| Unidade 3 | Módulo 1 | Tela 1 |
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- Indicadores da responsabilidade social
Uma empresa socialmente responsável é, acima de tudo, aquela que se compromete a exercer, plenamente, ações éticas nas relações estabelecidas com clientes, fornecedores, comunidade, acionistas, funcionários, enfim, com a comunidade. A Responsabilidade Social das empresas só existe na medida em que estas, em suas diversas operações e relações, estabelecem valores claros e ações comprometidas com a realização, concretização e efetivação desses valores.
A partir do estabelecimento de valores, a empresa pode colaborar efetivamente para a construção de uma sociedade melhor e mais justa. A definição dos valores é, por conseguinte, um ponto de fundamental importância, pois as ações sociais devem ser propostas a partir deles. Quais são esses valores? Uma empresa socialmente responsável é, em
primeira instância, aquela que tem valores claramente definidos
e visivelmente reconhecidos na prática diária de suas ações.
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Tela 2 |
| Como vimos,
Ética é a “morada construída” pelo Homem.
É o cimento que mantém os tijolos unidos. Mas, podemos defini-la
de forma mais rigorosa como uma disciplina filosófica crítica
e reflexiva que analisa e avalia os valores da sociedade.
Para Srour (2000):
Mais do que “conjunto de regras”, a Ética é a disciplina que nos capacita a avaliar e julgar os valores morais da sociedade para, depois, também propormos regras ou validarmos/invalidarmos as já existentes. Não podemos confundir o compromisso ético de responsabilidade social das empresas com mera filantropia. O conceito de responsabilidade social já é considerado como um investimento estratégico. É o que os americanos denominam strategic giving – doação estratégica. |
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Tela 3 |
Se, até bem pouco tempo atrás, a tônica dominante eram as ações filantrópicas pontuais – tais como efetuar doações de cestas básicas, brinquedos e remédios para asilos, creches e entidades assistenciais –, hoje tais práticas não poderiam ser mais anacrônicas. Não faz parte do repertório das empresas investimentos em “filantropia de ocasião”. As ações sociais devem ser muito bem planejadas e integradas aos valores, à cultura, à identidade e às atividades da empresa. Cada vez mais, as empresas vêm integrando os princípios da responsabilidade à gestão estratégica, em vez de tratá-los como acessório destacável.
Segundo dados do Instituto Ethos, o “terceiro setor” movimenta trilhões de dólares. A entidade americana Business for Social Responsability – BSR – congrega 1.400 empresas americanas que assumem ter compromissos sociais. Essas empresas –, em sua maioria, multinacionais – somam faturamento anual acima de 1 trilhão de dólares. O Brasil apenas recentemente começou a levantar esses dados. A “Kanitz & Associados” realizou uma pesquisa na qual demonstrou que as 400 maiores entidades assistenciais brasileiras arrecadam anualmente 1,2 bilhão de reais. Em uma pesquisa conduzida em 1999 pela GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas – mais da metade dos 273 casos levantados afirmaram dar apoio a algum tipo de ação social. |
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Tela 4 |
| Há algum benefício
em ser “socialmente responsável”?
Segundo o Social Investiment Forum, muitos fundos só aplicam em empresas que desenvolvem gestões comprometidas com princípios éticos. As empresas socialmente responsáveis já experimentam benefícios: um estudo recente, feito pela Universidade, aponta a existência de uma relação direta entre comportamento ético e desempenho financeiro. Nessa pesquisa, foi constatado que as taxas de crescimento das empresas socialmente responsáveis chega a ser quatro vezes superior. Certamente, um leitor mais crítico dirá que no Brasil a história é outra, não é mesmo? Se você também questiona isso, talvez deva fazer uma visita ao site do Instituto Ethos para verificar que as coisas estão mudando. Lentamente, os mais realistas concordarão, mas, ainda assim, as coisas estão, realmente, mudando. E então, novamente, discutiremos aquelas palavrinhas: cidadania, cultura cívica, conscientização política... ou seja, empresa socialmente responsável é sempre eticamente comprometida.
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Tela 5 |
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- Ética empresarial – Responsabilidade Social e compromisso
político
As organizações da sociedade civil vêm ocupando cada vez mais espaço no cenário mundial. Elas emergem em decorrência da crise que levou à falência dois modelos – um de ordem econômica e outro de ordem política – sobre os quais se estruturavam nosso modo de vida:
O crescimento rápido do terceiro setor em várias partes do mundo tem-se acentuado consideravelmente. Esse setor vem movimentando um volume de recursos maior que o PIB de muitos países. |
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Tela 6 |
Dos fatores que influenciam esse rápido crescimento, destaca-se o agravamento dos inúmeros problemas sociais que afetam, principalmente, os países periféricos. É neste cenário que as organizações da sociedade civil emergem. É nele, também, que as empresas socialmente responsáveis estão se engajando. O envolvimento das empresas tem assumido um papel muito importante na regulamentação e profissionalização desse setor. É neste contexto, também, que devemos analisar a consolidação do conceito de responsabilidade social das empresas. Elas têm um papel fundamental na solução desses problemas, pois possuem os instrumentos e recursos necessários ao desenvolvimento do terceiro setor: o capital e a capacidade de gestão dos recursos. A eficácia das organizações da sociedade civil depende da sua capacitação para administrar suas atividades visando ao atendimento de seus propósitos. As empresas, por seu turno, não podem mais limitar-se à filantropia de ocasião. É necessário que as ações sociais da empresa estejam integradas em suas relações com clientes, fornecedores, funcionários, acionistas, instâncias governamentais e, até mesmo, com seus concorrentes. A responsabilidade social deve integrar-se em todo o programa da empresa. É necessário que todos os seus integrantes comunguem com esses valores. |
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Tela 7 |
| A responsabilidade
social é a expressão de uma nova postura Ética comprometida
com o resgate da cidadania, que vemos começar a consolidar-se no
mundo empresarial. A empresa, articulada com a sociedade civil e com o Estado,
assume uma posição de destaque na busca do bem-estar e na
defesa do bem comum. Esta nova postura vem provocando mudanças no
comportamento empresarial e na forma de gestão das empresas que,
por sua vez, podem promover mudanças sociais importantes.
Nas últimas décadas, temos assistido a ocorrência de profundas transformações sociais e econômicas. Esse panorama tem fomentado intensos debates sobre os modelos de desenvolvimento das economias capitalistas, principalmente dos países centrais. Há duas décadas, no Brasil, era quase impossível imaginar que, algum dia, uma empresa pudesse ser avaliada pelo mercado, a partir de seu desempenho ético e do relacionamento que ela mantém com seus stakeholders. No entanto, a Responsabilidade Social da Empresa é, hoje, um tema que vem ganhando importância e visibilidade, tanto no meio empresarial quanto no acadêmico. Estas discussões vêm, também, despertando a atenção da sociedade para a importância da atuação socialmente responsável.
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Tela 8 |
| Resumo
Responsabilidade Social das empresas existe apenas se estas, em suas diversas operações e relações, estabelecem valores claros e ações comprometidas com a realização, a concretização e a efetivação destes valores. A partir do estabelecimento de tais valores, a empresa pode colaborar para a construção de uma sociedade melhor e mais justa, de forma efetiva. A definição destes valores é, por conseguinte, um ponto de fundamental importância, pois as ações sociais só podem ser propostas a partir deles. Não podemos confundir o compromisso ético de responsabilidade social das empresas com mera filantropia. O conceito de responsabilidade social – como veremos na próxima unidade – já é considerado como um investimento estratégico. A tônica dominante, até bem pouco tempo, eram as ações filantrópicas pontuais – tais como: efetuar doações de cestas básicas, brinquedos e remédios para asilos, creches e entidades assistenciais –, hoje, tais práticas são consideradas anacrônicas. Não faz mais parte do repertório das empresas investimentos em “filantropia de ocasião”. As ações sociais devem ser muito bem planejadas e integradas nos valores, na cultura, na identidade e nas atividades da empresa. Cada vez mais, as empresas vêm integrando os princípios da responsabilidade à gestão estratégica, em vez de tratá-los como um acessório destacável. Ou seja, as empresas não podem mais limitar-se à filantropia de ocasião. É necessário que as ações sociais da empresa estejam integradas em suas relações com clientes, fornecedores, funcionários, acionistas, instâncias governamentais e, até mesmo, com seus concorrentes. A responsabilidade deve integrar-se em todo o programa da empresa. É necessário que todos os seus integrantes absorvam estes valores. A responsabilidade social é a expressão de uma nova postura ética, a qual se consolida, cada vez mais, no mundo empresarial, comprometida com o resgate da cidadania. A empresa, articulada com a sociedade civil e com o Estado, assume uma posição de destaque na busca do bem-estar e na defesa do bem comum. Esta nova postura tem provocado mudanças no comportamento empresarial e na forma de gestão das empresas que, por sua vez, podem promover mudanças sociais importantes. |
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| Unidade 3 | Módulo 2 | Tela 9 |
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- Responsabilidade Social
Nos estudos anteriores, estudamos as importantes mudanças ocorridas no cenário mundial desde a segunda metade do século XX. Observamos inúmeras transformações de ordem política, econômica, social e cultural nas últimas décadas, as quais criaram condições para o aparecimento de novos modelos de relações entre instituições e mercados, organizações e sociedade. Neste contexto, cabe-nos examinar o que é responsabilidade social empresarial e como o mundo empresarial pode colaborar para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Vimos, também em módulo precedente, que a chamada “crise do Estado” – o questionamento quanto ao papel e suas funções levou o governo e os agentes públicos a uma aliança com organizações não governamentais visando garantir o desenvolvimento de ações sociais mais efetivas, pois havia, então, uma clara percepção das inúmeras e crescentes dificuldades do Estado em garantir a oferta adequada de bens sociais. As ONGs começaram, assim, a ocupar espaço dentro deste cenário, desempenhando um importante papel. Estas passam a encontrar muito mais facilidade em diagnosticar, com maior precisão, as ações sociais a serem implementadas, devido à proximidade aos problemas que afligem a sociedade. No entanto, apesar de não estarem sujeitas aos mesmos entraves burocráticos do setor público e desenvolverem sistemas de gestão mais modernos e flexíveis, as ONGs não conseguiam chegar a um nível excelente de gestão, pois lhes faltavam o conhecimento, os recursos e a capacitação encontrados na iniciativa privada. Finalmente, as empresas são chamadas a assumir sua responsabilidade e participar ativamente na implementação de programas e ações voltados para o desenvolvimento social.
A responsabilidade social envolve sempre a decisão da empresa em participar de forma mais direta e ativa das ações comunitárias na região em que está presente. Hoje, não basta apenas a determinação em minorar, por exemplo, possíveis danos ambientais decorrentes do tipo de atividade exercida. Ações preventivas nada mais são que obrigação indeclinável. Hoje, nem mesmo ações “compensatórias” satisfazem; a responsabilidade social surge de forma muito mais abrangente. O empresariado começa a perceber a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento para as atividades das empresas. A cultura centrada na maximização do lucro dos acionistas está cedendo espaço para uma nova maneira de enxergar e conceber o papel e a função do setor privado em suas relações com a sociedade na qual se insere e da qual depende. Dentro dessa perspectiva é que o chamado capitalismo social propõe novas formas de relação entre as empresas e a sociedade. Ambas começam a compartilhar objetivos e buscar resultados que atendam aos interesses comuns. Neste ponto, aparece a “lógica do Terceiro Setor”, já discutida e considerada difícil de entender: lucro e atendimento das demandas sociais... juntos! Possível? Vejamos. Todas as transformações da atualidade – sejam econômicas, políticas ou culturais – vêm sendo determinantes na geração de novas posturas empresarias. |
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Tela 10 |
Qualidade, preço competitivo e bons serviços não representam mais os únicos diferenciais no mercado. Existe, hoje, muito mais aspectos em jogo. Por exemplo: há duas ou três décadas, quantas “marcas” de televisão existiam no mercado? E de leite condensado? Absorventes higiênicos? Aparelhos de barbear?
Responsabilidade social é um diferencial importante que cresce, cada vez mais, em importância. Se hoje existem várias empresas produzindo leite condensado, como o consumidor escolhe a “marca” que irá levar? Pelo preço? Pela qualidade do produto? Claro que essas escolhas pesam, no final das contas. Um produto com o preço muito acima dos seus similares deve – no mínimo – ter uma qualidade muito superior. Se for muito barato, mas sua qualidade for vertiginosamente inferior, suas chances de permanecer no mercado não são muito boas, pois, com o desenvolvimento tecnológico atual, não é difícil entrar no mercado uma nova empresa capaz de produzir e comercializar um produto melhor ao mesmo preço. É claro, estão envolvidos neste processo inúmeros outros aspectos: a rede de distribuição, os “arranjos” – os quais dificultam a livre concorrência – etc., mas, quando o consumidor dispõe de, pelo menos, duas marcas de igual qualidade e igual custo, sendo oferecidas em igualdade de condições, qual o diferencial? Como será a escolha? Se todos os prós e contras, se todas as vantagens e desvantagens estiverem rigorosamente equilibradas, o que o levará a decidir por esta ou por aquela marca?
Os consumidores estão mais exigentes e têm mais informação quanto aos produtos e serviços. As empresas não podem ignorar que seus clientes são cidadãos cada vez mais conscientes, não só das suas necessidades, direitos e prerrogativas como consumidores, mas também das necessidades de suas comunidades e da sociedade em que vivem. Esses cidadãos, consequentemente, têm nível mais alto de expectativas quanto ao papel e à função das empresas, não apenas no oferecimento de produtos e serviços de qualidade a preços acessíveis, pois isso é o mínimo a se esperar delas. Hoje, as reivindicações atingem o cumprimento das responsabilidades das empresas com o desenvolvimento da sociedade. |
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Tela 11 |
Empresas cidadãs são justamente essas organizações que trabalham para o desenvolvimento da sociedade. Responsabilidade social consiste na administração inteligente da participação da empresa nas causas sociais.
Entretanto, determinar o limite das tais ações compensatórias é algo muito delicado. Uma indústria petroquímica ou de papel e celulose é sempre potencialmente danosa ao meio ambiente inclusive à vida e à saúde de populações inteiras. Por isso mesmo, muitas delas investem em programas voltados para o meio ambiente, desenvolvimento sustentável etc., mas nada disso será efetivo se suas atividades, tanto as atividades-meio quanto as atividades-fim, não estiverem rigorosamente controladas.
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Tela 12 |
2 - Causa Social e a Identidade da Empresa Embora não
seja regra absoluta, a afinidade entre a causa social e a identidade da
empresa é algo importante. Uma empresa pode escolher investir em
projetos sociais específicos, pois isso, certamente, agregará
valor a sua marca ao despertar associações entre seu nome
e sua marca e a ação socialmente responsável.
Outrossim, não é tão simples quanto parece implantar um bom programa de ação social. As ações propostas pelas empresas devem ser adequadas às suas expectativas e necessidades, devem repercutir positivamente na empresa. Mas este não é o único fator considerado quando as ações são propostas. É preciso que sejam relevantes e adequadas para a comunidade que as receberá. Deve haver real benefício social. Isto é óbvio; mas nem sempre o óbvio é assim tão visível. Nos últimos anos, temos observado crescente número de empresários envolvendo-se com as entidades do Terceiro Setor. Esse envolvimento tem operado uma série de mudanças significativas na gestão dos projetos sociais e vem influenciando a utilização de novos instrumentos e mecanismos no Terceiro Setor, trazendo maior nível de profissionalização para ele. Isto, por conseguinte, repercute favoravelmente para a empresa, pois os projetos de ação social conquistam credibilidade devido à forma estruturada e séria como são administrados. A partir disso, um ciclo de profissionalização no âmbito das várias organizações voltado para os problemas sociais começa a ser implantado:
Além destes fatores, um programa de voluntariado empresarial, ou seja, participação dos funcionários na organização e no desenvolvimento de projetos voltados à comunidade, traz benefícios para os próprios funcionários, incorporando um sentido mais profundo do alcance de suas ações e do valor de seu trabalho. As empresas não tardam a perceber que o envolvimento dos colaboradores internos traz ganhos multiplicados. Como podemos ver, as grandes transformações econômicas, políticas e culturais das últimas décadas determinaram uma série de novas posturas empresarias. |
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Tela 13 |
| Essa percepção,
existente em considerável parte do empresariado, acerca da necessidade
de novo modelo de desenvolvimento – formulado a partir de uma visão
atualizada do papel e da função do setor privado em suas relações
com a sociedade – vem gerando postura que se contrapõe à
cultura centrada na maximização do lucro dos acionistas.
Dentro desse novo modelo, qualidade, preço competitivo e bons serviços não representam mais os únicos diferenciais no mercado. Ao perceberem isso, as lideranças empresariais passam, então, a vislumbrar objetivos de longo prazo. Os cidadãos estão mais conscientes das necessidades de suas comunidades e, por conseguinte, passam a reivindicar o cumprimento das responsabilidades das empresas ao seu desenvolvimento e ao atendimento de suas demandas. As empresas, agora, devem fazer a sua parte buscando continuamente a solução ou, ao menos, a diminuição das carências sociais existentes. As organizações que trabalham para esse desenvolvimento compartilhado são classificadas como empresas cidadãs. |
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Tela 14 |
| Resumo
As inúmeras transformações de ordem política, econômica, social e cultural, ocorridas nas últimas décadas, criaram as condições para o aparecimento de novos modelos de relações entre instituições e mercados, organizações e sociedade. Neste contexto, cabe-nos examinar: o que é responsabilidade social empresarial? Como o mundo empresarial pode colaborar para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa? A responsabilidade social envolve sempre a decisão da empresa
na participação direta e ativa em ações comunitárias
na região em que está presente. Não basta apenas
a determinação em minorar, por exemplo, possíveis
danos ambientais decorrentes do tipo de atividades exercidas; ações
preventivas tornam-se, pois, obrigação indeclinável.
Hoje, nem mesmo ações “compensatórias”
satisfazem. A responsabilidade social deve ocorrer de forma muito mais
abrangente. Nessa perspectiva, o chamado capitalismo social propõe novas formas de relação entre as empresas e a sociedade: ambas começam compartilhar objetivos e buscar resultados a partir de interesses comuns. Neste momento entra a tal “lógica do Terceiro Setor”, questionada em sua aplicabilidade: lucro e atendimento das demandas sociais... juntos! A Responsabilidade Social da empresa é, portanto, resultado do compromisso assumido pelo empresariado na adoção de valores e posturas éticas. No entanto, o compromisso ético é apenas a primeira etapa da responsabilidade social. É preciso, também, determinação em contribuir para o desenvolvimento econômico da comunidade local, bem como da sociedade em sua totalidade. As ações sociais das empresas são uma vantagem competitiva
muito importante no desenvolvimento dos negócios das organizações.
É facilmente perceptível que os consumidores valorizam as
ações das empresas comprometidas em tornar a sociedade menos
injusta e desigual. A preferência dos consumidores é, claramente,
por empresas socialmente responsáveis. O reconhecimento público
e a valorização dele decorrente não são irrelevantes
dentro de um mercado cada vez mais disputado. |
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| Unidade 3 | Módulo 3 | Tela 15 |
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- O que é uma Empresa Cidadã?
Os empresários sabem que, ao contrário do que ocorria até bem pouco tempo atrás, não conseguirão manter suas empresas competitivas preocupando-se, unicamente, com a qualidade de seus produtos ou serviços. Hoje, tudo mudou. As vantagens competitivas passam, obrigatoriamente, pela responsabilidade social das empresas. Cidadania empresarial é um termo muito em voga nos últimos anos, tanto no meio empresarial quanto na mídia. Com a globalização da Economia, o tema vem ganhando ainda mais visibilidade. A cidadania empresarial vem sendo apresentada como um conceito que, posto em prática, traria vantagens competitivas às organizações. Com a crescente concorrência, este é um ponto importante para a sobrevivência de qualquer negócio, por isso o tema tem estado sempre presente nos fóruns de discussão empresarial e na mídia dirigida ao empresariado. |
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Tela 16 |
O termo cidadania empresarial vem sendo utilizado para descrever as iniciativas dos empresários na sociedade civil. Junto com ele, surgem também alguns outros, tais como:
Muitos
são os fatores envolvidos nesta revolução copernicana
que afetam o mundo empresarial. |
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Tela 17 |
Com a revolução tecnológica, a qual propiciou o avanço das telecomunicações e da informática, deu-se a criação de uma cadeia de inter-relações sem precedentes em toda a história da humanidade. Esse novo padrão de inter-relações afeta sobremaneira a realidade das empresas. Hoje, as limitações tecnológicas que condicionam a produção são, diariamente, derrubadas por nova descoberta. No entanto, as limitações de caráter ético que a sociedade impõe às empresas crescem cada vez mais. O que fazer? Que critérios utilizar para a tomada de decisões? Como exemplo: ao final das contas, alimentos transgênicos fazem ou não mal à saúde? Prejudicam ou não o equilíbrio ecológico? Quem responde a estas perguntas? Quem assume os riscos diante de tantas incertezas?
Em
épocas passadas, tínhamos muito mais “certezas”
do que incertezas, ainda que estas “certezas” carecessem de
legitimidade. Como a maioria dos membros da sociedade viviam totalmente
à parte da esfera decisória dos poderes constituídos,
era fácil forjar consensos. |
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Tela 18 |
Ignorávamos por completo os impasses e dilemas que muitas decisões encobriam. Em nossa sociedade, basta clicar o mouse e estamos “conectados” com informações privilegiadas para instaurar um democrático “dissenso universal”. Este é um ponto delicado, quando consideramos a ideia de uma empresa-cidadã. É importante considerarmos que o conceito de cidadania empresarial fundamenta-se sobre a noção de corresponsabilidade da empresa com os problemas da sociedade. Essa responsabilização ocorre em várias frentes simultaneamente. Empresa cidadã é aquela que não foge aos seus compromissos, e não são poucos os compromissos com os quais se vê envolvida. Só em relação aos seus funcionários podemos destacar cinco princípios básicos da cidadania empresarial:
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Tela 19 |
Hoje, assistimos a uma mudança radical na maneira como a sociedade percebe a realidade empresarial. As empresas não mais são vistas unicamente como um negócio, cujo único compromisso é servir de instrumento para o atendimento das demandas dos investidores, ou seja, propiciar retorno financeiro imediato ao capital. A empresa é, também, muito mais que uma organização na qual interesses de vários grupos de stakeholders – funcionários, fornecedores, clientes, sociedade (comunidade) e os próprios acionistas – são aglutinados. Há, atualmente, uma concepção estratégica e um compromisso ético. Esse é o diferencial. Essa é a vantagem competitiva. O que temos assistido com o processo de globalização é uma total reformulação dos conceitos nos quais a sociedade acredita, nos critérios utilizados para julgar e avaliar a validade dos argumentos com os quais construímos nossas visões de mundo. Dentro destas mudanças, hoje, as empresas e o empresariado ocupam o centro das atenções. |
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Tela 20 |
Toda uma série de expectativas estão sendo depositadas nas ações e responsabilidades sociais das empresas. Como as empresas serão capacitadas a atender a estas novas demandas? O que faz uma empresa ser “cidadã”?
As
organizações estão sendo premidas a repensar a responsabilidade
social de forma estratégica. É preciso alinhar suas ações
sociais aos seus objetivos estratégicos. As empresas devem focalizar
seus investimentos sociais nas áreas que melhor podem utilizar
seus recursos e maximizar o retorno para seus colaboradores, investidores
e para a comunidade em que atuam. Para atingir tais intentos, é
preciso mobilizar os vários atores
sociais envolvidos. Quando respaldadas e alicerçadas em políticas,
programas e projetos de responsabilidade social, emerge uma imensa rede
de atores sociais, necessitando apenas de um boa “orquestração”. |
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Tela 21 |
Neste ponto, as empresas podem transformar-se em ótimo agente aglutinador e catalisador dos esforços que, de outra maneira, estariam dispersos. Firmar e fortalecer os laços sociais que serão utilizados como ferramenta de mudança é um campo de ação muito promissor. Uma empresa é classificada como empresa-cidadã desde que possua objetivos sociais e seja capaz de forjar instrumentos sociais adequados e efetivos para alcançá-los. É necessário, à sua atuação, agregar uma nova dimensão ao papel de agente econômico: a de agente social. Como
agente social, a empresa, tomando para si o encargo de propor iniciativas
privadas, voltadas ao bem público e sem fins lucrativos, disponibilizará
para a comunidade os mesmos recursos aplicados em seu negócio,
mas como meta, na nova abordagem, o objetivo será as transformações
sociais e o desenvolvimento do bem comum. Isto continua a ser um bom investimento:
Investimento em capital social. |
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Tela 22 |
Nos últimos anos, as empresas empenharam-se em promover mudanças revolucionárias que passaram pela descentralização da autoridade, redefinição das estruturas hierárquicas, aproximação dos clientes, ênfase na qualidade total, objetivando conquistar a tal “competitividade” dentro do mercado globalizado. Muitos esforços foram enveredados com a finalidade de adaptar as empresas a uma vasta transformação estrutural. No bojo de todas essas transformações – que atingem a definição quanto ao papel das empresas –, é visível que, investindo em projetos de responsabilidade social e cidadania, as empresas passam a ter clara vantagem competitiva. No entanto, é preciso levar em consideração o cenário onde ocorrem todas essas transformações, o qual nos aponta a necessidade de encararmos as empresas sob outras perspectivas. Os conceitos de responsabilidade social corporativa e de cidadania empresarial precisam ser examinados a partir de um novo paradigma, colocando-nos diante de um novo conceito de empresa. Este novo conceito implica a concepção de uma série de novas modalidades de relações sociais, políticas e econômicas.
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Tela 23 |
Sem tal reformulação conceitual, a cidadania empresarial ficaria reduzida a uma dimensão meramente instrumental. Busca-se construir um conceito de empresa que equilibre responsabilidades econômicas, sociais e ambientais. Só a partir desta reformulação, será possível avaliar a performance de uma empresa no atendimento das novas demandas impostas hoje. Devemos avaliar criticamente o conceito de empresa, para compreendermos em que medida os modelos de racionalidade condicionam sua performance. Princípios como os de Cidadania Empresarial, Responsabilidade Social, Ética Empresarial expressam os anseios de uma complexa rede de compromissos e esforços da sociedade na busca de uma vida mais justa e menos desigual para todos. Para que estes princípios sejam efetivados, precisamos delinear um plano de responsabilidade social para a empresa, de forma adequada ao perfil de seus negócios, à sua missão, à sua trajetória e à sua posição no mercado. Sem este planejamento, corre-se o risco de se propor ações incoerentes com a filosofia, cultura, objetivos, disponibilidade de tempo e orçamento da empresa. |
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Tela 24 |
Ademais, também é importante percebermos que a ideia de uma empresa-cidadã implica reformulação da cultura corporativa das empresas. É necessário que haja assimilação e reconhecimento, por parte de todos os envolvidos, da cultura, dos valores, das tradições e das visões de mundo que fundamentam o conceito de empresa-cidadã. Nesse conceito de cidadania empresarial, podemos forjar uma forte identificação dos empregados, dos colaboradores, da comunidade e de todos os envolvidos com a empresa.
As características da cultura corporativa constroem a identidade da organização. São estas particularidades que dão às pessoas relacionadas com a empresa o sentimento de pertencimento e integração. “Vestir a camisa” é pressuposto fundamental do engajamento que se busca por meio desses conceitos. |
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Tela 25 |
2 - Vantagens da Cidadania empresarial A empresa passa a ser mais admirada por consumidores atuais e potenciais e pela comunidade se desenvolver atitudes favoráveis em relação aos seus produtos e serviços. Em muitos casos, a decisão de compra pode ser definida a partir desta atitude. Os funcionários beneficiados pelas ações sociais da empresa e, principalmente, os que delas participam são mais motivados, melhoram seu desempenho e são mais aderentes aos programas da empresa. As empresas
que investem em ações sociais são mais admiradas
também pelos empregados em potencial. As pessoas gostam de trabalhar
em organizações deste tipo. Consequentemente, essas
empresas são mais capazes de atrair melhores funcionários.
Além disso, ao se aproximar da comunidade, as empresas tornam-se
mais aptas a obter informações e conhecimentos sobre os
clientes, o mercado, e sobre si próprias. |
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Tela 26 |
Empresas nas quais os funcionários são mais bem tratados ganham em produtividade e qualidade. Pesquisa feita pelo Medstar Group e pelo American Productivity e Quality Center revelou que programas de saúde, por exemplo, podem aumentar a produtividade e diminuir em 30% o custo relativo a faltas, rotatividade e baixas médicas. O consumidor já valoriza produtos de empresas socialmente responsáveis e preocupadas com o meio ambiente. Outra pesquisa mostrou que 30% dos clientes de supermercados dão preferência a mercadorias produzidas sem o uso de adubos químicos ou agrotóxicos. Um fundo de investimentos foi montado só com ações de empresas socialmente responsáveis. Valorizou-se 2% a mais que o conjunto da Bovespa.
Se, para algumas empresas, os resultados aparecem a longo prazo, outras se veem compelidas a apostar no credo da responsabilidade social, movidas pelo pragmatismo. |
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Tela 27 |
3 - Desafios para as empresas socialmente comprometidas Muita ênfase tem sido dada aos aspectos meramente instrumentais da responsabilidade social e da cidadania empresarial. Esses aspectos são, aliás, facilmente perceptíveis e, por isso mesmo, não são poucos os que dizem poder “desmascarar” as alegadas “boas intenções” das empresas, demonstrando que por trás da bela “fachada” existem apenas os esforços para melhorar a reputação da empresa, identificar novas oportunidades. Em síntese, conseguir “vantagens competitivas”.
É necessário que as empresas consigam demonstrar, de forma clara, mediante ações, projetos, programas efetivos e, principalmente, por meio de posturas institucionais, o real comprometimento com os novos papel e perfil que lhes são impostos hoje. |
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Tela 28 |
Por outro lado, quanto aos propósitos que norteiam as ações sociais das empresas, é necessário considerarmos não ser apenas a organização da sociedade civil que precisa ser fortalecida, mas, sobretudo, as articulações entre as partes, visando à integração harmoniosa e produtiva. Preocupar-se apenas com a organização da sociedade, sem levarmos em conta a necessidade de costurarmos suas articulações, apenas acirrará conflitos de interesses e divergências de opinião. Não podemos esquecer, também, que as empresas, ao se disporem a assumir seu papel socialmente responsável, podem ter a tentação de enveredar pelos já conhecidos caminhos do assistencialismo. Neste tipo de modelo, promove-se uma organização dependente e desarticulada. Isto não está de acordo com as demandas imperantes hoje. A ênfase deve ser dada à autonomia, à independência e à articulação, ideias compatíveis com o modelo de desenvolvimento sustentado. A empresa pode aproveitar a própria organização interna para, a partir desta, promover projetos visando à ampla formação dos funcionários. A primeira frente é sempre a interna. É no interior da empresa, nas relações estabelecidas com funcionários e colaboradores, que se inicia a responsabilidade social. |
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Tela 29 |
Coerência é mais do que um conceito, é uma necessidade vital. A empresa deve, em primeiro lugar, reconhecer seus funcionários como cidadãos. Sem este reconhecimento prévio, qualquer postura “cidadã” é apenas “fachada”. Para atingir os objetivos sociais, é necessário uma radical mudança de mentalidade, apenas isso permitirá uma maior integração dos funcionários e colaboradores com a empresa. Sem a perfeita feitura desta integração, qualquer proposta de ação social é prematura e corre grandes riscos de insucesso. Para as
ações sociais da empresa tornarem-se efetivas e relevantes,
é necessário haver uma convergência entre os conceitos
de cidadania empresarial e de responsabilidade social. Ambos os conceitos
repousam nas bases de um compromisso ético. Cidadania empresarial
existe apenas se as organizações atendem às suas
responsabilidades econômicas, legais, éticas e discricionárias,
exigidas por seus diversos stakeholders. |
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Tela 30 |
As metas de uma empresa socialmente responsável passam sempre pela universalização de valores como a Ética, o desenvolvimento social e o aumento dos índices de qualidade de vida.
Há, no entanto, muito a ser feito. É preciso tornar o conceito de responsabilidade empresarial parte integrante da cultura das organizações. É preciso um consistente empenho, de forma a consolidar tais mudanças. É preciso não só divulgar, cada vez mais, a responsabilidade social das empresas, mas, também, inserirmos as próprias empresas neste contexto, formulando, também, novos modelos de gestão empresarial. Algumas questões, portanto, devem ser pensadas para ser possível desfrutar de todas estas vantagens. Quais são as competências necessárias para se atingir estas metas? Quais competências precisam ser melhor desenvolvidas para aprimorar a atuação da empresa e de seus colaboradores? |
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Tela 31 |
É necessário, por parte da empresa, um empenho no desenvolvimento
de todo um conjunto de competências específicas para a implementação
de um programa estratégico de atuação social. Essas
competências definirão sua vantagem competitiva. |
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Tela 32 |
Resumo Assistimos, hoje, a uma mudança radical na maneira como a sociedade percebe a realidade empresarial. As empresas não mais são vistas apenas como um negócio, cujo único compromisso é servir de instrumento para o atendimento das demandas dos investidores, ou seja, propiciar retorno financeiro imediato ao capital. Uma empresa-cidadã é aquela que se propõe a agir na transformação do ambiente social, buscando contribuir ativamente com os esforços da sociedade. Para que isto ocorra, as empresas não podem ater-se exclusivamente aos resultados financeiros do balanço econômico, ou seja, precisam assumir uma postura proativa e propositiva nas suas contribuições aos problemas sociais. Não basta apenas ter “boa vontade” e ficar passivamente esperando “sentado” as solicitações da sociedade civil ou ente estatal. O tema vem ganhando ainda mais visibilidade com a globalização. A cidadania empresarial vem sendo apresentada como um conceito que, posto em prática, traria vantagens competitivas às organizações. Com a crescente concorrência, este é um ponto importante para a sobrevivência de qualquer negócio e, por isso, o tema tem estado sempre presente nos fóruns de discussão empresarial e na mídia dirigida ao empresariado. Muitos são os fatores envolvidos nesta revolução copernicana que afeta o mundo empresarial. A revolução tecnológica propiciou o avanço das telecomunicações e da informática e, com isso, deu-se a criação de uma cadeia de inter-relações sem precedentes em toda a história da humanidade. Esse novo padrão de inter-relações afeta sobremaneira a realidade das empresas. Hoje, as limitações tecnológicas que condicionam a produção são, diariamente, derrubadas por nova descoberta; no entanto, as limitações de caráter ético imposto às empresas pela sociedade crescem cada vez mais. O que fazer? Que critérios utilizar para a tomada de decisões? Afinal, questionamos: alimentos transgênicos fazem ou não mal à saúde? Prejudicam ou não o equilíbrio ecológico? Quem responde a perguntas como estas? Quem assume os riscos diante de tantas incertezas? Em épocas passadas, tínhamos muito mais “certezas” do que incertezas, mesmo se tais “certezas” carecessem de legitimidade. Como a maioria dos membros da sociedade viviam totalmente à parte da esfera decisória dos poderes constituídos, era fácil forjar consensos. Ignorávamos por completo os impasses e dilemas que muitas decisões encobriam. Em nossa sociedade basta clicar com o mouse e estamos “conectados” com informações privilegiadas para instaurar um democrático “dissenso universal”. Este é um ponto delicado quando consideramos a ideia de uma empresa-cidadã. É importante considerarmos que o conceito de cidadania empresarial fundamenta-se na noção de a empresa ser corresponsável pelos problemas da sociedade. Essa responsabilização ocorre em várias frentes simultaneamente. Empresa cidadã é aquela que não foge aos seus compromissos, não sendo poucos os compromissos com os quais se vê envolvida. Como as empresas poderão capacitar-se para atender a estas novas demandas? O que faz uma empresa ser “cidadã”? |
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| Unidade 3 | Módulo 4 | Tela 33 |
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- Formação da liderança ética na empresa
A cidadania empresarial, como quadro balizador da ação social, não pode prescindir da formação do capital humano, pois sem a mobilização e o engajamento dos profissionais qualificados para a gestão de programas e projetos junto à clientela e em convergência com a sociedade civil, o Estado e o mercado, qualquer iniciativa socialmente responsável fica, de pronto, comprometida. Quando tratamos do envolvimento das empresas privadas com objetivos de ordem social, impõe-se a reflexão sobre quais são as competências necessárias, por parte dos colaboradores, para se atingir as metas da organização, e quais competências a empresa deve buscar desenvolver – com especial atenção – para tornar sua atuação efetiva e eficaz. O desenvolvimento de um conjunto de competências específicas para a execução do programa estratégico de atuação social da empresa deve ser implementado com especial atenção. O desenvolvimento adequado dessas competências é que, em grande parte, define a vantagem competitiva das empresas.
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Tela 34 |
| Uma
atuação social responsável e efetiva não envolve
apenas a definição de bom programa, a elaboração
de projetos inovadores ou massivo investimento.
A gestão dos projetos envolve um alto grau de capacitação dos recursos humanos. Quais as habilidades essenciais aos gestores de projetos sociais? Vejamos algumas habilidades: a) Aspectos técnicos:
b) Aspectos comportamentais:
É necessário que a empresa,
a partir daí, ofereça condições para o desenvolvimento
das habilidades e da formação aos cidadãos ativos
e responsáveis capazes de executar e gerenciar seus projetos. Estas
habilidades passam pela capacidade de dialogar e negociar com atores diversos
e diferenciados; capacidade de mediar e compor conflitos, bem como negociar
soluções e entendimentos; favorecimento aos relacionamentos;
trabalho em equipe; gerenciamento de redes; flexibilização
para lidar com imprevistos, etc. |
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Tela 35 |
2 - Educação Corporativa para a responsabilização social Para que o programa de ação social seja efetivo, a empresa deve implantar um sistema de aprendizagem capaz de desenvolver, em todos os envolvidos na proposição e execução dos projetos, as competências técnicas e comportamentais necessárias à prática organizacional capaz de atingir as metas e objetivos sociais. Para que isto ocorra, portanto, é necessário projetarmos, no bojo do programa de responsabilização social da empresa, adequada proposta de educação corporativa voltada para a formação ética e para o desenvolvimento da cidadania ativa dos funcionários e colaboradores.
No centro da capacidade de atuação social da organização, estão seus empregados. É necessário que esses estejam profundamente engajados no processo de definição das metas sociais da organização. |
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Tela 36 |
O
objetivo de uma empresa socialmente engajada é promover a universalização
de valores como ética, desenvolvimento social, aumento nos índices
de qualidade de vida por meio do trabalho. Estes valores, por conseguinte,
devem fazer parte do cotidiano do trabalhador para este, verdadeiramente,
perceber o real comprometimento da empresa com o discurso que prega. Qualquer
programa de responsabilização social das empresas incapaz
de explicitar, de forma clara e inequívoca, a coerência entre
o discurso e a ação corre o risco de ser “desmascarado”
como mais uma “estratégia de marketing”.
Conciliar o “apenas” com o “inclusive” significa explorar o novo território da “Lógica do Terceiro Setor”. Dentro desta lógica, é possível conciliar os aspectos tradicionalmente inconciliáveis e irredutíveis da busca do lucro com a luta pelo bem-estar social. Atualmente, as esferas pública e privada já não são mais tão distantes e separadas quanto o foram no passado. |
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Tela 37 |
| É
preciso considerar as metas e os objetivos da empresa: o que objetiva atingir
dentro dos próximos anos? Quais as áreas de interesse? Como
propor um conjunto de ações socialmente responsáveis
adequadas ao seu core business? O que pretende oferecer aos clientes?
É possível compatibilizar estas ofertas dirigidas à
clientela com as ofertas sociais?
Uma empresa-cidadã
empenha-se em trazer seus stakeholders para o centro destas discussões.
O estabelecimento das metas da organização afeta todos os
envolvidos; é necessário, pois, oferecer a todos os colaboradores
uma clara noção de suas propostas. Um conhecimento sólido
das características, peculiaridades, objetivos e metas da empresa,
bem como a possibilidade de tomar parte nos processos decisórios
que os definem determinam os padrões de excelência dentro
do segmento em que se atua. A atuação socialmente responsável
também necessita dos mesmos pressupostos para atingir estes padrões
de excelência. |
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Tela 38 |
| 3
- A formação do Capital Social O Capital Social de uma organização possui valor inestimável. É a partir da construção de uma rede de trabalho socialmente responsável que os elos entre os atores sociais são consolidados e fortalecidos. Esses vínculos estreitam as relações e compromissos dos profissionais-voluntários com as causas sociais esposadas pela empresa. E aí podemos ver a “via de mão dupla” da cidadania empresarial: é necessário empenho na formação e capacitação do pessoal envolvido na gestão e execução dos projetos sociais.
É
preciso oferecer condições para propiciar a motivação
e o engajamento dos funcionários; é preciso investir na
mobilização, organização e articulação
dos grupos de trabalho, tanto internamente quanto nas suas relações
com a comunidade; é preciso investir na capacitação
técnica e comportamental, bem como na formação ética
e no desenvolvimento da cidadania ativa dos envolvidos. |
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Tela 39 |
Por outro lado, o envolvimento nos projetos traz, para a empresa, dividendos importantes: a conciliação do comprometimento profissional com a instituição e a dedicação à causa social.
Cabe-nos, agora, refletir sobre a motivação, mobilização, organização e articulação dos funcionários e colaboradores no programa de ação social da empresa. Como engajá-los no papel de Ator Social?
Como chamá-los a integrar à sua prática profissional a dimensão de agente social? Como
estabelecer entre as duas dimensões – do comprometimento
institucional e do comprometimento social – um vínculo sólido
e produtivo? |
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Tela 40 |
| As
empresas devem, em primeiro lugar, encarar seus funcionários e colaboradores
como cidadãos que precisam de condições e oportunidades
para aumentar o seu nível de conscientização quanto
às suas responsabilidades e força de transformação
social. Em segundo lugar, as empresas devem oferecer condições
de os mesmos se prepararem profissionalmente para a utilização
dos recursos institucionais direcionados ao desenvolvimento dos projetos
propostos pelas próprias empresas, bem como daquelas iniciativas
propostas pela comunidade e que dependem dos recursos e capacitações
que as empresas podem disponibilizar. A
empresa não tem a responsabilidade de desenvolver o potencial de
seus funcionários para a cidadania ativa, mas tem a responsabilidade
de fornecer os meios para que eles se desenvolvam, caso esteja verdadeiramente
engajada na proposta de participação social. |
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Tela 41 |
| Hoje,
mesmo em uma área de atuação ainda tão pouco
explorada como a da participação social, as empresas –
forçadas pela competitividade – estão percebendo a complexidade
dos papéis e funções requeridos em todos os níveis
relacionados à organização e articulação
dos seus funcionários e colaboradores, para a implementação
e execução de projetos sociais. Não é difícil concluir que a vantagem competitiva decorre de força de trabalho treinada, capaz de refletir criticamente, construir decisões criativas, trabalhar em equipe para resolver problemas e propor soluções inovadoras, além de, e principalmente, criar vínculos fortes com a comunidade, os clientes, os fornecedores, os diversos agentes locais, incluindo a esfera governamental, e com a sociedade como um todo.
É
vital os envolvidos estarem bastante afinados com a identidade e missão
estratégica da empresa nas suas ações sociais e conheçam
o programa social da organização em seus aspectos globais.
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Tela 42 |
| A
nova demanda surgida a partir dessas novas atribuições –
que hoje recaem sobre as empresas – leva as organizações,
cada vez mais, a exigirem de seus funcionários, de todos os níveis,
a ampliação de suas qualificações para atender
às novas necessidades que surgem em decorrência não
mais apenas do mercado, mas também das demandas da sociedade.
Como avaliar, adequadamente, essas competências que surgem a partir dessas novas necessidades – demandadas pela sociedade e convertida em necessidades empresariais? As empresas devem empregar seus esforços para construir meios e métodos adequados de avaliação, pois só a partir desse levantamento poderão oferecer oportunidades de treinamento e desenvolvimento, tendo por objetivo habilitar, adequadamente, seus funcionários e colaboradores para poderem dar o efetivo atendimento a essas novas demandas.
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Tela 43 |
| 4
- A lógica do Terceiro Setor Se reconhecemos como vital uma reformulação do papel e função das empresas quanto à educação e formação dos seus funcionários e colaboradores como cidadão ativos, socialmente engajados, temos, agora, que indagarmos como as empresas poderão dar atendimento a esta demanda. Este desafio começa pela constatação de que qualquer mobilização interna dos funcionários e colaboradores para aderir a um programa de participação social e cidadã da empresa depende da prévia assimilação e entendimento da "Lógica do Terceiro Setor". Como ser
capaz de perceber, digerir, assimilar e operacionalizar essa “lógica”
paradoxal do “quanto mais lucro mais ganho social, quanto mais ganho
social mais lucro”? |
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Tela 44 |
O cerne do problema passa pela questão das separações das esferas pública e privada. O Estado, representante-mór dos interesses e necessidades da sociedade civil, é o protagonista por excelência da esfera pública, em que as questões, as grandes questões coletivas, têm lugar. É aí que – intermediados pelos políticos que elegemos – vamos, nós sociedade, discutir o bem comum, o projeto da nação, a elaboração das políticas públicas, etc. Quanto
à esfera privada, aí é o reino da livre iniciativa
e do mercado. A crença era que, se cada um fizesse a sua parte
tudo seria maravilhoso, viveríamos no melhor de todos os mundos. |
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Tela 45 |
| Compreender
a lógica do terceiro setor passa, necessariamente, por entender as
relações entre valores éticos e economia. Acumulação de capital é prosperidade? É possível haver prosperidade sem capital? É possível definir a prosperidade de uma nação em termos de riqueza acumulada?
Repetindo o que disse Aristóteles ... “o fim último de um bom governo é a felicidade dos cidadãos”. Será que a busca da felicidade e a busca da riqueza se ajustam aos mesmos conceitos? A riqueza é um meio de alcançar felicidade? Qual o fim último da produção econômica? Produz-se o quê e para quê? Qual o compromisso ético da economia? (ver Amartya Sen, 1999). “Quais
os fatores mais importantes para a felicidade dos cidadãos?" |
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Tela 46 |
Podemos colocá-los, sem receio de errar:
A Lógica do Terceiro Setor funda-se em valores éticos e considerações econômicas, mas nela a própria economia, como queria Adam Smith, se vê imbuída de “sentimentos morais”. Esta lógica nutre-se basicamente de valores humanos e foca-se nas necessidades, anseios e expectativas humanos.
A lógica do terceiro setor é capaz de gerar e construir identidades, singularidades e o sentimento de pertencer a algo maior que o indivíduo. São estes fatores que dão a matéria-prima e a condição para a construção de práticas verdadeiramente extensivas e inclusivas que podem tornar nossa sociedade menos injusta, desigual e excludente. |
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Tela 47 |
Resumo A cidadania empresarial, como quadro balizador da ação social, não pode prescindir da formação do capital humano já que sem a mobilização e o engajamento dos profissionais qualificados para a gestão de programas e projetos junto à clientela e em convergência com a sociedade civil, o Estado e o mercado, qualquer iniciativa socialmente responsável fica, de pronto, comprometida. Quando tratamos do envolvimento das empresas privadas com objetivos de ordem social, impõe-se refletirmos sobre quais são as competências necessárias, por parte dos colaboradores, para se atingir as metas da organização, quais as competências que a empresa deve buscar desenvolver – com especial atenção – para que a sua atuação seja efetiva e eficaz. O desenvolvimento de um conjunto de competências específicas para a execução do programa estratégico de atuação social da empresa deve ser levado a cabo com especial atenção. É o desenvolvimento adequado destas competências que, em grande parte, define a vantagem competitiva das empresas. Uma atuação social responsável e efetiva não envolve, apenas, a definição de um bom programa, a elaboração de projetos inovadores ou um massivo investimento. A gestão dos projetos envolve um alto grau de capacitação dos recursos humanos. Quais as habilidades essenciais aos gestores de projetos sociais? Para que seu programa de ação social seja efetivo, a empresa precisa desenvolver um sistema de aprendizagem capaz de desenvolver - em todos os envolvidos na proposição e execução dos projetos - as competências técnicas e comportamentais necessárias para que a organização atinja suas metas e objetivos sociais. Para que isto ocorra, é necessário, portanto, projetarmos, no bojo do programa de responsabilização social da empresa, proposta adequada de educação corporativa voltada para a formação ética e para o desenvolvimento da cidadania ativa dos funcionários e colaboradores. No centro da capacidade de atuação social de uma organização, estão seus empregados. É necessário, pois, que estes estejam profundamente engajados no processo de definição das metas sociais da organização. O objetivo
de uma empresa socialmente engajada é promover a universalização
de valores como a Ética, o desenvolvimento social, o aumento nos
índices de qualidade de vida por meio do trabalho. Estes valores,
por conseguinte, devem fazer parte do cotidiano do trabalhador para que
este, verdadeiramente, perceba o real comprometimento da empresa com o
discurso que prega. Qualquer programa de responsabilização
social das empresas que não consiga explicitar, de forma clara
e inequívoca, a coerência entre o discurso e a ação
corre o risco de ser “desmascarado” como mais uma “estratégia
de marketing”. |
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