| Unidade 1 | Módulo 1 | Tela 1 |
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- Conceitos econômicos básicos
Economia é o estudo de como as pessoas, empresas, governos e outras organizações sociais decidem empregar recursos produtivos escassos, que poderiam ter aplicações alternativas para a produção de bens e serviços e distribuí-las para consumo, agora e no futuro, entre os diversos agentes e grupos da sociedade. Trata-se de uma ciência social que objetiva atender às necessidades humanas. A economia busca responder a uma série de perguntas específicas. Por exemplo:
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Tela 2 |
| O
problema econômico tem origem nas necessidades ilimitadas do homem
que variam no tempo e no espaço e nas limitações dos
recursos existentes para a satisfação delas.
Se não houvesse a escassez de recursos, ou melhor, se todos os bens fossem abundantes (bens livres), provavelmente não haveria necessidade de se estudar Economia. A natureza, no seu estado mais puro, não está mais apta a satisfazer as necessidades humanas. O crescimento da população renova as carências básicas e o desejo de elevação do padrão de vida, de melhoria de status e de evolução tecnológica. Por isso, o homem se apropria da natureza
e a transforma; nesse sentido, produz riqueza.
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Tela 3 |
Nesse sentido, em todas as sociedades e, independente de como se organizem, torna-se necessário fazer escolhas - e tais escolhas determinam a forma como a sociedade utiliza seus recursos.
Constantemente, cada um de nós está fazendo escolhas, dada a limitação de renda, que não permite fazer tudo o que se deseja. Gastar mais com aluguel significa menos dinheiro para roupas e entretenimento. Poder-se-ia pensar que pessoas imensamente ricas não teriam problemas de escassez; mesmo assim, o tempo para elas também representa um recurso: deverão escolher a cada dia, hora ou minuto como gastarão suas riquezas para melhor satisfazer às suas necessidades. O mesmo ocorre com empresas e governos. Baseado
no que foi apresentado sobre a escassez de recursos, pode concluir-se
que, tratando-se de bens
econômicos, nada é de graça e ter mais de alguma
coisa representa abrir mão de outra. Aqueles bens que existem em quantidades superiores às necessidades humanas são considerados bens livres e estão fora do controle da economia, ex: o ar. Somente os
bens escassos ou disponíveis em quantidades limitadas são
designados como bens econômicos. |
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Tela 4 |
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- Sistemas econômicos A forma como as sociedades se organizam - do ponto de vista econômico, político, social e da inter-relação e mútua dependência do conjunto desses elementos - define a organização econômica ou sistemas econômicos possíveis de serem classificados de duas formas principais: capitalista e socialista. Sistema capitalista ou economia de mercado: conjunto de regras que atuam nas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção, com a divisão do trabalho e a utilização da moeda.
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Tela 5 |
| Sistema
socialista ou economia centralizada ou, ainda, economia planificada
- é aquela que resolve os problemas econômicos por meio de
um órgão central de planejamento e não pelo mercado.
A propriedade dos recursos produtivos é do Estado, ou seja, são
de propriedade pública; apenas os meios de sobrevivência pertencem
aos indivíduos, tais como: roupas, carros, televisor etc.
Em tal sistema, os preços representam apenas dados contábeis, ou seja, escriturados contabilmente, pois as empresas têm quotas físicas de matéria-prima e não fazem nenhum desembolso monetário, apenas registram o valor da aquisição como custo de produção. No caso dos bens essenciais, o governo subsidia fortemente e taxa os bens considerados supérfluos. Com
base nos países comunistas, pelo menos até a ocorrência
das grandes mudanças, a partir da década de 80, observa-se
que o sistema planificado oferece maior eficiência na distribuição
de renda e no atendimento das necessidades básicas da população.
Também priorizam os chamados bens de produção. |
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Tela 6 |
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| Nas
economias de mercado, observa-se maior eficiência na alocação
de recursos favorecendo menor interferência do governo nas decisões
de produção e permitindo que o mercado estabeleça as
prioridades da sociedade; isso gera grande ênfase na produção
de bens de consumo.
Do final do século XVIII, com a revolução industrial, ao final do século XX, predominava o sistema de mercado no qual elementos de controle governamental praticamente inexistiam.
Modernamente, com a força dos sindicatos e dos monopólios e oligopólios, associada a outros fatores, tais como: especulação financeira, aumento do comércio internacional, crises econômicas etc., qualquer sistema capitalista não constitui economia pura de preços, mas economia mista. A necessidade de atuação mais ativa do setor público, por meio do Estado nos rumos da atividade econômica, com a correção das imperfeições da concorrência, se justifica com o objetivo de eliminar as distorções na alocação dos recursos e distribuição, a fim de promover a melhoria do padrão de vida da coletividade. É função dos governos promoverem o bem-estar da população, por meio da produção de bens e serviços públicos, como: saúde, educação, segurança, justiça. |
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Tela 7 |
| O
setor público direciona seus investimentos para as áreas de
justiça, de segurança, de desenvolvimento econômico,
de educação, de saúde e de saneamento etc. Mas o retorno
é, em geral, de prazo mais longo; busca melhorar o nível de
bem-estar social, enquanto o setor privado orienta seus investimentos para
empreendimentos cujo objetivo básico é a geração
de lucro.
Para entender-se melhor o funcionamento do sistema econômico, é de supor-se uma economia de mercado que não tenha interferência do governo e nem transações com o exterior (economia fechada). Será, portanto, uma economia de dois setores, em que os agentes econômicos são as famílias (unidades familiares) e as empresas (unidades produtoras). As famílias são proprietárias dos fatores de produção e fornecem as unidades de produção por meio do mercado de fatores de produção. As empresas, pela combinação dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias, por meio do mercado de bens e serviços. Os fluxos de tal sistema são viabilizados diante da complexidade das trocas, pela presença da moeda que é utilizada para remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e serviços. Esse movimento é conhecido por fluxo monetário da economia ou fluxo nominal. Paralelamente a ele, há o fluxo real (de bens, serviços e fatores de produção), conforme o esquema a seguir:
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Tela 8 |
| Os
bens e serviços representam algo capaz de satisfazer às necessidades
e são classificados em quatro categorias quanto à sua utilização.
Os fatores de produção representam todos os bens e serviços transformáveis na produção. São geralmente divididos em: recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), recursos naturais (terras e reservas naturais), capitais (bens materiais que auxiliam no desenvolvimento do processo de produção) e tecnologia. O trabalho representa a mão de obra disponível para o processo produtivo. A capacidade empresarial compreende a aglutinação de todos os fatores de produção, sob a orientação do empreendedor que conjugar os demais fatores. Quanto mais eficaz e duradoura forem suas ações de planejamento, organização, produção, comercialização, administração do fator humano, material e finanças, entre outras, melhor serão os resultados do processo produtivo. |
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Tela 9 |
| Os
recursos naturais abrangem todas as ofertas da natureza que possam ser utilizadas
no processo produtivo. Transformados ou in natura, esses recursos
compreendem a base do sistema sobre o qual se assentará o capital.
Os recursos de capital compreendem a infraestrutura produtiva (edifícios e instalações), as máquinas, as ferramentas etc., destinados a aumentar a eficiência do trabalho. Quanto maior a disponibilidade de capital numa economia, maior será a possibilidade de geração de novas riquezas. A formação do capital é resultado direto da própria acumulação de riqueza que é, por sua vez, destinada à obtenção de novas riquezas. A tecnologia representa o estudo das técnicas. Todo trabalho desenvolvido precisa ser executado de maneira tecnicamente correta. Atualmente, a tecnologia de produto - inovação que leva à obtenção de produto novo - e a tecnologia de processos - inovação no processo de produção que reduz a quantidade de operações e o tempo de obtenção do produto, racionalizando o uso de matérias-primas, exercem grande impacto na economia e são importantes diferenciais no plano da competitividade entre as organizações e as nações. Todas as unidades produtivas que compõem o sistema econômico estão agrupadas em três grandes segmentos, sendo:
A cada fator de produção corresponde uma remuneração, a saber:
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Tela 10 |
| 3
- Problemas econômicos fundamentais Todas as sociedades, qualquer que seja seu tipo de organização econômica ou regime político, são obrigadas a fazer opções ou escolhas tidas como problemas econômicos fundamentais:
O que e quanto produzir? Dada a escassez, a sociedade terá de escolher, dentre o leque de possibilidades de produção, quais produtos deverão ser produzidos e as respectivas quantidades que deverão ser fabricadas. Num exemplo clássico: serão produzidos mais canhões ou mais manteiga? Como produzir? A sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção utilizará na produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. Trata-se de uma questão de eficiência produtiva: quais os métodos de produção serão utilizados e quais exigem maior soma de capitais? Ou quais empregam mais mão de obra? |
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Tela 11 |
| Isso
irá depender da disponibilidade de recursos de cada sociedade, da
tecnologia e da concorrência entre os vários produtores que
farão com que sejam escolhidos os métodos mais eficientes
ou que tiverem o menor custo de produção possível.
As invenções, as pesquisas, as descobertas científicas,
o aperfeiçoamento dos métodos de produção podem
por vezes definir como produzir; portanto, a melhoria das possibilidades
tecnológicas, deve aumentar a eficiência produtiva, melhor
satisfazendo às necessidades da coletividade. Para quem produzir? A sociedade também terá de decidir como os seus membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção, envolvendo dois problemas de grande importância: o acesso aos consumidores à produção disponível e a influência da distribuição de renda no nível de bem-estar. Quais os setores serão beneficiados: trabalhadores, capitalistas ou proprietários de terras? A agricultura ou a indústria? Mercado interno ou externo? Região sul ou norte? O diagrama resume o que foi exposto:
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Tela 12 |
4 - Curva de Possibilidade de Produção e Custo de Oportunidade As empresas e a sociedade como um todo se deparam com restrições. Portanto, devem escolher dentro de um conjunto de oportunidades limitadas. A quantidade de bens que uma empresa ou uma sociedade deve produzir, dada a quantidade disponível de terra, capital, trabalho e outros insumos, é conhecida como suas possibilidades de produção. A representação gráfica dessa produção potencial ou produto de pleno emprego, em que todos os recursos disponíveis estão empregados, é conhecida como curva ou fronteira de possibilidade de produção, também chamada de curva de transformação. Trata-se de conceito eminentemente teórico, que permite ilustrar como a questão da escassez impõe a empresas ou sociedades restrições devido à limitação dos recursos disponíveis. Isso faz com que seja necessário optar entre as alternativas de produção. Suponha-se uma sociedade em que toda a produção econômica é dividida em despesas militares e despesas civis. Com o objetivo de simplificar as duas categorias de despesas, representam-se as despesas militares com “canhões” e as despesas civis com “manteiga”, em que as alternativas de produção são as seguintes:
Na alternativa A, todos os fatores de produção seriam alocados para a produção de canhões; na opção E seriam alocados somente para a produção de manteiga. Ambos os pontos representam opções extremas. As alternativas intermediárias (B, C e D) mostram como os fatores seriam distribuídos entre a produção de um e de outro bem. |
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Tela 13 |
Ao colocarem-se as alternativas de produção num diagrama e unindo os pontos, resulta na curva de possibilidade de produção.
A curva de possibilidade de produção representada pela união dos pontos A, B, C, D e E indica o limite máximo de produção, com os recursos de que a sociedade dispõe em dado momento. Qualquer
ponto sobre a curva quer dizer que a economia está utilizando toda
a sua capacidade de produção, ou seja, está operando
no pleno emprego. Quaisquer pontos abaixo da curva (como Y) representam
situações nas quais a economia não está empregando
todos os recursos de que dispõe, ou seja, está operando
com capacidade ociosa, com fatores de produção subutilizados
ou com desemprego. Pontos além da curva representam limitações
e impossibilidades de produção, tendo em vista que os fatores
de produção e a tecnologia de que a economia dispõe
são insuficientes para se obterem as quantidades de bens ou serviços
desejados. |
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Tela 14 |
| Pode
observar-se que o conjunto de alternativas de produção não
é fixo, porque os fatores de produção utilizados na
produção de canhões estão mais bem adaptados
para ela.
Caso seja necessário dispor de alguns recursos para a produção de manteiga - por exemplo, do ponto A para B, em que é possível obter o acréscimo de 40 milhões de toneladas de manteiga, são necessários 10 milhões de canhões; já do ponto B para C, para o acréscimo de 30 milhões de toneladas de manteiga, tem-se de dispor de 20 milhões de canhões, proporcionalmente mais. Isso significa variar positivamente um fator; mantendo-se o outro constante, a ampliação da produção não ocorrerá na mesma intensidade. Tal situação se deve ao fato de que quanto mais se aumentar a produção de manteiga, mais aumentam as dificuldades, pois se há de lançar mão de recursos cada vez menos adequados à nova finalidade: produção de manteiga. A transferência
vai ficando cada vez mais difícil e onerosa, e o grau de sacrifício
aumenta. Por isso, a curva de possibilidade de produção
é côncava. Portanto, acréscimos de unidades sucessivas
de qualquer insumo aumentam a produção em proporções
cada vez menores, se forem mantidos os demais insumos constantes. Esse
é um exemplo do princípio geral dos retornos decrescentes
e dos custos crescentes. |
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Tela 15 |
| Outro
ponto relevante a ser observado é que, sobre a curva de possibilidade
de produção, é necessário sacrificar a produção
de um bem para que se possa aumentar a produção do outro;
o custo da produção alternativa sacrificado é chamado
de custo de oportunidade ou, ainda, custo alternativo ou custo implícito.
O
custo de
oportunidade é conceito fundamental da teoria econômica.
Ele representa a medida correta de tudo o que fazemos. Para avaliar-se
corretamente o custo de oportunidade, é necessário pensar-se
no que se poderia deixar de fazer caso se fosse fazer algo; portanto,
a medida formal do custo de oportunidade é dada pelo melhor uso
alternativo de qualquer recurso, quando se resolvesse utilizá-lo. |
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Tela 16 |
| Muitas
empresas ainda ignoram o conceito econômico e a importância
do custo de oportunidade, por exemplo, quando registram os juros pagos como
custo. Entretanto, quando se referem aos recursos próprios, não
apenas financeiros - sob a forma de juros que poderiam estar sendo recebidos:
mais terras, edificações, equipamentos etc. -, ignoram o valor
potencial de alugar ou mesmo vender esses ativos como um custo da realização
de negócios. É um erro. Utilizando o custo de oportunidade
de todos os seus ativos, as firmas podem alocar seus recursos para uso mais
lucrativo. Não fazer isso, representa desperdício de recursos.
A curva de possibilidade de produção é conceito estático, pois representa um dado momento do tempo. Caso ocorra aumento da disponibilidade de recursos, ou ainda, melhor aproveitamento dos recursos já existentes (avanço tecnológico), maior eficiência produtiva e organizacional e/ou melhoria no grau de qualificação da mão de obra, a curva desloca-se para a direita e para cima, permitindo que a economia obtenha maiores quantidades de ambos os bens.
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Tela 17 |
| Resumo
O
estudo econômico advém da necessidade de oferecer parâmetros
científicos para resolver o problema da escassez; ou seja, atender
às necessidades humanas ilimitadas com recursos limitados. Bens e serviços
econômicos transformáveis em produção são
chamados fatores de produção sendo divididos e remunerados
por: trabalho = salários, capacidade empresarial = lucros, terras
e reservas naturais = aluguéis, capital = juros, tecnologia e royalties. |
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| Unidade 1 | Módulo 2 | Tela 18 |
| 1
- A Ciência Econômica
Estudar economia, do ponto de vista científico, é o mesmo que explorar, de forma sistemática, o problema da escolha. Essa sistematização envolve a formulação de teorias, o exame de dados e a elaboração de modelos. Como toda teoria, a econômica deve respeitar alguns critérios para que seja aceita pela comunidade científica e ser composta de variáveis que ajudem a explicar e a prever fenômenos. No desenvolvimento de suas teorias, os economistas utilizam, então, o recurso de modelos econômicos. |
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Tela 19 |
| 2
- A
natureza dos modelos econômicos
Bom exemplo do que seja um modelo é dado pelo mapa. Os mapas são modelos do espaço geográfico que descrevem: o mundo, os continentes, um país ou uma povoação. Obviamente, os mapas são representações simplificadas, que não contêm todos os detalhes do espaço a que se reportam. Para conterem todas as minúcias, os mapas teriam que ser feitos à escala de 1:1. Não é fácil dizer o que deve ser mantido e o que pode ser eliminado no modelo. O que é útil numa situação, não o é em outra. O modelo é uma construção mental simplificada. Quando nos deslocamos de carro entre duas cidades, um mapa de estradas cumpre a função de ajudar-nos a encontrar o melhor caminho - se contiver as estradas com indicação de importância e estado de conservação, alguns pontos de referência, como o nome das povoações e pouco mais. Muitos detalhes sobre a geografia ou clima só serviriam para tornar mais difícil a busca do melhor caminho entre os dois pontos.
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Tela 20 |
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Existem mapas que se concentram sobre os detalhes do relevo ou da divisão política de determinado território. Os detalhes do relevo, por exemplo, são úteis não para encontrar a estrada que melhor nos conduz de um ponto a outro, mas para escolher o percurso por onde deverá passar uma nova estrada. Nesse caso, o grau de detalhe é muito mais importante e as cartas que servem de base ao desenho de estradas são feitas a uma escala muito maior do que os mapas das estradas. Um bom modelo possui as seguintes características:
O exame dos dados discutidos é apresentado sob a forma de variáveis que podem ser chamadas de endógenas, quando determinadas por forças intrínsecas ao modelo analisado; e de variáveis exógenas, quando determinadas por fatores não discutidos nesse modelo particular.
Em geral, as variáveis isoladamente não interessam aos economistas, mas sim as conexões que possam existir entre elas. Isso para verificar algo que pareça ser uma relação sistemática entre variáveis, a fim de, por meio de testes estatísticos, medir e testar correlações. |
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Tela 21 |
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O estudo sistemático da economia não apenas busca afirmação de que as variáveis estão correlacionadas, mas também se mudanças ocorridas em qualquer uma delas provocam obrigatoriamente mudanças nas demais. Esse estudo demonstra a direção da causalidade buscando, dessa maneira, as possíveis relações de causa e efeito. Por exemplo, o aumento dos preços da gasolina, motivado pelo aumento do petróleo, gera aumento das vendas de carros com baixo consumo de combustível. Observe a figura:
A causa foi o aumento do preço da gasolina e o efeito, o aumento de venda dos carros econômicos, demonstrando a existência de correlação entre as variáveis. |
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Tela 22 |
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A história do mercado dos telefones móveis é útil para ilustrar como diferentes modelos podem ser apropriados para a análise de diferentes aspectos da realidade. Por exemplo, para examinar se é melhor ter o pagamento por período de conversação ou assinatura mensal, pode ser útil abstrair o fato de os clientes terem diferenças entre si.
Porém, para verificar se a empresa deve ter um ou mais planos tarifários, não é possível ignorar as diferenças entre clientes. Para levar a análise desses dois fenômenos, pode ser útil abstrair o fato de cada empresa não estar sozinha no mercado. No entanto, para estudar a resposta de uma empresa às alterações de preços das outras, não faz sentido ignorar a concorrência; mas pode ser dispensável incluir, no modelo, todos os detalhes sobre o sistema tarifário. Na prática
sabe-se que as empresas têm que dar respostas a alterações
de preços das outras, quando cada uma delas tem estruturas tarifárias
complexas; mas seria muito mais fácil perceber o que está
em causa nas decisões, se for isolado um aspecto de cada vez, em
vez de analisarem-se todos os aspectos simultaneamente. |
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Tela 23 |
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3 - O âmbito da análise Tudo o que acontece nos mercados tem consequências próximas e distantes.
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Tela 24 |
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Tela 25 |
Em economia, utilizam-se, com frequência, estruturas baseadas em dois princípios básicos, o da otimização e do equilíbrio, facilmente observados nas consequências apontadas no âmbito da análise.
Dessa maneira, os modelos levam em conta que os agentes buscam mudar para melhor e tendem a encontrar o equilíbrio que poderia ser definido como "o lugar para onde as coisas vão indo, mas que não são necessariamente os resultados que se deseja alcançar".
Em síntese, os resultados obtidos por meio do equilíbrio não são necessariamente os resultados que as pessoas, muitas vezes, desejam alcançar, mas sim o ponto em que o preço representa - dentro das regras do mercado em questão - a opção que melhor atende às partes envolvidas. |
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Tela 26 |
Com base no princípio do equilíbrio, os modelos dividem-se em dois tipos: geral e parcial.
As questões típicas, que se apresentam na análise de equilíbrio parcial do aparecimento de uma nova tecnologia, são:
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Tela 27 |
Microeconomia e macroeconomia - Outra distinção importante é a distinção entre modelos microeconômicos e modelos macroeconômicos.
A microeconomia considera as questões do tipo: por que o preço das chamadas feitas por celulares tem decrescido, ano após ano, e qual o efeito que isso tem na utilização dos telefones? A macroeconomia analisa questões como: por que os conjuntos dos preços de um país crescem mais ou menos de ano para ano? Por que a inflação é maior ou menor e qual é o efeito dela sobre a produção agregada de um país ou sobre as despesas de consumo agregado das famílias desse país? A diferença entre a perspectiva da macroeconomia e a da microeconomia assemelha-se às diferenças existentes entre um planisfério e a planta de uma cidade. Só o planisfério permite saber qual o nosso lugar no mundo, mas só a planta permite conhecer os detalhes da malha urbana e saber quais ruas devemos percorrer no dia a dia, para nos deslocarmos de um ponto da cidade para outro. |
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Tela 28 |
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Tela 29 |
A Economia descreve o comportamento das empresas e dos agentes econômicos em geral. Frequentemente, economistas são chamados a fazer análises sobre as políticas econômicas, inclusive adotando prescrições sobre o que fazer em determinadas circunstâncias; por vezes, discordam em muitos assuntos. Isto se deve ao fato de observarem o funcionamento do mundo de forma diferente. Dessa maneira, diferem em seus valores, em como avaliam as consequências e descrevem, de modo diverso, as previsões. Essas declarações que usualmente ouvimos nos noticiários são argumentos normativos (economia normativa. Ex.: “o crescimento é bom”; “o crescimento é ruim”). Quando os economistas descrevem economia e constroem modelos que preveem como realmente a economia mudará e quais os impactos das políticas aplicadas, utilizando-se de conhecimentos objetivos e respeitando todos os cânones científicos, dizemos que são argumentos positivos (economia positiva). Ex.: “o crescimento cria poluição” ou “o crescimento elimina a poluição”. Assim, pode-se afirmar que a análise econômica é dividida em normativa e positiva. Em economia, é importante separar os argumentos positivos dos normativos. É comum expressarmos juízo de valor no que acreditamos; porém, lamentavelmente, raras vezes é possível moldar a realidade como gostaríamos. Cabe ressaltar
que a economia normativa se utiliza da economia positiva, tendo em vista
que a boa economia normativa deve explicar precisamente quais os valores
ou objetivos que incorpora. Portanto, apesar de os economistas discordarem
profundamente, na verdade, concordam mais do que discordam. |
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Tela 30 |
A perspectiva da Economia de Empresa é fundamentalmente saber quais decisões devem ser tomadas pelas empresas. Ainda assim, é útil saber por que o Estado intervém, nomeadamente, criando restrições às atividades empresariais, o que se verá mais adiante. É importante conhecer as restrições ao uso de modelos na decisão empresarial e que são as seguintes:
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Tela 31 |
Quando se está em algum lugar - e quase todos têm um telefone celular -, dificilmente alguém se lembra de que, no início da última década do segundo milênio, o celular era objeto praticamente desconhecido, pesava quilos e custava muito caro. Muita coisa mudou no negócio dos telefones móveis, que não existiam antes de 1989. Apenas as empresas públicas do sistema Telebrás (Telebrasília, Telesp, Telegoiás...) forneciam esse serviço pela chamada Banda A, de exclusividade do governo federal. Por essa ocasião, as tarifas dos telefones móveis e fixos eram muito diferentes, mas razoavelmente semelhantes na sua estrutura. Existia uma taxa de instalação e, no caso dos telefones móveis, uma assinatura mensal e duas unidades monetárias da época por minuto de conversação para chamada diurna ou noturna. Posteriormente, com a privatização do Sistema Telebrás e a entrada em cena das Bandas B, as concorrentes das atuais Bandas A, privatizadas pelo Governo, trouxeram alguma agitação ao mercado. Foram criados novos planos tarifários e os clientes passaram a ter opção entre assinaturas mais elevadas e preço por minuto de conversação mais baixo e assinaturas mais baixas e custo por minuto mais elevado. |
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Tela 32 |
| Globalmente, os preços das chamadas foram apresentando tendência clara para a descida. Ao mesmo tempo, o número de assinantes foi crescendo de forma substancial, porque os preços por minuto de cada plano foram caindo ou porque surgiram novos planos que permitiam realizar chamadas com encargos mensais cada vez menores. Motivado pela redução de preço, um número crescente de pessoas foi adquirindo celulares e estabelecendo contratos com um dos dois operadores. Esse fato, por sua vez, tornou mais atrativa a posse de um celular. Em virtude de as chamadas, dentro da mesma rede, serem significativamente mais baratas do que as chamadas entre redes, quanto maior for o número de telefones móveis de uma rede, mais atrativa se torna a aquisição de um celular ligado a ela. Isso faz
com que as empresas operadoras tenham investido fortemente na captação
de clientes, nomeadamente vendendo os aparelhos a preço muito baixo,
desde que o comprador se comprometa a usar o serviço durante determinado
tempo. Entretanto, os preços continuaram a descer e as estruturas
tarifárias a multiplicar-se, tendo a taxa de assinatura sido, por
fim, eliminada. |
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Tela 33 |
| Será que existe realmente um mercado de comunicação por telefone móvel? Ou existe apenas um mercado das comunicações telefônicas? Quando da sua introdução, os telefones móveis eram mais parecidos com os fixos. Devido ao grande peso e ao volume, esses aparelhos eram basicamente telefones fixos que podiam ser instalados numa plataforma móvel, normalmente o carro. Porém, as ligações eram ruins, a cobertura do território deficiente e os preços dos aparelhos e das chamadas, muito superiores aos da rede fixa. A utilização dada aos telefones fixos e móveis era normalmente muito diferente. Só as pessoas que supervalorizavam a possibilidade de efetuar e receber chamadas enquanto se deslocavam de carro de um lugar para outro compravam telefone móvel àquela altura. De fato, os dois tipos de telefone não eram, então, realmente substitutos. Os preços
das chamadas e dos aparelhos eram tão diferentes que ninguém
pensava em trocar um aparelho fixo por um móvel. Gradualmente,
a situação alterou-se: a diferença entre os preços
reduziu-se e alguns clientes residenciais começaram a contemplar
a hipótese de abandonar o telefone fixo para ficarem apenas com
o móvel. Os dois mercados tornaram-se claramente mais próximos
e é bem provável que se chegue a um ponto em que os dois
passem a ser um só. |
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Tela 34 |
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4 - As decisões empresariais Essa breve descrição do mercado dos telefones móveis ilustra esse grande número das questões relevantes para a tomada da decisão na empresa e também ilustra os diversos tópicos a serem abordados ao longo do desenvolvimento desta disciplina. Ela discute a questão das fronteiras do mercado; como o número de consumidores e as quantidades que eles compram variam com o preço; e a forma como os mercados evoluem ao longo do tempo. Porém, mais importante é serem analisadas as formas como o conhecimento dos elementos mencionados pode ser usado para subsidiar a tomada de melhores decisões nas empresas. Como escolher o melhor preço a praticar? O mercado dos telefones móveis é fértil em exemplos de casos em que diferentes preços são cobrados a clientes diferentes. Em que condições é mais rentável para uma empresa adotar esse tipo de estratégia? Quais as dificuldades associadas à sua implementação? A organização
das redes de comercialização de telefones celulares mostra
que, por vezes, as empresas levam a cabo, internamente, tarefas que também
entregam a empresas externas. Quais são as atividades a serem mantidas
dentro da empresa e as que devem ser organizadas com recurso do mercado?
Quais são os elementos importantes nessa escolha? Em que circunstâncias
as duas formas de organização coexistem? |
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Tela 35 |
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É geralmente aceito que, durante os primeiros tempos no mercado, o desempenho das antigas estatais superou largamente as empresas da Banda B. Uma das razões para tal diferença é também sugerida na história do mercado: as antigas estatais tiveram mais cedo a capacidade de criar mecanismos para motivar as pessoas que lá trabalhavam a agirem de acordo com os interesses da empresa. Como estimular as pessoas a agirem de acordo com as preferências da empresa? Quais os fatores que pesam na escolha de um regime de compensações? A história dos telefones móveis é, também, rica em episódios de entrada de novas empresas no mercado. Que estratégias as empresas instaladas no mercado podem adotar, para evitar a entrada das novas ou para minorar os efeitos negativos de tais entradas? Que estratégias podem as empresas seguir para minimizar a ação agressiva das empresas instaladas? Com a entrada
da Banda B, ocorreu alteração muito significativa na estrutura
do mercado, de consequências potencialmente importantes no
desempenho das empresas. |
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Tela 36 |
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A partir desse momento, os resultados das organizações deixaram de depender apenas do resultado da interação entre empresa e clientes, mas passaram a depender, de forma crucial, da interação entre as instituições no mercado. Quando um mercado tem mais que uma empresa, a forma como elas interagem passa a ser determinante para os resultados de cada qual.
A questão da concorrência entre empresas traz questões relevantes. Nem sempre o que é bom para uma empresa no mercado é mau para as restantes. Em que circunstâncias são mais fáceis para as empresas tomarem decisões que beneficiem todos os concorrentes? Que estratégias cada empresa pode seguir para induzir as outras a adotarem comportamento mais amigável? |
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Tela 37 |
| 5 - A Economia e a decisão na empresa As questões levantadas anteriormente são, no fundo, as que muitos livros sobre gestão empresarial tentam dar resposta. Uma visão, que tem por vezes alguma popularidade, parte da verificação inquestionável de que cada decisão empresarial é única e as circunstâncias específicas que a envolvem nunca se repetirão. O ideal para responder a situações novas, segundo essa visão, seria acumular o máximo de experiência empresarial, para, a partir dela, desenvolver percepção suficientemente apurada para responder a novas condições. Em virtude de tal experiência alargada ser difícil de adquirir, não só porque leva muito tempo, uma forma de assimilar tais conhecimentos por via indireta seria pela observação das decisões que os gestores tomam na prática; em particular, nas empresas de sucesso. O objetivo da abordagem é a identificação de casos de sucesso empresarial, para, pelo estudo desses casos, procederem a identificação das estratégias adotadas pelas empresas bem-sucedidas.
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Tela 38 |
| Essa forma de abordar a questão negligencia o fato de que sempre que determinada estratégia leva a bons resultados em algumas empresas, existem outras instituições que ela conduz a resultados desastrosos. O fato de uma empresa de sucesso ter adotado determinada estratégia, que parece responsável pelo sucesso dela, não é garantia de que, aplicada noutra circunstância, venha a produzir resultados igualmente bons. Por outro lado, o fato de existir certa proporção de sucesso entre as empresas que seguiram uma orientação, não é revelador da validade dessa estratégia. Para se ter noção do ganho efetivo produzido pela adoção de tal ou qual rumo, é necessário comparar a proporção de sucessos entre as empresas que o seguiram com a proporção de sucessos entre as empresas que não o adotaram. E, finalmente, o simples identificar de estratégias de sucesso não fornece ideia sobre os canais que ligam o caminho adotado aos resultados alcançados e sobre as relações causais existentes. Se uma forma de agir não produz sempre resultados positivos, o conhecimento das relações causais e das ligações entre ela e o sucesso da empresa são cruciais para identificar as circunstâncias em que pode ser desejável e em quais ela poderá ter menor efeito. A abordagem
seguida no desenvolvimento dessa disciplina é diferente; é
essencialmente prática, no sentido de que objetiva, em todos os
pontos tratados, fornecer instrumentos para a tomada de decisão
na empresa. É também prática, na medida em que os
conceitos são ilustrados com exemplos da vida empresarial. Contudo,
não se apoia em ideias do senso comum, nem é centrada
no estudo de casos de sucesso. |
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Tela 39 |
| A razão de basear o exame das decisões empresariais na teoria econômica reside no fato de se procurar não uma explicação para o sucesso desta ou daquela empresa, mas o referencial consistente, que identifique as relações causais entre decisões e resultados e permita prever em que circunstâncias uma decisão produz determinados resultados. Ou seja:
Isso não quer dizer que se considere a experiência prática irrelevante ou secundária na gestão das empresas. A experiência é elemento importante em muitas profissões; a gestão de empresas não é exceção. Porém, se, na medicina, a prática clínica não é substituto para o conhecimento de Anatomia, Fisiologia, Química e Biologia, na gestão das empresas, a experiência empresarial não supre o conhecimento sistematizado da realidade empresarial. Esse conhecimento
é proporcionado pelas diversas ciências que lidam com as
questões empresariais, entre elas, a Economia. O desenvolvimento
do conteúdo dessa disciplina é, pois, essencialmente prático:
trata de teoria econômica, para a qual “não há
nada tão prático como a boa teoria'‘. |
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Tela 40 |
| Resumo O estudo econômico, de forma científica, pressupõe a sistematização do problema da escolha pela elaboração de modelos e teorias. Os modelos são representações simplificadas da realidade, concentrando a análise no essencial e ignorando o acessório. As teorias são conjuntos de pressuposições e conclusões derivadas de hipóteses, que respeitam critérios específicos para que sejam aceitas pela comunidade científica. As teorias são compostas de variáveis que ajudam a explicar e a prever fenômenos. Quando descritas no modelo analisado, são chamadas de endógenas e quando determinadas por fatores externos ao modelo, exógenas. Dois princípios norteiam as estruturas dos modelos econômicos: o da otimização e o de equilíbrio. Quando o modelo pretende captar a totalidade dos efeitos, diz-se modelo de equilíbrio geral e quando se preocupa apenas com detalhes específicos da análise em questão, chama-se equilíbrio parcial. A teoria econômica é dividida em microeconomia e macroeconomia. Modelos microeconômicos preocupam-se com os comportamentos e as decisões individuais dos agentes econômicos, sobre cada mercado. Modelos macroeconômicos analisam a economia como um todo, por meio de grandes agregados, buscando delinear a política econômica adequada. Tem enfoque conjuntural. As previsões, decisões, análises de impacto, argumentações etc., baseadas na teoria econômica “pura”, ou seja, sem expressar juízo de valor, fazem parte da economia positiva. Argumentações,
previsões, decisões, análises de impacto etc., baseadas
na interpretação, no juízo de valor do agente, fazem
parte da economia normativa. |
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| Unidade 1 | Módulo 3 | Tela 41 |
1 - Economia Clássica As ideias dos economistas e dos filósofos políticos, certas ou erradas, têm mais importância do que geralmente se percebe. Os homens objetivos, que se julgam livres de qualquer influência intelectual, são, em geral, escravos de algum economista que já existiu. Os insensatos, que ocupam posições de autoridade, que ouvem vozes no ar, destilam seus arrebatamentos inspirados em algum escriba acadêmico de certos anos atrás segundo John Maynard Keynes (1883-1946), na obra Teoria Geral do Emprego, dos juros e da moeda.
O pensamento econômico evoluiu nos últimos séculos, o que ajuda a compreender melhor as ideias dos economistas, políticos e administradores de hoje. |
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Tela 42 |
O início da Economia como ciência se dá com o fim do Mercantilismo – com a predominância do comércio - e o advento do Capitalismo, época da Revolução Francesa, tendo como embasamento teórico fundamentos da escola de pensamento francesa, a Fisiocracia (regras da natureza). Os trabalhos dos fisiocratas estavam permeados de considerações éticas e tiveram grande contribuição à análise econômica. Destaca-se a Tableau Économique, trabalho do Dr. Quesnay, médico da corte de madame Pompadour, como primeiro trabalho a dividir a economia em setores, mostrando a inter-relação entre eles. Avanços posteriores deste estudo deram lugar à análise da matriz insumo-produto (Wassily Leontief, na Universidade de Harvard nos anos 40). Os fisiocratas associaram vários conceitos da Medicina a Economia: circulação, fluxos, órgãos, funções etc. A publicação de A Riqueza das Nações, de Adam Smith, em 1776, representa o primeiro estudo sistematizado de teoria econômica, o que lhe valeu o título de fundador da Ciência Econômica. Seus mestres foram:
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Tela 43 |
As ideias de Adam Smith foram revolucionárias para a época, pois contrariavam os conceitos mercantilistas. Com base na teoria do desenvolvimento humano, defendia a tese de que a riqueza estava não no ouro, mas no trabalho produtivo das indústrias que, para expandirem-se, necessitavam de mercados livres e competitivos: livre comércio internacional (sem barreiras alfandegárias) e livre câmbio, os quais, por meio de uma "Mão Invisível", trariam o bem-estar e a felicidade a todos. Era o "lassez faire" ("deixe fazer") ou Liberalismo Econômico: Cada um por si, Deus por todos. Ao Estado, Smith reservava unicamente três funções:
Outro destaque foi o economista francês Jean Baptiste Say, que subordinou o problema das trocas de mercadorias a sua produção e popularizou a chamada Lei de Say: “a oferta cria sua própria procura", ou seja, o aumento da produção geraria renda necessária para que trabalhadores e empresários comprassem outras mercadorias e serviços. Thomas Malthus, também um clássico, sistematizou uma teoria geral sobre a população. Ao assinalar que o crescimento da população dependia da oferta de alimentos, ele deu o apoio à teoria dos salários de subsistência. Segundo ele, todos os males da sociedade residiam no excesso populacional: enquanto a população crescia em progressão geométrica, a produção de alimentos seguia a uma progressão aritmética. |
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Tela 44 |
2 - Economia Marxista A nova sociedade industrial de Adam Smith, que surgiu após a Revolução Francesa (1789), não conseguiu, no entanto, melhorar sensivelmente o nível de vida da população. Com a eliminação dos artesãos e dos servos das glebas medievais, ocorreram os seguintes fatos:
Com as máquinas substituindo os operários e o desemprego se alastrando, várias rebeliões contra elas começaram a surgir. A insatisfação geral se instalou. Entre 1800 e 1850, mais de 1.000 casos de destruição de máquinas foram registrados na Europa. Era o desemprego tecnológico. |
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Tela 45 |
Foi nesse ambiente que surgiu um economista que iria causar uma segunda revolução no pensamento econômico: Karl Marx, alemão, com sua principal obra, O Capital (1867).
Marx, que foi buscar em David Ricardo várias de suas ideias, viu na propriedade privada - no fato de as fábricas pertencerem a uns poucos capitalistas - a origem de todos os males. Propôs como solução a socialização dos meios de produção, que passariam então a pertencer ao Estado. Seria a propriedade coletiva. Os lucros, juros, aluguéis e rendas (a "mais-valia") seriam abolidos e o próprio trabalho se tornaria a única fonte de renda para cada um (isto é, seria abolida a "exploração do homem pelo homem").
Assim como Einstein desenvolveu uma ferramenta especial para a elaboração de suas teorias - o Cálculo Tensorial -, também Marx criou uma nova lógica - a dialética marxista - para demonstrar suas teses, tendo para isso se inspirado na lógica dialética de Hegel, um padre e teólogo seu contemporâneo.
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Tela 46 |
As três leis básicas dessa nova maneira de se analisar a natureza - são as seguintes:
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Tela 47 |
Considerando essa nova maneira de raciocinar, Marx inferiu que o capitalismo iria se superar a si mesmo, dando origem ao socialismo e este, por sua vez, ao comunismo, em que desapareceria o dinheiro e o Estado e cada um trabalharia quanto pudesse e receberia aquilo que precisasse. Para tanto, bastaria que os operários e camponeses se unissem e derrubassem os capitalistas. Aliás, é por isso que na bandeira da ex-URSS constavam os dizeres: "Proletários de todos os países, uni-vos". Do ponto de vista da análise econômica, Marx desenvolveu três leis básicas:
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Tela 48 |
As ideias de Marx logo tiveram aceitação geral entre os operários, pois, embora sua teoria fosse discutível em vários pontos, e em outros, extremamente confusa, tinha certas características atrativas:
Os resultados práticos da aplicação da economia marxista, menos visíveis para os que vivem no sistema capitalista, têm sido, em linhas gerais, os seguintes:
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Tela 49 |
Os recursos econômicos, por outro lado, foram dirigidos para o desenvolvimento da indústria da guerra, para se protegerem contra uma invasão capitalista, em detrimento dos bens de consumo, que são escassos e de baixa qualidade. Entre os dois extremos: desemprego com liberdade (capitalismo) e emprego sem ela (socialismo), não haveria um meio-termo? De fato, foi essa a alternativa escolhida pelos países da social-democracia (Suécia, Suíça, Dinamarca, Áustria, Noruega, Alemanha e outros), considerados hoje os países mais adiantados do mundo. |
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Tela 50 |
3 - Economia neoclássica O sucesso de Marx, suplantando Adam Smith, colocou o capitalismo em apuros, o qual, para a sua defesa, precisava de uma teoria mais poderosa para fazer frente ao marxismo, sem a qual ficaria em posição desvantajosa e vulnerável. Foi aí então que, quase independentemente, surgiram as obras de W. Jevons (economista inglês), em 1871, de C. Menger (economista austríaco), em 1874, e de M. Walras (engenheiro francês), em 1874. Partindo dos ensinamentos de A. Smith e de seus sucessores, desenvolveram uma série de teoremas - um verdadeiro modelo matemático - por meio dos quais seria possível entender e prever todo o comportamento da economia capitalista. O modelo, posteriormente aprimorado por Wieser (austríaco, 1889), Marshall (inglês, 1890), Wicksell (sueco 1898), Pareto (italiano, 1907), e Pigou (inglês, 1920), veio a ser chamado de Microeconomia, hoje ensinada em quase todas as escolas de administração e economia do mundo. |
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Tela 51 |
Suas ideias básicas são as seguintes:
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Tela 52 |
A abordagem de questões microeconômicas em mercados competitivos parte de uma série de hipóteses teóricas nunca observadas simultaneamente no mundo real. São elas:
Não obstante a irrealidade dessas assertivas, suas conclusões poderiam, pelo menos, servir de respaldo e incentivo à iniciativa privada. Mas isso não ocorre. Com efeito, uma das decorrências do modelo matemático - geralmente despistada - é que, em longo prazo, nenhuma firma terá lucro (embora também não venha a apresentar prejuízo). Um resultado nitidamente desconcertante.
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Tela 53 |
Resumo A ciência econômica nasceu com Adam Smith, em 1776, criador do Classicismo, em oposição ao Mercantilismo. Defendeu a livre iniciativa e os livres mercados competitivos. O Marxismo surge em 1867, com Karl Marx, que se opôs ao estado de miséria coletiva vigente nos primórdios do Capitalismo, propondo sua extinção e criando o socialismo científico. Em 1871, surge a Economia Neoclássica, um modelo matemático do Capitalismo de então, como reação ao socialismo de Marx. É uma extensão de Adam Smith. Deu origem à Microeconomia. |
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| Unidade 1 | Módulo 4 | Tela 54 |
1 - Economia keynesiana A economia neoclássica imperou soberana por mais de meio século, embora cada vez mais distante do mundo real, que se transformava rapidamente. Em 1929, no entanto, uma nova e profunda crise atingiu o sistema capitalista, pondo a perder boa parte do progresso até então conseguido. Com efeito, houve uma queda de 1/3 na produção, milhares de firmas faliram, o suicídio virou rotina e o desemprego chegou a 30% da força de trabalho. Essa crise foi fatal para as teorias econômicas vigentes que afirmavam se tratar de um problema temporário, apesar de a crise estar durando alguns anos; isto demonstrou cabalmente sua incompetência para prever e evitar a bancarrota do sistema que pretendia defender.
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Tela 55 |
Como os problemas geram as suas próprias soluções, aparece logo um salvador: Keynes (aluno predileto de Alfred Marshall na Universidade de Cambridge) com sua "Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda" (1936), dando assim nascimento à Teoria Macroeconômica moderna, hoje ensinada em quase todas as escolas de economia e administração do mundo. Predominavam o liberalismo e a crença de que o mercado sozinho permitiria recuperar o nível de atividade e emprego. A Teoria Geral procurou então mostrar por que a combinação das políticas econômicas adotadas não funcionava adequadamente, e apontou para soluções que poderiam tirar o mundo da recessão. |
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Tela 56 |
Os remédios preconizados para salvar o capitalismo da depressão e do fracasso, que contrariavam frontalmente as teses liberais e neoclássicas em voga, foram, basicamente, as seguintes:
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Tela 57 |
As teses de Keynes revolucionaram profundamente a economia, pois contrariaram vários dogmas liberais já estabelecidos, tais como a intocabilidade dos mercados competitivos, a necessidade de um orçamento equilibrado, a não emissão excessiva de moeda etc. Por não haver alternativa para a depressão que assolava o mundo, suas ideias acabaram sendo postas em prática rapidamente. Aliás, já em 1933, Hoover, nos EUA, havia decidido intervir na economia por meio do Estado, acabando com a passividade dos liberais diante da crise e antecipando as teses de Keynes. O acerto de suas medidas logo se fez sentir e, dez anos depois, com o início da segunda grande guerra, a economia voltava a atingir os níveis de produção de antes da crise. Com o fim da guerra, o keynesianismo se impõe definitivamente como a teoria oficial dos economistas do governo. Destaca-se a obra de dois dos principais seguidores de Keynes, Alvin Hansen e John Richard Hicks, que sistematizaram o modelo keynesiano, por meio da chamada Análise IS-LM (Investment Saving - Liquidity Money), ao final dos anos 30. |
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Tela 58 |
Nos anos seguintes, houve grande desenvolvimento da teoria econômica. Por um lado, ocorreu a incorporação do ferramental estatístico e matemático, que ajudou a formalizar, ainda mais, a ciência econômica.
Alguns economistas trabalharam na agenda de pesquisa aberta pela obra de Keynes e muitas contribuições para a teoria econômica ocorreram à margem dos grandes centros de estudos ocidentais; pouco da produção teórica foi divulgada por razões políticas. Um exemplo é o trabalho de Mikail Kalecki, um economista polonês que antecipou uma análise parecida com a da Teoria geral de John Maynard Keynes. Contudo, o reconhecimento de seu trabalho inovador só ocorreu muito tempo depois. |
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Tela 59 |
| 2
- A Economia institucionalista
Tudo ia bem no “melhor dos mundos”, com um desenvolvimento nunca antes observado na história da humanidade. Porém, a partir de 1965, um fenômeno novo começou a se manifestar, para o qual a teoria de Keynes não estava bem preparada: Uma inflação renitente, que não estava respondendo bem aos remédios disponíveis. Principalmente após o primeiro choque do petróleo, em 1973, a inflação iniciou uma fase ascendente em quase todos os países, o que levou os economistas a pôr em dúvida a eficácia do keynesianismo. Ato contínuo, a teoria neoclássica, com as novas roupagens do monetarismo (baseado na Teoria Quantitativa da Moeda que relaciona a quantidade de dinheiro com os níveis de atividade econômica e de preços), começou a se sobressair, já que abordava a inflação diretamente, ao contrário de Keynes, que não se preocupou com o fenômeno. Os remédios monetaristas e neoclássicos eram amargos, pois propunham a recessão e o desemprego como terapia, lembrando 1929. Com o segundo choque do petróleo em 1979 e a ampliação de uma nova e grave crise no capitalismo, o monetarismo entrou de vez em ação. Mas, para a decepção geral, não surtiu os efeitos desejados, embora tivesse funcionado em alguns países, como nos EUA. No Brasil e nos subdesenvolvidos em geral, ao contrário, apenas ajudou a acirrar a inflação que junto com a recessão deram origem a mais um novo e inesperado fenômeno econômico: a Estagflação, para a qual nenhuma teoria convencional estava preparada. |
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Tela 60 |
| Novas ideias,
no entanto, já estavam há algum tempo em gestação.
De fato, já nos primórdios da crise, em 1967, surge uma obra
que iria revolucionar outra vez o pensamento econômico: "O novo
estado industrial", de John Kenneth Galbraith, economista de Harvard
e um dos criadores da Escola Institucionalista que tem por base as teorias
de organização industrial.
A tese de que os mercados competitivos, ideia-chave em Smith, Marx, Walras e Keynes, estavam desaparecendo começou a ganhar corpo com um estudo de Berle & Means, A Moderna Sociedade Anônima e a Propriedade Privada, publicado em 1929. Retomada por Galbraith e enriquecido com as análises de Veblen († 1929) e Schumpeter († 1950), acabou por abalar profundamente os alicerces nos quais se sustentavam as teorias tradicionais. Segundo Galbraith, as grandes empresas multinacionais e estatais haviam submetido o mercado aos seus interesses, os preços haviam sido por elas tabelados e a livre competição substituída pelas colaborações, acordos e cartéis. Isso explicava a estagflação: A recessão diminuía os lucros, que eram restaurados pelo aumento dos preços. Se as vendas caíssem ainda mais, novo aumento haveria. Como o consumidor não poderia procurar um preço menor pelo mesmo produto, pois estavam todos tabelados pelos cartéis, acabava por ter que pagar o preço estabelecido. O remédio institucionalista era o governo contra-tabelar os preços e as rendas (impostos, juros, salários, lucros e aluguéis), por meio de uma Política de Rendas. |
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Tela 61 |
Galbraith
também defende outras ideias igualmente revolucionárias,
entre as quais são citadas as seguintes:
Além dessas
ideias, Galbraith também considera que o planejamento urbano,
saúde pública e defesa do meio ambiente não devem
ser relegados a segundo plano. |
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Tela 62 |
A revolucionária análise de Galbraith, como era de se esperar, desagradou tanto à direita conservadora quanto à esquerda marxista. De fato, ao constatar o fim dos mercados competitivos e sua substituição pelo "Sistema de Planejamento" (multinacionais e estatais), atacou de frente o monetarismo, o neoclassicismo e o keynesianismo. Ao negar a substituição do capitalismo pelo socialismo e prever a interpenetração ou convergência dos dois em um terceiro tipo, abalou as bases dos marxistas, que defendiam - e lutavam - justamente por essa substituição (neste aspecto, um dos grandes críticos de Galbraith tem sido o neomarxista P. Sweezy, em Capitalismo Monopolista, Zahar Ed.). Como tem ocorrido geralmente com os gênios da economia que o precederam - Smith, Marx e Keynes -, algum tempo ainda vai passar até que Galbraith seja bem assimilado pelo "Establishment". Mas, dada a atualidade e originalidade de suas teses, dia virá em que "O novo estado industrial" se tornará lugar comum. Nesse dia, no entanto, como ele mesmo enfatizou, talvez suas ideias já estejam necessitando de uma nova readaptação à realidade, que caminha muito mais rapidamente que o pensamento econômico estabelecido. Pelo menos aquele que é ensinado nas escolas. A contribuição das abordagens alternativas tem sido fundamental para corrigir as falhas existentes na teoria tradicional, bem como para apontar novos caminhos para a evolução da ciência econômica. |
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Tela 63 |
3 - Desdobramentos recentes O debate sobre aspectos do trabalho de Keynes dura até hoje, destacando-se três grupos: os novos clássicos, os novos keynesianos e os pós-keynesianos. Apesar de nenhum dos grupos ter um pensamento homogêneo e todos terem pequenas divergências, é possível fazer algumas generalizações. O corpo teórico da economia tem avançado consideravelmente em muitas frentes. Hoje, a análise econômica engloba quase todos os aspectos da vida humana, e o impacto desses estudos na melhoria do padrão de vida e do bem-estar de nossa sociedade é considerável. No campo da microeconomia, os desenvolvimentos teóricos vêm-se dando em duas vertentes, ambas procurando aproximá-la da economia real dos mercados. Por um lado, uma continuidade da linha tradicional neoclássica, na área de Teoria dos Jogos e Economia da Informação, em que, diferentemente do modelo tradicional de concorrência perfeita, as empresas são tomadoras de preço no mercado, as firmas podem afetar variáveis relevantes para sua decisão e tem um comportamento mais estratégico. Por outro
lado, numa direção mais crítica dos pressupostos
da teoria tradicional, há as teorias de organização
industrial que contestam a hipótese de que as empresas são
tomadoras de preços e que maximizam lucros, pilares do modelo neoclássico. |
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Tela 64 |
O período mais recente, a partir dos anos 1970, mas que começou a consolidar-se na década de 80, está marcado por três características principais. Em primeiro lugar, existe consciência maior das limitações e possibilidades de aplicações da teoria. O segundo ponto é o avanço no conteúdo empírico da economia. Finalmente, observamos avanço e consolidação das contribuições dos períodos anteriores.
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Tela 65 |
Resumo Com a crise de 1929 e a falha do modelo liberal, aparece Keynes, criador do Consumismo, da intervenção do Estado na economia e do governo empresário e gerador de empregos. Propõe também a socialização dos investimentos. Sua teoria serve de base para a Macroeconomia atual. A estagflação iniciada em 1970, junto com uma crise comparável aos anos 30, em plena vigência do keynesianismo, dá um impulso a uma nova escola em formação, a institucionalista, crítica do alto grau de abstração da teoria econômica e ao fato de ela não incorporar em sua análise as instituições sociais, rejeita a ideia de mercado livremente competitivo, fundamento das quatro Escolas que a precederam e propõe tratamento político à Economia, em antagonismo às soluções baseadas em "modelos matemáticos", tendo em vista que dificilmente caracterizam o mundo econômico real. Seu líder é Galbraith, da Harvard University (EUA). A ciência econômica antes de Keynes esteve baseada quase que exclusivamente nos neoclássicos, a contribuição das abordagens alternativas aos modelos liberais foi fundamental para a evolução do pensamento econômico nas últimas décadas. Destacam-se hoje três grupos que, apesar de não homogêneos, podem ser classificados em: novos clássicos ou monetaristas, que privilegiam o controle da moeda e resgatam o baixo intervencionismo do Estado devido à recente hipótese de que os agentes têm condições de prever alterações de política econômica (expectativas racionais); novos keynesianos, que resgatam as políticas fiscais ativas e maior intervenção estatal sob a hipótese de que os sistemas econômicos possuem pontos de rigidez que impedem que os mercados se autorregulem; e pós-keynesianos, que enfatizam mais a questão da moeda e das expectativas (especulação financeira), sob a hipótese de que a análise IS-LM não é a leitura correta da teoria de Keynes. O corpo teórico da Ciência Econômica continua avançando considerável e rapidamente em várias frentes. |
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