Unidade 3 Módulo 5
Tela 1
Módulo 05 – Teoria da Produção e Análise de Longo Prazo

1 - Introdução

A hipótese de que todos os fatores são variáveis (mão de obra, capital, instalações, matérias-primas etc.) caracteriza a análise de longo prazo, enquanto no curto prazo existe pelo menos um fator fixo. Supondo-se a função de produção simplificada, considerando a participação de apenas dois fatores de produção, a mão de obra (x1 ou L) e o capital (x2 ou K) é representada da seguinte forma:


Q = ƒ (x1, x2) ou, ainda, Q = ƒ (L, K)


Ambos os fatores variando, para certas combinações de capital e mão de obra, há geração de certos níveis de produto. Pode-se utilizar o esquema geométrico da Teoria de produção, semelhante ao esquema geométrico utilizado na Teoria da demanda do consumidor. Nesse esquema, a curva de indiferença deu a combinação das duas mercadorias que rendiam nível constante de satisfação. Ao tratar-se de um nível constante de produto, tem-se o esquema geométrico (demonstração gráfica) mostrando as várias combinações de mão de obra e capital que promovem produto constante.



Tela 2
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2 - Isoquantas

Os modos alternativos de produzir determinada quantidade de bens podem ser representados por esquema geométrico tecnicamente chamado de Curva de indiferença de produção, Curva de igual produção e, ainda, Isoproduto; ou, como é mais comumente conhecida nos livros de economia, Isoquanta da produção.

Apresenta-se uma isoquanta hipotética conforme o Gráfico nº 01. O eixo horizontal mede a mão de obra expressa em fluxo de serviços por período de tempo; o capital expresso em fluxo de unidades do fator capital por período de tempo é representado no eixo vertical.

A isoquanta é traçada para determinada taxa de produção Q1.
Portanto, qualquer combinação de mão de obra e capital dada por um ponto da isoquanta renderá exatamente Q1 de produto. Conforme se movem ao longo de Q1, variam simultaneamente as quantidades e as proporções, nas quais o capital e a mão de obra são utilizados. As combinações ou pontos mais próximos do eixo vertical (K) são mais intensivos em capital e menos em mão de obra, e os mais próximos do eixo horizontal (L) são mais intensivos em mão de obra e menos em capital. É evidente que se as quantidades produzidas são as mesmas sob a isoquanta, mantidas as condições de produção (coeteris paribus), para que se aumente a quantidade de um fator de produção, necessariamente a quantidade do outro fator deve ser reduzida, donde a isoquanta se obriga a ter declividade negativa.



Isoquanta ou Curva de indiferença de produção ou Curva de igual produção ou Isoproduto pode ser definida como uma curva no espaço dos insumos (lugar geométrico das coordenadas dos pontos) que mostra todas as combinações possíveis de dois insumos (capital e mão de obra em nosso exemplo) fisicamente capazes de gerar uma mesma quantidade de produto.



A primeira parte da palavra isoquanta vem do grego “iso” que significa “o mesmo”, enquanto a segunda parte é apenas abreviação para quantidade.



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Pode-se, ainda, representá-la por família de isoquantas, mapa de isoquantas ou mapa de produção, representando o conjunto de isoquantas, como no Gráfico nº 02, correspondente aos diferentes níveis de produção, possíveis de se alcançar com a tecnologia. Os níveis mais baixos de produto são representados pelas isoquantas mais próximas da origem (Q1) e, quanto mais afastado da origem, maiores os níveis de produção (Q2, Q3 etc.).

Nesse mapa, o formato das isoquantas identifica o grau de substitutibilidade, que é tecnicamente possível entre os fatores. Nas curvas mostradas até o momento, trata-se implícita ou explicitamente de funções de produção de proporção variável; ou seja, qualquer combinação de capital e mão de obra pode ser utilizada na produção. No caso de uma linha convexa em relação à origem, os fatores serão substitutos, porém não perfeitos. Entretanto, é possível que dois insumos – tais como carros e volantes, ou um par de sapatos – possam ser utilizados em proporções fixas. É possível demonstrar como deve ser a aparência das isoquantas numa função de produção de proporções fixas. A proporção do capital com a mão de obra é fixada física e imutavelmente.

A proporção é dada pela inclinação do raio ON. As isoquantas são necessariamente ângulos retos. Para a produção Q1 é necessário usar o capital e o trabalho na proporção L1K1. Dada a quantidade de mão de obra L1, não importa se é utilizado mais capital do que K1. De fato, superior a K1, seria tecnicamente ineficiente. O único produto disponível é Q1.

Inversamente, dada a quantidade de capital K1, não importa s e é usada mais mão de obra do que L1. Mais do que L1, seria tecnicamente ineficiente e o próximo nível de produção é Q2. Aí, a quantidade necessária de mão de obra é L2 e a quantidade de capital, K2. A proporção L2: K2 é igual à proporção L1: K1. Esta é a natureza das funções de produção de proporção fixa. Nesse caso, os fatores não serão substitutos.

O mundo real não exibe grande número de funções de produção de proporção fixa. Quando as isoquantas são perpendiculares, como no Gráfico nº 03, dizemos que os insumos são perfeitamente complementares; isto é, devem ser utilizados em proporções fixas. Nesses casos, é útil falar da demanda de pacotes de dois insumos em sua proporção fixa.



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Quando a isoquanta tiver formatos de linha reta, os fatores serão substitutos perfeitos entre si, como no gráfico que segue.

Assim como as curvas de indiferença do consumidor, as isoquantas apresentam algumas propriedades que devem ser conhecidas e compreendidas.



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As isoquantas são convexas em relação à origem dos eixos, mostrando que na função de produção os fatores de produção são substitutos entre si, porém, não perfeitos.



As isoquantas não se cruzam. Se, por toda a extensão de uma isoquanta, ocorre uma só quantidade constante do produto, um ponto de contato entre elas identificaria hipótese absurda; isto é, naquele ponto duas isoquantas diferentes representariam a mesma quantidade de produto.



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3 - Taxa marginal de substituição técnica

Taxa marginal de substituição técnica (TMST) indica a declividade da isoquanta em cada ponto. Como já foi mostrado anteriormente, é dada pela variação do fator capital dividido pela variação do fator mão de obra  , de forma que o produto permaneça constante para qualquer combinação dos fatores. Dessa forma, a TMST revela a perda de produção devido ao pequeno decréscimo de participação de um fator (capital), exatamente igual ao ganho de produção, devido ao pequeno acréscimo de participação do outro fator (mão de obra).



Tela 7
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Rendimentos de escala


Os rendimentos de escala ou economias de escala representam a resposta da quantidade produzida a uma variação da quantidade utilizada de todos os fatores de produção. Ou seja, quando, por suposição, a empresa varia todos os seus fatores de produção, incluindo o seu tamanho, ocorre no longo prazo.

Os rendimentos de escala podem ser:

• rendimentos crescentes de escala
• rendimentos constantes de escala
• rendimentos decrescentes de escala


Rendimentos crescentes de escala ou economias de escala: ocorrem quando a variação na quantidade do produto total é mais do que proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de produção. Por exemplo.

Pode apontar-se como causas geradoras dos rendimentos crescentes de escala:

a) a maior especialização no trabalho quando a empresa cresce;

b) a existência de indivisibilidades entre os fatores de produção. Por exemplo.



Escala ou escala de produção representa a identificação de ritmo de variações da produção, respeitada a proporção de combinação entre os fatores.



Economias escala ou rendimentos de escala representam o resultado obtido em termos de produto quando se varia a quantidade utilizada dos fatores, dada determinada escala de produção.



Aumentando-se a utilização dos fatores em 10%, o produto cresce 20%. Equivale a dizer que a produtividade dos fatores aumentou.



Numa siderúrgica, não existe "meio forno"; quando se adquire mais um forno, deve ocorrer um grande aumento na produção.



Tela 8
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Na representação gráfica dos rendimentos de escala, pode se considerar a condição de que a distância entre as isoquantas representa a escala de produção e identifica o comportamento dos rendimentos marginais de escala (para que possamos compará-las), como representado no Gráfico n0 05.

O produto aumenta na mesma proporção (100) para acréscimos cada vez menores dos fatores envolvidos no processo produtivo (as distâncias entre as isoquantas são cada vez menores), ou seja, os rendimentos dos fatores estão crescendo.



Tela 9
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• Rendimentos constantes de escala. Ocorrem quando a variação do produto total é proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de produção: aumentando-se a utilização dos fatores em 10%, o produto também aumenta em 10%.

Os economistas costumam afirmar que os rendimentos constantes de escala representam a fase de pequena duração no desenvolvimento da produção. Embora algumas evidências empíricas revelem, a fase pode ser mais longa do que se imagina.

Graficamente, respeitando-se a condição estabelecida, temos:

O produto aumenta na mesma proporção (100) para acréscimos também proporcionalmente iguais dos fatores envolvidos no processo produtivo (as distâncias entre as isoquantas são as mesmas), ou seja, os rendimentos dos fatores são constantes.



Tela 10
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• Rendimentos decrescentes de escala (ou deseconomias de escala) ocorrem quando a variação do produto é menos do que proporcional à variação na utilização dos fatores. Exemplo.

Como principais causas geradoras dos rendimentos decrescentes de escala, podemos apontar:

a) restrições da capacidade administrativa da empresa, na qual o poder de decisão e a capacidade gerencial e administrativa são "indivisíveis e incapazes de aumentar"; ou seja, pode ocorrer uma descentralização nas decisões que o aumento de produção obtido não compense o investimento feito na ampliação da empresa.

b) dificuldades de coordenação e controle de variação da escala de Produção.



Aumenta-se a utilização dos fatores em 10% e o produto cresce em 5%. Houve, nesse caso, uma queda na produtividade dos fatores.



Tela 11
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Observa-se, no Gráfico nº 07, respeitando-se a condição previamente estabelecida:

O produto aumenta na mesma proporção (100) para acréscimos cada vez maiores dos fatores envolvidos no processo produtivo (as distâncias entre as isoquantas são cada vez maiores), ou seja, os rendimentos dos fatores são decrescentes.

É importante identificar as diferenças conceituais entre proporção e escala. Na primeira, não é necessário manter constante a proporção de combinação entre os fatores; ocorrem proporções variáveis na combinação entre os fatores. No Gráfico nº 08 que segue, são identificados pela linha AB denominada linha de proporção. Na escala, por definição, são mantidas as proporções de combinações entre os fatores envolvidos. No Gráfico nº 08, a escala é identificada pela linha CD, denominada linha de escala.




Tela 12
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Resumo

A hipótese de que todos os fatores são variáveis (mão de obra, capital, instalações, matérias-primas etc.) caracteriza-se na análise de longo prazo, que é representada pela função de produção: q = ƒ (x1, x2), ou, ainda, q = ƒ (L, K) em que (x1 ou L) é a mão de obra e (x2 ou K) o capital.

Sendo ‘q’ um produto e supondo-se que podemos obter várias combinações de ‘L’ e ‘K’ – que geram nível de produção constante ‘q’, fazendo analogia ao esquema geométrico das curvas de indiferença –, temos a chamada Curva de indiferença de produção. É a Curva de igual produção, isoproduto ou isoquanta da produção. É curva no espaço dos insumos com todas as combinações possíveis de dois insumos (capital e mão de obra) fisicamente capazes de gerar mesma quantidade de produto.

Num gráfico, os níveis mais baixos de produto são representados pelas isoquantas mais próximas da origem, enquanto os mais elevados, pelas mais afastadas da origem. As isoquantas são negativamente inclinadas. São convexas em relação à origem, quando os insumos podem ser substitutos entre si, de forma imperfeita ou fixa (curvas perpendiculares) ou em linha reta, quando forem substitutos perfeitos. Elas nunca se cruzam.

Taxa marginal de substituição técnica (TMST) indica a declividade da isoquanta em cada ponto; mede a relação entre os acréscimos de um insumo em detrimento dos decréscimos de outro a fim de manter o mesmo produto. Este é também chamado produto físico marginal das unidades adicionais do fator e pode ser positivo (se cresce) ou negativo (se decresce), de forma que a TMST é sempre decrescente (negativa).

Os rendimentos de escala ou economias de escala representam a resposta da quantidade produzida a uma variação da quantidade utilizada de todos os fatores de produção. Podem ser crescentes, quando a variação na quantidade do produto total é mais do que proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de produção; decrescentes, quando a variação do produto é menos do que proporcional à variação na utilização dos fatores; constantes, quando a variação do produto total é proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de produção.

A linha de escala de produção representa a identificação de um ritmo de variações da produção ao variar os insumos, respeitada uma proporção de combinação. A linha de proporção de produção não respeita proporção de combinação.


Unidade 3 Módulo 6
Tela 13
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção
1 - Os custos de produção

Para produzirem bens, as firmas necessitam reunir os fatores de produção e combiná-los de acordo com restrições técnicas definidas pela função de produção e escolher o processo produtivo mais eficiente tecnicamente.

O empresário escolhe a melhor combinação dos fatores de produção, na geração do produto, com base nas despesas de produção, tendo em vista que insumos não são bens livres; ao contrário, são bens econômicos e, portanto, para poder utilizá-los é necessário pagar um preço.

Sob a hipótese de racionalidade dos agentes envolvidos nas decisões econômicas, incluindo-se nesse grupo o produtor, a empresa deverá possuir uma conduta de otimização. Ou seja, para cada nível de produção, a empresa realiza sempre um nível ótimo de custos, que poderá ser obtido quando for possível alcançar um dos dois objetivos seguintes:

a) maximizar a produção com determinado custo total ou
b) minimizar o custo total para certo nível de produção.

Em qualquer uma das situações, a firma estará maximizando ou otimizando seus resultados. Estará, pois, em situação em que na teoria econômica denomina-se equilíbrio da firma.



Tela 14
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção
Na análise das curvas de custos em microeconomia, são considerados, também, os custos de oportunidade ou custos alternativos. Representam o sacrifício feito, em termos do que se deixa de produzir de um bem ou produto, ao optar-se por determinada produção de outro bem ou produto. São custos implícitos e não apenas custos contábeis, custos explícitos, pois envolvem desembolso monetário. Por exemplo, é considerada nas curvas de custos, no sentido econômico, uma estimativa do aluguel que a firma, possuidora de prédio próprio, eventualmente pagaria se precisasse alugá-lo.

Dessa diferença do enfoque contábil para o econômico, resulta clara distinção da avaliação privada, que é financeira e específica da empresa, e avaliação social, que analisa custos e benefícios para toda a sociedade derivada da atividade produtiva; principalmente no que tange a projetos de investimento. São as chamadas externalidades ou economias externas. Por exemplo.

As economias externas – por exemplo, as provenientes da pesquisa em tecnologias da informação baratearam os custos da Internet e geraram redução dos custos de informação. Isso talvez explique a expansão on-line dos serviços bancários e dos negócios com ações, que podem representar externalidades positivas. Entretanto, a Internet também torna barata a desinformação, pois nem toda informação é valiosa. Outro efeito é o fato de que essas tecnologias são poupadoras de mão de obra, o que tem gerado, por exemplo, muitas demissões no setor bancário, caso em que foram geradas externalidades negativas com o uso das modernas tecnologias da informação.



Custos implícitos são custos de oportunidade. No caso da produção, o tempo e investimento do proprietário na firma. O custo do tempo é medido pelo que ele deveria ter ganho trabalhando em outro lugar. O custo de investimento é o que o proprietário poderia ter recebido em outro lugar, em juros, por exemplo, sobre um investimento de risco equivalente.



Custos contábeis envolvem apenas os dispêndios monetários. É o custo explícito, considerado na contabilidade privada, que representa o gasto explícito realizado pela empresa, para aquisição dos recursos necessários à produção, também é conhecido como custo histórico.



Custos explícitos são aqueles pagos por insumos, como salários dos funcionários, custos de materiais, depreciação e manutenção de instalações e equipamentos.



Externalidades ou economias externas são as alterações de custos e benefícios para a sociedade, derivadas da produção da empresa, ou ainda, as alterações de custos e receitas da empresa, devido a fatores externos à empresa e que não se refletem nos preços.



Ao expandir a produção de automóveis, deve-se também considerar os custos sociais, derivados do aumento de poluição sonora e ambiental, além do desgaste das ruas e estradas.



Externalidades positivas constituem o fenômeno que ocorre quando o indivíduo ou firma desempenham ação cujos benefícios não desfruta integralmente; ou, ainda, quando o benefício social (da sociedade) supera o benefício privado (dos que pagaram pelo bem). Ex.: plantio de maçãs beneficiado pela apicultura próxima ao pomar; o apicultor não se beneficia sozinho nem integralmente.



Externalidades negativas: fenômeno que ocorre quando o indivíduo ou firma desempenha ação cujos custos não são integralmente indenizados; ou, ainda, quando o custo social (para a sociedade) supera o custo privado (valor pago pelo bem). Ex.: poluição causada por uma fábrica em um riacho, destruindo plantações e peixes.



Tela 15
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção
2 - Custos no curto prazo

Os custos de produção estão associados aos insumos e, como na Teoria da produção, existe pelo menos um fator fixo identificado, por exemplo, o tamanho ou dimensão da firma, e fatores variáveis, como mão de obra e matérias-primas. Tal firma apenas poderá aumentar ou diminuir sua produção por meio da utilização dos fatores mão de obra e matérias-primas. Seu tamanho é constante, não podendo ser aumentado ou diminuído em curto prazo.

Os custos associados ao tamanho da firma (K) não mudam, nem quando a firma muda seu nível de produção, nem com produção zero, ou mesmo produzindo em sua capacidade máxima. A firma incorre nos mesmos custos, ocorrendo os então chamados custos fixos totais (CFT), representados pela quantidade utilizada do fator fixo, multiplicado pelo seu preço:


CFT = PK x QK

No caso dos custos da mão de obra (L) e das matérias-primas (MP), os custos mudam quando a produção varia dentro de certos limites, dependendo da quantidade produzida. São chamados de custos variáveis totais (CVT).


CVT = PL x QL + PMP x QMP

Havendo insumos fixos e variáveis e respectivos custos, ao se associarem essas relações, pode-se formular a equação do custo total de curto prazo (CTCP).





Tela 16
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção

Pode-se definir que o custo total de curto prazo é o que depende do nível de produção da empresa associado ao volume de gastos com a utilização dos fatores fixos de produção. Também se pode concluir que, pelo fato de o CFT permanecer constante no curto prazo, as modificações decorrentes do CVT provocarão variações no CTCP. Os gráficos a seguir mostram as curvas de CFT, CVT e CTCP. No primeiro, apresenta-se o caso de rendimentos constantes (linear) e, em seguida, o dos rendimentos variáveis.

Gráfico nº 01

Gráfico nº 02

Nota-se ainda que, pelo formato das curvas, tanto o CTCP quanto o CVT crescem a taxas decrescentes e, depois, aumentam a taxas crescentes; ou seja, o início da produção ocorre a custos decrescentes, devido a não “saturação” do fator fixo (instalações) pelos fatores variáveis (mão de obra e matérias-primas). Contudo, no decorrer do processo produtivo, ao acrescentarem mais fatores variáveis ao fator fixo, os custos crescem a taxas crescentes. Esse fenômeno sempre ocorrerá no curto prazo devido à existência de um fator fixo, chamado de lei dos custos crescentes.



Tela 17
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção

A partir do custo total de curto prazo, é possível definirem-se outros custos de curto prazo fundamentais para a análise do comportamento da produção. São eles:


Custo total médio (CTMe ou CMe), obtido por meio do quociente entre o custo total e a quantidade produzida; ou seja, é o custo por unidade produzida, também chamado de custo unitário:





Custo variável médio (CVMe),
derivado do quociente entre o custo variável total e a quantidade produzida:





Custo fixo médio (CFMe) é aquele obtido por meio do quociente entre o custo fixo total e a quantidade produzida:





Custo marginal (CMg), resultante da variação do custo total, em resposta a uma variação da quantidade produzida. É definido ainda como o resultado da variação do custo variável total em resposta a variações da quantidade produzida:



 


Tela 18
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção

O custo marginal é um tipo especial de custo. Relaciona-se com o custo total de produção apenas em decorrência do comportamento do custo variável total. Todos os demais custos podem ser derivados dele. Observem o exemplo da Tabela nº 01.

Com base nos conceitos e na Tabela nº 01, conclui-se que o custo variável total representa a soma dos custos marginais – sendo o custo marginal acrescentado ao custo variável total por unidade adicionada.


CVT = soma dos CMg

Quando o custo variável médio e o custo total de curto prazo forem divididos pela quantidade e o custo variável total for a soma dos custos marginais, o CVMe será, também, a média dos custos marginais.


CVMe = média dos CMg

Finalmente, sendo o CVMe = CVT/Q, pode-se deduzir o CVT como sendo:


CVT = Q x CVMe

Intuitivamente, se o custo marginal (o adicional de custo por unidade produzida) supera o custo médio, é evidente , analogamente, que o médio crescerá. Se o custo marginal for inferior ao custo médio, o médio cairá. A regra vale para a relação de todos os custos médios com o custo marginal, ou seja, pode-se usar como regra que o custo médio tende sempre para o marginal.



Tela 19
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção

Tem-se, ainda, que o mínimo do CVMe ocorre quando o CMg é igual ao CVMe.



A demonstração gráfica a seguir mostra, mais claramente, as afirmações realizadas, tendo em vista que indicam os custos em todos os níveis de produção e não apenas naqueles escolhidos para o exemplo da tabela, como pode ser verificado.

Gráfico nº 03



Tela 20
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção

3 - Custos no longo prazo


O longo prazo caracteriza-se pelo fato de todos os fatores de produção serem variáveis, incluindo o tamanho ou a dimensão da empresa. Ou seja, os custos totais correspondem aos custos variáveis, uma vez que não existem custos fixos no longo prazo.

O empresário passa a ser elemento fundamental, pois o comportamento do custo total e do custo médio de longo prazo está intimamente relacionado ao tamanho ou à dimensão da planta produtiva, o qual varia em cada ponto dessas curvas. É resultado exclusivo da tomada de decisão ou da escolha do administrador para operar em longo prazo.

Sendo assim, o custo total de longo prazo (CTLP) representa o total de despesas decorrentes da utilização dos fatores de produção; ou seja, decorre da multiplicação de seus preços pelas quantidades utilizadas de cada um deles, sendo todos eles variáveis:





Tela 21
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção

A partir do custo total de longo prazo, como no curto prazo, definem-se os outros custos. São eles:


Custo médio ou total médio de longo prazo (CMeLP ou CTMeLP), conseguido por meio do quociente entre o custo total de longo prazo e a quantidade produzida:





Custo marginal (CMg), resultante variação do custo total de longo prazo, em resposta a uma variação da quantidade produzida.



Cabe ressaltar que cada dimensão de planta representa a situação de curto prazo até que o empresário opte por outro tamanho de empresa. Isso caracterizaria o longo prazo; logo, para cada ponto ou nível ótimo de produção, serão iguais os custos totais e os custos médios de curto e de longo prazo.



Tela 22
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção
4 - Curva de isocusto e a conduta de otimização

No estudo do comportamento do produtor – no sentido de alcançar o equilíbrio com a maximização de seus resultados, a Teoria Microeconômica utiliza ferramental análogo à Teoria do consumidor. Vale-se dos conceitos de tabelas de indiferença de produção ou de isoquantas e, ainda, do isocusto para definir o equilíbrio do produtor.


O isocusto é a ferramenta que coloca, na análise da otimização de resultados da firma, a parte referente aos preços dos fatores utilizados e aos custos de produção. Na verdade, o isocusto nada mais é do que uma linha de preços da firma e pode ser definido como a linha em que, em todos os pontos, estão representadas combinações de fatores que resultam sempre na mesma despesa total para a empresa.

Partindo-se da suposição de os preços dos fatores manterem-se constantes no período da análise, visto que pequenas variações dos preços gerariam mudanças “radicais” na demanda por esses fatores (perfeitamente elástica), apresentamos a tabela seguinte e sua respectiva curva de isocusto representada por uma reta.

Tabela nº 02



Tabelas de indiferença de produção representam listagem de quantidades utilizadas dos fatores produtivos, cujas diferentes combinações representam sempre a mesma quantidade produzida do produto.



Na Teoria Microeconômica, não se faz distinção rigorosa entre os conceitos de custos e despesas como na Contabilidade (os custos são associados ao processo operacional e as despesas, ao resultado geral). Para o economista, custos e despesas se confundem.



Tela 23
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Assim como na reta de restrição orçamentária do consumidor em que a inclinação da curva foi demonstrada como a relação de preços dos produtos da cesta do consumidor, a inclinação da curva de isocusto será dada pela razão dos preços dos fatores (no exemplo, capital/trabalho) e o intercepto nos eixos, sendo a razão do custo do fator pelo seu preço; em outras palavras, no eixo do capital, 60/3=20 no ponto em que o trabalho é zero e, no eixo do trabalho, 60/2=30 no ponto em que o capital é zero.

Graficamente, tem-se:

Gráfico nº 06

Finalmente, podem-se combinar as curvas de isocustos com o mapa de isoquantas para encontrar a combinação de insumos que maximizará o produto obtido a certo custo "orçado". Portanto, para um determinado custo total, há uma e apenas uma combinação de trabalho e capital que maximizará o produto total. Observe-se que o produto máximo para tal custo não equivale a obter lucros máximos; representa apenas que a produção está sendo maximizada para um dado custo total; ou melhor, a empresa otimiza seus resultados produtivos. O ponto E, em que a isocusto tangencia a isoquanta mais elevada possível (Q2), é o ponto em que a empresa atinge o maior nível de produto, compatível com a restrição de custos imposta pela isocusto.

Gráfico nº 07




Tela 24
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção
Outra possibilidade de equilíbrio seria descobrir o que a empresa pretende produzir com o menor custo possível. Esse nível de produto encontra-se num ponto da isocusto mais próxima da origem que tangencia uma isoquanta do mapa de produção. Neste caso, o ponto E’, em que a isocusto tangencia a isoquanta mais próxima da origem possível (Q1), é o ponto em que a empresa pretende produzir para que atinja o menor nível de custo.

Gráfico nº 08

 

A possibilidade de escolha de diferentes escalas de produção por parte do empresário – ou seja, de uma entre as várias dimensões ou tamanhos de planta possíveis, dados os infinitos pontos em que isocustos tangenciam isoquantas do mapa de produção – remete ao conceito de via de expansão. Vem a ser o lugar geométrico das tangentes das diferentes linhas de isocustos e das diferentes isoquantas (obtêm-se ao unirem-se todos os pontos de tangência do mapa de produção), como no gráfico a seguir:

Gráfico nº 09




Tela 25
Módulo 06 – Teoria dos custos de produção
5 - Excedente do produtor

Mede-se o excedente do consumidor como a diferença entre o máximo que uma pessoa pagaria por um produto e o preço de mercado de tal produto. Um conceito análogo aplica-se às empresas. Se o custo marginal, ou seja, a variação do custo ao produzir mais uma unidade estiver aumentando, o preço do produto é superior ao custo marginal para cada unidade produzida, exceto para a última unidade produzida, pois o produtor receberia menos por essa unidade (o preço pago por ela) do que o custo para produzi-la. O excedente do produtor de uma empresa é a soma, para todas as unidades de produção, da diferença entre o preço de mercado de uma mercadoria e o custo marginal de sua produção.

Portanto, a dimensão do benefício das empresas com o excedente do produtor dependerá dos seus custos de produção. Empresas de alto custo têm menor excedente do produtor; empresas de baixo custo têm maior excedente. Somando-se os excedentes do produtor de todas as empresas, pode-se determinar o excedente do produtor para o mercado, como no gráfico a seguir. Desta forma, o excedente do produtor mede a área situada acima da curva de oferta de um produtor e abaixo do preço de mercado.

Gráfico nº 10

 


Tela 26
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Resumo

Como os insumos são bens econômicos e, portanto, é necessário pagar preços para poder utilizá-los, torna-se imperiosa a escolha da melhor combinação dos fatores de produção na geração do produto com base nas despesas de produção.

Sob a hipótese de racionalidade, o produtor deverá possuir uma conduta de otimização dos custos, buscando o equilíbrio da firma, mediante a maximização da produção para um dado custo total ou da minimização do custo total para um dado nível de produção.

Na análise microeconômica, tratam-se tanto dos custos explícitos (contábeis) como dos custos implícitos (custos de oportunidade), gerando, assim, externalidades que podem ser positivas, caso gerem mais benefícios sociais do que privados, ou negativas, no caso oposto.

Na Teoria da Produção, quando existe pelo menos um fator fixo identificado – por exemplo, o tamanho ou dimensão da planta da firma –, dizemos que estamos no curto prazo.

A quantidade de fatores fixos (aqueles que não mudam nem com produção zero e nem com máxima) multiplicada pelo seu preço resulta nos chamados custos fixos totais (CFT).

Nos fatores que variam com os níveis de produção (mão de obra, matérias-primas etc.), ao multiplicar suas quantidades por seus respectivos preços, temos os custos variáveis totais (CVT).

Da soma dos custos dos insumos fixos e variáveis, temos o custo total de curto prazo (CTCP) e a partir deste são definidos os: custo total médio (CMe ou CTMe) = CTCP/Q; custo variável médio (CVMe) = CVT/Q; custo fixo médio (CFMe) = CFT/Q; custo marginal (CMg) = CTCP/Q ou CVT/Q.

Ao usar como regra que o custo médio tende sempre para o marginal, temos: CVMemínimo quando CMg = CVMe e CTMemínimo quando CMg = CTMe.

A existência de um fator fixo (instalações) gera custos decrescentes no início da produção, mas, no decorrer da produção, devido à“saturação” do fator fixo pelos fatores variáveis (mão de obra e matérias-primas) ao acrescentarmos mais insumos, os custos crescem a taxas crescentes. Esta é a Lei dos Custos Crescentes. O curto prazo é caracterizado pela existência de pelo menos um fator fixo.

No longo prazo, todos os fatores de produção são variáveis, incluindo o tamanho ou a dimensão da empresa, e das quantidades utilizadas multiplicadas pelos respectivos preços, temos o custo total de longo prazo (CTLP) e dele derivam o custo médio ou total médio de longo prazo (CMeLP ou CTMeLP) = CTLP/Q; custo marginal de longo prazo (CMgLP) = CTLP/Q.

Isocusto é a linha em que todos os pontos são de combinações de fatores que resultam sempre na mesma despesa total para a empresa. A inclinação da curva é dada pela razão de preços dos fatores.

Ao colocarmos no mesmo quadrante o mapa de indiferença de produção e a isocusto, podemos encontrar a combinação de insumos que maximizará o produto obtido a um determinado custo "orçado" no ponto de tangência da curva de indiferença com a isocusto.

Via de expansão é o lugar geométrico formado pela união dos pontos de tangência do mapa de produção com as diferentes linhas de isocustos (dada a escala de produção).

Excedente do produtor é a soma, para todas as unidades de produção, da diferença entre o preço de mercado de uma mercadoria e o custo marginal de sua produção, portanto, quanto menores os custos de uma empresa, maiores os excedentes do produtor.


Unidade 4 Módulo 1
Tela 27
Módulo 01 – Estruturas teóricas: os extremos
1 - Concorrência perfeita

Os vários tipos de mercados são definidos conforme o grau de controle que vendedores e compradores têm sobre o preço pelo qual o produto é operado no mercado e dependem fundamentalmente de três características:

a) número de empresas que compõem o mercado;
b) tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados);
c) existência ou não de barreiras ao acesso de novas empresas no mercado.

dois extremos nos mercados. Num deles, está o monopólio, no qual apenas uma firma vende um determinado bem que não possui similares que o substituam. No outro, está a concorrência perfeita, em que várias firmas vendem bens substitutos entre si. Essas características tornam esses mercados difíceis de serem encontrados. Na prática, são referências na construção de modelos teóricos (abstratos, mais simples que a realidade), tendo em vista que a maioria dos mercados fica entre dois extremos. Analisando cada extremo, é possível combinar suas características para fazer previsões sobre o rumo que determinado mercado está tomando.


A concorrência perfeita caracteriza-se como um mercado completamente livre sem barreiras e totalmente transparente para os agentes nele inseridos baseado nas seguintes hipóteses “ideais”:

1. um bem padronizado ou homogêneo
2. muitas firmas produzindo o bem
3. nenhuma barreira de entrada e saída
4. consumidores e firmas completamente informados
5. não existem custos de transportes
6. todas as firmas são idênticas
7. não existem externalidades
8. os agentes agem racionalmente



Quantas? O suficiente para tornar impossíveis os acordos secretos. Em jogos simulados, em que cada jogador atua como uma firma, são necessários entre oito e quinze jogadores para se obter o resultado competitivo. É a Teoria dos jogos. Assim, cada firma toma o preço de mercado do bem como dado (price-takers ou tomadores de preços), algo em que não pode influir. Se a firma produz mais ou menos dentro de sua capacidade atual de produção, o preço de mercado permanece o mesmo. É um mercado "atomizado", composto de um número expressivo de empresas.



Lida com a análise geral de interação estratégica, ou seja, uma análise de pequeno número de jogadores (indivíduos ou organizações) com interesses contraditórios e cujas ações afetam umas as outras. Pode ser utilizado para estudar jogos de salão, negociações políticas e comportamento econômico.



Pressupõe a mobilidade dos agentes. As barreiras de entrada incluem patentes e acordos de licenças e restrições governamentais que impedem a concorrência. Barreiras de saída são penalizações que, porventura, vendedores ou consumidores possam ter, impedindo-os de sair livremente do mercado.



Todos são informados sobre os preços e a qualidade dos bens disponíveis, bem como sobre receitas, custos, lucros e tecnologia dos concorrentes.



Os produtos possuem completa mobilidade entre regiões, ou seja, independente da localização dos vendedores e consumidores, pagam o mesmo preço, o que representa a inexistência ou insignificância dos custos de transportar as mercadorias.



Todas as empresas têm exatamente os mesmos custos e curvas de custo de produção, ou seja, os preços dos fatores de produção são dados por meio de um mercado de fatores também concorrencial.



Os fatores externos à firma não influenciam seus custos; a nenhuma empresa ou consumidor influi, nem é influenciado pelos demais.



Empresários buscam a maximização dos seus lucros na produção e os consumidores, a maximização da satisfação ou utilidade na aquisição dos bens e serviços. Ou melhor, agem sob o princípio da racionalidade ou o homo economicus.



Os consumidores consideram os bens de cada firma como substitutos perfeitos aos bens de outras firmas.



Tela 28
Módulo 01 – Estruturas teóricas: os extremos

2 - Custos no curto prazo em concorrência pura


Uma das características fundamentais dos mercados competitivos é que as firmas recebam o mesmo preço de mercado por cada unidade que vendem, independentemente do número de unidades que vendam. Assim, a receita extra obtida pelas firmas em mercados competitivos por vender uma unidade adicional (a receita marginal RMg) é igual ao preço de mercado (P).


RMg = P

Por outro lado, o custo adicional da produção de uma unidade específica de produto (custo marginal CMg) também deve ser compensado pelo preço pago pela mercadoria. Em suma, para que o produtor decida se produz ou não uma unidade a mais do bem analisado, ele simplesmente compara a receita marginal que receberá ao produzir aquela unidade. É precisamente o preço de mercado (P) daquela unidade, com o custo extra de produzi-la, ou seja, o custo marginal. Enquanto a receita marginal exceder o custo marginal, a firma terá lucro adicional ao produzir mais um bem. Se a receita marginal for menor que o custo marginal, produzir uma unidade mais reduzirá o lucro; a firma, então, reduzirá a produção.


P = CMg

Depois de a firma incorrer nos custos fixos e entrar num mercado, a decisão não é mais produzir ou não produzir. Deve, sim, produzir até o limite máximo de seus ganhos, ou seja, até o ponto em que o custo marginal for igual à receita marginal que, no mercado de concorrência perfeita, é igual ao preço. Este representa o ponto de equilíbrio para o produtor em concorrência pura.


RMg = CMg = P


Receita marginal é o acréscimo à receita total proveniente da produção (e venda) de uma unidade a mais do produto em questão.




Tela 29
Módulo 01 – Estruturas teóricas: os extremos

Mostra-se, assim, que, enquanto a empresa tiver seu custo marginal inferior ao preço, poderá continuar produzindo. Mas qual é o limite mínimo para que a empresa suporte produzir sem fechar as portas? Caso as receitas da firma não cubram seus custos variáveis, a empresa fecha. Portanto, conclui-se que:

Receita Total (RT) Custo Variável Total (CVT)

Dividindo-se ambos os termos pela quantidade, tem-se:


Preço (P) Custo Variável Médio (CVMe)

Algumas regras para que a empresa obtenha o máximo de lucro no curto prazo, podem ser:

1. Devem ser esquecidos os custos fixos já pagos pela firma; são custos irrecuperáveis e, portanto, não devem influir em qual seja o melhor nível de produção.

2. Caso o preço cubra o custo marginal, produza mais.

3. Produza apenas se o preço cobrir o custo variável médio.

Portanto, a curva de oferta de curto prazo da firma, em concorrência perfeita, é a curva de custo marginal acima do custo variável médio mínimo.

Gráfico nº 01



Custos irrecuperáveis são custos que não podem ser evitados, já ocorreram e não poderão ser recuperados, mesmo que a empresa pare de funcionar.




Tela 30
Módulo 01 – Estruturas teóricas: os extremos
3 - Custos no longo prazo em concorrência pura

Não existem custos fixos no longo prazo; ou seja, todos os custos são variáveis (salários, aluguéis etc.). Portanto:

Custo Total (CT) = Custo variável total (CVT) e CTMe = CVMe

As regras de curto prazo para o longo prazo formulam:

1. Devem-se ignorar os custos irrecuperáveis, pois, no longo prazo, não existem custos irrecuperáveis.

2. O preço deve cobrir o custo variável de adicionar outra unidade de produção; o detalhe é que agora não se limita a apenas um fator variável, mas a todos os fatores.

3. Deve-se operar e produzir bens somente quando o preço for superior ou igual ao custo total médio. Dessa forma, as empresas estariam obtendo lucros extraordinários, o que no curto prazo atrairia novas empresas para o mercado. No longo prazo a oferta aumentaria, fazendo esses lucros extraordinários tenderem a zero, existindo apenas os lucros normais.

P > CTMe lucros extraordinários entram novas empresas aumenta a oferta cai o preço de mercado empresas continuam entrando até que o P = CTMe

P < CTMe ocorrem perdas empresas antigas saem do mercado reduz a oferta sobe o preço de mercado empresas continuam saindo até que o P = CTMe



Os lucros normais refletem o custo de oportunidade (implícito) do capital empregado na atividade empresarial; representa uma taxa de rentabilidade média do mercado. É também chamado de lucro econômico, pois difere do lucro contábil, que registra apenas os custos explícitos.



Os lucros extraordinários representam o que excede o lucro normal, ou seja, quando a receita total excede os custos totais, explícitos e implícitos.




Tela 31
Módulo 01 – Estruturas teóricas: os extremos

4 - Monopólio


O monopólio representa o extremo oposto ao da concorrência perfeita, nele existem como características principais:

1. Uma única empresa produtora do bem ou serviço domina inteiramente a oferta e todos os consumidores.

2. Não há produtos substitutos ou concorrentes próximos. Neste caso, os consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor ou, simplesmente, deixarão de consumir o produto.

3. Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes, o que representa o principal motivo de a concorrência não desgastar o monopólio; os enormes lucros do monopolista fariam surgir outras firmas buscando lucros, promovendo os resultados competitivos de longo prazo de lucros normais.



Tela 32
Módulo 01 – Estruturas teóricas: os extremos
Algumas das principais formas de barreiras à entrada de novas empresas no mercado incluem:

1. Barreiras legais – O governo limita a entrada em muitos setores (tais como eletricidade e TV a cabo) e ocupações (por exemplo, licenciamento de médicos). São considerados monopólios do tipo institucional ou estatal, protegidos pela legislação em vigor, em geral, representam mercados considerados estratégicos, e, recentemente, têm sido objeto de um novo campo de estudo denominado economia da regulação.

2. Patentes e direitos autorais – As patentes protegem os inventores e os direitos autorais protegem os escritores e artistas, evitando que outros copiem as suas ideias livremente durante certo número de anos. Essa é uma forma de monopólio que a maioria das pessoas considera benéfica.

3. Controle de recursos estratégicos – Recurso estratégico é o meio que deve existir para produzir determinado bem particular. Se não há nenhum recurso, não há qualquer bem; é matéria-prima-chave. Por isso, é essencial o controle das matérias-primas chaves.

4. Grandes economias de escala – Economias de escala existem quando uma empresa amplia a produção e encontra custo médio menor. Supõe-se que as economias de escala sejam suficientemente grandes, de tal forma que apenas uma Empresa possa produzir para todo o setor e, ainda, reduzir o custo médio. Essa empresa pode, então, cortar substancialmente o preço para eliminar do setor qualquer concorrente potencial e ainda obter lucro. Os monopólios existentes, devido a suas economias de escala permitirem a produção para todo um mercado por custo médio menor, são chamados de monopólios puros ou naturais.

5. Tradição no mercado – Pressupõe que determinado mercado, mesmo com concorrência potencial, encontra-se protegido de seus concorrentes por tradição no mercado. Exemplo.




No mercado de relógios, os japoneses investiram por muito tempo para conseguir concorrer com a tradição do mercado suíço.



Estuda os custos e benefícios de medidas regulatórias nos mercados com o objetivo de equilibrar o poder dos agentes econômicos nele inseridos.




Tela 33
Módulo 01 – Estruturas teóricas: os extremos
5 - O poder de monopólio

Por tratar-se de única firma produzindo um único bem, a demanda da empresa monopolista é a mesma do mercado de bem produzido. A empresa pode aumentar o preço do bem e ainda manter consumidores, mas o produtor não tem poder absoluto sobre o preço. O limite de preço será dado pela curva de demanda.

O preço de monopólio, portanto, sempre estará na curva de demanda. A empresa não pode cobrar mais e não seria aconselhável cobrar menos. Assim sendo, preço mais alto significa menor quantidade vendida.

No monopólio, a empresa ajustará a quantidade produzida ao preço. Ao oferecer a mercadoria, o acréscimo na receita total proveniente da venda de mais uma unidade do produto (receita marginal) será abaixo do seu preço de venda. Isso porque todas as unidades têm o mesmo preço e o monopolista precisará abaixar seu preço em todas as unidades para vender mais. Comparativamente, na concorrência RMg = P, na qual não é preciso reduzir o preço para vender mais, o preço é dado pelo mercado.


RMg < P

É importante observar que a empresa monopolista nunca produzirá quando sua receita marginal for negativa. Quando isso ocorrer, significa que os acréscimos na receita total, proveniente da venda de mais uma unidade, são negativos; a receita total estaria se reduzindo. A receita total é maximizada quando a receita marginal for igual a zero; este é o limite.


RMg
para última unidade produzida = Preço de perda pela redução de preço nas demais unidades.

Ou, ainda, a


RMg
(adição à Receita Total) = Receita Total, incluindo o novo bem, ou Receita Total, antes de produzir a nova unidade do bem.

Exemplificando: Se uma empresa monopolista vende 50 unidades de mercadoria por 100 unidades monetárias, qual seria a RMg da 51a unidade, sabendo-se que o novo preço é de 99 unidades monetárias?

Será:
RT das 51 unidades – RT das 50 unidades = (99X51) – (100X50) 5.049 – 5000 = 49 unidades monetárias.

Portanto, a receita marginal é positiva e maior que o preço (99); mas o acréscimo de receita paga o custo de produzir essa unidade adicional (CMg)?

Pode-se concluir que, quanto maior a quantidade, menor o preço de venda, mas a empresa deve medir o custo de aumentar a quantidade em uma unidade, ou seja, deve conhecer o custo marginal da unidade adicional e esse custo deverá ser compensado pela receita marginal. Se a RMg > P; RMg > 0 e RMg > CMg, a empresa deverá aumentar a quantidade produzida, pois o lucro estará crescendo (L = RMg - CMg) até a quantidade ótima. Ou seja, até que a RMg seja igual ao CMg, pois, a partir desse ponto, os acréscimos no lucro serão negativos.


O lucro máximo ocorre quando: RMg = CMg

Gráfico nº 02



Tela 34
Módulo 01 – Estruturas teóricas: os extremos
Quando a receita marginal for igual ao custo marginal na produção dos monopólios:

1. Os monopólios não cobrarão o preço mais alto possível. O preço mais alto possível surge ao produzir apenas uma unidade. Mas, se Q = 1, RMg > CMg, o monopolista reduzirá seu preço para vender mais e aumentar mais o lucro. Cabe ressaltar que um monopólio está em sua curva de demanda, não podendo cobrar o que quiser e, ao mesmo tempo, vender o que quiser. Preço mais alto para o monopólio significa menor quantidade vendida.

2. Monopólios não precisam produzir pelo menor custo médio. Um monopólio produz quando a receita marginal é igual ao custo marginal. Essa situação ocorrerá no momento em que a quantidade minimize o custo total médio, mas apenas por acaso. Poderá, portanto, produzir quantidade mais baixa ou mais alta.

3. O monopólio não tem curva de oferta. A curva de oferta é uma curva de preços que diz o quanto será ofertado e por qual preço. O monopólio dá apenas um preço e, assim, não há nenhuma curva de oferta para ele.

4. O preço supera o custo marginal. Desde que o preço seja maior que a receita marginal e a receita marginal seja igual ao custo marginal, o preço será superior ao custo marginal (P > RMg e RMg = CMg P > CMg).

5. Os monopólios produzem menos do que um ramo competitivo quando os custos são os mesmos. Devido à receita marginal ser menor que o preço, cada unidade de produto acrescida é menos valiosa a um monopólio do que a uma firma competitiva. Então, mesmo ao se defrontar com os mesmos custos marginais das firmas competitivas no setor, o monopólio produzirá menos, porque tem ganho marginal menor.

6. Os monopólios não precisam obter lucro. A regra RMg = CMg nada diz a respeito de o monopólio dever fechar ou permanecer no negócio. É possível que ele esteja apenas ficando sem perder nem ganhar. É evidente que, se o monopolista considerar estar obtendo perda no longo prazo, abandonará o negócio.

7. Os monopólios produzirão na parte elástica da curva de demanda. Uma vez que o custo marginal é maior que zero, para cada quantidade marginal, a receita marginal será maior que zero. Se RMg > 0 para a firma, então, RMg > 0 para todo o mercado, pois o monopólio atende e representa o mercado inteiro.
Se RMg > 0 para o monopólio e para o mercado, então, a demanda é elástica.



Tela 35
Módulo 01 – Estruturas teóricas: os extremos
6 - O curto prazo e o longo prazo para os monopolistas

A única mudança possível para que o monopólio passe do curto para o longo prazoé se seus custos também passarem a ser de longo prazo. Ao contrário do que ocorre a uma firma competitiva, não há entrada no setor. Assim, um monopólio não enfrenta nenhuma pressão competitiva de longo prazo que faça seus preços recuarem até os seus custos.

As regras de fechamento comparam o preço ao custo variável médio no curto prazo (CVMe) e o preço ao custo total médio (CTMe) no longo prazo. Graficamente, o monopólio deveria encerrar suas atividades quando sua curva de demanda (D) estivesse completamente abaixo da curva do CVMe no curto prazo (porque em algum Q, P < CVMe) e se completamente abaixo da curva do CTMe no longo prazo (porque em qualquer Q, P < CTMe).


Gráfico nº 03

O Gráfico ilustra uma situação em que o monopólio, no curto prazo, produzindo em Q*, ponto em que a curva de demanda está acima do CVMe, deveria continuar funcionando; mas, no longo prazo, tendo em vista que o ponto encontra-se abaixo da curva de CTMe, deveria encerrar suas atividades.


Gráfico nº 04




Tela 36
Módulo 01 – Estruturas teóricas: os extremos
Resumo

Três características são fundamentais para definir o tipo de mercado: número de empresas que compõem esse mercado; tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados) e se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.

Nos extremos dessas características, temos a concorrência, na qual várias empresas vendem bens que são substitutos perfeitos entre si, sem barreiras de forma livre e transparente para os agentes econômicos e o monopólio; apenas uma firma vende um bem no qual não possui similares que o substituam e novas empresas não têm acesso ao mercado.

Na concorrência perfeita, temos como hipóteses “ideais”: o bem padronizado ou homogêneo, considerado como substituto perfeito pelos consumidores; várias empresas produzem o bem; nenhuma barreira à entrada; consumidores e firmas completamente informados e empresas idênticas.

Enquanto o preço cobrir o custo marginal se continua a produzir, em que Lucro = P – CMg, no nível ótimo de produção, P = CMg.

No curto prazo, os custos variáveis determinam o fechamento da empresa que deve produzir apenas se o preço cobrir o custo variável médio (P CVMe), e o preço de fechamento de curto prazo é o CVMemínimo.

O custo total dá o valor dos lucros: lucro = (P – CTMe) Q , em que (P – CTMe) é o lucro médio da firma por unidade.

No longo prazo, não existem custos fixos (CFT=0), portanto, Custo Total (CT) = Custo Variável Total (CVT) e CTMe = CVMe. Assim, os custos totais determinam o fechamento da empresa, e a firma deve operar e produzir quando: P CTMe.

Existem três razões para o custo (e o preço) se elevar quando a demanda aumenta: curto prazo para a firma: produto marginal decrescente; longo prazo para a firma: rendimentos decrescentes de escala; e no longo prazo para o setor: elevação no preço dos insumos.

No monopólio existe uma única empresa, os bens não possuem nenhum substituto similar ou concorrente próximo, e a empresa não tem nenhum concorrente atual ou potencial por existirem barreiras à entrada de novas firmas, tais como: barreiras legais; patentes e direitos autorais; controle de recursos estratégicos; grandes economias de escala; altos custos iniciais, nomes de marca, superioridade tecnológica via P&D etc.

O monopolista tem como limite de preço a capacidade de absorção de seus bens pelos consumidores, ou seja, a curva de demanda que tem inclinação descendente e será a de mercado.

Com demanda inelástica, a maior produção representará receitas inferiores. Quando a demanda é elástica, maior produção significará receitas elevadas. A receita total é maximizada quando RMg = 0 (Lucro = RMg – CMg)
RMg = P – |P|Q, em que Q é a antiga quantidade e |P| o valor absoluto da redução no preço. RMg < P, quando o preço precisa ser cortado; RMg = P, para uma firma perfeitamente competitiva.

Quantidade ótima: RMg = CMg, em que o CTMe é maior que o preço, gerando assim as seguintes conclusões: os monopólios não cobrarão o preço mais alto possível; os monopólios não precisam produzir pelo menor custo médio; o monopólio não tem curva de oferta; o preço supera o custo marginal; os monopólios produzem menos do que um ramo competitivo quando os custos são os mesmos; os monopólios não precisam obter lucro e os monopólios produzirão na parte elástica da curva de demanda.

Para que uma firma monopolista feche no curto prazo, ela deverá ter a curva de demanda inteiramente inferior à curva do CVM.

No longo prazo, o fechamento ocorrerá quando a curva de demanda for inteiramente inferior à curva do CTM.



Unidade 4 Módulo 2
Tela 37
Módulo 02 – Estruturas mais Realistas: As Intermediárias
1 - Mercados perfeitamente contestáveis

Estruturas intermediárias à concorrência perfeita e o monopólio são objetos de estudo neste módulo: à medida que passamos de uma estrutura de mercado para outra, a força de concorrência será reduzida e a de conluio tornar-se-á cada vez maior.

Os mercados perfeitamente contestáveis passam a ser examinados logo após concorrência perfeita e podem ser interpretados como o modelo gerado pelo afrouxamento de algumas condições necessárias à existência da concorrência pura, que representa, diante das rígidas condições de sua existência, modelo meramente teórico.

Nos mercados contestáveis, podemos ter:
a) muitas, poucas ou até mesmo uma só firma e
b) nenhuma barreira de entrada e nenhum custo inicial.

Em consequência, qualquer empresa nova pode produzir imediatamente e comercializar o bem pelo mesmo custo que o das firmas existentes.

No caso de as firmas existentes aumentarem seus preços e imediatamente novas firmas entrarem em competição, ocorrerá retrocesso no preço até o preço de custo. O preço iguala-se ao CTMe no seu mínimo, de forma que o resultado é o mesmo da concorrência perfeita, apenas não é preciso grande número de firmas para obtê-lo.

Esse modelo mostra como os baixos custos iniciais e as pequenas barreiras de entrada favorecem a ocorrência do resultado competitivo sem lucro algum. Exemplo.

 


As barraquinhas de cachorro quente. Nesse ramo, o investimento inicial é muito baixo (com poucos recursos financeiros, é possível adquirir todos os equipamentos necessários para abrir um negócio). Os anúncios consistem em um cartaz na barraca. Há pouca lealdade de marca. Como resultado, a maioria dos proprietários desse tipo de comércio trabalha longas jornadas e ganha pouco. Os preços refletem o custo e grande parte dos proprietários sente-se contente em recuperar o seu custo de oportunidade.



Tela 38
Módulo 02 – Estruturas mais Realistas: As Intermediárias
2 - Concorrência monopolística

Concorrência monopolística – ocorre no mercado, em que há:

  • Muitas firmas com certo poder concorrencial, como nos mercados contestáveis, e custos fixos relativamente baixos; porém, com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por características físicas, marca (grife), embalagem ou prestação de serviços complementares (pós-venda, assistência técnica etc.);
  • Nenhuma barreira à entrada (ou saída) de novas empresas no longo prazo, o que caracteriza a principal diferença entre a concorrência monopolista e o monopólio;
  • Firmas que vendem um bem similar, mas não idêntico, o que gera margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma vez que existem substitutos próximos no mercado, mas não perfeitos.


Tela 39
Módulo 02 – Estruturas mais Realistas: As Intermediárias
As consequências de um mercado de concorrência monopolista são as seguintes:

1. Diferenciação de produtos. As firmas realizam a diferenciação do bem ofertado, buscando fazer seus produtos parecerem diferentes e melhores aos consumidores. Frequentemente, elas fazem isso anunciando suas diferenças ou projetando seu produto para que pareça diferente. Exemplos

2. No curto prazo, a firma age como se monopólio fosse. Devido a ninguém produzir um bem idêntico ao seu, cada firma pode aumentar seu preço sem perder todos os consumidores. Ou seja, a curva de demanda tem inclinação descendente. Elas produzem quando a receita marginal é igual ao custo marginal, como no monopólio. O gráfico nº 01 mostra uma firma obtendo lucro no curto prazo (observe que P > CTMe em Q*, quando RMg = CMg).

Gráfico nº 01



Os exemplos de diferenciação de produtos incluem-se no rol das pastas de dentes, remédios para dor de cabeça e roupas íntimas.



Tela 40
Módulo 02 – Estruturas mais Realistas: As Intermediárias

3. Como na concorrência perfeita, no longo prazo, P = CTMe e, ao contrário da concorrência perfeita, na concorrência monopolista, o preço é maior que o custo total médio no seu mínimo. No gráfico nº 01, cada firma está obtendo lucro. Em consequência, novas firmas entram no setor. Os novos concorrentes levam cada firma a perder alguns consumidores, de forma que a curva de demanda (e a curva de receita marginal) move-se para baixo e para a esquerda. As entradas continuam até que os lucros econômicos se reduzam a zero. A curva de demanda, porém, ainda se inclina para baixo. Então, a tangência da curva de demanda e da curva de longo prazo do custo total médio ocorre onde o CTMe também se inclina para baixo como no gráfico abaixo.

Gráfico nº 02

Observando o Gráfico nº 02, pode-se extrair algumas conclusões importantes como citadas anteriormente:

1. a entrada de novas firmas, no setor, força a curva de demanda a mover-se para a esquerda até que esse resultado ocorra;

2. Q* ocorre quando RMg = CMg;

3. como P = CTMe, nenhuma firma nova entrará, agora, nesse setor;

4. o CTMe em Q* é maior do que o CTMe mínimo (quando CTMe = CMg). P > CTMe mínimo.



Tela 41
Módulo 02 – Estruturas mais Realistas: As Intermediárias
3 - Oligopólio

No setor oligopolizado, ocorrem as seguintes características:

a) há apenas algumas firmas;
b) há barreiras à entrada de novas empresas no setor;
c) cada firma produz bens idênticos.


O oligopólio, geralmente, surge quando há custos iniciais elevados para montar uma firma e comercializar seu produto de forma que as firmas existentes tenham grandes economias de escala. Em consequência, as firmas maiores podem utilizar uma guerra de preços para expulsar novas firmas do setor.

Outros fatores são comuns também ao monopólio, como:

  • proteção de patentes;
  • controle de matérias-primas chave;
  • tradição;
  • ou mesmo o oligopólio puro ou natural.

Normalmente, ao contrário de gerar uma guerra de preços, nos oligopólios as empresas discutem suas estruturas de custos, embora o mesmo não ocorra com relação à estratégia de produção e de marketing. Há uma empresa líder que, geralmente, fixa o preço, respeitando as estruturas de custos das demais e há empresas satélites que seguem as regras ditadas pelas líderes. Essa é uma diferença marcante entre o oligopólio e o monopólio, a demanda de cada firma depende do preço que as outras firmas estabelecem. Há interdependência mútua, pois as ações de uma firma afetam as das outras. Se esta reduz o seu preço, as curvas de demanda das outras firmas deslocam-se para baixo. Similarmente, se uma firma aumentar o seu preço, as curvas de demanda das outras também se deslocam para cima. Esse é o modelo chamado de liderança de preços. Exemplo.



O exemplo de liderança de preços – no Brasil podem ser citados tanto oligopólios de produtos diferenciados (como a indústria automobilística e a indústria de bebidas) quanto oligopólios de produtos homogêneos (alumínio, cimento).




Tela 42
Módulo 02 – Estruturas mais Realistas: As Intermediárias

Quanto aos objetivos da empresa oligopolista, há duas correntes:


A Teoria marginalista ou neoclássica – de base econômica, na qual o oligopolista maximiza seu lucro, ou seja, fixa seu preço no lucro máximo; portanto, precisa prever também as receitas (o que envolve conhecer a demanda por seu produto) para igualar as receitas marginais aos custos marginais, o preço é determinado pela intersecção entre demanda e oferta de mercado.

A Teoria da organização industrial – baseada em conceitos contábil-financeiros, desenvolvidos a partir de 1930, na qual o objetivo do oligopolista é maximizar mark-up. O modelo do mark-up repousa na constatação empírica de que as empresas não conseguem prever adequadamente a demanda por seu produto, portanto, suas receitas, mas conhecem muito bem o custo. Como têm poder oligopolista, podem, então, fixar os preços com base nos custos. O mark-up é assim definido:


Mark-up = Receita de vendas — custos diretos (ou variáveis).

O preço cobrado pela empresa, no modelo de mark-up, é calculado da seguinte forma:

P = (1 + M) C, em que:

P = preço do produto;

C = custo direto unitário (que corresponde, na Teoria Marginalista, ao custo variável médio);

M = taxa de mark-up, que é a porcentagem sobre os custos diretos.


A taxa de mark-up deve cobrir, além dos custos diretos, os custos fixos e atender determinada taxa de rentabilidade desejada pela empresa.



Modelo de Mark-Up é aquele em que grandes empresas determinam o preço de seu produto a partir dos próprios custos, sem se importar com a demanda; ou seja, o preço é determinado apenas pela oferta.




Mark-Up é a margem da receita de vendas (faturamento) sobre os custos diretos de produção. Essa margem deve ser tal que permita à empresa cobrir os custos diretos (ou variáveis), os custos fixos e a parcela desejada de lucro da empresa.



Tela 43
Módulo 02 – Estruturas mais Realistas: As Intermediárias

4 - Cartéis

Um cartel tem acordo explícito entre firmas, às vezes, apoiado num contrato legalmente constituído, que lhe permite estabelecer preços de forma centralizada e alocar a produção e os lucros entre seus membros. Embora os cartéis sejam ilegais no Brasil, eles são legais em muitas partes do mundo.


Cartéis
– são como oligopólios. Há poucas firmas e a entrada é limitada. Mas devido ao preço ser determinado e imposto de forma centralizada ou tácita, todas as firmas atuam de forma semelhante. Cada qual restringe o produto, supondo que os demais o farão também. Em alguns casos, algumas empresas cartelizadas podem até incorrer em prejuízos de curto prazo na crença de ganhos de longo prazo da “cooperação”. O resultado é que o cartel atua como monopólio. Estabelece seu preço no nível de monopólio no qual a receita marginal do setor é igual ao custo marginal.

Este seria o fim da história (cartel igual monopólio) se os cartéis não enfrentassem um problema que os monopólios não enfrentam. O problema é algum membro fraudar o cartel: cada membro do cartel é incentivado a fraudá-lo, reduzindo os preços. Como no monopólio, o preço é maior que o custo total médio, cada firma pode ampliar seus lucros individuais se puder conseguir novos negócios, mesmo se estabelecidos a preço ligeiramente menor. Assim, cada firma procura novos negócios oferecendo, secretamente, corte em seus preços.



Tela 44
Módulo 02 – Estruturas mais Realistas: As Intermediárias

No cartel, essas firmas não podem reduzir seu preço (trair a confiança do grupo) abertamente ou serão punidas pelo cartel. Ao contrário, elas tentam encontrar uma forma dissimulada. Exemplo.

Outra forma de reduzir o preço real é oferecer mais qualidade e mais serviço. Essa forma de concorrência, além dos preços, também assume a forma de publicidade.

A fraude ao cartel reduz os lucros de todas as firmas. Frequentemente, os compradores jogarão uma firma contra a outra. Mais tarde, a pressão torna-se tão grande e a fraude tão difundida que o cartel entra em colapso. Para evitar isso, na Alemanha, alguns cartéis possuem escritório central que realiza todas as vendas do setor, fixa os seus padrões e impõe as regras.

Outro problema enfrentado pelo cartel é o de distribuir os lucros entre as firmas. As maiores recebem a maior parcela dos lucros? Ou todas recebem uma parcela igual? Se as firmas maiores recebem a parcela maior, então, todas elas têm um incentivo a se tornarem maiores. Isso leva a uma capacidade excessiva. Quando isso ocorre, além da demanda do setor se reduzir (talvez devido à economia estar em recessão), o cartel geralmente se separa e uma guerra de redução de preços estoura.



Podem vender sua produção pelo preço do cartel, mas oferecer ao comprador uma bonificação pela declaração de que certa percentagem do que ele adquiriu estava defeituosa, embora estivesse boa.




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Módulo 02 – Estruturas mais Realistas: As Intermediárias

O quadro nº 01 resume as quatro principais estruturas de mercado, acompanhado de suas principais características.

Quadro nº 01

Estruturas
Número de Empresas
Diferenciação do Produto
Condições de Entrada e Saída
Influência sobre o Preço
Exemplos
Concorrência Perfeita
Muitas
Produto Homogêneo
Fácil
Nenhuma (são tomadoras de preços)
Alguns Produtos Agrícolas
Monopólio
Uma
Produto sem Substituto Próximo
Difícil
Forte
Fornecimento de eletricidade
Concorrência Monopolística
Muitas
Produto Diferenciado
Fácil
Leve
Comércio Varejista, Restaurantes
Oligopólio
Poucas
Homogêneo ou Diferenciado
Difícil
Considerável
Homogêneo:
Alumínio
Diferenciado: Automóveis


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5 - Estruturas de mercados particulares (fatores de produção)

Diferentemente do mercado de bens e serviços, o mercado de fatores de produção (mão de obra, capital, terra e tecnologia) depende da demanda de insumos pelos setores produtores de bens e serviços, ou seja, deriva do mesmo. A demanda por esses fatores é chamada de demanda derivada. Suas estruturas de mercado são particulares e resumidas em:

  • Concorrência perfeita no mercado de fatores – representa mercado onde existe oferta abundante do fator de produção (por exemplo, mão de obra não especializada), o que torna o preço desse fator constante. Os ofertantes ou fornecedores, como são em grande número, não têm condições de obter preços mais elevados por seus serviços.
  • Monopsônio – trata-se de uma forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos vendedores dos serviços dos insumos. É o caso da empresa que se instala em determinada cidade do interior e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva da mão de obra local e das cidades próximas, tendo para si a totalidade da oferta de mão de obra.
  • Oligopsônio – é um mercado onde existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos vendedores. Exemplo: indústria de laticínios. Em cada cidade, existem dois ou três laticínios que adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais. A indústria automobilística, além de oligopolista, no mercado de bens e serviços, também é oligopsonista na compra de autopeças.
  • Monopólio bilateral – ocorre quando um monopsonista, na compra do fator de produção, defronta-se com monopolista na venda desse fator. Por exemplo, só a empresa “A” compra um tipo de aço que é produzido apenas pela siderúrgica “B”. A empresa “A” é monopsonista, porque só ela compra esse tipo de aço, e a siderúrgica “B” é monopolista, porque só ela vende esse tipo de aço. Nesses casos, a determinação dos preços de mercado dependerá não só de fatores econômicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista, tentando pagar o preço mais baixo (usando a força de ser o único comprador), e o monopolista, tentando vender por preço mais elevado (usando o poder de ser o único fornecedor).


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6 - Concentração econômica na indústria e comércio


Concentração econômica na indústria e comércio – É medida comumente utilizada para verificar o grau de concentração econômica.

É calculada a proporção do valor do faturamento das quatro maiores empresas de cada ramo de atividades sobre o total faturado no ramo respectivo. Em termos percentuais, quanto mais próximo de 100%, maior o grau de concentração do setor (as quatro maiores respondem com a quase totalidade do faturamento); quanto mais próximo de 0, menor o grau de concentração – e, portanto, maior o grau de concorrência do setor. Exemplo.

Recentemente com as privatizações e a entrada de algumas gigantes privadas, tem aumentado as preocupações das autoridades e pesquisadores; esses últimos estudam “nova” linha de pesquisa com o objetivo de disciplinar os conhecimentos dessa área, novo ramo da ciência, que se chama economia da regulação.



Exemplo de concentração – No Brasil, com base em dados de 1988, os setores mais concentrados são aços planos (100%), materiais de transporte (94%), fumo (91%), amianto e gesso (88%) e cerveja (86%). Os setores mais competitivos são fiação e tecelagem (20%), petroquímica (43%) e confecções (46%).
A busca por menores preços e a contínua batalha contra a inflação, travada principalmente da década de 1970 aos dias atuais, trouxe ao governo brasileiro uma especial preocupação com o grau de concentração de alguns setores. Em 1962 foi criado o Conselho Administrativo de Direito Econômico – CADE, pela Lei nº 4.137, uma autarquia ligada ao Ministério da Justiça, que tem por objetivo julgar processos administrativos relativos a abusos do poder econômico, bem como analisar fusões de empresas que podem criar situações de monopólio ou maior domínio de mercado. Quando se prova que a limitação da concorrência não propicia ganhos aos consumidores, em termos de menores preços ou produtos tecnologicamente mais avançados, o CADE manda desfazer o negócio entre as partes.



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Resumo

Estruturas intermediárias à concorrência perfeita e o monopólio são objetos de estudo à medida que passamos de uma estrutura de mercado para outra, a força de concorrência será reduzida e a de conluio tornar-se-á cada vez maior.

Os mercados perfeitamente contestáveis passam a ser examinados logo após concorrência perfeita e podem ser interpretados como o modelo gerado pelo afrouxamento de algumas condições necessárias para ocorrer a concorrência pura, que representa, diante das rígidas condições de sua existência, modelo meramente teórico.

Os baixos custos iniciais e pequenas barreiras à entrada de novas empresas levam os preços ao CTMemínimo (custo total médio mínimo) como na concorrência perfeita, apenas com menos empresas e sem lucro algum.

A competição monopolista ocorre no mercado em que há muitas firmas com certo poder concorrencial, com custos fixos relativamente baixos; porém, com segmentos de mercados e produtos diferenciados; nenhuma barreira de longo prazo à entrada, mas as firmas vendem um produto similar, mas não idêntico, desta forma, agem, no curto prazo, como no monopólio, conseguindo aumentar seus preços, sem perder todos os seus consumidores. Desta forma, atraem novas empresas que dividem os mesmos consumidores, as entradas continuam até que os lucros econômicos se reduzam a zero, fazendo que as curvas de demanda e receita marginal declinem de forma que, no longo prazo, as empresas ajam como na concorrência perfeita.

No oligopólio há apenas algumas firmas; as barreiras à entrada são elevadas, de modo que não haja nenhuma entrada de longo prazo no setor e cada firma produza bens idênticos. O oligopolista maximiza seu lucro baseando-se na possibilidade de conhecer sua demanda e, portanto, sua receita (teoria marginalista ou neoclássica), desta forma fixa o seu preço no lucro máximo, igualando suas RMg aos CMg, e o preço é determinado pela intersecção entre demanda e oferta de mercado, ou, ainda, fixam os preços com base nos custos estabelecendo uma margem de lucro, visto que têm poder oligopolista. Neste caso não precisam conhecer sua receita, sendo, portanto, mais realistas (teoria da organização industrial).

O cartel tem um acordo explícito entre firmas, às vezes, apoiado num contrato legalmente constituído que lhe permite estabelecer preços de forma centralizada e alocar a produção e os lucros entre seus membros. Como no oligopólio, participam poucas firmas e a entrada é limitada, porém, com preço determinado e imposto de forma centralizada, tácita; as firmas atuam de forma semelhante, restringindo o produto, supondo que as demais o fazem também.

Algumas vezes empresas cartelizadas podem até incorrer em prejuízos de curto prazo na crença de ganhos de longo prazo da “cooperação”.

Os lucros são distribuídos privilegiando as empresas maiores, o que motiva as menores a crescerem, mas sob as regras do cartel torna-se mais difícil. Disso, surge o maior problema para a estrutura: algum membro fraudar o cartel, reduzindo os preços ampliando seus lucros individuais e, por vezes, conseguindo novos negócios, mesmo a um preço ligeiramente menor; desta forma seus membros são incentivados, mesmo que o façam secretamente, a cortes nos preços, desestruturando o cartel.

As estruturas de mercado derivadas da demanda, em especial a de fatores de produção pelos setores produtores de bens e serviços, são particulares e resumidas em: concorrência perfeita no mercado de fatores, que representa um mercado no qual existe uma oferta abundante do fator de produção; monopsônio, que se trata de uma forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos vendedores dos serviços dos insumos; oligopsônio, que é um mercado no qual existem poucos compradores dominando o mercado para muitos vendedores, e monopólio bilateral, que ocorre quando um monopsonista, na compra do fator de produção, defronta-se com um monopolista na venda desse fator.