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- O Estado e o Governo
Em passado recente, assistimos ao desenrolar de um enredo intrigante:
indo além da segurança, da justiça e do bem-estar
– pressupostos do chamado Welfare
State –, passamos de um Estado coordenador para
um Estado gestor e deste para o Estado empresário.
No século XX, o “espírito absoluto”
encarna-se por completo, como sonhava Hegel. O Estado, concebido como
órgão do pensamento social, leva ao extremo os delírios
estatólatras,
acima do bem e do mal. É justamente ele – o Estado –
que define o bem e mal, o regimem
animarum, a política do espírito... Dessa forma,
assistimos, estarrecidos, à ascensão do totalitarismo. Fundadas
nas “razões do Estado”, a irracionalidade toma conta
da política.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, as democracias
ocidentais assistiram ao gigantesco crescimento do aparelho estatal. O
Estado Providência – movido pelo keynesianismo
e pelas novas práticas da social-democracia e da democracia-cristã,
que então se assumiram como os principais gestores do novo sistema
na Europa Ocidental – começa a girar em torno do centro que,
a partir de agora, se impõe: o da economia social de mercado.
O Estado é chamado a intervir na economia, na educação,
na segurança social, no emprego e nos serviços de saúde
e, acima de tudo, no desenvolvimento.