| Unidade 2 | Módulo 1 | Tela 1 |
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- De Recursos Humanos a Gestão de Pessoas
O ambiente atual de negócios – com a globalização e conseqüente competitividade mundial (clientes, parceiros, fornecedores e concorrentes) – e a tendência política predominante do neoliberalismo impõem novas formas de administrar e de gerir recursos. O impacto da competitividade globalizada sobre as organizações é observável em diferentes áreas:
Considerando que na economia atual – Economia do Conhecimento – o conhecimento e a capacidade de inovação são os maiores fatores de competitividade, o valor das empresas tem sido determinado cada vez mais por seus ativos intangíveis e a forma como o mercado os percebe. Nessa perspectiva, muitos são os ativos intangíveis considerados importantes, como: a marca da empresa, o seu talento, a sua capacidade de inovar e a sua competência em oferecer o que o mercado precisa.
Desse modo, os termos utilizados para tratar pessoal nas empresas têm sido redefinidos em função do papel estratégico que as pessoas estão assumindo na nova economia: capital intelectual e capital humano. A nova terminologia é decorrente das novas teorias e dos estudos organizacionais relacionados à economia do conhecimento. |
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Destacamos como impacto da nova economia:
Em resumo, nos novos tempos é preciso ampliar o conceito de Recursos Humanos para a Gestão das Pessoas, uma vez que o termo recursos humanos traz a comparação inevitável com outros recursos como máquinas tecnologias, recursos de informação etc. e sugere que nos interessemos pelo ser humano como recurso, no que ele pode proporcionar à organização, aos processos produtivos, ao desempenho da empresa. Este termo tende a banalizar o ser humano tratando-o de maneira economicista, como um dos recursos da empresa, justamente no momento em que o ser humano é mais valorizado nas organizações. O conhecimento que os funcionários possuem tem sido considerado um dos mais importantes ativos intangíveis. O desenvolvimento da capacidade individual dos funcionários torna-se essencial para o sucesso empresarial. Práticas organizacionais emergentes, sobretudo aquelas com foco na criatividade, gestão da inovação e aprendizado organizacional apontam o capital humano como o seu maior valor. Levar em consideração o capital humano implica dar a devida importância ao desenvolvimento das competências dos colaboradores. As empresas e os profissionais precisam gerar resultados em cenários de demandas crescentes e cada vez menos previsíveis. E, com isso, as organizações necessitam de profissionais mais qualificados e plurais.
Desse modo, podemos concluir que existe uma ambigüidade no termo recursos humanos: como conciliar a conservação de um recurso com sua mobilização efetiva em ações concretas, que exigem iniciativa e conhecimento? |
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Como nos mostra Boog (1995):
As questões assinaladas por Boog são, a cada dia, mais relevantes para as empresas que pretendem manter-se competitivas. Implementar estruturas menos hierarquizadas, garantir a liberdade de expressão, valorizar o capital intelectual e a aprendizagem dos indivíduos e da organização, disponibilizar informações e usar de tecnologias de comunicação e ferramentas colaborativas são tópicos que têm recebido tratamento diferenciado dentro das organizações. |
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- Gestão de Pessoas: princípios e escopo de atuação
As organizações preocupadas em se manter competitivas nesse paradigma adotam os seguintes princípios na área de Gestão de Pessoas:
Hoje uma empresa não se faz apenas com resultados econômico-financeiros, ela deixa nesse momento de ser “uma máquina de gerar apenas lucro” a qualquer preço e custo para se transformar, evoluir e agregar valor à humanidade. A implementação de políticas sociais consistentes, o respeito pelo meio ambiente, a responsabilidade social e o apoio ao desenvolvimento sustentável capacitam-na para gerar valores e riquezas. |
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A introdução desses conceitos agregados às práticas negociais gera, hoje, o fenômeno Empresa Cidadã, na qual os parceiros constroem a sua rede e jogam o jogo do ganha-ganha-ganha. Ganham a empresa e seus funcionários, ganham os clientes e acionista e ganha a sociedade.
Os principais papéis assumidos pela nova área Gestão de Pessoas são:
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Implementar novos modelos organizacionais ou gerenciar mudanças nas organizações é, atualmente, uma necessidade em pauta em organizações de qualquer porte. No entanto, conseguir mudanças relevantes nos comportamentos das equipes, sem levar em conta as relações pessoais, culturas e valores, além do tempo necessário para que conhecimentos adquiridos se manifestem em atitudes levando à transformação do desempenho em resultados, pode não passar de mera especulação. Existe uma nova geração de ferramentas para gestão de pessoas:
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3 - Gestão Integrada de Pessoas: convergência e coerência
Além de processos como admissões e demissões, folha de pagamento e benefícios, outras atribuições são agregadas à área de gestão de pessoas: o desenvolvimento e retenção de talentos, gerenciamento de carreiras, disseminação de valores e cultura organizacionais, mapeamento de competências, gerenciamento de mudanças, treinamento de executivos, e, sobretudo, co-autoria na estratégia de negócio da empresa. As mudanças resultantes dessas novas aquisições têm feito à área direcionar o foco, antes, meramente administrativo e operacional, para a consultoria estratégica subsidiando e orientando gestores, funcionários e clientes.
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De acordo com Zarifian (2001), a lógica competência leva a questionar o conjunto de práticas de gestão dos recursos humanos, passando a ocupar o papel principal, antes desempenhado pelo posto de trabalho. Isto é incontestável no que concerne, por exemplo, ao recrutamento, à condução das mudanças da organização do trabalho, à política de formação, à identificação de potenciais, a entrevistas de avaliação, à construção de projetos individuais, à mobilidade. Há que se ter uma coerência global ao conjunto das ações, partindo, quando possível, de uma mesma modalidade de identificação e de reconhecimento de competências, qualquer que seja o campo de gestão considerado. Investimentos no desenvolvimento pessoal e profissional de funcionários e em inovação, tecnologia e aprendizado contínuo, além de integrar as estratégias de Gestão de Pessoas com estratégias de negócios, promovendo o pensamento estratégico e equipes voltadas para resultados, auxiliam as organizações a alcançar maior produtividade, ambiente cooperativo, comprometimento de seus colaboradores. |
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| Resumo
Cada vez mais o valor das empresas tem sido determinado por seus ativos intangíveis O capital humano é considerado um dos mais importantes ativos intangíveis da organização. O mesmo diz respeito às competências individuais dos empregados, ou seja, ao conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos das pessoas. A noção de capital humano surge a partir de 1950, explicitando o estoque de conhecimentos, atitudes, habilidades, valores e níveis de saúde que potencializam a força de trabalho. Desde então, a força de trabalho passa a ser vista como vantagem competitiva e a área de Gestão de Pessoas deve contribuir para as coisas acontecerem nas empresas. O desafio da gestão de pessoas na Era do Conhecimento está em acompanhar os processos de mudanças e adotar princípios e estratégias que possibilitem responder as demandas da sociedade. Para tanto, a Gestão de Pessoas torna-se alternativa à Administração de Recursos Humanos. O novo "RH" tem papel essencial de agente de mudanças. Além do seu caráter prospectivo, também deve acompanhar e facilitar as “implementações” das mudanças. O novo conceito amplia a atuação da área para o nível estratégico, buscando traduzir as estratégias empresariais em políticas e práticas de gestão de pessoas, adotando como princípios potencializar o conhecimento e competências individuais e coletivas e acompanhar as transformações organizacionais preservando a qualidade de vida no trabalho e evitando o sofrimento das pessoas. Cabe à organização promover a universalização dos direitos sociais e de cidadania e valorizar o ser humano. Para ser efetiva, é essencial a integração dos processos da organização – tanto os tradicionais, como admissões e demissões, folha de pagamento e benefícios, como também os novos, como desenvolvimento e retenção de talentos, gerenciamento de carreiras, disseminação de valores e cultura organizacionais, mapeamento de competências, gerenciamento de mudanças, treinamento de executivos, e, sobretudo, co-autoria na estratégia de negócio da empresa. |
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| Unidade 2 | Módulo 2 | Tela 10 |
1 - Principais Conceitos de Competência
A corrida por competência tornou-se parte da vida de todos os trabalhadores. A disputa por um emprego e a busca por empregabilidade trazem a logomarca “Você S.A.”. Tornou-se comum conhecermos alguém que deixou ou perdeu o emprego e agora faz trabalhos autônomos. Mudanças nos conceitos de trabalho e emprego embasados nas forças de um ambiente social complexo e instável estabelecem novas relações no mundo do trabalho. Começam a ser criadas redes entre diferentes especialidades e fornecedores, destes com grandes empresas e com consumidores finais, criando canais próprios de distribuição. Nessa nova perspectiva só permanece no mercado de trabalho aquele que é "mais competente". |
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No senso comum, competência é resolver certo assunto, fazer algo bem feito alcançando um determinado resultado. No entanto, o termo competência ganha outro enfoque quando aplicado ao ambiente organizacional.
Competência é colocar em prática o que se sabe, nas condições existentes, para produzir um resultado esperado. O fato de o indivíduo deter qualificações necessárias para um trabalho não assegura que ele irá entregar o que lhe é demandado. Competência,
portanto, não é apenas um conhecimento que se tem e nem
é resultado de treinamento. Competência é, na verdade,
atingir resultados ao colocar em prática o que se sabe. |
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Embora individuais, as competências se manifestam e podem ser avaliadas quando exercidas em ambiente profissional. No entanto, não há exercício de competência sem uma base de conhecimentos que possa ser mobilizada. Nas interações sociais ocorridas no âmbito do trabalho, cada indivíduo mobiliza suas competências pessoais e desenvolve, continuamente, novas competências se apoiando em ações de capacitação e de troca com o grupo ao qual pertence ou com o qual interage. As competências individuais são características que, ao se manifestarem, afetam e determinam o desempenho, permitindo alcançar melhores resultados. O desempenho, portanto, é a demonstração concreta da competência. Para Sveiby (1998),
a palavra competência é usada como uma noção
mais operativa, que melhor descreve o conhecimento no contexto empresarial:
A noção de competência individual envolve os aspectos práticos, mas os supera. A habilidade do indivíduo – saber fazer – refere-se à capacidade adquirida ao se aprender as regras de procedimentos, enquanto a competência adquirida implica não apenas aprender toda a estrutura de regras, mas ser capaz de avaliá-las e revê-las, fazendo os julgamentos a partir da experiência. |
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Por isso, para o autor, a competência individual incluiu cinco elementos mutuamente dependentes. São, portanto, elementos da competência individual, segundo SVEIBY:
Nas palavras do autor:
Considerando que as empresas são formadas por estruturas de conhecimento, Sveiby (1998) distingue três grupos de ativos intangíveis que, juntamente com os tangíveis, compõem o seu valor total de mercado. |
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A competência dos funcionários seria um dos ativos intangíveis da organização. Os outros dois são a estrutura interna da organização – formada por patentes, conceitos, modelos e sistemas administrativos e de computadores, além da cultura organizacional – e a sua estrutura externa – que inclui relações com clientes e fornecedores, marcas registradas e a reputação ou imagem da empresa.
Segundo Sveiby, os ativos intangíveis são:
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2. Competência organizacional x competência profissional Competências e Gestão de Competências são temas já bastante discutidos por estudiosos da Administração. São conceitos debatidos por especialistas sem, no entanto, buscar um consenso ou chegar a um único conceito para os termos propostos. Os termos costumam ser mal empregados ou mal compreendidos. Podemos definir competências organizacionais como um conjunto de qualificações e tecnologias da instituição, necessárias ao alcance dos objetivos estratégicos. A competência como uma característica organizacional significa a capacidade de uma empresa agir em relação a outras. Alguns teóricos das organizações, como HAMEL E PRAHALAD (1995), utilizam o termo core competences (competências essenciais) como a combinação de recursos, capacitações e processos organizacionais que distinguem uma organização de outras, permitindo o domínio de espaços competitivos. Refere-se à determinada exclusividade da organização que é difícil de ser imitada por outra. É o diferencial, muitas vezes impalpável, mas quase sempre perceptível que destaca uma organização de outra. São exemplos
de competências organizacionais o design de motores eficientes da
Honda, a ótica de alta precisão da Canon e a capacidade
de miniaturização da Sony.
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Tela 16 |
| Competências
como uma característica profissional, de acordo
com o Management Charter Initiative (MCI), estão ligadas
a uma determinada função desempenhada pelos empregados, abrangem
as capacidades técnicas e/ou gerenciais e devem estar vinculadas
às competências essenciais da organização.
Competência profissional é um conjunto integrado e dinâmico de conhecimentos, habilidades e atitudes passível de ser mobilizado subjetivamente pelo indivíduo, convertendo-se em desempenhos que produzem resultados valorizados pela organização. Portanto, a descrição de uma competência profissional deve:
Um exemplo de competência profissional é:
Mas como isso funciona na prática. Como é possível identificar se um profissional possui determinada competência? Vamos utilizar o exemplo de um gerente de contas de uma agência bancária. Ele recebe um cliente que deseja encerrar sua conta naquele banco pois está insatisfeito com as tarifas cobradas pelas operações que ele realiza. Primeiro, o gerente ouve o cliente sem reagir, utilizando principalmente uma atitude receptiva, demonstrando que a reclamação é importante. Depois, o gerente acessa o extrato da conta e identifica cada uma das tarifas cobradas. Rapidamente, chega à conclusão que o cliente poderia ter uma despesa menor se aderisse a um plano de manutenção da conta, substituindo a cobrança individual de tarifas. Neste momento, o gerente está utilizando o seu conhecimento. Em seguida, o gerente explica as alternativas e benefícios da adesão ao plano e verifica se dessa forma o cliente ficaria satisfeito. É a fase de demonstrar habilidade de relacionar-se e negociar com outra pessoa. Se este conjunto de capacidades (atitude, conhecimento e habilidade) reverter o fechamento da conta, pode-se dizer que o gerente atingiu um resultado positivo. Ou seja, ele identificou uma situação específica, utilizou adequadamente suas capacidades e produziu um resultado. Se o gerente tiver condições de repetir esse processo em diversas situações (identifica o problema -> utiliza suas capacidades -> atinge resultados), pode-se dizer competência foi demonstrada. É necessário haver uma integração entre competências organizacionais e profissionais. Empresas que buscam fazer a gestão de pessoas estão abandonando os modelos tradicionais baseados em cargos e salários para adotar o modelo de vanguarda baseado em competências. Identificar competências profissionais necessárias para um bom desempenho, identificar as exigências do mercado de trabalho, conhecer as estratégias organizacionais e manter disposição para aprender continuamente são características determinantes para o profissional que quer garantir “um lugar ao sol”. O desafio, então,
é identificar as competências organizacionais distintivas,
ou seja, aquelas que identificam a organização e que lhe
conferem um diferencial competitivo. Em segundo lugar,
e não menos importante, discriminar o conjunto de competências
essenciais que viabilizem o negócio e que sustentem os
focos de atuação organizacional. Por fim, é preciso
mapear e desenvolver as competências profissionais necessárias
à transformação do desempenho em resultado. |
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- A Contribuição da Academia: qualificação X
competência
O termo competência, usado inicialmente no contexto empresarial, está sendo também discutido nos meios acadêmicos.
Na nova economia, a tecnologia e o conhecimento das pessoas exercem o papel de forças produtivas, constituindo-se em decisivos fatores de produtividade e competitividade. Para enfrentar a realidade em constante mutação há a necessidade de qualificação de um trabalhador com mais autonomia e iniciativa, o que demanda um modelo de capacitação baseado no desenvolvimento das pessoas e de suas habilidades de aprendizagem, de resolução de problemas e de obtenção e uso da informação.
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| Qualificação
X competência
Nesse sentido, o discurso desloca-se da perspectiva da qualificação para a perspectiva da competência do trabalhador. A ênfase no saber do indivíduo, bem como em sua criatividade, autonomia, e na expectativa de sua colaboração, são as temáticas que se colocam hoje no campo da formação profissional em todo o mundo. O modelo de organização industrial, ao adotar a regulação do trabalho e o monitoramento para alcançar a eficiência e eficácia do sistema, coloca a capacitação dos trabalhadores como um evento a ser regulado. O fordismo desenvolveu um sistema de produção com intenso planejamento e racionalização no uso de recursos, principalmente dos recursos humanos. O objetivo da capacitação era a aquisição de know-how pelos trabalhadores. MALVEZZI chama este processo de “regulagem da competência profissional” que é adquirida por meio de atividades desenhadas para ensinar os procedimentos ao funcionário e adestrá-lo nas habilidades que estes requerem. Nessa perspectiva o trabalhador foi assumido como um ser fragmentado em habilidades e traços de personalidade: perfis profissiográficos definem o padrão das condições pessoais para o trabalho, ou seja, o conjunto de requisitos exigidos de um indivíduo para a realização de uma tarefa. A intensiva utilização e disseminação da tecnologia no setor produtivo, nos serviços e na indústria cultural implicam a necessidade de um trabalhador mais capacitado para lidar com a complexidade decorrente de incessantes inovações tecnológicas. O conhecimento das pessoas exerce o papel de força produtiva, constituindo-se em decisivo fator de produtividade e competitividade. |
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Um novo perfil profissional é requerido tanto para dirigentes, quanto para gerentes e equipes de trabalho. Saímos da perspectiva da qualificação para a perspectiva da competência, da transmissão de informações para criação de novos conhecimentos. Novas formas de pensar são exigidas, assim como atitudes como autonomia, empowerment e trabalhar bem em equipe etc. De
acordo com Helena Hirata, socióloga brasileira que se dedica
ao estudo das transformações no mundo do trabalho, a noção
de competência é apresentada cada vez mais como uma alternativa
ao conceito de qualificação, tanto nas empresas como em
diversos estudos sociológicos (HIRATA, 1997).
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Tela 20 |
A
perspectiva da competência inclui:
Há autores que definem competência não apenas como o conjunto de qualificações que o indivíduo detém, mas também como o resultado ou efeito da aplicação dessas qualificações no trabalho.
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Tela 21 |
Neste caso, o resultado alcançado, ou o desempenho do indivíduo no trabalho, representa, em última instância, a sua própria competência ou uma medida desta.
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| ZARIFIAN,
P. (2001), expoente da corrente francesa que enfatiza a vinculação
entre trabalho e educação, propõe outra formulação
para o conceito de competência voltado para a mudança
de atitude social do homem em relação ao trabalho e à
organização. Segundo o autor, há um conjunto de formulações
que se complementam para a construção do processo de Gestão
de Competências
Em uma primeira abordagem, considera a competência como a tomada de iniciativa e de responsabilidade do trabalhador frente às situações profissionais. “(...) é tomar iniciativa, é assumir responsabilidades frente a situações de trabalho complexas, [aliado] ao exercício sistemático de uma reflexibilidade no trabalho". Para ZARIFIAN, "essa formulação enfatiza o que muda fundamentalmente na organização do trabalho: o recuo da prescrição, a abertura de espaço para a autonomia e automobilização do indivíduo. A competência ‘é assumida’, resulta de um procedimento pessoal do indivíduo, que aceita assumir uma situação de trabalho e ser responsável por ela (...) Tomar iniciativa é uma ação que modifica algo que existe, que introduz algo novo, que começa alguma coisa, que cria. (...) Essa invenção não é absoluta. Mobiliza, sempre, conhecimentos pré-existentes”. Para ele a competência
também é tratada como responsabilidade do empregado sobre
as situações profissionais com as quais ele lida: “(...) a responsabilidade é, sem dúvida, a contrapartida da autonomia e da descentralização das tomadas de decisão. Não se trata mais de executar ordens, mas de assumir a responsabilidade pela avaliação da situação, pela iniciativa que pode exigir e pelos efeitos que vão decorrer dessa situação" (ZARIFIAN, P. :2001). |
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Tela 23 |
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O conceito de competência cresce quando o autor agrega a dimensão cognitiva e a sua aplicabilidade; assim, o sujeito do processo compreende o seu comportamento e pode ajustá-lo, se for o caso. Nesta abordagem enfatiza a dinâmica da aprendizagem, que é essencial ao conceito de competência, e a delicada questão da co-responsabilidade e do compartilhamento das implicações de uma situação.
Segundo o autor, a combinação das três abordagens se complementa para a construção do processo de Gestão de Competências.
Orientar o aproveitamento dos funcionários significa assegurar, em seu trabalho, a aprendizagem e a aplicação contínua e efetiva pelos profissionais, das capacitações adquiridas nos treinamentos, transformando a competência profissional em resultados efetivos. |
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Tela 24 |
| Resumo
A partir da discussão do conceito de competência proposto por autores contemporâneos vimos que este novo conceito se contrapõe ao conceito de qualificação, utilizado na “era industrial”. Conforme abordado por SVEIBY, a competência dos funcionários está relacionada a cinco aspectos: conhecimento explícito, habilidade (“saber fazer”), experiência, julgamentos de valor e a rede social. O termo competência vem sendo também discutido nos meios acadêmicos. Zarifian (2001), expoente da corrente francesa que enfatiza a vinculação entre trabalho e educação, propõe outra formulação para o conceito de competência voltado para a mudança de atitude social do homem em relação ao trabalho e à organização. Segundo o autor, há três formulações que se complementam para a construção do processo de Gestão de Competências. Em uma primeira abordagem, considera a competência como a tomada de iniciativa e de responsabilidade do trabalhador frente às situações profissionais. O conceito cresce quando o autor agrega a dimensão cognitiva e a sua aplicabilidade: “A competência é um entendimento prático de situações que se apóia em conhecimentos adquiridos e os transforma na medida em que aumenta a diversidade de situações. (...) É a faculdade de mobilizar redes de atores em torno das mesmas situações, e faz que esses atores compartilhem as implicações de suas ações, assumindo, assim, as áreas de co-responsabilidade”. Nesta abordagem o autor enfatiza a dinâmica da aprendizagem, que é essencial ao conceito de competência, e a delicada questão da co-responsabilidade e do compartilhamento das implicações de uma situação. Vimos também os termos competências organizacionais, profissionais e individuais. Competências organizacionais é o conjunto de qualificações e tecnologias da instituição, necessárias ao alcance dos objetivos estratégicos. Competências profissionais estão ligadas a uma determinada função desempenhada pelos empregados, abrangem as competências técnicas e ou gerenciais. Competências individuais são o conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos das pessoas. |
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| Unidade 2 | Módulo 3 | Tela 25 |
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- Capital Humano e Capital Intelectual
Para inovar, uma empresa precisa apoiar tanto o processo de aprendizagem individual dos seus membros, quanto à aprendizagem da organização. Essa perspectiva impõe a administração de seu capital humano e de seu capital intelectual. Capital intelectual e capital humano significam a mesma coisa? São termos usados de forma indiscriminada, pois ambos relacionam-se com a competência de uma empresa para criar, cultivar e transformar novos saberes, ou seja, com o seu processo de inovação. Mas podem ser usados para distinguir o conhecimento das pessoas (capital humano) do conhecimento da organização (capital intelectual) Stewart (1998) classifica os ativos de conhecimento de uma organização, ou seja, o seu capital intelectual em:
A gestão conjunta desses três ativos de conhecimento (capital humano capital estrutural e capital cliente) deve ser estrategicamente planejada e integrada. O valor do capital cliente exige que seja bem administrado, pois é nesses relacionamentos e nos processos com o foco na satisfação do cliente que o capital intelectual se transforma em dinheiro. |
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Tela 26 |
| Reconhecendo
que a capacidade intelectual dos funcionários é
fonte de inovação e renovação, Stewart ressalta
a necessidade de se promover a gestão do capital intelectual da organização,
de modo a fazê-lo pertencer à empresa como um todo, transformando-o
em capital estrutural. Como afirma o autor, é necessário um
sistema e uma cultura organizacional que permitam o livre fluxo de informações
e que “descartem regras que abafem novas idéias”. Tal
procedimento possibilita a disseminação, reprodução
e democratização do conhecimento.
Organizações que patrocinam e promovem a qualificação de seus empregados voltada para a aprendizagem a partir da experiência do próprio indivíduo, potencializam o capital humano sob ótica libertadora. A capacitação dos empregados quer seja adquirida no sistema educacional formal, por experiência profissional, por sistema de educação empresarial ou, ainda, por uma associação entre as três qualifica-os para novos desafios.
Empresas como a Nissan, Matsushita e Microsoft buscam para compor seus quadros combinação de pessoas com diferentes habilidades, idéias e valores que no conjunto geram soluções criativas. No livro Criação de Conhecimento na Empresa, Nonaka e Takeuchi defendem que reunir pessoas com experiências e conhecimentos diferentes é condição necessária para a inovação e, portanto, para geração de resultados.
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Tela 27 |
Ambientes
favoráveis à criação, ao surgimento de novas
formas de pensar são importantes para fazer florescer a geração
de conhecimento.
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Tela 28 |
Dessa forma, é imprescindível buscar e preparar as pessoas que ajudarão as organizações a atingir os resultados desejados, identificando as competências que vão garantir o sucesso do presente, mas, principalmente, a sua longevidade e sobrevivência no futuro. |
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Tela 29 |
Competência Social e Saber-Ser - A lógica competência (Zarifian) recorre a dois conceitos diferentes, mas geralmente empregados em conjunto: o da competência social e o do saber ser.
Busca-se, com essa abordagem, uma visão parcial e manifestada no indivíduo. Supõe-se que o comportamento é adquirido e pode evoluir, ainda que sejamos obrigados a avaliá-lo em um momento determinado. Não é o ser que se procura apreender, mas o modelo de conduta diante de determinado ambiente. Como conseqüência dir-se-á que alguém tem autonomia (sabe conduzir-se de maneira autônoma e expressa isso por meio de seu comportamento).
A atitude manifesta-se individualmente, mas admite-se que ela é social, não apenas porque foi produzida em um meio sociocultural especifico, mas também porque denota certa maneira de se posicionar nas relações sociais. |
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Tela 30 |
| Competência
Social no campo da autonomia, no campo da tomada de responsabilidade
e no campo da comunicação.
No campo da autonomia e da tomada de responsabilidade – são atitudes sociais totalmente integradas as competências profissionais e que exprimem as novas opções de organização do trabalho. Essas atitudes só podem, realmente, ser aprendidas e desenvolvidas quando se assumem as situações profissionais que as requerem, embora o sistema educacional, por meio de métodos pedagógicos que enfatizam a iniciativa dos alunos, possa favorecer o desenvolvimento deles. Nesse sentido, não se forma para ser autônomo, nem é possível crer em um “ser autônomo”, mas nos tornamos autônomos e responsáveis.
A competência comunicacional por sua vez é mais complexa, pois envolve reciprocidade. Não se aprende a comunicar. O que se aprende é inserir-se ativamente em relações de comunicação. Para isso, é preciso que estas relações se desenvolvam. O princípio da comunicação inter-humana não é a troca de mensagens ou de informação. É a inter compreensão, o entendimento recíproco. Comunicar é entender o outro e compartilhar com ele referenciais, motivos objetivos parcialmente comuns. Na vida profissional isto fica bem claro: as necessidades de comunicação são enormes e multiformes. |
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Tela 31 |
Saber-ser é uma abordagem que não tem a ver com a lógica competência, tal como apresentada por Zarifian. Como afirma, embora esta abordagem seja questionável do ponto de vista ético e científico, certo número de empresas recorre a ela, valendo-se de consultórios psicológicos, por ocasião de recrutamento e seleção ou de promoção. |
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Tela 32 |
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| 2
- Gestão de Competências e Gestão do Conhecimento
É consenso, hoje, a necessidade de uma sólida gestão de competências – via gestão de conhecimentos – nas empresas, de modo a garantir a competitividade das mesmas frente às demais. A preocupação em disseminar o conhecimento entre os empregados está presente nas organizações que buscam enfrentar os desafios impostos por uma economia baseada no conhecimento. Na verdade, ao longo dos tempos, o homem sempre buscou gerir suas competências para alcançar melhores resultados, mesmo que de forma não sistematizada. Sun Tzu, em A arte da Guerra, citado por Hou & Hidajat (1999), ao compor o seu exército escolhia seus generais de acordo com cinco atributos que considerava importantes quais sejam: a sabedoria, a sinceridade, a benevolência, a coragem e a rigidez. Ainda segundo os autores, “ao realçar os atributos positivos de um general capaz, Sun Tzu também mencionou cinco fraquezas comuns que podem afligir um general e que podem demonstrar-se calamitosas na condução de uma guerra: ser imprudente, covarde, irascível, sensível às honras e compassivo em demasia para com o povo”.
Desde os modelos mecanicistas até os atuais modelos focados no capital intelectual, o foco central é como aproveitar funcionários competentes para que gerem melhores resultados. |
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Tela 33 |
Em seus primórdios, a gestão de competências estava focada nas tarefas e nas habilidades necessárias para realização dessas tarefas, o conceito evoluiu e trouxe a valorização do comportamento como medida de competência. Hoje, agrega em sua definição o conceito de capital intelectual e a integração dos processos de gestão de pessoas. A pergunta que sempre motivou a discussão da proposição de um modelo de gestão de competências é como colocar pessoas certas em lugares certos, ou seja, como alocar profissionais competentes em funções adequadas para que alcancem resultados desejáveis?
Para concluir, podemos dizer que a gestão de competências vem propor uma metodologia para que as empresas avaliem e definam seus diferenciais competitivos com o objetivo de mantê-los e aprimorá-los, ou para desenvolver novas competências que sejam essenciais para a continuidade do negócio e que requeiram uma estratégia para este desenvolvimento. |
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Tela 34 |
| Resumo
O capital humano é um dos componentes do capital intelectual da empresa. O capital humano diz respeito à competência individual dos membros da organização, ou seja, à capacidade intelectual dos funcionários, enquanto o capital intelectual da empresa é formado pelo seu capital humano, pelo capital estrutural e pelo seu capital cliente. Reconhecendo que a capacidade intelectual dos funcionários é fonte de inovação e renovação, Stewart ressalta a necessidade de se promover a gestão do capital intelectual da organização, de modo a fazê-lo pertencer à empresa como um todo, transformando-o em capital estrutural. A cultura organizacional deve permitir o livre fluxo de informações e descartar regras que abafem novas idéias. Organizações que patrocinam e promovem a qualificação de seus empregados, voltada para a aprendizagem a partir da experiência do próprio indivíduo, potencializam o capital humano sob ótica libertadora. O papel da empresa e o incentivo dos gestores são formas de tornar ambientes de trabalhos mais propícios à expressão da criatividade e, portanto, a geração de conhecimento. A diversidade de pessoas também tem sido uma estratégia utilizada pelas organizações para promover soluções criativas, assim como a possibilidade de ambientes favoráveis à geração de idéias e conhecimento. Autonomia, participação, versatilidade e flexibilidade são valores presentes nos principais modelos de administração atualmente. No contexto da lógica competência, a competência social enfatiza o comportamento e as atitudes que são adquiridos no decorrer das situações profissionais que as requerem, possibilitando ao sujeito tornar-se autônomo e responsável, e a competência comunicacional, capaz de ser vista como indício da maneira como uma pessoa pode desenvolver-se profissionalmente ou, ao contrário, como indício de como essa pessoa pode ser excluída quando é excluída das principais redes e processos de comunicação. O processo de aprendizagem individual relaciona-se com o processo de inovação da empresa. É consenso, hoje, a necessidade de uma sólida gestão de competências – via gestão de conhecimentos – nas empresas, de modo a garantir a competitividade das mesmas frente às demais. |
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