Unidade 2 Módulo 1
Tela 1
Módulo 01 - Fundamentos de Administra��o de Estoques

1 - Planejamento de Estoques

O planejamento é muito importante para a manutenção dos níveis de estoque. Um estoque mal planejado pode gerar conflitos internos no Sistema de Materiais e até mesmo na administração geral da empresa, pois ao mesmo tempo em que o setor de vendas deseja um estoque elevado para atender aos clientes, por exemplo, o setor financeiro quer estoques reduzidos para diminuir o capital investido.

É imprescindível haver uma conciliação entre os objetivos das diferentes áreas, para que as ações da empresa não sofram nenhum prejuízo. E cabe à administração de material a responsabilidade pelas decisões relacionadas ao dimensionamento dos estoques.



Tela 2
Módulo 01 - Fundamentos de Administra��o de Estoques

Mas como proceder para o dimensionamento dos estoques?

É preciso, antes de tudo, fazer uma avaliação que permita o equilíbrio entre vendas e produção, considerando-se que:

  • os produtos devem ficar estocados o menor tempo possível. Isso significa que o capital investido na sua aquisição retorna rapidamente aos cofres da empresa;
  • o estoque precisa garantir o alcance do objetivo operacional da empresa, seja ele a produção, a venda ou a prestação de serviços;
  • o custo de manutenção dos estoques aumenta na proporção de sua dimensão. Isso significa que quanto maior o estoque, maior deverá ser o espaço físico para guardá-lo, maior deverá ser o número de pessoas para cuidar dele, mais gastos serão necessários para o controle. É preciso estabelecer qual o estoque ideal para a manutenção da atividade da empresa.


Dimensionar o estoque é exatamente desenvolver um planejamento, confrontando aspectos relativos ao capital, ao estoque e à demanda.



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Módulo 01 - Fundamentos de Administra��o de Estoques

Para que a administração de estoques funcione adequadamente, é necessário estabelecer alguns critérios básicos, como por exemplo:


  • determinação das metas quanto a prazos de entrega de produtos aos clientes (no caso de empresa fornecedora);
  • conhecimento dos prazos de entrega por parte dos fornecedores (no caso de empresa compradora);
  • definição dos materiais a serem estocados;
  • determinação da quantidade e do porte dos locais próprios à estocagem - almoxarifado ou depósitos;
  • fixação do nível de flutuação dos estoques.
  • definição do fluxo de rotatividade dos estoques.

É assim que se define a política de estoques da empresa.



Flutuação é a mudança de dimensionamento do estoque de acordo com a demanda, seja para atender a uma alta ou baixa de vendas, seja para atender à alteração de consumo nos setores da empresa.



Rotatividade é a alternância de fatos, de situações. A rotatividade de estoque tem a ver com o número de vezes em que o estoque foi renovado em determinado período.



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Módulo 01 - Fundamentos de Administra��o de Estoques

2 - Funções e classificação dos Estoques

O estoque serve como armazenamento intermediário entre:

  • Oferta e demanda;
  • Demanda dos clientes e produto acabado;
  • Produtos acabados e a disponibilidade dos componentes;
  • Exigência de uma operação e resultado da operação anterior;
  • Peças e materiais necessários ao início da produção e fornecedores de materiais.

Os estoques são classificados de acordo com a função que desempenham:



Estoque de Antecipação é o estoque feito para antecipar demanda futura. É criado, por exemplo, antes de uma época de pico de vendas, de um programa de promoções, das férias coletivas, ou possivelmente diante de ameaça de greve. São feitos para auxiliar o nivelamento da produção e redução dos custos de mudança das taxas de produção.



Estoque de Segurança ou de Reserva é a manutenção de uma quantidade mínima de materiais nos estoques da empresa para evitar desabastecer a produção e a venda de produtos acabados. São os estoques feitos para cobrir flutuações aleatórias e imprevisíveis do suprimento, da demanda ou do lead time. Se a demanda ou o lead time são maiores que o esperado, haverá um esvaziamento do estoque. O estoque de segurança é mantido para proteger a empresa dessa possibilidade. Sua finalidade é prevenir perturbações na produção e no atendimento aos clientes.



Estoque de Tamanho do Lote
é o estoque feito para tirar vantagem dos descontos sobre a quantidade, para reduzir as despesas de transporte, os custos de escritório e de preparação e em casos em que é impossível fabricar ou comprar itens na mesma velocidade em que serão utilizados ou vendidos.



Estoque em Trânsito – é a quantidade de um material retirada da fábrica, mas que ainda não chegou ao centro de distribuição ou ao cliente.



Estoque hedge - Determinados produtos, tais como minerais e commodities, por exemplo, grãos ou produtos animais são comercializados no mercado mundial. O preço desses produtos flutua de acordo com a oferta e as demandas mundiais. Caso os compradores tenham uma expectativa de que os preços irão subir, podem adquirir um estoque hedge quando os preços estão baixos.



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Módulo 01 - Fundamentos de Administra��o de Estoques

3 - Objetivos da Administração de Estoques

Uma empresa que deseja maximizar seu lucro terá no mínimo os seguintes objetivos:

  • Excelência no atendimento aos clientes;
  • Operação da fábrica a baixo custo;
  • Investimento mínimo em estoques.

Atendimento aos clientes - diz respeito à habilidade da empresa em satisfazer as necessidades dos clientes (comprador, outra fábrica da organização ou estação de trabalho), disponibilizando os itens quando necessário, sendo uma mensuração da eficácia da administração de estoques.

Eficiência operacional - Os estoques contribuem para tornar mais produtiva a operação de produção:

• Permitindo que operações com taxas de produção diferentes sejam operadas separadamente e de modo mais econômico.
• Possibilitando nivelar a produção por intermédio da organização de estoques de antecipação para vendas em períodos de pico.
• Menor custo de preparação por item. O custo necessário para produzir um lote depende dos custos de preparação e de operação. Os custos de preparação são fixos, mas os custos de operação variam de acordo com a quantidade produzida. Ao produzir maiores quantidades, os custos de preparação são absorvidos pelo número maior de unidades, e o custo médio por unidade é mais barato.
• Possibilitando que a produção compre em quantidades maiores, o que resulta na redução de custos de pedidos por unidade e em descontos sobre a quantidade.

Investimento mínimo em estoques - Ao se manter estoques, deve haver um benefício que exceda os custos dessa manutenção. Manter estoque que ultrapassa as necessidades atuais só é bom se essa manutenção é menos custosa do que a inexistência do estoque. O problema é equilibrar o investimento em estoque com o nível de atendimento aos clientes, com os custos associados à mudança de níveis de produção, custo de emissão de pedidos e de transporte.



Tela 6
Módulo 03 - Classificação de Materiais

4 - Sistema ABC de controle de estoques

A aplicação do método ABC tem como finalidade identificar os itens de materiais de acordo com a sua importância em termos de valor, peso e volume dos consumos, estoques, compras etc. (médio anual).

Surgiu na Itália em 1800, quando o economista Vilfredo Paretto mediu a distribuição de renda da população e constatou que poucos indivíduos da sociedade concentravam a maior parte das riquezas existentes: 20% da população absorvia 80% da renda (Lei 80-20).

A aplicabilidade dos fundamentos do método de Paretto foi comprovada e posta em prática nos Estados Unidos, logo após a Segunda Guerra Mundial (1951), pela General Electric, tendo como responsável H.F.Dixie.

 

Foi determinado como:

 

 
Valor (%)
Itens (%)
A
75
10
B
20
25
C
5
65

Grupo A – poucos itens – maiores valores, peso ou volume.
Grupo B – itens em situação intermediária.
Grupo C – muitos itens – menores valores, peso e volume.



Tela 7
Módulo 01 - Fundamentos de Administra��o de Estoques
Pelo método ABC, podemos tratar de maneira diferente os diferentes itens de material. Controlar rigidamente os grupos A e B e superficialmente o grupo C.

Para obter a classificação ABC deve-se:

  • Conhecer o universo de materiais a serem analisados
  • Identificação do material (descrição ou código);
  • Quantidade (consumo, estoque, compra) média mensal ou anual;
  • Preço unitário;
  • Peso unitário ou embalagem;
  • Volume unitário ou embalagem.
  • Calcular o valor, peso e volume total de cada item, multiplicando a quantidade utilizada anualmente de cada item pelo respectivo valor, peso e volume unitário;
  • Ordenar decrescentemente, por valor, peso ou volume total;
    Acumular os valores, pesos ou volumes totais;
  • Calcular o percentual acumulado do valor, peso ou volume dos itens.
  • Calcular a porcentagem acumulada dos itens;
  • Separar os grupos A, B e C.


Tela 8
Módulo 01 - Fundamentos de Administra��o de Estoques

Exemplo:

Uma empresa fabrica uma linha de dez itens. Sua utilização e custo por unidade estão mostrados na tabela abaixo, juntamente com a utilização anual em valores monetários. Este último é obtido pela multiplicação da utilização da unidade pelo custo da unidade.

a) Calcule a utilização em valores monetários para cada item.
b) Faça uma lista dos itens de acordo com sua utilização anual em valores monetários.
c) Calcule a utilização anual em valores monetários acumulados e a porcentagem acumulada dos itens.
d) Agrupe os itens em uma classificação ABC.

Códigos
Consumo médio mensal
(unidades)

Preço unitário
(R$)

1
1.100
2,00
2
600
40,00
3
100
4,00
4
1.300
1,00
5
100
60,00
6
10
25,00
7
100
2,00
8
1.500
2,00
9
200
2,00
10
500
1,00

Solução:



a) Cálculo da utilização anual em valores monetários

Código
Consumo médio mensal
(unidades)

Preço unitário
(R$)

Utilização anual em (R$)
1 1.100 2,00 2.200,00
2 600 40,00 24.000,00
3 100 4,00 400,00
4 1.300 1,00 1.300,00
5 100 60,00 6.000,00
6 10 25,00 250,00
7 100 2,00 200,00
8 1.500 2,00 3.000,00
9 200 2,00 400,00
10 500 1,00 500,00
TOTAL:     38.250,00

b) c) e d)

Código Utilização anual em R$ Utilização acumulada em R$ Porcentagem acumulada de utilização em R$ Porcentagem acumulada de itens Classe
2 24.000,00 24.000,00 62,75% 10% A
5 6.000,00 30.000,00 78,43% 20% A
1 3.000,00 33.000,00 86,27% 30% B
8 2.200,00 35.200,00 92,03% 40% B
4 1.300,00 36.500,00 95,42% 50% B
10 500,00 37.000,00 96,73% 60% C
9 400,00 37.400,00 97,78% 70% C
3 400,00 37.800,00 98,82% 80% C
6 250,00 38.050,00 99,48% 90% C
7 200,00 38.250,00 100,00% 100% C



Tela 9
Módulo 01 - Fundamentos de Administra��o de Estoques

A porcentagem de valor e a porcentagem de itens são, com frequência, ilustradas na forma de gráfico, como mostrado a seguir.



Tela 10
Módulo 01 - Fundamentos de Administra��o de Estoques

Utilizando a abordagem ABC, existem duas regras gerais a seguir:

1 -Ter grande número de itens de baixo valor. Os itens C representam cerca de 5% do valor total do estoque, ou seja, acrescentam pouco ao valor total. Apesar de não afetarem diretamente as cadeiras produtivas, os itens C são necessários e devem estar disponíveis em estoque.

Por exemplo, pedir suprimento para um ano de única vez e manter estoque de segurança suficiente. Deste modo, haverá a possibilidade de esvaziamento do estoque apenas uma vez por ano.
2 - Utilizar o dinheiro economizado e o esforço de controle para reduzir o estoque de itens de alto valor. Os itens A representam cerca de 20% dos itens, aproximadamente 80% do valor do estoque. São extremamente importantes e merecem o controle mais cerrado e a revisão mais frequente.


Controles diferentes utilizados com classificações diferentes podem ser os seguintes:

  • itens A: alta prioridade. Um controle cerrado, incluindo registros completos e precisos, revisões regulares e frequentes por parte da administração, revisão frequente das previsões de demanda, seguimento minucioso e agilidade para reduzir o lead time.
  • itens B: prioridade média. Controles normais com bons registros, atenção regular e processamento normal.
  • itens C: prioridade menor. Os mais simples controles possíveis devem garantir que os itens sejam suficientes. Nenhum registro ou registros simples: talvez utilizar um sistema de revisão periódica. Fazer pedidos em grandes quantidades e manter estoque de segurança.


Tela 11
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Estoques

Resumo

Manter estoques acarreta benefícios e custos. O problema é equilibrar o custo de manutenção do estoque com:

  • Atendimento ao cliente. Quanto menor o nível dos estoques, maior a probabilidade de falta de estoque, do custo potencial de pedidos não atendidos, vendas e clientes perdidos. Quanto mais alto o nível dos estoques, maior o nível de atendimento aos clientes.
  • Eficiência operacional. Os estoques separam uma operação da outra e permitem que a produção trabalhe de forma mais eficiente. Facilitam o nivelamento da produção e evitam os custos de alteração dos níveis de produção. Permitem que se compre em maiores quantidades. O sistema ABC de classificação de estoques prioriza os itens individuais, de modo que o estoque e os custos possam ser mais bem controlados.
  • Custo de emissão de pedidos. Os estoques podem ser reduzidos se forem solicitados em menores quantidades de cada vez. Entretanto, isso aumenta o custo anual com pedidos.
  • Custos de transporte e manuseio. Quanto maior a frequência com que as mercadorias são transportadas e quanto menores as quantidades transportadas, maiores são os custos de manuseio e transporte.

A administração de estoques é influenciada por vários fatores:

• As funções que o estoque desempenha: antecipação, flutuação, tamanho do lote ou transporte;
• Os custos associados à manutenção (ou não) de estoques.



Unidade 2 Módulo 2
Tela 12
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1 - Lote econômico de compras – LEC

Um sistema de controle de estoques é fundamentalmente um conjunto de regras e procedimentos que permite responder a algumas perguntas e tomar algumas decisões sobre os estoques. No caso de um sistema montado para controlar itens de demanda independente, conta-se entre as mais importantes perguntas e decisões as seguintes:

1. quanto existe em estoque, a cada momento, de cada item sob controle?
2. qual é o investimento em estoque?
3. para cada item, existe alguma quantidade já encomendada para compra ou fabricação? Quanto?
4. para cada um dos itens em estoque, quanto deve ser encomendado?
5. quando deve ser feita a encomenda de um dado item?

Um sistema de controle de estoques deve responder, dentre outras informações, quando e quanto se deve adquirir de cada mercadoria, seja por compra ou fabricação. Essas são as funções básicas do sistema, porém não são as únicas.



Itens de demanda independente

Diz-se que demanda de um item é independente se ela depender das condições de mercado, fora do controle imediato da empresa.



Tela 13
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais
Um sistema considerado fundamental para o controle de estoques de itens de demanda independente é o Sistema de Lote Econômico de Compras. Como o próprio nome indica, o sistema de Lote Econômico de Compra foi concebido para a gestão de itens comprados fora da empresa. É possível, no entanto, com algumas adaptações simples, aplicá-lo ao caso de itens fabricados internamente. Para indicá-lo usaremos a sigla LEC.

O estudo do LEC tem sido erroneamente confundido com a própria administração de materiais. A grande maioria dos cursos e compêndios sobre a administração de materiais aborda, muitas vezes com excesso de detalhe, o estudo dos lotes econômicos.

A maioria dos softwares de gestão de estoques e materiais, cada vez mais presentes em praticamente todas as empresas, independentemente de seu porte, apresenta a opção de compra pelo lote econômico de compra.



Tela 14
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais
Existem dois conjuntos de hipóteses no sistema de Lote Econômico de Compras:

• relacionadas com o comportamento do item quando em estoque;
• referentes à estrutura dos custos em estoque.

A pergunta "quando comprar" é respondida indiretamente, considerando as hipóteses simplificadoras do LEC acerca do comportamento do estoque. As hipóteses apontam para uma quantidade remanescente em estoque, a qual, quando atingida, aciona imediatamente um pedido de compra. Enquanto se espera que chegue a mercadoria, gasta-se o que ainda ficou em estoque. Como o sistema funciona de forma ideal, aquilo que ficou em estoque é exatamente suficiente até o recebimento de outra mercadoria.



Tela 15
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais
No caso da pergunta "quanto comprar", ou seja, a determinação da quantidade conhecida como LEC propriamente dito, os conjuntos de hipóteses são utilizados.

A determinação da quantidade a ser comprada é resolvida por meio de minimização dos custos associados aos estoques (daí a denominação Lote Econômico).

As hipóteses necessárias são:

• preço unitário da mercadoria deve ser constante;
• custo para se fazer um pedido do item em questão deve ser constante e independente da quantidade comprada;
• custo unitário de manutenção do item em estoque deve ser constante.

Todas as hipóteses são ousadas, para não dizer impossíveis de serem cumpridas, dentro de um quadro inflacionário, no entanto, o cálculo do LEC pode ser revisto constantemente, para acomodar-se a quaisquer variações nos custos.



Tela 16
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais
2 - Custo e Classificação dos Estoques

É comum ouvirmos que "estoque custa dinheiro". A afirmativa é bem verdadeira. A necessidade de manter estoques acarreta uma série de custos às empresas.

2.1 Custos de Estocagem ou de Carregamento do Estoque

Esses custos incluem todas as despesas em que a empresa incorre em função do volume de estoque mantido. À medida que o estoque aumenta, elevam também os custos, que podem ser subdivididos em três categorias:

  • custos de capital: o dinheiro investido em estoques não está disponível para outras utilizações e por isso representa o custo de uma oportunidade perdida. O custo mínimo seriam os juros perdidos por não investir aquele dinheiro às taxas de juros vigentes, que poderiam ser bem mais altas, dependendo das oportunidades de investimento disponíveis para a empresa.
  • custos de armazenamento: o armazenamento do estoque requer espaço, funcionários e equipamentos. À medida que aumenta o estoque, aumentam também os custos.
  • custos de risco: os riscos de se manter estoque são:

o Obsolescência
o Danos
o Deterioração
o Pequenos Furtos



Obsolescência

Obsolescência é a perda do valor do produto resultante de uma mudança no modelo, no estilo, ou do desenvolvimento tecnológico.



Danos

Dano refere-se ao estoque danificado enquanto manuseado ou transportado.




Deterioração

Deterioração refere-se ao fato do estoque apodrecer ou se dissipar no armazenamento, ou cuja vida de prateleira é limitada.




Pequenos Furtos

Pequenos Furtos é o termo que designa mercadorias perdidas ou furtadas.



Tela 17
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais

Representando por P o preço de compra do item de estoque, quando fornecido por terceiros, ou o custo de fabricação quando produzido internamente, e por i a taxa de juros anual pode-se escrever:


Custo do Capital = i x P

Considerando CA como o somatório de custos relacionados à armazenagem, como manuseio e obsolescência, ou seja:


Custo de Armazenagem = CA

o custo de manutenção dos estoques será então:

Cm = CA + i x P

Exemplo



No caso de material comprado, o custo de obtenção pode incluir as despesas de negociações com o fornecedor, impressos, preparação e emissão de pedidos, recepção e inspeção do material, pagamento das faturas etc.



No caso de fabricação, podem-se distinguir dois tipos de custos de preparação: um refere-se às despesas com a preparação de ordem de compras, instruções para fabricação e outros serviços burocráticos, como contabilidade, impressos etc. Outro tipo refere-se ao custo dos ajustamentos de máquinas e preparação tipo gabaritos, cunhas, desenhos, inspeção da primeira peça, desmontagens e montagens da máquina e ainda o custo da produção interrompida, etc.



Exemplo:
Um item tem custo de armazenagem anual total de R$0,60 por unidade e preço de compra unitário de R$2,00. Considerando uma taxa de juros de 12% ao ano, calcular o custo de carregamento do estoque desse item.

Solução:
Dados:
CA = R$0,60/unidade-ano;
i = 12% a.a
P = R$2,00/unidade
Sabe-se que o custo de carregamento de estoque é dado por:
Cm = CA + i x P = R$0,60/unidade-ano + 0,12/anoxR$2,00/unidade
Cm = R$0,84/unidade-ano.




Tela 18
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais
2.2 Custos de Pedidos - são aqueles associados à emissão de um pedido para a fábrica ou para um fornecedor. O custo da emissão de um pedido não depende da quantidade pedida.

Seja pedido lote de 10 ou de 100 unidades, os custos associados à emissão do pedido são essencialmente os mesmos. O custo anual com pedidos depende do número de solicitações emitidas nesse período. Pode ser reduzido se a cada pedido forem requisitadas mais unidades, o que resulta na emissão de menos pedidos. Entretanto, isso aumenta o nível do estoque e também o custo anual com a manutenção do estoque.

Exemplo


2.3 Custos de falta de estoque - Se a demanda durante o lead time excede a previsão, pode-se esperar uma falta de estoque. Um esvaziamento de estoque pode ser potencialmente caro por causa dos custos de pedidos não atendidos, de vendas perdidas e de clientes possivelmente perdidos.

As faltas de estoque podem ser reduzidas pela manutenção de um estoque extra, para proteger a empresa dessas ocasiões em que a demanda durante o lead time, é maior que a prevista.



Lead time é o tempo decorrido entre a entrada do pedido na fábrica até o recebimento do lote de produção.



Exemplo
Dados os seguintes custos anuais, calcule o custo médio da emissão de um pedido.
Salários do controle da produção = R$60.000,00
Despesas operacionais e com suprimentos para o departamento de controle de produção = R$15.000,00.
Custo da preparação de centros de trabalho para um pedido = R$120,00
Pedidos emitidos por ano = 2.000

Solução:
Custo médio = custos fixos + custo variável
...................nº de pedidos

= (R$60.000,00 + R$15.000,00) + R$120,00
....................... 2.000

= R$157,50




Tela 19
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais
2.4 Custo Total Anual em estoque - Leva-se em conta somente os custos de pedir e de manter a mercadoria em estoque durante o ano, desconsiderando, portanto, quaisquer custos de falta de mercadoria.

Considerando que, por hipótese, o preço da mercadoria é constante, o custo de adquiri-la durante o ano independerá da quantidade comprada de cada vez, motivo pelo qual será enfocado o Custo Total Anual, CT. O Lote Econômico de Compras será exatamente a quantidade que tornar mínimo CT.

Por definição tem-se:

CT = (custo de pedir ) + (custo de manter)

O custo de pedir a mercadoria, durante o ano, será dado por:

Custo de pedir = (custo unitário de pedido) x (nº de pedidos no ano)

O custo do pedido é Cp, ao passo que o número de pedidos feitos no ano pode ser colocado em função da demanda anual D e da quantidade Q, que se compra de cada vez; é fácil de ver que:

Número de pedidos por ano = D/Qc

O custo de pedir, para o ano todo, é, portanto:


Custo de pedir = Cp (D/Qc)



Tela 20
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais

O custo de manter a mercadoria em estoque durante o ano, por sua vez, será dado por:

Custo de manter = (Custo de manter uma unidade por ano)
                                                    
x
                     
(número médio de unidades em estoques - EMED)

Ou, simplesmente,


Custo de manter = Cm EMED

Em que:

Analisando a figura observa-se que:

Emed = Eseg + Qc/2

Emed = Estoque médio
Eseg = Estoque de segurança
Qc = lote de compra.

Logo,


Custo de manter = Cm (Qc/2 + Eseg )


Somando agora os custos de pedir e de manter, vem finalmente a equação que fornece o cálculo do Custo Total Anual em estoque:


CT = Cp (D/Qc) + Cm (Qc/2 + Eseg )




Tela 21
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais

“Lote Econômico de Compra (LEC) é a quantidade comprada tal que minimize o Custo Total Anual em estoques CT.”

A figura a seguir mostra separadamente os dois custos – pedir e manter – em função da quantidade comprada de cada vez Qc. Na mesma figura é efetuada a soma dessas duas parcelas para compor o Custo Total Anual em estoques CT.



Tela 22
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais

Exemplo

A empresa XYZ Ltda. vende um produto que apresenta demanda anual de 40.000 unidades. O custo de emissão de um pedido de compra é de R$30,00 por pedido. Os custos anuais de manutenção dos estoques são de R$0,30 por unidade. Calcular o custo total (CT) decorrente de se manter estoques para lotes de: 2.500, 2.600, 2.700, 2.800, 2.900, 3.000, 3.100 e 3.200 unidades.

Dados:
D = demanda = 40.000 unidades/ano
Cp = custo de preparação ou de obtenção = R$30,00 por pedido;
CC =Cm = custo de carregamento = R$0,30 por unidade-ano;
ES = 0
Custo de pedir = Cp (D/Qc) = 0,30 x 40.000/Qc
Custo de carregamento = CC = (Qc/2 + Eseg )
= 0,30 x (Qc/2) pois Eseg = 0

Solução


A tabela abaixo mostra os custos de carregamento de pedir, de carregamento e custo total para cada um dos lotes.

Lote
QC
Custo de pedir
CP
Custo de carregamento
CC
Custo total
CP + CC
2.500
2.600
2.700
2.800
2.900

3.000
3.100
3.200
30,00x40000/2500=480,00
30,00x40000/2600=461,54
30,00x40000/2700=444,44
30,00x40000/2800=428,57
30,00x40000/2900=413,79

30,00x40000/3000=400,00
30,00x40000/3100=387,10
30,00x40000/3200=375,00
0,30x2.500/2=375,00
0,30x2.600/2=390,00
0,30x2.700/2=405,00
0,30x2.800/2=420,00
0,30x2.900/2=435,00

0,30x3.000/2=450,00
0,30x3.100/2=465,00
0,30x3.200/2=480,00
855,00
851,54
849,44
848,57
848,79

850,00
852,10
855,00


Tela 23
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais
3 - Expressão do Lote Econômico de Compra

Para se deduzir a expressão do LEC, basta derivar a equação do custo total em relação a Q, igualando-a a zero (ponto de mínimo):

A solução dessa equação leva ao valor de Q que minimiza o custo total. É este o Q que recebe o nome de lote econômico de compras, ou LEC.



Exemplo:

A empresa XYZ Ltda. vende um produto que apresenta demanda anual de 40.000 unidades. O custo de emissão de um pedido de compra é de R$30,00 por pedido. Os custos anuais de manutenção dos estoques são de R$0,30 por unidade. Calcular:

1. o lote econômico de compras;
2. o custo total ótimo;
3. o número de pedidos por ano;
4. supondo 300 dias úteis por ano, o intervalo entre duas encomendas consecutivas.

Solução



Solução

Dados:
D = demanda = 40.000 unidades/ano
Cp = custo de preparação ou de obtenção = R$30,00 por pedido;
Cm = custo de manutenção = R$0,30 por unidade-ano;

Cálculo do LEC:

LEC = 2.828,43 unidades/pedido

Como o LEC deve ser arredondado, 2.830 unidades é mais adequado. Cálculo do custo total ótimo:

CT = Cp (D/Qc) + Cm (Qc/2 + QRES)
Qsegurança = 0;
Qc = LEC= 2.828,43

então:
(CT)ótimo = Cp (D/LEC) + Cm (LEC/2 )
(CT)ótimo = 30,00 x40.000/2828,43 + 0,30 x 2828,43/2
(CT)ótimo = 424,26/ano + 424,26/ano
(CT)ótimo = R$898,52/ano
Cálculo do número de pedidos por ano: NP
P = (D/Qc) = D/LEC = 40.000/2.828,43 = 14,14 pedidos por ano
Intervalo entre duas encomendas consecutivas:
O intervalo entre pedidos: IP
IP = (nº de dias do ano)/NP = 300/14,14 = 21,21 dias





Tela 24
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais
4 - Críticas ao LEC

São várias as críticas à aplicação dos cálculos na determinação dos Lotes Econômicos de Compras:


• O modelo é “inelástico”, ou seja, pouco sensível com relação à variação da quantidade no lote. Isto é, mesmo que o tamanho do lote adquirido seja diferente do lote econômico, o custo total sofre variações muito pequenas.
• O modelo do LEC não leva em conta os aspectos relacionados ao fornecedor do material. Assim, não se sabe se o fornecedor pode prover um lote do tamanho calculado ou se eventualmente existe um lote mínimo de fornecimento.
• Os aspectos do transporte do produto, também, não estão identificados. Pode ocorrer – em geral ocorre – de o lote calculado estar em desacordo com o tamanho mínimo necessário para ter custo de transporte mínimo.
• É difícil – ou mesmo impossível – calcular o custo para se fazer pedido de compra, ou projetar a taxa de juros que vigorará para o ano.
• O modelo do LEC pressupõe demanda constante durante o intervalo de tempo de estudo e a avaliação dos custos de carregamento. O aluguel da área ocupada pelo item utiliza critérios de rateios discutíveis, e a avaliação dos custos de obsolescência, de furtos e roubos e quebras de material é muito difícil.
• O relacionamento entre o pessoal de compras da empresa e os fornecedores dá-se mais em função das parcerias estabelecidas e seus interesses recíprocos do que em função de eventuais vantagens de compras em lotes econômicos.



Tela 25
Módulo 01 - Fundamentos de Administração de Materiais
Resumo

O Lote Econômico de Compras (LEC) baseia-se na suposição de que a demanda é relativamente uniforme. Isso é adequado para alguns estoques e a fórmula do LEC pode ser utilizada com resultados razoáveis. Um problema da utilização da fórmula do LEC é a apropriação do custo do pedido e do custo de armazenagem de estoque. Como a curva do custo total é plana na parte inferior, bons palpites produzirão uma quantidade econômica de pedido com muita frequência.

Os custos do pedido e de armazenagem do estoque são influenciados pela quantidade do pedido.Todos os métodos para determinar as quantidades de pedidos tentam minimizar a soma desses dois custos. Existem algumas críticas em relação à utilização da fórmula do LEC.



Unidade 2 Módulo 3
Tela 26
Módulo 03 - MODELOS DE ESTOQUES

1 - Hipóteses e Parâmetros do Modelo

É fundamental toda empresa definir uma forma para administrar seus estoques, não apenas em relação às vantagens decorrentes da sistematização, como também da exigência em implantar sistemas informatizados, presentes em quase todas as empresas.

Essas regras definem a estrutura dos modelos de estoque ou, de forma geral, modelos de administração dos materiais que procuram responder às perguntas quando pedir ou quanto pedir.

Para melhor desenvolver os modelos, torna-se necessário, inicialmente, analisar os gráficos de estoques e definir os novos parâmetros presentes. A figura, a seguir, representa uma situação genérica, na qual a demanda média nos três períodos é diferente (tangentes dos ângulos a1, a2, a3), os tempos de espera ou atendimento (TA1, TA2 e TA3), os intervalos entre pedidos (IP1 e IP2) e os lotes de compra (Q1, Q2 e Q3).



Tela 27
Módulo 03 - MODELOS DE ESTOQUES

Os modelos de estoques consideram as seguintes hipóteses:

  • A demanda, o lote de compra, o tempo de espera e o intervalo entre pedidos são constantes;
  • O lote de compra é entregue instantaneamente, ou seja, não há entregas parceladas.

A figura abaixo, leva em consideração as hipóteses simplificadoras relacionadas anteriormente.



Tela 28
Módulo 03 - MODELOS DE ESTOQUES

Analisando a figura, podem-se deduzir algumas relações lógicas.

ESTOQUE MÁXIMO – EMÁX

É calculado somando-se o estoque de segurança (ES), que será estudado mais adiante, com o lote de compra Q, ou seja:


EMÁX= ES + Q


ESTOQUE MÉDIO – EMED

O estoque médio é a soma do estoque de segurança com a metade do lote de compra:


EMED= ES + Q/2

ESTOQUE NO PONTO DE PEDIDO OU REPOSIÇÃO - QPP

É determinado pelo resultado da multiplicação do tempo de atendimento (TA) – também chamado de tempo de espera ou ressuprimento ou lead time – pela demanda (D), somado ao estoque de segurança.


EPP = (TA x D) + ES


NÚMERO DE PEDIDOS EMITIDOS POR INTERVALO DE TEMPO - NP

É calculado dividindo-se a demanda pelo lote de compra:


NP = D/Q


INTERVALO ENTRE PEDIDOS – IP

O Intervalo entre pedidos (IP) é o inverso do número de pedidos emitidos por intervalo de tempo:


IP = 1/NP



Tela 29
Módulo 03 - MODELOS DE ESTOQUES

2 - Modelo de Reposição Contínua

O modelo de reposição contínua, também chamado de modelo do lote padrão, modelo de lote mínimo ou modelo do ponto de reposição, consiste em emitir um pedido de compras, com quantidade igual ao lote econômico (ou outro, a critério do administrador de materiais), sempre que o nível de estoque atingir o ponto de pedido.

Desta forma, na utilização do modelo deve-se, em primeiro lugar, determinar o lote de compras (LEC), o tempo de atendimento (TA) e fixar o estoque de segurança (ES), então o QPP será:


EPP = (TA x D) + ES

É preciso ressaltar algumas observações:

  1. quando a demanda for variável deve-se utilizar a demanda média;
  2. quando o tempo de atendimento for variável, utiliza-se o tempo de atendimento médio;
  3. o estoque de segurança é fixado em função das variações na demanda, no tempo de atendimento e no nível de serviço;
  4. o risco de ficar sem estoque ocorre se, após a emissão do pedido de compra, a demanda for maior que a média utilizada na determinação do ponto de pedido, então a empresa poderá ficar sem estoque antes do recebimento da mercadoria. Assim, o risco é função da demanda no tempo de atendimento.


Tela 30
Módulo 03 - MODELOS DE ESTOQUES

Exemplo 1

Suponha que um item tenha uma demanda anual de 1.200 unidades, um custo de preparação do pedido de R$200,00, uma taxa de encargos financeiros sobre os estoques de 50% ao ano e um custo unitário de R$10,00. Vamos admitir que esse item tenha um estoque de segurança de 80 unidades, e um tempo de ressuprimento de 15 dias. Supondo um ano com 300 dias úteis e a reposição se dando por meio de lotes econômicos, podemos montar o modelo de controle por ponto de pedido:

Dados:

D = 1.200 unidades por ano.
CP = R$ 200,00 por ordem.
I = 50% ao ano ou 0,50
P = R$10,00 por unidade
CA = 0
Cm = CA + P x I = 0 + 10,00*0,50 = R$5,00
TA = 15 dias.
ES = 80 unidades
D = 1200 unidades por ano = 1200/300 unidades / dia = 4 unidades/dia

Solução



Solução

Cálculo do estoque no ponto de pedido:

EPP = (TA x D) + ES = 15 dias x 4 unidade/dia + 80 unidades
EPP = 140 unidades

Cálculo do lote econômico de compra = LEC

LEC = 310 unidades

Cálculo do estoque máximo - emax

EMÁX = ES + Q = 80 + 310 = 390 unidades

Estoque mínimo - emin

EMIN = ES = 80 unidades



Conclusão: Sempre que o saldo em estoques atingir 140 unidades, é providenciado um pedido de reposição de 310 unidades, que, se tudo correr normalmente, deverá dar entrada em estoque após 15 dias. Caso o valor mínimo de 80 unidades, ou o valor máximo de 390 unidades, seja frequentemente ultrapassado, os parâmetros do modelo necessitam ser revistos.



Tela 31
Módulo 03 - MODELOS DE ESTOQUES

Exemplo 2

Uma empresa trabalha, em média, 20 dias por mês e deseja implantar um modelo de lote padrão para um item de seu estoque que é obtido por meio de compras.

Levantamentos dos últimos 6 meses mostraram que a demanda média é de 300 unidades por mês; o tempo de atendimento médio é de 10 dias úteis, o custo de obtenção é de R$ 25,00 por pedido, e o custo de carregamento do estoque é de R$0,04 por unidade/mês. Considerando que a empresa trabalha com um estoque de segurança de 50 unidades, determine os parâmetros do modelo e o custo total de estocagem.

Dados:

D = 300 unidades por mês
CP = R$ 25,00 por ordem.
Cm = R$0,04 por unidade por mês
TA = 10 dias.
ES = 50 unidades
1 mês = 20 dias

Cálculo do lote econômico de compra - LEC

LEC = 612,37 unidades – 613 unidades

Cálculo do estoque no ponto de pedido - Epp

EPP = (TA x D) + ES = 10 dias x 300 unid./(20dias) + 50 unidades

EPP = 200 unidades

Dessa forma tem-se que: sempre que o estoque atingir um nível igual a 200 unidades deve-se emitir um pedido de compras de 613 unidades.

Cálculo do número de pedidos emitidos por mês - NP

NP = D/Q = (300 unid/mês) / (613 unid/pedido) = 0,5 pedidos/mês
logo, em média, emite-se 0,5 pedido por mês

Cálculo do intervalo entre pedidos – IP

IP = 1/N = 1/ 0,50 = 2 meses entre pedidos

Cálculo do estoque médio – EMED

EMED = ES + Q/2 = 50 + 613/2 = 356,5 UNIDADES

Cálculo do custo total – CT

CT = Cp (D/Qc) + Cm EMED

CT = 25,00 x 300/613 + 0,040 x 356,5

CT = 12,24 + 14,26

CT = R$ 26,50



Tela 32
Módulo 03 - MODELOS DE ESTOQUES

3 - Modelo de Reposição Periódica

O modelo de reposição periódica, também chamado de modelo do intervalo padrão ou modelo do estoque máximo, consiste em emitir os pedidos de compras em lotes em intervalos de tempos fixos.

Os intervalos de tempo serão iguais a IP, e os lotes serão iguais à diferença entre o estoque máximo, EMAX, e estoque disponível no dia da emissão do pedido de compras. O estoque máximo corresponde ao lote econômico de compras (LEC) (ou outro, a critério do administrador de materiais), mais o estoque de segurança, ES.


EMÁX = ES + Q

Desta forma, quando se decide utilizar o modelo de reposição periódica, inicialmente, deve-se determinar o Lote de Compra e o intervalo entre pedidos, bem como fixar o estoque de segurança.

Considerando que o número de pedidos para um determinado intervalo de tempo é NP, os parâmetros do modelo são:


IP = 1/NP

Uma vez que


NP = D/Q

A expressão para IP toma a forma:


IP = Q/D



Tela 33
Módulo 03 - MODELOS DE ESTOQUES

A figura abaixo representa graficamente o modelo de reposição periódica.

Como a demanda e o tempo de atendimento são variáveis, devem-se utilizar a demanda média e o tempo médio de atendimento.

Exemplo

Um item de demanda independente é consumido a uma razão de 600 unidades/mês. A empresa acha prudente manter um estoque de segurança de 150 unidades. O custo de preparação é de R$42,00 por pedido, e os custos de carregamento de estoques são de R$0,20 por unidade por mês. Definir os parâmetros do modelo de reposição periódica.

Dados:  
  D = 600 unidades por mês
CP = R$ 42,00 por ordem.
Cm= R$0,20 por unidade por mês
ES = 150 unidades

Cálculo do lote econômico de compra - LEC

LEC = 502 unidades por pedido

Cálculo do estoque máximo

EMAX = 150 + 502 = 652 unidades

Cálculo do intervalo entre pedidos – IP

IP = Q/D = (502 unid/pedido )/ (600 unid/mês) = 0,833 meses entre pedidos

Se for admitido que o mês tenha 30 dias, isso significa que a cada 25 dias, isto é, 0,833x30, deve ser emitido um pedido de compras.



Tela 34
Módulo 03 - MODELOS DE ESTOQUES

4 - Estoque de Segurança

No âmbito da administração de estoques, já dimensionamos os tamanhos dos lotes e a forma de reposição dos estoques do sistema de produção, porém, para completar esta administração, há a necessidade de estabelecermos os níveis dos estoques de segurança do sistema.

Esses estoques são projetados para absorver as variações na demanda durante o tempo de ressuprimento, ou variações no próprio tempo de atendimento, dado que é apenas durante este período que os estoques podem acabar e causar problemas ao fluxo produtivo.

Quanto maiores forem estas variações, maiores deverão ser os estoques de segurança dos sistemas. Na realidade, os estoques de segurança agem como amortecedores para erros associados ao lead time interno ou externo dos itens. Estes erros fazem que os tempos de espera e as demandas sejam muito variáveis, impossibilitando o funcionamento do modelo de controle de estoque sem segurança. Atualmente, as filosofias de produção, nos moldes Just In Time (JIT) que serão estudadas posteriormente, propõem a redução da segurança entre os processos como forma de identificação dos problemas que devem ser solucionados para obtenção da eficiência produtiva. A ênfase é na prevenção dos erros, e não na correção por meio dos estoques de segurança.

Convencionalmente, a determinação dos estoques de segurança leva em consideração dois fatores que devem ser equilibrados: os custos decorrentes do esgotamento do item e os custos e manutenção dos estoques de segurança. Quanto maiores forem os custos de falta atribuídos ao item, maiores serão os níveis de estoques de segurança que nos dispomos a manter, e vice-versa.

Podemos calcular os custos de manutenção de um certo nível de estoque de segurança atribuindo-lhe uma taxa de encargos financeiros (I), de outra forma, o custo de falta, na prática, não é facilmente determinável, o que resulta nas decisões gerencias serem tomadas em cima de um determinado risco que queremos assumir, o que indiretamente significa imputarmos custo de falta ao item.



Tela 35
Módulo 03 -Modelos de Estoques

5 - Determinação do Estoque de Segurança

O padrão previsível mais comum é semelhante ao delineado pelo histograma da figura a seguir. Denomina-se curva normal ou curva em forma de sino, porque seu formato lembra o de um sino, com uma distribuição perfeitamente normal.

A distribuição normal tem a maior parte de seus valores agrupados em torno de um ponto central, com resultados progressivamente menores que ocorrem em pontos mais distantes do centro. Ela é simétrica em relação a esse ponto central visto que se distribui de forma igual dos dois lados.

A curva normal é descrita por duas características. Uma relaciona-se a sua tendência central ou média e a outra à variação ou dispersão dos valores reais em torno da média.

Uma vez calculados a média e o desvio-padrão, , o próximo passo é decidir quanto de estoque de segurança é necessário.
Uma propriedade da curva normal é a de ser simétrica em relação à média. Isso significa que durante metade do tempo a demanda real é menor que a média e metade do tempo é maior. Os estoques de segurança são necessários para cobrir apenas aqueles períodos em que a demanda durante o lead time é maior que a média. Assim, um nível de atendimento de 50% pode ser atingido sem nenhum estoque de segurança. Se for necessário um nível de atendimento mais alto, deve-se providenciar um estoque de segurança para proteger a empresa dos períodos em que a demanda real é maior que a média.

A partir das estatísticas sabe-se que o erro está entre 1 da previsão cerca de 68% do tempo (sendo 34% do tempo maior e 34% do tempo menor que a previsão).



Tela 36
Módulo 03 -Modelos de Estoques

Suponha que o desvio-padrão demanda durante o lead time 100 unidades, e que essa quantidade é mantida em estoque de segurança. Essa quantidade oferece proteção contra esvaziamento de estoques durante os 34% do tempo em que a demanda real é maior que a esperada. No total, há estoque de segurança suficiente para proteger a empresa durante os 84% do tempo (50% + 34% = 84%) em que existe a possibilidade de esvaziamento.

A determinação do risco que queremos correr, ou do nível de serviço do item, é função de quantas faltas admitimos durante o período de planejamento como suportável para este item. Se admitirmos que um item com frequência de reposição semanal (52 reposições) pode ter 4 faltas, estamos imputando um nível de serviços de 92%. Ou seja:


Nível de Serviços= 1 – 4/52 = 0,92 ou 92%

Considerando que a demanda durante o tempo de ressuprimento segue uma distribuição normal, podemos relacionar os níveis de serviços com o número de desvios padrões a serem cobertos pelos estoques de segurança. Em outras palavras, o estoque de segurança, ES, é a parcela adicional, K, expressa em termos de desvios padrões, , associados a determinado risco, que devemos manter de itens em estoque para suportar uma demanda máxima, Dmáx, superior à demanda média, D,

Logo:


ES = K .

Em que:

ES = estoque de segurança.
K = fator de segurança (número de desvios padrões).
= desvio padrão



Tela 37
Módulo 03 -Modelos de Estoques

Conforme o nível de serviço desejado para o item, temos um número de desvios padrões a considerar:

Fatores de Segurança

Nível de atendimento %
Fator de Segurança
50
75
80
85
90
94
95
96
97
98
99
99,86
99,99
0,00
0,67
0,84
1,04
1,28
1,56
1,65
1,75
1,88
2,05
2,33
3,00
4,00

Exemplo:

Um item apresenta uma demanda média de 1000 unidades por mês e desvio padrão foi calculado em 200 unidades.

a) calcule o estoque de segurança e o ponto de pedido para um nível de atendimento de 85% e um tempo de atendimento de 1 mês;
b) se for mantido um estoque de segurança igual a dois desvios padrão, calcule o estoque de segurança e o ponto de pedido para um tempo de atendimento de 1 mês.

Solução

Exemplo:

Se o desvio padrão é de 200 unidades, que estoque de segurança deverá ser mantido para oferecer um nível de atendimento de 90%? Se a demanda esperada durante o lead time é de 1.500 unidades, qual é o estoque no ponto de pedido?

Solução



Solução

A) Estoque de Segurança – ES

Da tabela (1) tem-se que para um nível de atendimento de 85% o K=1,04

ES = K . = 1,04 x 200 = 208 unidades
Ponto de Pedido - EPP

EPP = ES + D TA = 208 + (1000unid/mês)x(1mês)
EPP = 1.208 unidades

B) Estoque de Segurança - ES

Para k = 2
ES = K . = 2,0 x 200 = 400 unidades
EPP = ES + D TA = 400 unidades + (1000unid/mês)x(1mês)
EPP = 1.400 unidades




Solução

A) Estoque de Segurança – ES

Da tabela (1) tem-se que para um nível de atendimento de 90% o K=1,28

ES = K . = 1,28 x 200 = 256 unidades

B) Estoque de Segurança - ES

EPP = ES + D TA = 256 unidades + 1.500 unidades
EPP = 1.756 unidades




Tela 38
Módulo 03 -Modelos de Estoques

6 - Determinação dos Níveis de Atendimento

Teoricamente, o que se busca é manter um estoque de segurança disponível suficiente, de modo que o custo de manutenção do estoque extra somado ao custo de esvaziamento de estoque seja mínimo. Os esvaziamentos de estoque custam dinheiro pelas seguintes razões:

  • custos com encomendas tardias;
  • vendas perdidas;
  • clientes perdidos.

O custo de esvaziamento do estoque pode variar, dependendo do item, do mercado atendido, do cliente e da concorrência. Em alguns mercados, o atendimento ao cliente é uma importante ferramenta competitiva e o esvaziamento de estoque pode ser muito caro. Em outros, o atendimento ao cliente pode não ser de extrema importância.

Os custos de esvaziamentos de estoques são difíceis de estabelecer. Geralmente, a decisão sobre qual deve ser o nível de atendimento fica a cargo da alta administração, sendo parte da estratégia empresarial e de marketing da empresa.



Tela 39
Módulo 03 -Modelos de Estoques

A única ocasião em que é possível a ocorrência de esvaziamento de estoque é quando ele está diminuindo e isto acontece toda vez que um pedido deve ser emitido. Portanto, a chance de esvaziamento de estoque é diretamente proporcional à frequência de novos pedidos. Quanto maior a frequência com que um estoque recebe novos pedidos, maior será a chance de esvaziamento de estoque.

A figura acima ilustra o efeito da quantidade do pedido sobre o número de exposições por ano. Observe também que, quando a quantidade do pedido é aumentada, a exposição ao esvaziamento de estoque diminui. O estoque de segurança necessário diminui, mas, devido à maior quantidade do pedido, o estoque médio aumenta.

É responsabilidade da administração determinar um número tolerável de esvaziamento por ano. Depois, o nível de atendimento, o estoque de segurança e o ponto de pedido podem ser calculados.



Tela 40
Módulo 03 -Modelos de Estoques

Exemplo:

Suponha que a administração tenha estipulado que poderia tolerar apenas um esvaziamento de estoque por ano para determinado item.

Para esse item em particular, a demanda anual é de 52.000 unidades. O item é pedido em quantidades de 2.600 unidades e o desvio-padrão da demanda durante o lead time é de 100 unidades. O lead time é de uma semana.

Calcule:

a) número de pedido por ano;
b) nível de atendimento;
c) estoque de segurança;
d) ponto de pedido.

Solução



Dados:

D = 52.000 unidades por ano
Q = 2.600 unidades
Desvio padrão =100 unidades
Tolerância de um esvaziamento por ano

A) O número de pedidos por ano NP é dado por:

NP = D/Q = 52.000/2.600 = 20 VEZES POR ANO

B) Como apenas um esvaziamento de estoque por ano é tolerável, não deve haver 19 (20 – 1) esvaziamentos vezes por ano.

Nível de atendimento = [(20-1)/20 ]x100 = 95%

C) Da tabela (1) tem-se que para um nível de atendimento de 95% o fator de segurança K = 1,65

Dessa forma o estoque de segurança é dado por:

ES = fator de segurança x sigma = 1,65 x 100 = 165 unidades

D) Demanda durante o lead time = ( 1 semana ) = 1000 unidades
para um ES = 165 unidades tem-se:
EPP= demanda durante o lead time + ES= 1000 + 165= 1165 unidades.




Tela 41
Módulo 03 -Modelos de Estoques

Resumo

A definição da política de estoques a ser seguida pela empresa, a escolha do modelo de estoque adequado é muito importante não só para o pronto atendimento ao cliente como também para a minimização dos custos.

Vários modelos já foram consagrados ao longo dos anos, quais sejam: os modelos de controle baseados no ponto de pedidos e nas revisões periódicas, caracterizados por controlarem de forma indireta a programação da produção.

As incertezas, presentes em praticamente tudo o que fazemos, estão também nos estudos dos estoques. As hipóteses levantadas, como, por exemplo, de demanda invariável, entrega instantânea, prazo de atendimento fixo, e outras, são praticamente impossíveis de serem encontradas em um ambiente de trabalho usual.

Objetivando dar maior segurança ao bom andamento dos processos produtivos, sem que sejam interrompidos a todo instante em decorrência de falta de materiais, foi discutida a colocação de estoques de segurança no sistema de reposição dos itens e equacionada a principal forma de cálculo dos mesmos.