Unidade 5 Módulo 1
Tela 1
Modulo 1 - Balanço de Pagamentos
1 - Definição e Estrutura do Balanço de Pagamentos

O Balanço de Pagamentos é o registro sistemático das transações econômicas de um país com o resto do mundo durante determinado período de tempo. Com o Balanço de Pagamentos, é possível identificar o valor de produção e a quantidade de bens e serviços comercializados com outros mercados.

As transações que resultam na entrada de divisas para o país são registradas com um sinal positivo (+), as transações que envolvem a saída de divisas são registradas por um sinal negativo (-).



Tela 2
Modulo 1 - Balanço de Pagamentos

Estrutura do Balanço de Pagamentos



Tela 3
Modulo 1 - Balanço de Pagamentos

A Balança de Transações Correntes representa a soma algébrica dos resultados da Balança Comercial, Serviços e Transferências Unilaterais.

Na Balança de Transações Correntes, estão identificados os fluxos de comércio de bens e serviços ou o lado real da economia.

A Balança Comercial representa o resultado líquido das compras e vendas de mercadorias com o exterior. Essa conta é a única incluída no Balanço de Pagamentos, em que é possível visualizar o conteúdo das transações.

A Balança de Serviços, também chamada de grupo de invisíveis, representa o resultado líquido das transações de serviços (Bens Intangíveis) entre residentes no Brasil com o exterior.

Transferências Unilaterais representam os movimentos de remessas de imigrantes, doações internacionais e compensações de guerra. Entende-se por transferência todo e qualquer pagamento em que não houver uma contrapartida de trabalho ou serviço realizado.

A Conta Movimentos de Capital indica os deslocamentos de fluxos de capital entre o país e o resto do mundo. Nela estão inseridas três subcontas:

Movimentos de capitais autônomos
Movimentos de capitais compensatórios
Erros e omissões.



Na subconta Movimentos de Capitais Autônomos são registrados os fluxos de capitais resultantes de empréstimos e financiamentos, investimentos e reinvestimentos, amortizações de empréstimo e financiamentos, capitais de curto prazo etc. Nessa conta estão representados os saldos das entradas e saídas de capitais voluntários.



Na subconta Movimentos de Capitais Compensatórios, também conhecida como demonstrativo de resultado, são registrados os movimentos de capitais provenientes de empréstimos do Fundo Monetário Internacional – FMI com a finalidade específica de cobrir o déficit no Balanço de Pagamentos e registrar as variações ocorridas nas reservas internacionais.



A subconta Erros e Omissões representa uma conta de retificação no Balanço de Pagamentos. As movimentações que não foram contabilizadas corretamente.



Tela 4
Modulo 1 - Balanço de Pagamentos

As reservas internacionais de uma nação são constituídas da seguinte forma:

• Pelas reservas cambiais;
• Pelas divisas estrangeiras e títulos externos de curto prazo em poder do Banco Central;
• Pelas reservas em ouro, contidas no seu Banco Central;
• Pelos direitos especiais de saque.


Saldo do BP =
Saldo do Balanço de Transações Correntes + Saldo do Movimento de Capitais Autônomos + Erros e Omissões.

Os Movimentos de Capitais Compensatórios neutralizam o resultado apresentado pelo Saldo do Balanço de Pagamentos. Por exemplo, se o saldo do Balanço de Pagamentos for superavitário, a conta Movimentos de Capitais Compensatórios será negativa e vice-versa.



Reservas cambiais são os ativos (riquezas) estrangeiros em depósito no Banco Central. Representam o somatório das Divisas Estrangeiras, das Reservas em Ouro e dos Direitos Especiais de Saque em poder do Banco Central, que podem ser utilizados para o pagamento de transações entre dois ou mais países.



Divisas estrangeiras representam moeda estrangeira, aceita pelo mercado internacional, como instrumento para pagamentos entre países.



Reservas em Ouro é o termo que representa o valor em moeda, da quantidade total de ouro depositada Banco Central, que pode ser utilizada para o pagamento entre dois países.




Direitos Especiais de Saque são substitutos, em papel moeda, para o ouro emitido pelo Fundo Monetário Internacional, que pode ser utilizado e aceito como instrumento de pagamentos entre países.



Tela 5
Modulo 1 - Balanço de Pagamentos

2 - Balanço de transações correntes

É o resultado do somatório das contas Balança Comercial, Balança de Serviços e as Transferências Unilaterais. Seu saldo pode ser negativo ou positivo.

Todavia, diversos fatores podem influir sobre a Balança de Bens e Serviços. Entre eles podemos citar:


• Preferência dos consumidores por produtos nacionais e importados;
• Preços dos bens internos e externos;
• Taxa de câmbio;
• Custo de transporte dos bens entre países;
• Política de governo para o comércio internacional.



Tela 6
Modulo 1 - Balanço de Pagamentos

3 - Conta Movimento de capitais

A Conta Movimento de Capitais é o somatório das contas Movimentos de Capitais Autônomos e Erros e Omissões.

Nesse sentido, alguns fatores podem influenciar os resultados apresentados pela conta de movimento de capitais, por exemplo:


a) Taxa de juros reais para os ativos internos;
b) Taxas de juros reais para os ativos externos;
c) Riscos econômicos e políticos percebidos pela manutenção de ativos no exterior;
d) Políticas governamentais que afetam a propriedade de ativos internos por estrangeiros.


Taxa de Juros Reais = Taxa de Juro Nominal – Taxa de Inflação



Tela 7
Modulo 1 - Balanço de Pagamentos

Alguns autores apontam que os Balanços de Pagamentos podem ser associados a estágios de desenvolvimento de um país. Estes países podem ser agrupados da seguinte forma:




O país novo solicita empréstimos para financiar seu desenvolvimento. A Balança Comercial e de Serviços apresenta déficits constantes, enquanto o movimento de capitais autônomos apresenta grandes superávits, em virtude da maciça entrada de capitais estrangeiros.



Neste caso, a Balança Comercial começa a apresentar tendência de equilíbrio, em grande parte, decorrente das exportações de bens primários com baixo valor agregado. A Balança de Serviços continua deficitária em virtude de altos juros e dividendos pagos ao exterior. Em geral, a balança de capitais tende a ser positiva como resultado de novos empréstimos, muitos dos quais contraídos com a finalidade de permitir o refinanciamento de dívidas anteriores.



O Balanço de Pagamentos apresenta-se, na maioria das vezes, superavitário. Estes saldos positivos podem estar sendo utilizados para a liquidação de débitos contraídos anteriormente.




O Balanço de Pagamentos apresenta um resultado negativo, visto que as Balanças de Comércio e Serviços apresentam saldos positivos enquanto nas contas de capitais ocorrem grandes saídas de recursos para financiar outras economias, sinalizando-se negativas.



A balança comercial poderá apresentar-se equilibrada e a de serviços positiva em decorrência do elevado montante de recursos recebidos do exterior, proporcionando um saldo positivo no Balanço de Pagamentos.



Tela 8
Modulo 1 - Balanço de Pagamentos
Resumo

Vimos a estrutura de um balanço de Pagamentos, descrevendo-o como resultado das transações econômicas do país com o resto do mundo, o Balanço de Pagamentos apresenta-se dividido em dois grupos de contas: Balanço de Transações Correntes ou Exportações Líquidas e Balanço de Capitais ou Investimento Externo Líquido.

O primeiro descreve o fluxo de bens e serviços entre duas economias. O segundo traça os movimentos de capitais produtivos e especulativos.

As taxas de juros reais do país e do exterior, em conjunto com as políticas econômicas internas, podem, por exemplo, influenciar os resultados dos movimentos de capitais, enquanto as políticas comércio exterior, com preferências por produtos importados, podem influenciar os saldos finais das exportações Líquidas.



Unidade 5 Módulo 2
Tela 9
Módulo 2 - O Mercado de Cambio
1 - Regimes cambiais

A taxa de câmbio expressa o valor da moeda estrangeira em termos de moeda nacional. Por exemplo: um dólar americano vale cerca de três reais.

Regime cambial é a forma como a taxa de câmbio é fixada. Podemos classificar os regimes cambiais por meio de dois extremos:

Se o governo, por meio do Banco Central ou órgão equivalente, determina o valor do câmbio, chamamos este regime de câmbio fixo. Nesse regime, o governo se compromete a manter a taxa de câmbio constante.

Quando o mercado for o instrumento responsável pela fixação de taxa de câmbio, chamamos este regime de câmbio flexível. Nesse regime, o próprio governo deixa o valor da taxa de câmbio flutuar livremente ao sabor do mercado. É também denominado câmbio livre ou flutuante. O grande problema desse regime é que a taxa de câmbio pode apresentar grandes flutuações.

É claro que, entre esses dois extremos, temos regimes cambiais em que tanto o governo como o mercado de câmbio são elementos formuladores da taxa de câmbio. Podemos chamar este regime de semiflexível, câmbio controlado ou banda móvel. Nele o governo permite que a taxa de câmbio flutue livremente por meio de dois intervalos. Nele o governo participa com a finalidade de evitar que a taxa de câmbio apresente grandes oscilações.

Como o mercado consegue fixar o valor da taxa de câmbio?



Tela 10
Módulo 2 - O Mercado de Cambio
2 - Taxa de câmbio nominal

Os países negociam bens e serviços entre si. Para que o intercâmbio seja facilitado, em geral, são utilizadas moedas para compra e venda de mercadorias. Quando um produtor de soja brasileiro vende sua produção para um comprador europeu, ele recebe por sua venda créditos em euros. O produtor brasileiro necessita de reais para pagar seus fornecedores e com isso é obrigado a trocar seus créditos em euros por reais. Essa necessidade de trocar uma moeda por outra resulta em uma taxa de troca denominada taxa de câmbio.


Taxa de câmbio é o preço de uma moeda expressa em outra.

Por exemplo: um dólar americano valia (em 20.08.2003) cerca de três reais - US$ 1,00 = R$ 3,00 (um para três).

Ao longo do tempo, esta relação poderia mudar de um para quatro ou um para dois.



Tela 11
Módulo 2 - O Mercado de Cambio
No primeiro caso, a quantidade de reais a serem trocados pela mesma quantidade de dólares americanos aumentou. Tínhamos então uma desvalorização do real frente ao dólar ou uma valorização do dólar americano frente ao real.

No segundo caso, a quantidade de reais que devem ser trocados pela mesma quantidade de dólares americanos diminuiu. Tínhamos então uma valorização do real frente ao dólar americano ou uma desvalorização do dólar americano frente ao real.

Quando a taxa de câmbio é determinada livremente pelo mercado, é chamada de regime cambial flexível ou flutuante. Por outro lado, quando a taxa de câmbio é determinada pelo Banco Central, é denominada regime de câmbio fixo. Entre estes dois pontos extremos, câmbio fixo e flutuante, existe a flutuação suja ou bandas cambiais.

Em um regime de câmbio flexível, a taxa de câmbio é determinada pela oferta e demanda por divisas.



Tela 12
Módulo 2 - O Mercado de Cambio

3 - Oferta de divisas

A oferta de divisas representa a quantidade de moeda estrangeira que entra no mercado nacional e que é trocada por moeda interna. Neste caso, diversos atores participam da oferta de divisas. Entre eles podemos citar:


• Os exportadores de mercadorias;
• Os turistas estrangeiros no país;
• O recebimento de dívidas por empresas situadas fora do país;
• Empresas estrangeiras enviando recursos para as suas filiais no país;
• As filiais das empresas nacionais fora do país enviando seus lucros para as matrizes;
• Os bancos comerciais;
• Os Bancos Centrais.

Em geral, quanto mais elevada for a taxa de câmbio, mais os agentes desejarão trocar moeda estrangeira por moeda nacional.

No quadro a baixo, quando o dólar americano está valendo R$ 2,50, os agentes detentores de dólares desejam vender, por exemplo, US$ 100. E, se o dólar está valendo R$ 3,50, a quantidade de dólares a ser trocada passará a ser de US$ 200.

A Oferta de Divisas e a taxa de Câmbio




Tela 13
Módulo 2 - O Mercado de Cambio

4 - Demanda por divisas

A demanda por divisas representa a quantidade de moeda estrangeira que deve sair do mercado nacional com a finalidade de honrar os compromissos externos. Nesse caso, diversos atores participam da demanda de divisas. Entre eles, podemos citar:


• Os importadores de mercadorias;
• O pagamento de compromissos realizados no exterior;
• Os turistas brasileiros que vão para o exterior;
• Empresas estrangeiras no país enviando recursos para as suas matrizes no exterior;
• As filiais das empresas nacionais fora do país recebendo recursos para honrar seus prejuízos com as matrizes localizadas no país;
• Os bancos comerciais;
• Os Bancos Centrais.



Tela 14
Módulo 2 - O Mercado de Cambio
Em geral, quanto mais baixa for a taxa de câmbio, mais os agentes desejarão trocar moeda estrangeira por moeda nacional.

No quadro a baixo, quando o dólar americano está valendo R$ 2,50, os agentes que necessitam de dólares desejam comprar US$ 200. Por outro lado, quando o dólar está valendo R$ 3,50, a quantidade de dólares a ser comprada diminui para US$ 100.

Demanda por divisas e taxa de Câmbio




Tela 15
Módulo 2 - O Mercado de Cambio
5 - Equilíbrio no mercado de câmbio

O equilíbrio no mercado de câmbio ocorre quando as curvas de oferta e demanda por divisas se encontram. Neste ponto (A), o mercado encontra uma taxa que satisfaz tanto os compradores como os vendedores.

Cabe destacar que, em qualquer ponto que não seja o de equilíbrio, a quantidade ofertada de demanda não será igual.

Mercado de Câmbio




Tela 16
Módulo 2 - O Mercado de Cambio

Neste regime, de câmbio flexível, a taxa de câmbio pode aumentar (desvalorizar-se) ou diminuir (valorizar-se) por meio das forças de oferta e demanda por divisas.
A taxa de câmbio pode desvalorizar-se quando:


1. A demanda por divisas aumentar e a oferta permanecer constante;
2. A demanda por divisas aumentar e a oferta de divisas também, porém, em proporção inferior;
3. A oferta de divisas diminuir e a demanda por divisas permanecer estável;
4. A oferta de divisas diminuir e a demanda também, porém, em proporção menor.


Mercado de câmbio após um aumento da demanda por dividas


Mercado de câmbio após uma redução na oferta de divisas




Tela 17
Módulo 2 - O Mercado de Cambio

A taxa de câmbio pode valorizar-se quando:


• A oferta de divisas aumentar e a demanda por divisas permanecer constante;
• A oferta de divisas e a demanda por divisas aumentarem, porém, em uma proporção inferior;
• A demanda por divisas diminuir e a oferta de divisas permanecer estável;
• A demanda por divisas diminuir e a oferta também, porém, em uma proporção menor.

Mercado de câmbio após uma redução na demanda por divisas

Mercado de câmbio após um aumento na oferta de moeda

A taxa de câmbio tende a permanecer inalterada quando:

a) A oferta e a demanda por divisas permanecerem estáveis;
b) A oferta e a demanda por divisas aumentarem na mesma proporção;
c) A oferta e a demanda por divisas diminuírem na mesma proporção.

Mercado de câmbio




Tela 18
Módulo 2 - O Mercado de Cambio

Os movimentos de valorização e desvalorização da taxa de câmbio influenciam diretamente os resultados da balança comercial. Podem torná-la superavitária ou deficitária, por exemplo:


• Uma desvalorização da moeda nacional provoca, por um lado, uma redução nas importações; por outro, um incentivo ao aumento das exportações.

• Uma valorização da moeda nacional provoca, por um lado, um aumento nas importações; por outro, uma redução das exportações.

Por exemplo:

Uma mercadoria custa, em reais, R$ 100,00. Com uma taxa de câmbio de US$ 1,00 = R$ 3,00; essa mercadoria custa US$ 33,33. Uma desvalorização do câmbio para US$ 1,00 = R$ 4,00 levaria esta mercadoria a custar US$ 25,00; tornando-se, assim, os produtos feitos no país mais baratos em moeda estrangeira e consequentemente favorecendo a sua exportação. Neste caso, houve uma desvalorização cambial de 33,33 %.

Por outro lado, se uma mercadoria custa R$ 100,00, após uma valorização da taxa de câmbio, seu valor, em dólares americanos, seria aumentado. Por exemplo: se a taxa de câmbio passasse para US$ 1,00 = R$ 2,50.



Tela 19
Módulo 2 - O Mercado de Cambio
Resumo

A taxa de câmbio representa o valor da moeda nacional em termos de moeda estrangeira ou o contrário. Com base na taxa de câmbio, podemos comparar os preços das mercadorias entre o mercado nacional e o estrangeiro.

Os regimes cambiais, isto é, a forma como a taxa de câmbio é fixada, podem ocorrer, por exemplo, de dois modos bem distintos.

1) Regime do câmbio flexível em que a taxa de câmbio é determinada por meio da lei da oferta e da procura;
2) Intervenção direta do governo ao fixar o valor da taxa de câmbio independentemente das opiniões do mercado.



Unidade 5 Módulo 3
Tela 20
Módulo 3- Políticas de Comércio
1 - Teorias de comércio internacional

A globalização é um processo bastante amplo, pois, em uma de suas vertentes, preconiza um aumento do fluxo de transações de bens e serviços entre diversas economias.

O comércio internacional permite aos países aumentarem as suas produções e aos consumidores ter acesso a bens e serviços a preços mais baratos e com qualidade mais elevada.

Se, por um lado, vários grupos acreditam que o livre comércio entre as nações permite que a sociedade tenha um melhor bem-estar, por outro, existem grupos que acreditam que o comércio pode trazer pobreza e desemprego.

Algumas teorias ajudam a explicar o funcionamento do comércio internacional.



Tela 21
Módulo 3- Políticas de Comércio
2 - Teoria das vantagens absolutas

Um dos primeiros autores que se dedicaram ao estudo do comércio internacional foi Adam Smith com a publicação de A Riqueza das Nações (1776). Smith procurou demonstrar a aplicação da divisão do trabalho na área de comércio entre nações, partindo do princípio de que a especialização da produção em conjunto com as trocas entre mercados pode melhorar o bem-estar da sociedade.

O pensamento de Adam Smith parte da ideia de que cada país deveria concentrar-se somente nos bens e serviços que poderia produzir a um custo mais reduzido e trocar parte dessa produção por outros artigos que custassem menos em outros países.

Para simplificar, vamos considerar dois países e dois bens:

• Portugal e Inglaterra
Aço e Vinho

Para determinar o valor de uma mercadoria, era empregado o conceito de horas trabalhadas. Nesse aspecto, quanto maior fosse a quantidade de horas despendidas na elaboração de um bem, maior seria seu valor. Em sentido contrário, quanto menor fosse a quantidade de horas gastas na produção, menor seria seu valor.



Tela 22
Módulo 3- Políticas de Comércio
No quadro abaixo, temos as quantidades de horas gastas na produção de trigo e aço em dois países. Chamamos este quadro de coeficientes técnicos de produção.

Coeficientes Técnicos de Produção

País/Produto
Trigo
Aço
Portugal
6
12
Inglaterra
10
5

Pode-se observar no quadro acima que, para produzir uma mesma quantidade de trigo, um trabalhador inglês gasta 10 horas, enquanto o português gasta somente 6. Neste caso, o trabalhador português tem vantagem absoluta na produção de trigo em relação a seu colega inglês, pois ele gasta menos horas.

Da mesma forma, também podemos observar que, na produção de aço, o trabalhador inglês é mais eficiente do que o português, pois gasta somente cinco horas contra 12 do lusitano. Neste caso, o trabalhador inglês tem vantagem absoluta na produção de aço.



Tela 23
Módulo 3- Políticas de Comércio
Para saber a produção e o consumo de cada um dos países e seus ganhos e benefícios com o comércio, as tabelas a seguir apresentarão as possibilidades de produção. Para construir as tabelas, é necessário saber a quantidade de horas disponíveis para a produção em cada país. Neste exemplo, cada país dispõe de 600 horas para produzir cada bem.

Portugal

Produção de aço = quantidade de horas disponíveis para produzir aço em Portugal
quantidade de horas gastas na produção de aço em Portugal

Produção de trigo= quantidade de horas disponíveis para produzir trigo em Portugal
quantidade de horas gastas na produção de trigo em Portugal

Produção de aço =
600h / 12 = 50

Produção de trigo=
600h / 6= 100


Tela 24
Módulo 3- Políticas de Comércio

Inglaterra

Produção de aço = quantidade de horas disponíveis para produzir aço na Inglaterra
quantidade de horas gastas na produção de aço na Inglaterra

Produção de trigo= quantidade de horas disponíveis para produzir trigo na Inglaterra
quantidade de horas gastas na produção de trigo na Inglaterra

Produção de aço =
600h / 5= 120

Produção de trigo=
600h / 10= 60


Tela 25
Módulo 3- Políticas de Comércio
O resultado final permite construir o quadro seguinte, que descreve a possibilidade de produção de cada mercadoria nos dois países.

Possibilidades de Produção antes do Comércio

País/Produto
Trigo (t)
Aço (t)
Total (t)
Portugal
100
50
150
Inglaterra
60
120
180
Total (t)
160
170
330

Esta tabela mostra que a produção mundial de trigo será de 160 toneladas, enquanto a de aço era de 170 toneladas.

Segundo Smith, cada país deveria especializar-se na produção do bem em que tivesse vantagem absoluta. Neste caso, Portugal produziria trigo e a Inglaterra produziria aço.



Tela 26
Módulo 3- Políticas de Comércio
Assim, Portugal dedicaria todas as suas horas de trabalho na produção de trigo (1.200h) e nenhuma para aço (0h).

A produção de trigo e aço de Portugal:


Produção de aço = 0 h / 12 = 0


 

Produção de trigo = 1.200 h / 6 = 200

A produção de trigo e aço da Inglaterra


Produção de aço = 1200 h / 5= 240


 

Produção de trigo = 0 h / 10 = 0



Tela 27
Módulo 3- Políticas de Comércio

De acordo com o próximo quadro, a produção de mundial de trigo será de 200 toneladas, enquanto a de aço era de 240 toneladas. A especialização na produção de bens que apresentem vantagens absolutas proporciona ganhos à produção e ao comércio mundial.

Possibilidades de Produção depois do Comércio

País/Produto
Trigo (t)
Aço (t)
Total (t)
Portugal
200
0
200
Inglaterra
0
240
240
Total (t)
200
240
440


Quais seriam os ganhos para o comércio?

Para responder a esta pergunta, vamos construir dois quadros mostrando o consumo antes e depois do comércio e especialização.

Possibilidades de Consumo antes do Comércio

País/Produto
Trigo (t)
Aço (t)
Total (t)
Portugal
100
50
150
Inglaterra
60
120
180
Total (t)
160
170
330

As possibilidades de consumo antes do comércio são idênticas às possibilidades de produção antes do comércio, visto que a produção é destinada somente ao mercado interno.



Tela 28
Módulo 3- Políticas de Comércio
Antes e depois do comércio, o padrão de consumo para os países produtores não deve mudar substancialmente. Para efeito de simplificação, vamos supor que permaneçam constantes.

Assim,

Portugal produz 200 t de trigo e consome somente 100t. O excedente Portugal exporta para a Inglaterra. Como a Inglaterra não produz trigo, mas somente aço, as exportações portuguesas de trigo são todas para o mercado consumidor inglês.

Possibilidades de Consumo antes do Comércio

País/Produto
Trigo (t)
Aço (t)
Total (t)
Portugal
100
120
220
Inglaterra
100
120
220
Total (t)
200
240
440

Desse modo, tanto Portugal como Inglaterra apresentam ganhos com comércio e especialização.



Tela 29
Módulo 3- Políticas de Comércio
3 - Teoria das vantagens comparativas de Ricardo

A teoria das vantagens absolutas de Adam Smith excluía os países que não tinham vantagens no comércio internacional. David Ricardo continuou a obra de Smith aperfeiçoando seus conceitos. Para Ricardo, haveria ganhos com o comércio entre dois países, mesmo se um deles tivesse vantagem absoluta na produção dos dois bens. Ao lançar a base da teoria das vantagens comparativas, Ricardo introduziu o conceito de preços relativos e termos de troca.

No quadro abaixo, a Inglaterra demonstra vantagem absoluta na produção de trigo e aço.

Coeficientes técnicos de produção

País/Produto
Trigo
Aço
Portugal
10
12
Inglaterra
6
4

Como determinar se um país tem vantagem comparativa na produção de um bem? Para responder a esta pergunta, devemos usar o conceito de preços relativos:



Tela 30
Módulo 3- Políticas de Comércio
Como o trabalho é a única fonte determinante de valor para uma mercadoria, nada como usar a quantidade de trabalho em cada país como referência de valor.

Preço relativo de se produzir trigo na Inglaterra com relação a Portugal.

Preço relativo Inglaterra/Portugal =

quantidade de horas gastas na produção de trigo na Inglaterra

quantidade de horas gastas na produção de trigo em Portugal

 

Preço Relativo = 6 h / 10 = 0,60 = 60%

Preço relativo de se produzir aço na Inglaterra com relação a Portugal.

Preço relativo Inglaterra/Portugal =

quantidade de horas gasta na produção de aço na Inglaterra

quantidade de horas gastas na produção de aço em Portugal

 

Preço Relativo = 4h / 12 = 0,33 = 33%



Tela 31
Módulo 3- Políticas de Comércio
Com estes cálculos, podemos observar que: o tempo que se gastava para produzir uma unidade de trigo na Inglaterra era de 60% do tempo gasto em Portugal. Já para produzir aço a vantagem é maior ainda: 33% do tempo. Para a Inglaterra, é mais proveitoso produzir aço do que trigo, pois sua vantagem é muito maior. Neste caso, a Inglaterra tem vantagem comparativa na produção de aço.

Portugal tem desvantagem absoluta na produção dos dois bens, mas tem uma desvantagem menor na produção de trigo do que aço. Neste caso, Portugal tem vantagem comparativa na produção de trigo.

Possibilidades de produção e consumo antes do comércio

País/Produto
Trigo (t)
Aço (t)
Total (t)
Portugal
60
50
110
Inglaterra
100
150
150
Total (t)
160
200
360


Tela 32
Módulo 3- Políticas de Comércio
Após a especialização e comércio

• Portugal deverá produzir trigo, pois tem vantagem comparativa.
Inglaterra deverá produzir aço, pois tem vantagem comparativa.

Possibilidades de produção depois do comércio

País/Produto
Trigo (t)
Aço (t)
Total (t)
Portugal 10
120
0
120
Inglaterra 5
0
300
300
Total (t)
120
300
420

Possibilidades de consumo depois do comércio

País/Produto
Trigo (t)
Aço (t)
Total (t)
Portugal 10
60
150
210
Inglaterra 5
60
150
210
Total (t)
120
300
420

Após o comércio e a especialização, a Inglaterra se dedica somente aos bens que oferecem vantagem comparativa e passa a importar os que não oferece. O resultado final para a Inglaterra é um aumento da produção de aço e aumento no consumo de trigo.



Tela 33
Módulo 3- Políticas de Comércio
4 - Dotação relativa dos fatores de produção

Se a base do comércio internacional está pautada nas diferenças dos preços relativos dos bens de diversos países, por que existem diferentes preços? A resposta foi encontrada por dois economistas suecos, Bertil Ohlin e Eli Heckscher. Para Hechkscher-Ohlin, as causas dessas diferenças estavam na má distribuição dos fatores de produção entre os países.

Segundo os autores, as diferenças de custo de produção entre duas economias dependem de circunstâncias, tais como:


• As matérias-primas não estão distribuídas de forma homogênea em todos os países. Onde forem mais abundantes, seu preço será mais baixo;

• A composição dos fatores de produção não é homogênea para cada mercadoria. Produtos industriais tendem a usar mais capital do que as atividades ligadas à agricultura, que exigem mais trabalho;

• A possibilidade de deslocamento da mão de obra entre dois países é bastante dificultada.




Tela 34
Módulo 3- Políticas de Comércio
Nesse sentido, em um país, um mesmo fator pode ser escasso, enquanto em outro pode ser abundante. No local onde o fator de produção for escasso, seu preço relativo será mais elevado. Por outro lado, se o fator de produção for abundante, seu preço relativo será mais barato.

Cada país deverá especializar e exportar o produto cuja produção requer a participação do seu fator de produção mais abundante. Por exemplo, no Paquistão, a mão de obra é abundante e barata, assim ele poderá exportar produtos agrícolas. Por outro lado, países onde o capital é mais abundante, como França e Alemanha, os produtos intensivos em capital serão produzidos e exportados.

Deve-se destacar o papel da tecnologia, que pode mudar a composição dos fatores necessários à produção e modificar a vantagem comparativa. Por exemplo, uma tecnologia pode usar mais capital do que trabalho, como é o caso da produção de tecidos por meio de teares computadorizados, que poupam o uso do trabalho humano. No mesmo sentido, também podem ser produzidos tecidos por meio de teares manuais, que usam mais mão de obra.



Tela 35
Módulo 3- Políticas de Comércio
5 - Limitações à especialização

As principais teorias de comércio internacional preconizam que cada país deve se dedicar somente à produção das mercadorias em que possui vantagens comparativas e trocar seus excedentes com outros que apresentam custos reduzidos, dando à população acesso a uma maior oferta de produtos com preços mais baixos.

Todavia, na prática, isso não acontece da maneira esperada. Diversos países procuram produzir internamente bens e serviços necessários para o mercado nacional. Para tanto, aplicaram políticas voltadas para a substituição de importações a qualquer custo e a adoção de barreiras de proteção à indústria nacional.

Fatores determinantes adotados pelas práticas protecionistas:


• limitação na especialização;
• argumento da segurança nacional;
• grupos de pressão;
• nacionalismos;
• sonho da industrialização.

As barreiras comerciais podem ser de origem tarifária ou não tarifária.


• Tarifária: estão inseridos os impostos de importação;

• Não tarifária: estão inseridas as cotas de importação, legislação de controle sanitário etc.



Tela 36
Módulo 3- Políticas de Comércio
6 - Benefícios do comércio internacional

O comércio internacional permite que diversas economias possam trocar bens e serviços que não podem produzir internamente ou produzem a custo bastante elevado.

Assim, o comércio internacional funciona como instrumento de desenvolvimento para nações que não possuem mercado interno suficiente para sustentar a sua indústria e de forma análoga para satisfazer mercados que não comportam a instalação de uma fábrica naquele território.

Em linhas gerais, o comércio internacional propicia grandes benefícios para os dois lados (compradores e vendedores).

Os principais efeitos do comércio exterior sobre a economia são:


• Redução dos custos de produção;
• Barateamento dos preços das mercadorias;
• Aumento da produção e a sua especialização;
• Melhoria na qualidade dos produtos.



Tela 37
Módulo 3- Políticas de Comércio
7 - Políticas protecionistas

Quando uma economia abre seus mercados para a concorrência externa, diversos setores da economia não estão preparados para a competição. Estes setores para competirem têm que enfrentar um grande dilema: investir na produção ou fechar suas portas.

Para as firmas que optam pelo investimento na linha de produção, o resultado se traduz por meio de maior produtividade e a custo de produção mais baixo.

Há de se destacar que nem todas as empresas optam por fazer investimentos para enfrentar a concorrência de produtos importados. Esses empresários não conseguem competir com produtos mais baratos e de qualidade superior vindos do estrangeiro. Desse modo, se nada for realizado, cabe a estas empresas fechar as suas portas.



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Módulo 3- Políticas de Comércio

Todavia, quando essas empresas fecham as suas atividades, muitos trabalhadores perdem seus empregos, aumentando, assim, a fila dos desempregados.

Por outro lado, o fechamento de algumas dessas empresas representa o fim da produção nacional daquele bem. Como seu fechamento, o país passa a importar essa mercadoria, usando suas poucas reservas cambiais para obtê-la.

Para defender essas empresas, o governo pode introduzir diversos mecanismos diretos ou indiretos para encarecer os produtos importados. Entre as medidas, estão:


• Aumento do imposto de importação;

• Subsidiar a produção nacional;

• Limitar as importações por cotas;

• Estabelecer critérios sanitários bastante rigorosos para produtos importados;

• Estabelecer parâmetros de funcionamento bastante específicos para produtos importados;

• Proibição de importar algumas mercadorias;

• Favorecer a empresas nacionais em processos de licitações feitas pelo governo.



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8 - Globalização dos mercados

A globalização não é um processo novo ou recente, ela sempre aconteceu desde que as comunidades humanas têm conseguido aumentar as suas trocas. Nesse caso, a redução da duração das viagens e consequentemente dos seus custos de transporte tem servido de um forte impulsor para o comércio internacional.

O processo de globalização responde a diversos aspectos da vida econômica. Segundo Baumamm, esses aspectos podem ser agrupados pelos seguintes enfoques:

a) Enfoque financeiro – Está relacionado à capacidade do capital deslocar-se de um mercado para outro. Os capitais hoje podem ser deslocados de um país para outro a qualquer momento, podendo provocar ou melhorar as reservas cambiais dos países. Para os países em desenvolvimento, uma abertura de seus mercados de capitais pode, de um lado, atrair recursos para financiar sua produção; por outro, também pode, em momentos de crises financeiras, sair do país e esgotar suas reservas cambiais.

b) Enfoque comercial – Está relacionado à padronização dos hábitos e costumes. Se por um lado permite a especialização da produção de uma fábrica em uma região para atender diversos mercados (padronizando desse modo a oferta e a demanda mundial) por outro decreta a extinção da produção de bens específicos para pequenos mercados.

c) Enfoque produtivo – Está relacionado à interligação das plantas industriais, permitindo interligar diversas cadeias produtivas em diferentes mercados na elaboração de um produto. Assim, por exemplo, um carro produzido no Brasil possui diversos componentes produzidos em vários países.

d) Enfoque institucional – Está associado com a regulação da atividade econômica. Com a globalização, a relação setor público e setor privado é padronizada, bem com a forma como o governo controla a atividade econômica.

e) Enfoque da governabilidade – Está relacionado com o aprofundamento do processo de globalização e a redução das margens de manobra do governo de um país na condução de sua política monetária, fiscal e até mesmo na condução de seu sistema judiciário.



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A integração não ocorre de um momento para outro na vida de um país. Na realidade esse processo obedece a uma lógica estabelecida por fases. Segundo Balassa, é possível identificar algumas fases do processo de integração econômica da seguinte forma:

• Áreas de Livre Comércio – São zonas formadas por países que concordam em eliminar ou reduzir as barreiras alfandegárias apenas para as importações de mercadorias dentro dessa área, porém, cada membro mantém políticas comerciais independentes em relação aos demais – NAFTA.

União Aduaneira – A União Aduaneira é mais ampla que a Zona de Livre Comércio. Além das medidas aplicadas em uma zona de livre comércio, adota uma política tarifária comum em relação aos produtos importados por países fora da área (Mercosul).

Mercado Comum – Há liberdade de deslocamento não somente de produtos, mas também de fatores de produção (capital e trabalho).

União Econômica – A União Econômica é aquela que, além do que foi estabelecido no Mercado Comum, procura harmonizar as políticas econômicas nacionais.

Integração Econômica Total – Livre comércio, política comercial uniforme para todos os países membros, livre movimento de fatores de produção e harmonização de todas as políticas nacionais (União Europeia).



NAFTA - Acordo de livre comércio da América do Norte




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Resumo

O comércio internacional beneficia a todos os seus membros, propiciando aos consumidores produtos mais baratos e de melhor qualidade do que os praticados em sistema baseado somente na produção para o consumo interno.

Todavia, o comércio internacional pode prejudicar aqueles segmentos da economia que apresentam baixa produtividade e altos custos de produção. São esses setores da economia que advogam uma proteção às suas atividades e manutenção dos postos de trabalho.

Abordamos o papel da globalização como um marco unificador dos hábitos e costumes de cada região. Nesse sentido, verificamos que a união econômica pode surgir por meio de acordos de livre comércio regionais, que unem países próximos em torno de objetivos comuns.