. Deve haver evolução na maneira de administrar. Daí as organizações buscam soluções na Administração Estratégica.

Mas o que vem a ser a Administração Estratégica? É mais uma das “modas administrativas”? Apenas antiga forma de administrar maquiada? Ou a maneira mais efetiva de administrar?

A disciplina abordará as principais dimensões da Administração Estratégica. Para tanto, este início começa relembrando os conceitos como o de administração, planejamento e estratégia. Posteriormente, foram introduzidos os principais conceitos específicos, como a própria administração estratégica, a estratégia organizacional, os tipos de planejamento e os componentes do planejamento estratégico. Também serão estudados os pressupostos das filosofias do planejamento.



Tela 2
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais

O que se entende por administração?

Vejamos o conceito a partir de dois teóricos. Para Stoner, administração é “(...) o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar os esforços realizados pelos membros da organização e o uso de todos os recursos organizacionais para alcançar as soluções desejadas”.

E para Bateman, administrar é “(...) o processo de trabalhar com pessoas e recursos para realizar objetivos organizacionais”.


É uma atividade essencial em qualquer trabalho humano, no plano individual e no coletivo. A necessidade de sua formalização está diretamente relacionada ao aumento da complexidade da atividade a ser planejada e/ou ao tamanho da organização.

Com o planejamento, o administrador procura:

  • prever e avaliar os cursos de ação alternativos e os resultados a serem alcançados;
  • prever e avaliar os meios para atingi-los, como parte do processo racional de tomada de decisão.


Recursos organizacionais
– são as pessoas, os materiais, o capital, a tecnologia e a informação que serão utilizados na execução das tarefas.



Tela 3
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais

Há três níveis de planejamento:

  • o estratégico,
  • o tático,
  • e o operacional.

E o que é estratégia?

A origem do conceito de estratégia vincula-se ao conhecimento militar ou à “arte da guerra” (Banha, 1993). Pode-se dizer que, em sentido genérico, estratégia significa o “conjunto de meios ou recursos empregados para alcançar um fim ou objetivo”. No sentido militar, a estratégia pode ser entendida como a “arte ou ciência de canalizar forças militares para derrotar o inimigo ou abrandar os resultados da derrota”. O conceito de estratégia foi apropriado pela teoria organizacional para definir o que, quanto e como uma organização alcança seus objetivos e metas, tendo em vista a sua posição no mercado ou a posição a ser alcançada nele. Atualmente, sua concepção confunde-se com a de programação a longo prazo.


Tela 4
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais

2 - Conceitos específicos fundamentais

Os conceitos de Administração Estratégica, Planejamento Estratégico, e de termos deles decorrentes conduzem ao entendimento de que a:


Administração Estratégica
– consiste no processo que objetiva capacitar uma empresa a integrar decisões administrativas e operacionais com as estratégias. Ao mesmo tempo, dedica-se a promover maior eficiência e eficácia à organização.

Essa administração surgiu para pôr fim a um dos principais problemas apresentados pelo planejamento estratégico: a implementação. Os conceitos utilizados no planejamento estratégico, por consultores externos, isentavam os executivos das empresas da responsabilidade de sua implementação. A administração estratégica reúne planejamento estratégico e administração em único processo, assegurando a participação dos executivos de diretoria na tomada de decisões. Assim, a administração estratégica alia o planejamento estratégico à tomada de decisão operacional, em todos os níveis.


Estratégia organizacional
- pode ser entendida como a utilização adequada dos recursos organizacionais, visando a minimização dos problemas e a maximização das oportunidades. Representa as decisões que definem quais produtos e serviços serão oferecidos a quais clientes e mercados. Pode-se dizer que é o comportamento da organização em relação ao ambiente externo. Crozier ensina que a finalidade da estratégia organizacional é:

“(...) possibilitar à organização formas mais flexíveis de gestão frente às mudanças do mundo contemporâneo”.



Eficiência – É fazer as coisas da maneira certa, resolver problemas e reduzir os custos.



Eficácia
– É fazer as coisas certas, obter resultados e aumentar o lucro.



Tela 5
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais

3 - Níveis e tipos de planejamento


Planejamento estratégico - deve ser encarado como o meio para a mudança organizacional; nunca é fim em si mesmo. Não é também panacéia que garanta a solução de todos os problemas de uma organização. É técnica administrativa que permite à organização identificar as oportunidades e ameaças existentes no ambiente externo, os pontos fortes e fracos do seu ambiente interno, com a finalidade de (re)definir negócio, missão, políticas, diretrizes e projetos estratégicos.


Planejamento tático - é o planejamento de curto prazo, predominantemente quantitativo. Abrange decisões administrativas e operações que visam a eficiência da organização. Busca otimizar determinada área e não a empresa como um todo. Decompõe os objetivos estabelecidos no planejamento estratégico e é desenvolvido em níveis organizacionais inferiores. Tem como principal objetivo a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a consecução de objetivos previamente fixados, segundo estratégia predeterminada.


Planejamento operacional
- pode ser considerado como a formalização, em documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e da implantação estabelecida. Há detalhamento sobre os recursos, produtos e resultados esperados, prazos, responsáveis e procedimentos básicos a serem adotados.




Planejamento estratégico
- deve ser encarado como o meio para a mudança organizacional; nunca é fim em si mesmo. Não é também panacéia que garanta a solução de todos os problemas de uma organização. É técnica administrativa que permite à organização identificar as oportunidades e ameaças existentes no ambiente externo, os pontos fortes e fracos do seu ambiente interno, com a finalidade de (re) definir negócio, missão, políticas, diretrizes e projetos estratégicos.


Planejamento tático
- é o planejamento de curto prazo, predominantemente quantitativo. Abrange decisões administrativas e operações que visam a eficiência da organização. Busca otimizar determinada área e não a empresa como um todo. Decompõe os objetivos estabelecidos no planejamento estratégico e é desenvolvido em níveis organizacionais inferiores. Tem como principal objetivo a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a consecução de objetivos previamente fixados, segundo estratégia predeterminada.



Planejamento operacional - pode ser considerado como a formalização, em documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e da implantação estabelecida. Há detalhamento sobre os recursos, produtos e resultados esperados, prazos, responsáveis e procedimentos básicos a serem adotados.


Tela 6
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais

4 - Visão estratégica e mecanicista

Visão estratégica – significa a visualização clara das aspirações da empresa e dos possíveis cenários futuros, como previsto pelos proprietários ou principais executivos da empresa, dentro de prazo mais longo que modela o amanhã da organização. A visão estratégica promove o delineamento do planejamento estratégico. Muitas vezes, não é a estratégia, o produto ou o gerenciamento inovador que diferencia a organização no seu nicho de mercado e sim a implementação da visão estratégica, bem como a forma de tal implementação.

Visão estratégica e visão mecanicista da organização - Ao mesmo tempo em que estabelece sua estratégia, a organização define uma espécie de “visão estratégica do seu negócio”. Essa visão influencia, de forma significativa, as tecnologias de gestão a serem utilizadas. Também implica em que a organização deixe de adotar modelos de gestão burocráticos ou mecanicistas em troca de postura estratégica ou inovadora.



Tela 7
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais

Principais fatores organizacionais


Principais fatores organizacionais e respectivas diferenças das visões: estratégica e mecanicista.

Fatores
Visão Estratégica
Visão Mecanicista
Estilo de decisão
Empreendedor
Incremental
Horizonte temporal
Longo prazo
Curto prazo
Visão da organização
Sistêmica
Funcional
Tipo da informação
Qualitativa
Quantitativa
Tipo de decisão
Pró-ativa
Reativa

Missão – é a finalidade ampla ou o objetivo maior que engloba a contribuição (sem esquecer-se também da contribuição social) da organização, a partir das expectativas da sociedade e do mercado.

Busca responder às seguintes questões: Qual o motivo de a empresa existir? O quê? Para quê? Onde? Com quem? Para quem?


Exemplo. “Viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura , em benefício da sociedade brasileira" (Missão da Embrapa).

 

Negócio – consiste nos tipos e na natureza de atividades em que a empresa concentra sua atenção.

Objetivo - esse termo liga-se a tudo o que diz respeito à obtenção de um fim. Pode ser conceituado como o resultado futuro que a organização busca alcançar. Pode ser geral, interesse de toda a empresa, ou ser específico, se interessar a uma área da empresa. Daí resultam os objetivos funcionais de áreas específicas da empresa.

Políticas - para Silveira Júnior & Vivacqua (1996) … “são orientações de ordem geral e têm como função subsidiar os administradores no processo de tomada de decisão”. As políticas procuram refletir e interpretar os objetivos e os desafios da organização para estabelecer limites ao planejamento estratégico.

Diretrizes – balizam determinada política por constituírem as determinações necessárias ao sucesso da sua implementação. Apresentam o conjunto de necessidades para que uma política seja atendida no processo de tomada de decisões, em qualquer nível da empresa; explicitam o que a organização deve ter para viabilizar relações adequadas com seus ambientes externo e interno.



Tela 8
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais

Diretriz estratégica é:

  • a arte de preparar e utilizar adequadamente os recursos para atingir os objetivos definidos pela estratégia organizacional, tendo em vista contornar os problemas e maximizar as oportunidades;
  • um conjunto de premissas com o objetivo de posicionar a organização frente aos seus ambientes interno e externo;
  • um conjunto de objetivos, metas e planos propostos de forma a definir quais as atividades da organização, que tipo de organização ela é, ou deseja ser.

Plano Estratégico – é o resultado final do processo de planejamento estratégico. Por intermédio do plano estratégico, a organização sistematiza as informações relativas ao diagnóstico realizado, às decisões adotadas etc.

Trata-se de um documento que “retrata” a situação presente e a situação desejada pela organização. Contém, dentre outras, as seguintes seções: exame estratégico da organização, negócio, missão, principais políticas e diretrizes, objetivos e metas a serem alcançados. São sinônimos de Plano Estratégico, Plano Diretor, Plano Corporativo, Plano Diretor de Negócios etc.


A elaboração do Plano Estratégico não terá nenhum valor se a organização não adotar medidas práticas para implementar, acompanhar e avaliar as decisões tomadas. Somente assim o processo de planejamento estratégico se completa, quando se pode dizer que a organização entra na fase da Administração Estratégica.

Projeto - a implantação do Plano Estratégico implica em mudanças na organização. Um dos mecanismos para implementar mudanças organizacionais é o projeto. Do ponto de vista administrativo, um projeto pode ser entendido como conjunto de recursos organizacionais (humanos, físicos, financeiros e informacionais), reunidos para realizar determinadas ações, de forma sequencial e interdependente, visando alcançar objetivos e metas específicos, em prazo determinado.



Tela 9
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais

5 - Filosofias do planejamento

Filosofias de planejamento são pressupostos nos quais se fundamentam os procedimentos para o planejamento.

Ackoff (1974) indica três tipos de filosofias de planejamento:

1) da satisfação;
2) da otimização;
3) da adaptação.

Apesar de, geralmente, haver certa mistura das filosofias, poderá existir a predominância de uma delas.


Filosofia da satisfação - refere-se aos esforços para atingir o mínimo de satisfação e não necessariamente para extrapolá-lo (o tomador de decisões estabelece o nível mínimo necessário da satisfação). Por isso, ela não significa distanciamento das práticas já existentes na empresa. Devido às resistências que podem surgir, as estruturas não são alteradas e os planos terão poucos recursos. Assim, muitas oportunidades não serão aproveitadas porque não foram exploradas alternativamente.

 


Há preocupação quanto ao aspecto financeiro (ênfase no orçamento e nas suas projeções). Os demais aspectos do planejamento de recursos (humanos, equipamentos, materiais e serviços) ficam em segundo plano porque está subentendido que, com suficiente quantidade de recursos monetários, o restante pode ser obtido. Normalmente, é feita apenas uma projeção para o futuro, desconsiderando outras possibilidades. As empresas mais voltadas para a sobrevivência do que para o crescimento/desenvolvimento são adeptas dessa filosofia.

O ponto de partida do processo de planejamento é a definição de um pequeno número de objetivos factíveis e aceitáveis, que podem ser de desempenho quantitativo ou qualitativo, advindos de consenso político entre os vários núcleos de poder da organização.

A vantagem dessa filosofia é a rápida realização do processo de planejar, a baixo custo e com pequena exigência de capacitação técnica. Assim, pode ser muito útil quando a empresa inicia o aprendizado do processo de planejar.



Pequeno número de objetivos factíveis e aceitáveis

Além de ser difícil fixar grande número de objetivos, haverá chance maior de conflito entre eles. Restarão apenas os objetivos aceitáveis (geram menor resistência à implementação). Porém, eles podem não ser os mais adequados à empresa.



Tela 10
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais


Filosofia da otimização – ocorre quando o planejamento é elaborado para fazer algo tão bem quanto possível (e não apenas suficientemente bem). Utiliza técnicas matemáticas e estatísticas e modelos de simulação. O progresso da informática, da tecnologia da informação e dos modelos de organização, desenvolvidos pelas áreas de pesquisa operacional (e outras) divulgou largamente essa orientação. Principalmente porque os modelos antes disponíveis não resolviam todo o problema da empresa, visto serem aplicáveis, apenas, a algumas partes dela. Em tais circunstâncias, o planejador- otimizador desconsiderava os aspectos difíceis de modelar, como os ligados a recursos humanos e à estrutura organizacional da empresa.

Foram desenvolvidos modelos úteis para as decisões nas empresas como tamanho e localização da fábrica, distribuição de produtos, substituição de equipamentos etc.

Os objetivos são formulados em termos quantitativos, porquanto reduzidos a uma escala comum (monetária) e combinados a uma medida geral e ampla de desempenho. Isso ocorre porque o planejador tende a não considerar os objetivos não quantificáveis, pois eles não poderão ser incorporados em um modelo a ser otimizado. Há uma busca pela otimização do processo decisório; por isso, o planejador procura conduzir todo o processo de planejamento por meio de modelos matemáticos otimizados.

 



Tela 11
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais
Filosofia da adaptação (ou planejamento inovativo ou homeostase)

Supõe que:


• o principal valor do planejamento está no processo de conduzir os planos e não nos planos produzidos;
• a necessidade de planejamento, em grande parte, é pela falta de eficácia administrativa e de controles; a maioria das dificuldades que o planejamento tenta eliminar ou evitar é de responsabilidade do fator humano;
• o conhecimento do futuro pode ser classificado em três classes: certeza, incerteza e ignorância. Cada uma dessas classes requer tipo diferente de planejamento, comprometimento, contingência ou adaptação.

Ao enfrentar situação de desequilíbrio, a empresa pode responder de diferentes formas aos estímulos externos. A resposta pode ser passiva, antecipatória (adaptativa) ou autoestimulada. Veja-se o quadro a seguir:

Tipos de respostas organizacionais aos estímulos externos (Ackoff, 1974)

Resposta passiva
O sistema muda seu comportamento de modo defasado, adotando as soluções normais para estímulo, maior economia de material, dispensa de pessoal etc.
Resposta antecipatória ou adaptativa
Há preocupação em antecipar as mudanças do meio e/ou adaptar-se a novos estados.
Resposta auto-estimulada
Há preocupação constante pela busca de novas oportunidades para crescimento e/ou expansão da empresa.

Vantagem da filosofia da adaptação: aplicada ao processo de planejamento estratégico, ela poderá facilitar o posterior desenvolvimento e a implementação da melhoria dos processos organizacionais.



Homeostase – procura o equilíbrio (interno e externo) da empresa. O desequilíbrio pode reduzir a eficiência do sistema-empresa de modo efetivo. Daí a necessidade de restabelecer o estado de equilíbrio.



Tela 12
Módulo 01 - Conceitos Fundamentais
Resumo

Administração Estratégica, vertente atual, é necessária a qualquer empresa que pretenda apresentar vantagem competitiva. Ela surgiu com o propósito de eliminar os problemas existentes na etapa da implementação do planejamento estratégico.

Foram retomados os seguintes conceitos: administração – trabalhar com as pessoas e os recursos organizacionais, buscando alcançar os objetivos traçados pela empresa; planejamento – técnica administrativa que precisa ser formalizada para melhor prever e avaliar as ações em andamento, os resultados a serem obtidos, bem como os meios para alcançá-los; estratégia – meios/recursos empregados para se atingir os objetivos organizacionais desejados.

Os principais conceitos abordados: administração estratégica - o processo que promove a integração das decisões administrativas e operacionais com as estratégias, procurando, ao mesmo tempo, maximizar a eficiência e a eficácia da organização; estratégia organizacional – emprego adequado dos recursos organizacionais, esperando minimizar os problemas e maximizar as oportunidades.

Planejamento estratégico – possibilita a definição dos rumos a serem seguidos pela empresa para otimizar a relação empresa-ambiente; estabelece um conjunto de providências, a serem tomadas pelo administrador, voltadas para situação de futuro que tende a ser diferente do passado; é uma técnica administrativa que analisa os ambientes (externos e interno) de uma organização, criando a consciência das suas oportunidades e ameaças dos seus pontos fortes e fracos. Fixa o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar os riscos.

Planejamento tático - é predominantemente quantitativo, de curto prazo, com decisões administrativas e operacionais. Busca a eficiência da organização; é voltado para otimizar determinada área de resultado e não a empresa como um todo; trabalha decompondo os objetivos estabelecidos no planejamento estratégico; é elaborado em níveis organizacionais inferiores, tendo como principal objetivo a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a consecução de objetivos previamente fixados, segundo estratégia predeterminada;
Planejamento operacional – é a formalização, em documento escrito, das metodologias de desenvolvimento e da implantação estabelecida. Detalha os recursos, produtos e resultados esperados, prazos, responsáveis e procedimentos básicos a serem adotados.

As linhas filosóficas do planejamento são a filosofia da satisfação (esforço para se alcançar o mínimo de satisfação), da otimização (planejamento buscando fazer algo tão bem quanto possível e não apenas suficientemente bem) e da adaptação ou homeostase (procura do equilíbrio da empresa, após alguma mudança, pois o desequilíbrio pode reduzir a eficiência do sistema-empresa).

O significado dos termos - missão (o motivo de a empresa existir), negócio (atividades de interesse), objetivos (o que a empresa espera alcançar), políticas (orientações gerais para a tomada de decisão), diretrizes (balizamento das políticas), plano estratégico (sistematização das informações do planejamento estratégico) e projeto (conjunto de recursos organizacionais, interdependentes, voltados para atingir objetivos/metas específicas, em determinado tempo) – deve ser plenamente observado no planejamento operacional.



Unidade 1 Módulo 2
Tela 13
Módulo 02 – Função do planejamento

1 - Introdução

As transformações econômicas, tecnológicas e sociais que ocorrem no mundo moderno exigem, das organizações, níveis crescentes de competência para administrar o processo de mudança, inovar e incorporar inovações tecnológicas. Isso torna as organizações competitivas, condição para manterem-se no mercado.

A necessidade de alcançar e manter a competitividade tem levado as empresas, cada vez mais, a utilizarem os conceitos e as técnicas de planejamento. A especificação do Planejamento Estratégico é defendida como um caminho apropriado para as organizações conquistarem administração mais eficiente.



Tela 14
Módulo 02 – Função do planejamento
2 - Conceitos e dimensões de planejamento

Planejamento é o processo de estabelecimento de um cenário desejado e um delineamento dos meios efetivos de torná-lo realidade. É ainda um processo contínuo que a empresa executa independentemente da vontade do administrador. Por isso o planejamento é a fase que antecede a decisão e da ação.


“O planejamento é o processo contínuo que envolve um conjunto complexo de decisões inter-relacionadas que podem ser separadas de formas diferentes”.


Ackoff (1974)

De acordo com Peter Drucker, é mais fácil conceituar planejamento pelo que ele não é, do que pelo que ele é:

• não pode ser estático, rígido ou descontínuo;

• não se confunde com o plano;
• não é atividade dos planejadores.


• é importante também no curtíssimo prazo, não se referindo apenas a um horizonte temporal definido no futuro de médio ou de longo prazo;
• não se reduz ao uso de algumas técnicas administrativas ou econômicas;
• não é uma função de assessoria ou tarefa secundária;
• não é previsão nem adivinhação.



Tela 15
Módulo 02 – Função do planejamento
Entendido como processo, o planejamento pode ser visualizado como um conjunto de etapas que compreende:

(1) avaliação do contexto;
(2) definição de objetivos;
(3) definição dos meios de execução;
(4) definição dos meios de controle;
(5) implementação;
(6) acompanhamento;
(7) avaliação.

Dimensões do planejamento – Steiner (1969:12) estabelece cinco dimensões do planejamento, não excludentes entre si e nem claramente separadas:


• Relativa ao assunto - pode ser pesquisa, novos produtos/serviços, produção, marketing, recursos humanos, dentre outros;
• Relativa aos componentes do planejamento - propósitos, objetivos, estratégias, políticas, programas e orçamentos;
• Relativa ao prazo (tempo) de execução do planejamento - longo, médio e curto prazo;
• Relativa às unidades em que se formulam o julgamento na organização:
-
corporativo,subsidiárias,grupos,divisões,departamentos,produto/projeto/
conceito.
• Relativa às características do planejamento - estratégico/tático, formal/informal, complexidade/simplicidade, qualidade/quantidade.



Tela 16
Módulo 02 – Função do planejamento
3 - Princípios e partes do planejamento

Princípios gerais – 1) Princípio da contribuição aos objetivos; 2) Princípio da precedência; 3) Princípio da maior penetração e abrangência; e 4) Princípio da maior eficiência, eficácia e efetividade.




Tela 17
Módulo 02 – Função do planejamento

Princípios específicos - Há quatro princípios de planejamento que podem ser considerados específicos. 1) Participativo; 2) Coordenado; 3) Integrado e 4) Permanente (Ackoff, 1974).



Tela 18
Módulo 02 – Função do planejamento

Partes do planejamento - apresentam cinco partes a serem consideradas em qualquer planejamento (Ackoff: 1974):



Planejamento dos fins

Especificação da missão (estado futuro esperado), dos propósitos, dos objetivos gerais/específicos e das metas.




Planejamento dos meios

Indicação de trajetos e meios para chegar-se ao futuro desejado, como por exemplo, pela diversificação de produtos.




Planejamento organizacional


Sistematização das exigências organizacionais para se realizar os meios propostos, sendo exemplo a estruturação da empresa em unidades estratégicas de negócios.




Planejamento de recursos


É o planejamento de recursos materiais/humanos, definindo de onde virão e onde serão aplicados os recursos financeiros.




Planejamento de implantação e controle


É o planejamento do próprio gerenciamento de implementação.




Tela 19
Módulo 02 – Função do planejamento
4 - Enfoque sistêmico do planejamento

A empresa como sistema. O planejamento estratégico deve tratar a empresa em relação ao seu ambiente, de forma sistêmica. Por isso, é importante que o executivo e o planejador responsável conheçam alguns aspectos da Teoria de Sistemas. Um sistema é formado pelos seguintes componentes:


- os objetivos - tanto dos usuários do sistema quanto os do próprio sistema;

- as entradas
do sistema fornecem ao sistema os materiais, a informação e a energia para a operação ou processo. Estes elementos produzirão determinadas saídas do sistema que devem estar em sintonia com os objetivos estabelecidos;

- o processo de transformação
do sistema: modifica um insumo (entrada ou input) em produto, serviço ou resultado (saída ou output);

- as saídas do sistema
correspondem aos resultados do processo de transformação dos insumos, devendo ser coerentes com os objetivos do sistema. Diante do processo de controle e avaliação, as saídas devem ser quantificáveis de acordo com parâmetros previamente fixados;

- os controles e as avaliações
do sistema verificam, principalmente, se as saídas estão coerentes com os objetivos estabelecidos. Para realizar o controle e a avaliação de maneira adequada, é necessária a medida do desempenho do sistema, chamada padrão;

- a retro alimentação
(ou realimentação ou feedback) é reintrodução de uma saída sob a forma de informação. Se essa entrada faz aumentar o desempenho da saída ou do processo, a retro alimentação ou feedback é considerada positiva e, caso contrário, será negativa.



Tela 20
Módulo 02 – Função do planejamento

De forma gráfica, a Teoria dos Sistemas pode ser representada conforme a figura abaixo.

Diante desses elementos, verifica-se que a organização é um sistema aberto que recebe energia na forma de insumos do meio ambiente (mercado de fatores), como mão de obra, conhecimentos, informações, materiais e equipamentos, recursos financeiros e demandas da clientela. Tais insumos são “transformados” pela organização que devolve ao meio ambiente (mercado de consumidores) novas tecnologias, produtos e serviços, conforme mostra o diagrama da página seguinte.


Sistemas abertos – são empresas em permanente intercâmbio com seu ambiente e caracterizam-se por equilíbrio dinâmico. Esse intercâmbio é constituído de fluxos contínuos de entradas e saídas de matérias, energia e/ou informações, caracterizando, dessa forma, o equilíbrio dinâmico, a partir de uma adaptação da empresa em relação a seu ambiente.

Ao se tratar as organizações como sistemas abertos, Von Bertalanffy (1972) diz que dois conceitos, o de equifinalidade e o de entropia negativa, facilitam o entendimento da empresa como sistema aberto e sua interação com o ambiente.



Equifinalidade

Parte de condições e modos iniciais diferentes, num mesmo estado, com finalidades alcançadas.




Entropia negativa

É o esforço dos sistemas em se organizarem para sobreviver, por meio de maior ordenação, rompendo com a tendência à degeneração e morte do sistema.




Tela 21
Módulo 02 – Função do planejamento

Os aspectos podem facilitar o entendimento de uma das características dos sistemas abertos. Ou seja, é a tendência à diferenciação, em que configurações globais são substituídas por funções mais especializadas, hierarquizadas e altamente diferenciadas (Katz & Kahn:1973).

O conceito de adaptação pode ser definido como a resposta a qualquer mudança (estímulo).

Outro ponto importante dos sistemas adaptáveis é o seu comportamento intencional, que pode ter como finalidades manter os valores de certas variáveis do sistema ou o seu direcionamento a metas e objetivos desejados. A homeostase, mesmo quando os estímulos (insumos de entrada) extrapolam os limites desejados, busca manter os valores de variáveis dentro de uma faixa definida. Por exemplo, quando a empresa estipula mecanismos para manter os custos dos produtos dentro de determinados níveis.

Entretanto, a empresa pode passar pela heterostase, o que pode explicar a entropia negativa, os processos de crescimento, a diversificação, dentre outros. Como são estabelecidos novos níveis de equilíbrio, novos objetivos serão definidos pela empresa.

Os esforços de adaptação nem sempre trazem os sistemas de volta ao seu nível primitivo. Trata-se, portanto, de um empenho para acumular reserva de segurança, para garantir a própria sobrevivência.

O conceito de informação é importante porque está ligada à redução de incerteza que se tem sobre o ambiente. No caso do planejamento estratégico, a informação ajudará a escolher o tipo de postura que a empresa terá com o ambiente. A relação de troca externa de um sistema aberto (a empresa) com o seu ambiente externo acontece por meio de matéria, energia e informação. O fluxo desses elementos, entre dois sistemas, é possibilitado pelos seus canais de comunicação (interação).


As transações entre a empresa e o ambiente ocorrem pelo intercâmbio de influência e poder.

Considerando o controle exercido, Fleury (1974) indica quatro alternativas de adaptação:



Mudança

Pode reduzir a eficiência de um sistema, de fato ou potencialmente. A adaptação deve ser uma resposta que evite esta redução (Ackoff, 1974). A mudança pode ser dentro do sistema (interna) ou em seu ambiente (externa). Esta situação é importante quando o planejamento estratégico e a forma de adequação da empresa ao ambiente são considerados.




Heterostase

Passagem de uma homeostase para outra homeostase diferente.




Adaptação ambiente-ambiente


Diz-se quando há modificações ambientais; a empresa não precisa modificar-se (apenas agir sobre o meio) para evitar impactos negativos. Por exemplo: a disputa entre Brasil e Canadá pelo mercado de aviões médios resultou em benefícios para a indústria aeronáutica brasileira.



Adaptação ambiente-sistema


É quando ocorrrem alterações ambientais. A empresa modifica-se para superá-las (adaptação passiva). Por exemplo: uma empresa implanta microcomputadores para substituir serviços morosos altamente remunerados.



Adaptação sistema-ambiente


Nela, ocorre mudança de alguma condição interna; a empresa procura repassá-la ao ambiente. Por exemplo: os fabricantes de microcomputadores que lançam novo produto no mercado, por meio de grande campanha, como a automação bancária.



Adaptação sistema-sistema


Não há interferência direta do ambiente porque a empresa se adapta, inteiramente, à sua modificação. Por exemplo: quando uma fábrica de microcomputadores constrói nova fábrica.



Tela 22
Módulo 02 – Função do planejamento


Tela 23
Módulo 02 – Função do planejamento

5 - Obstáculos do planejamento




O planejamento se torna mais importante, ainda, em condições de crise econômica, de escassez de recursos ou em situações de mudança estrutural ou tecnológica. O planejamento é negligenciado por muitos administradores devido às dificuldades de formulação e implementação.

A velocidade das transformações econômicas e tecnológicas, por exemplo, mesmo enquanto exige das empresas uma “ação planejada”, cria dificuldades para a formulação de um planejamento adequado. O nível de interferência do governo na economia pode apresentar-se como fator dificultador para o planejamento, na medida em que obriga o administrador a mudar os seus planos em velocidade que pode ser maior do que a possibilidade de a organização modificar-se.

Também há fatores econômicos conjunturais, como a inflação, o balanço de pagamentos, a recessão econômica que interferem no processo de planejamento.

É importante mencionar o processo de envelhecimento ou de enrijecimento burocrático para o qual tendem as organizações que apresentam acomodação do seu pessoal de cúpula, a rotinização e a perda da capacidade de inovar. Por vezes, o planejamento pode ser uma situação paradoxal, pois é função que requer condições (técnicas, de informação, organização, pesquisa e pessoal técnico) nem sempre disponíveis na escala adequada.



Tela 24
Módulo 02 – Função do planejamento

Resumo

O planejamento traça uma situação empresarial futura almejada e demarca os meios para concretizá-la. Por ser executado de maneira organizacional, independente dos desejos dos administrados. A fase do planejamento antecede a decisão e a ação.

Os princípios do planejamento são gerais e específicos. Os princípios gerais da contribuição aos objetivos, da precedência do planejamento, da maior penetração e abrangência e da maior eficiência, eficácia e efetividade. Os específicos são o planejamento participativo, o coordenado, o integrado e o permanente.

Princípios do planejamento são gerais e específicos. Os princípios gerais da contribuição aos objetivos; da precedência do planejamento; da maior penetração e abrangência e da maior eficiência, eficácia e efetividade. Os específicos são o planejamento participativo, o coordenado, o integrado e o permanente.

Partes do planejamento: 1) dos fins - fixa a missão, os objetivos e as metas da empresa; 2) dos meios - traça os caminhos e os meios para cumprir a missão; 3) organizacional - organiza os requisitos para concretizar os meios estabelecidos; 4) de recursos - define os recursos materiais/humanos necessários e a localização de sua aplicação; 5 - de implantação e controle - gerencia a implementação.

O enfoque sistêmico do planejamento visualiza a organização como um sistema aberto que recebe energia na forma de insumos do meio ambiente como: mão de obra, conhecimentos, informações, materiais e equipamentos, recursos financeiros e demandas da clientela. Esses insumos são transformados pela organização e devolvidos ao meio ambiente (mercado de consumidores) em forma de novas tecnologias, produtos e serviços.

O conceito de equifinalidade define-se quando se alcança o mesmo estágio final, ainda que partindo de condições e maneiras distintas.O conceito de entropia negativa se dá quando os sistemas se empenham para se organizarem em busca da sobrevivência.

Comportamentos intencionais nos sistemas adaptáveis: homeostase - obtida por meio da realimentação, procura manter os valores de variáveis dentro de uma faixa estabelecida, buscando equilíbrio, mesmo diante de estímulos para ultrapassar os limites desejados; heterostase (saída de uma homeostase para outra diferente) - pode explicar, para os sistemas empresariais, os processos de crescimento, diversificação, entropia negativa e outros. Como os novos níveis de equilíbrio são estabelecidos, consequentemente, a empresa passará a ter novos objetivos.

Alternativas de adaptação da empresa nas suas transações com o ambiente, ocorrem como decorrência de modificações: 1) adaptação ambiente-ambiente; 2) adaptação ambiente-sistema; 3) adaptação sistema-ambiente; e 4) adaptação sistema-sistema.



Unidade 1 Módulo 3
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Módulo 03 - O planejamento estratégico

Diante da instabilidade dos contextos de mercados empresariais, os responsáveis por organizações já compreenderam que simplesmente planejar, a longo prazo, não leva a empresa ao estado desejado, nem gera diferencial competitivo. Na busca por essa vantagem competitiva e pela concretização de uma administração estratégica eficiente, efetiva e eficaz, é preciso que o planejamento estratégico de cada organização seja elaborado, implementado, avaliado e readequado, se necessário for.

1 - Os níveis de planejamento e suas especificidades

Para realizar suas operações, a organização conta com o processo de planejamento que se relaciona com seus níveis hierárquicos, podendo ser subdivido em estratégico, tático e operacional:

1° nível (estratégico) – Refere-se à missão; estabelece os objetivos e as metas a serem atingidas no longo prazo; as atividades a serem desenvolvidas; os meios a serem empregados; os responsáveis pela execução; as condições para o acompanhamento; a avaliação e a retroalimentação dos objetivos e das metas programadas. Produz os Planos Corporativos, no médio e longo prazo, que dão o rumo dos caminhos a serem seguidos visando à sustentabilidade da organização.

2° nível (tático) - Diz respeito aos objetivos no médio e curto prazo, às respectivas ações e maneiras para alcançá-los. Tem por objetivo otimizar determinada função ou área administrativa e não a organização como um todo. Geralmente, é formalizado pelos planos ou programas de trabalho das unidades organizacionais que compõem a estrutura maior.

3° nível (operacional) – Trata das especificidades do planejamento tático, podendo ser considerado como o processo necessário à implementação das decisões estratégicas e atendimento dos objetivos e metas estabelecidas pelas unidades funcionais. A ação planejada se refere aos projetos e processos de trabalho, que tanto podem ser relativos a equipes de trabalho como a subunidades da organização.



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2 - Diferenciação entre os níveis estratégico e tático

Como não há diferença marcante entre os dois níveis, distingui-los não é trabalho fácil; mas é necessário.

1° Nível - Planejamento Estratégico

2° Nível - Tático

• Está voltado para a dimensão estratégica da empresa. Refere-se aos objetivos e à eficácia da dimensão estratégica.
• As decisões estratégicas, geralmente, têm um alcance temporal longo, elevado grau de impacto e irreversibilidade;
• Relaciona-se com objetivos de longo prazo e com modos de persegui-los, que afetam a empresa como todo.
• É o resultado do trabalho conjunto da alta administração.
• O horizonte de tempo do planejamento estratégico é sempre maior que o do tático.

• Refere-se mais aos meios para atingir os objetivos, aos componentes da empresa e à eficiência.
• Define objetivos de médio e curto prazo e as formas de alcançá-los (afetam parte da empresa). Há certa dificuldade prática diante da necessidade de se definir objetivos de mais curto prazo que sejam partições dos objetivos de longo prazo (para que a consecução dos primeiros possa levar à concretização dos últimos. Tais dificuldades podem ser minimizadas pelo conhecimento dos tipos de planejamento.
• O horizonte de tempo do planejamento tático é sempre menor que o do estratégico.


Diferenças entre o planejamento estratégico e o planejamento convencional (de longo prazo) - É preciso ter em mente que existem diferenças entre o tradicional planejamento de longo prazo e o planejamento estratégico, ainda que muito sutis. Boucinhas (1972) define uma linha divisória entre o tradicional planejamento de longo prazo e o planejamento estratégico.

O planejamento de longo prazo tradicional trabalha com nítida estratégia programada no tempo, considerando os recursos e o fluxo de fundos, sempre havendo o consenso da alta administração da empresa. É elaborado por alguma unidade organizacional, sendo apenas ampliação do desempenho passado apresentado numericamente.


Essa forma de procedimento, para o autor, sofre carências pelas seguintes razões:

  • supõe-se que as condições, no futuro, serão as mesmas do passado;
  • falta clareza dos conceitos/hipóteses dos planos;
  • compromete o diálogo para orientar os executores, quanto à consecução dos objetivos;
  • separa as responsabilidades de planejamento e de execução.


Outro ponto a ser considerado é que, nesta era de descontinuidade, há necessidade de rápida e adequada adaptação das empresas, compreendendo que:

  • os ciclos de planejamento devem ser mais curtos, freqüentes, mais flexíveis e adaptativos;
  • os níveis de planejamento (estratégico, tático e operacional) precisam estar articulados;
  • o processo de tomada de decisões precisa ser acelerado.

O planejamento estratégico possui duas dimensões operacionais:

  • elaboração
  • implementação


Elaboração - identificação das oportunidades e ameaças no ambiente da empresa e adoção de estimativas de risco para as alternativas estabelecidas. O executivo deve considerar a explicitação dos alvos ou situações a serem alcançadas pela empresa.



Implementação - envolve assuntos organizacionais, os sistemas de informações e de incentivos, a competência, o treinamento e a liderança necessários ao processo.



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3 - Processo de elaboração do planejamento estratégico

Para iniciar-se a construção do planejamento estratégico, é preciso pensar sobre o que a empresa pode fazer, em relação ao ambiente externo; o que a empresa é capaz de fazer, em relação à competição; o que deve fazer, consideradas as restrições sociais e éticas e o que a alta administração da empresa quer fazer, consideradas as expectativas pessoais e grupais.


Algumas questões essenciais para compreensão do processo de elaboração:
  • quais as necessidades futuras dos clientes e beneficiários da organização e como é possível satisfazê-las?
  • quais as implicações dos pontos fortes e fracos da organização no futuro trabalho empresarial?
  • em que medida a estratégia atual da organização é eficaz?
  • qual deve ser a missão da organização?
  • quais devem ser os valores orientadores e a filosofia da organização?
  • em qual(is) segmento(s) de mercado a organização deve atuar?
  • como a organização deve estabelecer as suas prioridades?

Metodologia de elaboração - Não existe receita para todas as organizações elaborarem sua estratégia organizacional. A metodologia adequada às características da organização, que leve em conta sua cultura e seus valores, é um dos pontos-chave de sucesso do processo. Para Silveira, Jr. & Vivacqua (1996), as empresas têm três tipos de metodologia: 1) primeiro define-se “aonde a empresa quer chegar” e depois se estabelece “como ela está para chegar à situação desejada”; ou 2) primeiro define “como está” e depois estabelece “aonde quer chegar”; ou 3) define “aonde quer chegar” juntamente com o “como está para chegar lá”.




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Etapas do processo de elaboração do planejamento estratégico:

Etapa 1 – Realização do diagnóstico estratégico: a partir da definição da visão da empresa, faz-se a análise ambiental interna (avaliação de seus pontos fortes e fracos) e a análise ambiental externa à empresa (avaliação das ameaças e oportunidades).

Etapa 2 – Definição da missão empresarial (composta também pela análise de cenários e opção de postura estratégica).

Etapa 3 – Estabelecimento de objetivos, desafios e metas; escolha do(s) tipo(s) de estratégia(s) a ser(em) adotada(s); (re)definição de políticas e diretrizes; elaboração de projetos e planos de ação; previsão orçamentária.

Etapa 4 – Realização do controle e da avaliação da implementação do planejamento estratégico.



Pontos fortes

(variáveis controláveis) - diferenciação por haver uma condição empresarial favorável.



Pontos fracos

(variáveis controláveis ) - situação desfavorável da empresa por ter inadequações



Ameaças

Forças ambientais incontroláveis pela empresa, que criam obstáculos à ação estratégica (variáveis externas, não controláveis).



Oportunidades

Forças ambientais incontroláveis pela empresa, que podem favorecer a ação estratégica, se conhecidas e aproveitadas satisfatoriamente (variáveis externas, não controláveis).



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Princípios básicos a serem seguidos na elaboração do planejamento estratégico

Eficiência (ao fazer de forma certa as coisas), eficácia (ao fazer as coisas certas) e efetividade (ao manter-se em sintonia com o ambiente para atender a clientela); Descentralização – a eficiência do processo do planejamento estratégico também depende da agilidade com que ele acontece. Esta agilidade pode ser alcançada por intermédio da descentralização das decisões e das responsabilidades, seguida de um suporte a ser oferecido pela organização para que o agente delegado possa exercer com eficiência a sua autoridade. É o que se conhece como “empowerment”;
Participação e comprometimento – a condução do planejamento estratégico deve ser feita com o comprometimento e a participação dos integrantes da organização, principalmente dos responsáveis por atingir os resultados da organização (geralmente, o segmento gerencial e técnico); Permanência (exigida pela turbulência do ambiente externo) e flexibilidade (diante das contingências);
Criatividade – ao estabelecer, com clareza, a missão, o negócio, os objetivos e a definição das políticas e das diretrizes, ou seja, determinar com clareza onde a organização se encontra e para onde deseja ir; Abrangência e integração - é a necessidade de haver uma nítida ligação entre o plano estratégico e os planos táticos e operacionais, bem como entre estes e os projetos específicos necessários para implementar diretrizes e políticas determinadas;
Motivação – acionamento de mecanismos que motivem os funcionários da organização e facilitem a elaboração/execução dos projetos e dos planos necessários para implementar o plano estratégico. Enfoque sistêmico - ao planejar estrategicamente, o administrador deve visualizar a organização de forma sistêmica, pois ela é um sistema complexo.

 



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Erros mais comuns no processo de planejamento estratégico.

O planejamento estratégico não está livre de problemas e erros.
Cabem ser destacados os seguintes:

  • o “modismo” no uso desta técnica pode ser a primeira causa;
  • participação inadequada da alta direção e das gerências intermediárias da organização;
  • dizer apenas o que as pessoas querem ouvir;
  • falta de definição clara do negócio, dos segmentos de mercado e da clientela a ser atendida;
  • privilegiar a forma ao invés do conteúdo;
  • isolamento da organização em relação ao ambiente externo;
  • projeção do futuro baseada apenas em fatos passados;
  • falta de apreciação e avaliação correta de diferenças;
  • estrutura organizacional inflexível;
  • ausência de condições técnicas e de recursos para implementar as decisões;
  • pensamento limitado ao curto prazo;
  • inexperiência no manejo de técnicas de planejamento;
  • é comum atribuir ao “planejador” e ao gerente em geral a responsabilidade pelos sucessos e fracassos do planejamento estratégico. Entender as limitações do papel do gerente pode ser um bom começo para se evitar problemas durante o processo de planejamento estratégico.
  • deve-se evitar o chamado “plano-livro”.


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O que a empresa espera de planejamento estratégico?

EXPECTATIVAS DA EMPRESA
FINALIDADES

• conhecer seus pontos fortes;
• conhecer seus pontos fracos;
• conhecer as oportunidades externas;
• conhecer as ameaças externas;
• ter efetivo plano de trabalho, considerando alguns pontos-chaves.

• para aprimorar e usar como facilitadores;
• para eliminar ou adequar;
• para usufruir;
• para evitar;
• para otimizar o planejamento estratégico.

A empresa espera:

• pontos-chaves
• sustentabilidade

A finalidade precípua do planejamento estratégico é oferecer um “norte” à organização, no sentido de garantir a sua sustentabilidade.

O planejamento estratégico deverá apresentar os seguintes produtos finais:

• esforços voltados para pontos comuns;
• entendimento, por todos os funcionários, da missão, objetivos, políticas, estratégias dos projetos;
• indicação da elaboração do programa de atividades das várias unidades que integram a estrutura organizacional;
• criação de uma agenda de trabalho, por período de tempo, que permita à empresa trabalhar com as prioridades estabelecidas e as exceções justificadas.

Quadro síntese do planejamento estratégico

Planejamento Estratégico


• processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa para obter um nível de otimização entre a empresa e o seu ambiente;
• estabelece um conjunto de providências a serem tomadas pelo administrador para a situação em que o futuro tende a ser diferente do passado;
• técnica administrativa que, por meio da análise do ambiente de uma organização, constata as situações de oportunidades e ameaças e os seus pontos fortes e fracos, para o cumprimento da missão. Estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar os riscos.



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Resumo

A utilização dos conceitos e técnicas do planejamento, especialmente do planejamento estratégico, constitui caminho apropriado para as organizações formularem suas respectivas estratégias, com vistas a administração mais eficiente.

Níveis de planejamento:

1° nível: Estratégico – Fixa a missão, os objetivos e as metas a serem alcançados a longo prazo; as atividades, os meios, os responsáveis pela execução; a forma de acompanhamento de avaliação e retroalimentação dos objetivos e metas estabelecidos;

2° nível: Tático – Refere-se aos objetivos de médio e de curto prazos, respectivas ações e formas de alcançá-los;

3° nível: Operacional – É, voltado para as especificidades do planejamento tático, podendo ser processo necessário à implementação das decisões estratégicas e para atingir os objetivos e metas estabelecidos pelas unidades funcionais.

O planejamento estratégico possui as dimensões operacionais: elaboração e implementação, processo de elaboração do planejamento estratégico.

Metodologia – Não é forma única de desenvolvimento do planejamento estratégico. Pode-se, primeiro, definir “como se está” para depois se pensar “aonde a empresa quer chegar”; ou definir primeiro “aonde a empresa quer chegar” para depois buscar o “como chegar lá”; ou, ainda, definir “aonde quer chegar”, juntamente com o “como chegar”.


Etapas do processo de planejamento estratégico: 1) realização do diagnóstico estratégico; 2) definição da missão empresarial, análise de cenários e opção de postura estratégica 3) estabelecimento de objetivos, desafios e metas; escolha do(s) tipo(s) de estratégia(s) a ser(em) adotada(s); (re)definição de políticas e diretrizes; elaboração de projetos e planos de ação; previsão orçamentária; e 4) realização do controle e da avaliação da implementação.
Princípios básicos a serem seguidos na elaboração do planejamento estratégico: a) eficiência, eficácia e efetividade; b) descentralização; c) participação e comprometimento; d) permanência; e) criatividade; f) motivação; g) enfoque sistêmico.

Os erros mais comuns que ocorrem no processo de planejamento estratégico são a inadequada participação da alta e média gerência, a falta de nitidez do negócio, dos nichos de mercado da clientela a ser atendida, da desconsideração do ambiente externo e a atribuição do fracasso e do insucesso do planejamento ao planejador e ao gerente responsável, sem levar em conta as limitações de seus papéis.

Espera-se que a empresa, pelo seu planejamento estratégico, conheça seus pontos fortes (facilitadores), seus pontos fracos (fragilidades a serem eliminadas ou adequadas), as oportunidades externas (para usufruía-las) e as ameaças externas (para evitá-las).