Unidade 2 Módulo 1
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Módulo 01 – O Marketing de Relacionamento começa na Empresa

1 - O pós-marketing

O marketing de relacionamento requer um compromisso organizacional para com as técnicas de pós-marketing adotadas. É improvável que isso ocorra facilmente em uma estrutura organizacional convencional. De fato, uma das piores decisões possíveis é instituir programas de pós-marketing sem funcionários ou recursos adequados para apoiar as atividades envolvidas. Agir desta forma é arriscar-se a desapontar os clientes ou ser vista como uma empresa que age com falta de sinceridade.

O marketing de relacionamento é adotado para fornecer produto, bem ou serviço, de qualidade. O sucesso do marketing no Japão tem sido reconhecido pela maneira positiva que a administração japonesa reage aos programas de controle de qualidade. A perspectiva de zero defeito e qualidade da administração a nível mundial vem sendo adotada amplamente por estas empresas, começando pelo operário da fábrica que participa regularmente de círculo de controle de qualidade com seus colegas.



Os círculos de controle de qualidade, também chamados de “círculos criativos”, consistem em grupos de discussão destinados a buscar melhorias nos processos da organização.



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Trabalho de Pós-marketing (Estabelecimento de relacionamentos com os clientes)

Ao discutir-se a perspectiva de liderança que mais favorece a satisfação de clientes, propõe-se o seguinte:

  • Interação: As iniciativas para promover a satisfação de clientes devem vir da alta administração. Elas serão mais sinceras se a empresa acreditar que a satisfação dos clientes e a maximização dos lucros serão bem-sucedidos a longo prazo. Tais iniciativas devem fixar um alvo quando identificadas por meio de informações confiáveis e deve ser especificado um plano para se chegar ao que é valorizado pelos clientes.
  • Integração: Pelo fato de os clientes terem que contatar diferentes setores de uma empresa ou organização, esses setores deverão valorizá-los apoiando o programa uniformemente. Um bom programa requer a combinação de habilidades de marketing, produção e recursos humanos.
  • Implementação: As empresas que implementaram com sucesso um programa de satisfação de clientes têm planos bem desenvolvidos procedentes de uma missão (razão de ser da empresa, motivo de sua existência) declarada e estratégia de apoio. A declaração de negócio da HP é “fornecer produtos e serviços da mais alta qualidade, oferecendo o maior valor possível aos nossos clientes e, desse modo, obter e manter seu respeito e lealdade”.

Transformar estratégias em etapas práticas, freqüentemente exige equipes de ação na retaguarda motivando funcionários, atribuindo responsabilidades e alocando recursos.

Finalmente, a alta administração organizará conselhos de satisfação de clientes para agir como grupos e coordenação na alocação de recursos e para reconhecer as realizações.

Mecanismos de feedback devem ser fixados para monitorar a evolução e as mudanças das necessidades dos clientes.



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Embora as empresas americanas venham sendo ágeis no atendimento da satisfação dos clientes e na qualidade dos produtos, elas têm pouca experiência e poucas histórias de sucesso na transformação desse atendimento em design e fabricação do produto e em estratégias de administração voltadas para a melhoria da qualidade.

De qualquer forma, melhorar a qualidade exige compromisso extremo e recursos substanciais. As grandes empresas brasileiras, dos mais variados setores, gastam milhões de dólares anualmente para montar departamentos inteiros que têm por finalidade responder aos inputs recebidos de clientes. Provavelmente, sem tal compromisso, muitos clientes sentiriam que seus inputs seriam ignorados ou não reconhecidos.

Desenvolver relacionamentos bem-sucedidos exige prática constante e intensa de técnicas de pós-marketing. Um dos esforços mais óbvios é coletar informações dos clientes. Esse tipo de programa fornece feedback do cliente sobre a qualidade do produto e sugere direções futuras para a melhoria ou mudança. Todos os aspectos seguintes devem ser objeto de mudança:


  • Bem ou serviço oferecido;
  • Sistema de entrega ou distribuição;
  • Ações, atitudes e valores dos funcionários;
  • Ações, atitudes e valores da administração;
  • Estrutura e cultura organizacional;
  • Incentivos aos funcionários e programas de recompensa.


Inputs, segundo a teoria de sistemas, são todas as entradas de um determinado sistema. No caso são as informações (sugestões ou críticas) fornecidas pelos clientes.



Feedback, também a partir da Teoria Geral dos Sistemas, é a realimentação de um sistema. Neste caso, a resposta do consumidor em relação ao seu contato com a empresa serve de nova informação para o processo de relacionamento.



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Entretanto, o processo de determinar como os clientes se sentem e o que eles desejam, para depois transformar essas informações em ações de administradores e funcionários, é um processo complicado. Talvez se conheça menos sobre como o feedback dos clientes está relacionado com as decisões de design e produção do que qualquer atividade de pós-marketing praticada.

J. M. Juran, famoso defensor da qualidade e incentivador do aparecimento dos círculos de controle de qualidade no Japão, sugere a criação de um comitê de qualidade ou uma força tarefa para supervisionar esse processo de transição. Criando-se o comitê, existem inputs de informações que devem ser conciliados (freqüentemente eles estão em conflito) e depois incorporados ao planejamento administrativo. São eles:


  • Resultados dos programas de satisfação de clientes
  • Percepções da administração em relação à satisfação dos clientes
  • Auditorias por compradores/clientes fantasmas
  • Observações coletadas em visitas a clientes

Para se agir inteligentemente sobre as informações coletadas, deve-se resolver primeiramente as discrepâncias. Dos quatro inputs anteriores, é provável que as opiniões dos clientes e as perspectivas da administração sejam muito desiguais. A perspectiva de auditoria por comprador/cliente fantasma será, provavelmente, orientada diretamente para uma visão objetiva da realidade. Nesse sentido, o comprador fantasma pode servir de árbitro, identificando qual das duas perspectivas é a mais precisa.



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2 - Resultados dos programas de satisfação de clientes

Um programa de satisfação de clientes exerce importante função de pós-marketing por focalizar e interagir com clientes. Em termos gerais, esse programa desempenha várias funções:

  • Estabelece relação formal entre a área de pesquisa e desenvolvimento da unidade de negócio, produção, administração e os clientes. Essa relação é formalizada por meio de programa que estimula o feedback do cliente.
  • Consiste em procedimento de coleta de informações, geralmente levantamento externo e, freqüentemente, mecanismo estabelecido para processar e responder internamente ao feedback dos clientes.
  • É quantitativo em seu resultado final, embora possa ter sub-componentes qualitativos
  • Monitora a satisfação dos clientes com o produto, o sistema de entrega e o sistema de serviços pós-venda.
  • Ajuda a estabelecer objetivos para aumentar a satisfação proporcionada aos clientes e fornece feedback para o monitoramento.

O programa de satisfação de clientes é realidade que verifica as práticas de negócios ou produtos de uma empresa. Estabelece uma ponte entre a administração de marketing e a administração da qualidade, fornecendo feedback de apoio para modificar produtos, ajustando-os para melhor atender às necessidades e desejos do cliente.



Resultado quantitativo é aquele que aponta alternativas numéricas para a explicação de um fato. Ex.: 30% dos consumidores....




Resultado qualitativo é aquele que aponta características para a explicação. Ex.: os consumidores executivos de formação superior...



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Os resultados do programa devem ser apresentados em forma facilmente compreensível para permitir à administração as respostas em diferentes graus de sofisticação

Para o uso satisfatório dos resultados de um programa de satisfação de clientes, deve ser criada uma “equipe de ação de qualidade”. Essa equipe deve ser idealmente composta de participantes dos seguintes níveis da organização:

  • Executivo: utiliza os resultados para alocar recursos e decidir a direção das ações
  • Administração intermediária: Foca as prioridades dos clientes e ajuda a equipar as funções de linha de frente.
  • Funcionários de linha de frente: examinam as constatações e comunicam à administração intermediária o que pode ser feito para melhorar o desempenho.

A equipe de ação deve ter também representantes dos principais departamentos funcionais da organização. Essa representação pressupõe que todos os departamentos conhecerão o programa de satisfação de clientes e que os funcionários estarão dispostos a contribuir com o seu objetivo. O papel da área de marketing deve ser supervisionar a equipe e participar dela.



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O sucesso global de um programa de satisfação de clientes dependerá amplamente de:


  • Obtenção de compromisso e apoio de todos os níveis da administração.
  • Ajuste da abordagem para atender às necessidades específicas de informações que forem identificadas. Cada organização tem as suas necessidades.
  • Pré-teste do questionário de levantamento até chegar-se à certeza de que ele vai coletar as informações necessárias e atingir os objetivos do programa.
  • Análise e utilização dos resultados.
  • Integração dos resultados nas decisões gerenciais operações das operações diárias da administração.

Um programa de satisfação de clientes deve ser visto como meio e não como fim. É um processo que não termina nunca. A empresa deve se comunicar constantemente com seus clientes, recebendo feedback dos resultados e transformando-os em ações estratégicas de marketing.



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3 - Percepções da administração em relação à satisfação dos clientes

Os administradores devem ser encorajados a participar, como entrevistados, em levantamentos. Assim, eles podem avaliar a qualidade dos produtos ou serviços da organização e estimar o nível de satisfação das interações da empresa com seus clientes. Essa avaliação gerencial do levantamento deve utilizar os mesmos atributos e escalas do programa de satisfação de clientes, além de fazer uso também do mesmo questionário. Ao avaliar objetivamente o desempenho de seus funcionários e os procedimentos, a administração pode aceitar mais facilmente a avaliação feita pelos clientes.

O levantamento para avaliação da administração pode ser conduzido pela área de pesquisa de marketing ou por consultoria externa. Entre os resultados específicos da avaliação da administração, incluem-se os seguintes:


  • Percepção das prioridades dos clientes;
  • Percepção da empresa em ajustar seus padrões de desempenho às prioridades dos clientes;
  • Atitudes em relação aos programas internos de satisfação de clientes e á melhoria da qualidade.

Como resultado da coleta dessas informações, pode ser feita uma análise para verificar se a administração está cuidando da classificação das prioridades dos clientes em relação aos atributos do produto e os níveis de satisfação dos clientes com os produtos atuais.



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4 - Auditorias por compradores / clientes fantasmas

Uma empresa pode contratar compradores fantasmas diretamente ou utilizar uma empresa de pesquisa para desenvolver a forma de observação, organizar equipe de compradores e compilar os resultados da pesquisa. Os compradores, selecionados com diferentes critérios de fatores demográficos, visitam, telefonam ou fazem contatos com lojas, filiais ou revendedores em diferentes ocasiões do dia, em dias diferentes da semana.

Durante o contato, os compradores fazem perguntas sobre condições de compra ou fazem reclamações sobre produto ou serviço específico. Geralmente, os principais focos de avaliação são os serviços prestados ao cliente, o processo de venda e a capacidade de os funcionários lidarem com reclamações.



Fatores demográficos são aqueles fatores que procuram identificar características tais como idade, sexo, religião, renda, classe social, ocupação etc.



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Como qualquer programa de informações, o exercício da compra fantasma deve iniciar pelo estabelecimento dos objetivos e dos critérios a serem avaliados. O próximo passo é a montagem do formulário de observação, o qual pode ser padrão, fornecido por empresa de pesquisa ou ajustado às suas necessidades. Após especificar as qualidades da observação (padrões contra os quais os critérios a serem avaliados são comparados), é importante perceber que a avaliação do comprador fantasma é limitada ao que ele pode ver e experimentar. Assuntos como a política da empresa ou o que acontece em estágios anteriores ao seu atendimento não podem ser mensurados por meio de uma compra fantasma.

Desde que os critérios de observação sejam estabelecidos, os compradores estudam o formulário para familiarizar-se com os assuntos que serão focados. Às vezes eles são designados para procurar saber sobre determinado produto. Logo após, pois as informações coletadas não podem ser esquecidas, interagir com os funcionários da empresa, eles preenchem detalhadamente o formulário de observações e especificam o maior número possível de particularidades.

Os resultados das observações são depois compilados e analisados da mesma forma que qualquer outro formulário de pesquisa. Para que um programa de compra fantasma seja bem-sucedido é preciso conduzi-lo em base regular – toda semana, mês ou período de seis meses. Os compradores devem fazer rodízio para não ser reconhecidos pelos funcionários.



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As informações provenientes desses programas vão além da avaliação de funcionários específicos. Elas fornecem descrição clara e objetiva dos esforços de pós-marketing que podem ser comparados diretamente com as percepções dos clientes e da administração.

Talvez mais controvertido do que a compra fantasma seja a monitoria realizada pela administração. Várias empresas usam algum tipo de supervisão gerencial ou monitoria eletrônica para determinar a qualidade dos serviços prestados pelos funcionários. Funcionários de serviços, desde porteiros de hotéis até corretores de ações, estão sendo monitorados de forma indireta ou direta por telefones, terminais de computadores, câmeras de vídeo ou outros equipamentos.

Apesar de alguns aborrecimentos sobre a ética dessas práticas e a invasão dos direitos individuais de privacidade, alguns administradores são bem-sucedidos ao usar o monitoramento para melhorar a qualidade e a produtividade sem alienar os funcionários.



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5 - Visitas aos clientes

Até certo grau, o oposto da compra fantasma é a prática de visitas a clientes. Tais visitas ajudam a administração a coletar informações sobre necessidades e percepções dos clientes de maneira relativamente informal. Esse é o caso de produtos ou serviços complexos, ambíguos ou novos, em que o contato pessoal e a investigação são necessários. Também são importantes quando os objetivos da pesquisa incluem observação do ambiente do cliente, exploração de suas reações individuais ou geração de idéias para novos produtos.

Para implantar programa bem-sucedido de visitas a clientes, a empresa deve:

  • Primeiramente estabelecer os objetivos e em seguida
  • Identificar que clientes devem ser visitados.
  • Selecionar e treinar a equipe de visitas. A equipe pode consistir de uma pessoa, como um gerente que tenha forte impacto no processo de tomada de decisão ou mesmo um gerente e um representante da área de produção, para produtos muito técnicos.
  • Desenvolver um roteiro de discussão que detalhe a busca da informação sem responsabilizar injustamente o cliente, seguida da condução das entrevistas que são acompanhadas por sessões de avaliação.
  • Analisar e preparar o relatório das descobertas.

Acredita-se que as visitas a clientes oferecem à administração avaliações relativamente objetivas dos níveis de satisfação oferecidos por uma empresa, seus bens e serviços.



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Investigação: O Carro que não gostava de sorvete de baunilha

A história a seguir, que circula entre os principais especialistas em atendimento ao cliente, demonstra a necessidade de uma visita ao cliente quando da necessidade de uma investigação.

O caso começa quando o gerente da divisão de carros da Pontiac, da General Motors americana, recebe uma curiosa carta de reclamação de um cliente, a qual dizia:

“Esta é a segunda vez que mando uma carta para vocês, mas não os culpo por não me responderem. Eu posso parecer louco, mas o fato é que temos uma tradição em nossa família de tomar sorvete após o jantar. Repetimos este ritual todas as noites, variando apenas o sabor do sorvete. Eu sou o encarregado de ir comprá-lo. Recentemente, adquiri um novo Pontiac e, desde então, minhas idas à sorveteria se transformaram num problema. Sempre que compro sorvete de baunilha, na volta da loja para casa o carro não pega. Se compro qualquer outro tipo de sorvete, o carro funciona normalmente. Os senhores devem achar que estou realmente louco, mas não importa quão tola possa parecer a minha reclamação.”

O empregado da GM que recebeu a carta resolveu levar a reclamação do cliente a sério e mandou um engenheiro conversar com ele.

O funcionário e o reclamante, um senhor bem-sucedido na vida e dono de vários carros, foram juntos à sorveteria no fatídico Pontiac. O engenheiro sugeriu que fosse comprado o sorvete com sabor de baunilha e o carro efetivamente não funcionou. O funcionário da GM voltou nos dias seguintes, à mesma hora, fez o mesmo trajeto, variando apenas o sabor do sorvete. O carro só não pegava na volta quando o sabor escolhido era o de baunilha.

O caso acabou virando uma obsessão para o engenheiro, que passou a fazer experiências diárias, anotando e investigando todos os detalhes possíveis. Após duas semanas, ele chegou a primeira grande descoberta: quando o sorvete escolhido era de baunilha, ele gastava menos tempo na loja, porque esse tipo de sorvete estava acondicionado bem na frente da geladeira.

Examinando o carro, o engenheiro concluiu: como neste caso o tempo gasto com a compra era muito menor em comparação com o tempo gasto com a compra de outros sabores, o motor não chegava a esfriar.

Com isso, os vapores de combustível não se dissipavam, impedindo que a nova partida fosse instantânea.

Desde então, a Pontiac mudou o sistema de alimentação de combustível, introduzindo a alteração em todos os modelos a partir da linha de 99.

O autor da reclamação ganhou um carro novo, além da reforma do que não pegava com sorvete de baunilha.

A GM distribuiu também um memorando interno, exigindo que seus funcionários levassem a sério todas as reclamações, até as mais estapafúrdias, “porque pode ser que uma grande inovação esteja por trás de um sorvete de baunilha.”



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6 - Mudança de orientação da administração de marketing

Com a crescente ênfase em relacionamentos com clientes, a estrutura organizacional pode necessitar ser mudada. Ironicamente, o departamento de serviços a clientes (se existir) será, provavelmente, a primeira vítima da reestruturação de uma organização. A administração descobrirá que o marketing de relacionamento não pode ficar situado em um único departamento. Ele deve existir como filosofia em toda a empresa.

A segunda vítima será a forma tradicional de pensar das pessoas existentes em muitos departamentos de marketing. Elas estão desacostumadas a ficar na linha-de-frente, em interação direta com o cliente, confiando o trabalho às equipes de venda. Em uma organização orientada para o pós-marketing, o departamento de marketing necessitará adotar papel muito mais interativo com os clientes.



Linha-de-frente designa o conjunto de funcionários que tem contato direto com o consumidor, tais como vendedores, caixas, garçons, caixas de banco, atendentes de vôo etc.




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Talvez, possa se considerar que essas tarefas interativas fossem mais adequadas em departamento de serviços aos clientes; separado e dirigida por diretor de serviços da empresa. Mas o marketing já possui a experiência de trazer informações dos clientes para a empresa, mesmo que sob perspectiva limitada. O departamento de marketing possui todas as habilidades necessárias para iniciar esforço de pós-marketing com sucesso.

Nenhuma das novas funções deve ser vista como um conflito de interesses para o marketing. De fato, a maioria dos departamentos de marketing constatarão que suas experiências reais de marketing orientado para o cliente são compatíveis com as demandas mais exigentes de pós-marketing.

Essa mudança da orientação empresarial passa por pontos-chaves que são a base do processo de relacionamento com o cliente: a mudança na cultura organizacional no que se refere a clientes, o consentimento aos funcionários, o trabalho em equipe, programas adequados de treinamento, a contratação das pessoas certas para os lugares certos e a recompensa pelo bom desempenho.



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Módulo 01 – O Marketing de Relacionamento começa na Empresa

Resumo

O marketing de relacionamento requer compromisso organizacional para as técnicas de pós-marketing a serem adotadas.

O marketing de relacionamento é adotado para fornecer produto, bem ou serviço, de qualidade.

Desenvolver relacionamentos bem-sucedidos exige prática constante e intensa de técnicas de pós-marketing. Um dos esforços mais óbvios é coletar informações dos clientes.

O processo de determinar como os clientes se sentem e o que eles desejam, para depois transformar essas informações em ações de administradores e funcionários, é um processo complicado.

Existem inputs de informações que devem ser conciliados (freqüentemente eles estão em conflito) e depois incorporados ao planejamento administrativo. São eles: resultados dos programas de satisfação de clientes, percepções da administração em relação à satisfação dos clientes, auditorias por compradores/clientes fantasmas e observações coletadas em visitas a clientes.

O programa de satisfação de clientes é uma realidade que verifica as práticas de negócios ou produtos de uma empresa. Estabelece uma ponte entre a administração de marketing e a administração da qualidade, fornecendo feedback de apoio para modificar produtos, ajustando-os para melhor atender às necessidades e desejos do cliente.

Um programa de satisfação de clientes deve ser visto como um meio e não como um fim. É um processo que não termina nunca. A empresa deve se comunicar constantemente com seus clientes, recebendo feedback dos resultados e transformando-os em ações estratégicas de marketing.

Os administradores devem ser encorajados a participar, como entrevistados, em levantamento. Assim eles podem avaliar a qualidade dos produtos ou serviços da organização e estimar o nível de satisfação das interações da empresa com seus clientes.

Uma empresa pode contratar compradores fantasmas selecionados com diferentes critérios de fatores demográficos, que visitam, telefonam ou fazem contatos com lojas, filiais ou revendedores em diferentes ocasiões do dia, em dias diferentes da semana para fazer perguntas sobre condições de compra ou fazem reclamações sobre um produto ou serviço específico.

O oposto da compra fantasma é a prática de visitas a clientes que ajudam a administração a coletar informações de maneira relativamente informal quando se tem produtos ou serviços complexos, ambíguos ou novos, em que o contato pessoal e a investigação são necessários ou quando os objetivos da pesquisa incluem observação do ambiente do cliente, exploração de suas reações individuais ou geração de idéias para novos produtos.

Com a crescente ênfase em relacionamentos com clientes, a estrutura organizacional pode necessitar ser mudada. A principal vítima da mudança organizacional é a forma tradicional de pensar das pessoas existentes em muitos departamentos de marketing, desacostumadas a ficar na linha-de-frente, em interação direta com o cliente, confiando o trabalho às equipes de venda.



Unidade 2 Módulo 2
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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade
1 - O produto “atendimento”

Existem, hoje, muitas opções de compra no mercado, grande variedade de produtos e de pontos de venda. Se no passado, o ato de consumir criava algum grau de dificuldade, o consumo atual, bate à porta das casas do consumidor. Não é rara a compra de artigos que nem mesmo estejam sendo necessitados.

Em um ambiente de tantas facilidades, o que pode ser considerado um produto de primeira necessidade? E um produto de valor? O que é um produto delicado ou gostoso?



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade
Em um mercado tão competitivo, com o cliente cada vez mais exigente e consciente de seus direitos, um bom atendimento é o que existe de mais importante, mais valoroso mais delicado e mais gostoso! Este sim é um produto:

• de primeira necessidade: com todas as facilidades de compra, o diferencial é o atendimento;
• valoroso: o atendimento tem o poder de agregar ou desagregar valor a qualquer produto;
• delicado: o atendimento pode ser o mais simples e natural de todos os produtos, mas ao mesmo tempo tão delicado que, num olhar, ou numa única palavra, pode tornar-se um verdadeiro desastre;
• gostoso: dizem que o atendimento é a cereja do sorvete, mas ele é até mais do que o próprio sorvete. Pense em uma ocasião que, mesmo com apetite, o barulho, o descaso dos garçons e a toalha suja, fizessem com que você saísse de um restaurante, trocando o desconforto da fome por uma irritadiça dor de estômago.

Atendimento é isso tudo e muito mais. Questiona-se onde ele começa e onde ele termina. Cada vez mais ele começa a cada contato do cliente, mesmo que não seja o primeiro contato, mesmo que o cliente já tenha um histórico positivo de atendimento; a cada novo contato, é necessário renovar e provar a competência no atendimento. E por assim ser, não termina nunca.



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade

2 - O conceito do atendimento

O atendimento pode ser classificado em duas grandes naturezas:

atendimento mudo
atendimento atitudinal

E mesmo que uma empresa pudesse garantir a contratação dos melhores e mais competentes profissionais do mercado, o melhor atendimento ainda não poderia ser garantido. Até porque a qualificação e o comprometimento dos funcionários são fundamentais para o atendimento, porém não são suficientes.

Talvez o grande erro da maioria das empresas seja imaginar que prepara o pessoal para o bom atendimento seja apenas trazer o funcionário para a sala de aula, com alguns filmes, transparências, apostilas etc., ensinar-lhes como voltar para a loja e, com base em um curso, oferecer o tão desejado bom atendimento.


O funcionário volta para a loja; aprendeu como sorrir, como cumprimentar, como ser gentil e atencioso com o cliente; volta do treinamento tão empolgado que, de fato, aplica este aprendizado por 10 dias, ou uma semana, até que tudo cai no esquecimento e ele já não se lembra bem do relacionamento. A questão é que, em muitos casos, não há consistência entre o discurso feito no treinamento e as ações de fato praticadas na loja. Por isso a necessidade de se considerar a segunda etapa: o desenvolvimento de uma cultura de atendimento.



Atendimento atitudinal é aquele com interface entre funcionário e cliente, em que se estabelece um relacionamento interpessoal empresa X cliente. É nesse atendimento que reside, em maior grau, toda a arte do bom atendimento. É o atendimento que depende da atitude do funcionário da empresa.



No atendimento mudo, entende-se que a loja fala com o cliente por intermédio de sua iluminação, da limpeza, da música ambiente, dos produtos, da forma como eles estão expostos, do uniforme dos funcionários, das ferramentas de comunicação, da de sua precificação, que é o processo de formação do preço de um produto, etc.



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade
3 - Desenvolvimento de uma cultura de atendimento

Como a empresa quer relacionar-se com o cliente? Como deseja ser vista pelo cliente? Quais os valores perseguidos para esse atendimento? Que política de atendimento adotar para a empresa estar conectada a essa cultura de atendimento? Como o cliente interno é tratado? Qual o modelo de atendimento que o nosso cliente interno recebe? Que ações devem ser implementadas para envolver a todos nesse processo? Como obter feedback sobre o atendimento oferecido? Como dar feedback aos funcionários?

Essas e outras questões possibilitam a definição de uma cultura de atendimento que pode dar suporte à estratégia de atendimento. Feito isso, é necessário gerar uma conspiração, onde todas as áreas da empresa participem, em prol dessa cultura de atendimento. Todos, juntos, trabalham na mesma causa, na mesma direção, integrados em um objetivo comum.

Apenas depois de incorporada a cultura de atendimento, pode-se falar da seleção e da formação da equipe para o atendimento.

Capacitação do pessoal do atendimento - O bom atendimento começa na contratação dos profissionais que mantêm contato direto e/ou indireto com o cliente. No perfil dos profissionais desejados, além das características técnicas e operacionais, é fundamental buscar pessoas que possam estar identificadas com os valores da cultura de atendimento.


Podemos considerar três níveis de contato com o cliente:

Contatos de 1º Grau: São os contatos em que a interação da empresa com o cliente é indireta, como em mala direta ou propaganda de televisão.

Contatos de 2º Grau: São aqueles em que o contato com os funcionários é realizado em parte diretamente e parte indiretamente, como no caso de uma ligação ou uma entrega.

Contatos de 3º Grau: São aqueles em que a interação atinge seu grau máximo por meio de vendedores, atendentes, caixas etc.



A integração de todos os setores de uma empresa em prol da satisfação do cliente é um processo lento e complicado. É conhecido como Marketing Integrado.



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade
Se por exemplo, na cultura de uma empresa é importante que haja atenção para com o cliente, a opção é pelo candidato que apresentar interesse e habilidade em dar atenção ao cliente, como algo natural e prazeroso.

Aqui é importante ressaltar que essa preocupação em trazer pessoas que se identifiquem com o atendimento não se atém apenas aos cargos que possuem interface direta com o cliente, mas também aqueles que, embora não mantenham esse contato, devem trabalhar com foco no cliente.

Uma vez admitido, o profissional deve então passar por treinamento global, onde é desenvolvido conteúdo que apresente a cultura de atendimento da organização, o perfil do consumidor, seus desejos e expectativas de atendimento, a política e a estratégia de atendimento, bem como a conexão entre cultura e estratégia.

Estes são conceitos que desenvolvem a macro visão do atendimento naquele negócio, objetivando dar ao funcionário sentido para o atendimento, bem como dar alguma direção para o atendimento, inclusive em situações imprevisíveis.



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade
A seguir, o funcionário passa para uma fase de treinamentos específicos, onde é dada ênfase ao domínio técnico e operacional específico a cada cargo ou função, como também ás exigências comportamentais do atendimento.

Treinamento técnico operacional: são programas que desenvolvem conhecimento e habilidades que irão servir como ferramenta básica para garantir a eficiência no atendimento, tais como o conhecimento do produto, técnicas de exposição, manipulação de produtos, precificação de mercadorias, utilização e manutenção de equipamentos, segurança no trabalho etc.

Treinamento comportamental: são programas que desenvolvem atitudes favoráveis à relação interpessoal funcionário X cliente e que estão fundamentados pelos valores da cultura de atendimento.



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade
4 - Atendimento telefônico

Se o atendimento feito pessoalmente é delicado, imagine o atendimento telefônico. Ele é ainda mais delicado, pois nesse caso não se podem utilizar outros recursos de comunicação, como o contato visual, a leitura corporal, o sorriso e todas as outras expressões que, se bem utilizadas, em muito contribuem no atendimento.

Geralmente, é mais difícil imprimir atenção, interesse, cortesia em contato telefônico, tanto para quem oferece o atendimento quanto para quem recebe. As pessoas também parecem sentir-se menos comprometidas quando não há o contato pessoal.

Talvez, por tudo isso, o atendimento telefônico represente um dos principais pontos de atrito no que se refere á formação de boa imagem e relações entre empresas e consumidores.

Como primeiro passo deve-se conscientizar o profissional da importância de seu papel, traçando paralelo entre a imagem da empresa e o contato telefônico, conscientizando esse profissional de que, sob a ótica do cliente, em cada toque, o atendimento é feito pela empresa, não pelo funcionário. É a empresa que está falando do outro lado da linha.



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade

Tão importante quando saber o papel estratégico de quem recebe a ligação é saber como atender uma ligação. Torna-se necessário demonstrar a importância da disponibilidade de linhas desocupadas, o atendimento no primeiro toque, a identificação de quem está atendendo, o tom de voz e a atenção exclusiva àquela ligação, sem atividades paralelas.

Um bom atendimento telefônico passa pela eficiência e cortesia, o que é proporcionado por:

• informação e atualização sobre o que acontece na empresa e de que maneira;
• conhecimento do organograma e nome dos responsáveis;
• conceito de seção e linha de produtos;
• conhecimento sobre ofertas, campanhas promocionais;
• conhecimento dos procedimento básicos de relacionamento;
• conhecimento dos tipos de pagamento aceitos, política de troca de mercadorias, horário de funcionamento, endereço e telefone de filiais etc.



Atendimento no primeiro toque - Consumidor algum gosta de ouvir o telefone chamar mais do que três vezes. Se durante o processo de busca de informação para a compra, ele desligará e ligará para o concorrente. Atendimento ao primeiro toque significa prontidão.




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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade
5 - Atendimento e serviços ao cliente

Os diversos tipos e formatos de empresas que atendem ao consumidor final oferecem diferentes níveis de serviços de atendimento, alguns com gama mais limitada e outros com linha mais extensa de serviços. Costuma-se classificar os níveis de serviços de atendimento em quatro alternativas:

• Auto-serviço;
• Auto-seleção;
• Serviços limitados;
• Serviços completos.

Os consumidores percebem que existe custo associado aos serviços e que as lojas que oferecem serviços completos, em geral, praticam preços mais altos do que aquelas que oferecem serviços básicos. Existem segmentos de consumidores que acham que vale a pena pagar pouco mais para receber serviços mais completos, enquanto outros, mais sensíveis ao preço, dispensam isso em troca de preços menores.



As características do auto-serviço refletem os aspectos básicos oferecendo apenas serviços essenciais. Nesse tipo de atendimento, em troca de maiores economias de dinheiro, os próprios consumidores efetuam suas compras, desempenhando as atividades localização, seleção e compra dos produtos (ex.: clubes de compra). As informações disponíveis são aquelas obtidas pela sinalização da loja ou nos rótulos e embalagens dos produtos.



Na auto-seleção também há uma ênfase no preço baixo, e os próprios clientes encontram os produtos desejados. Há, porém, uma oferta de instalações mais confortáveis e uma apresentação interna mais agradável. Quando solicitado, os funcionários prestam assistência. Os clientes completam a transação no caixa (ex: supermercados).



Os serviços limitados são, em geral, adotados pelos varejistas que operam com linha de produtos de compra comparada, para os quais os consumidores necessitam de maior informação e ajuda. Essas lojas também oferecem alguns serviços, como crediário, ajustes em produtos, entregas em domicílio, necessitando de funcionários mais bem treinados (ex.: lojas de departamento).



Serviços completos são oferecidos nas lojas com estratégia de posicionamento orientado aos serviços. O pessoal de vendas é especializado e está disponível para ajudar em todas as fases do processo de compra. Atendem clientes que gostam de ajuda, mesmo sabendo que estão pagando mais caro pelos serviços oferecidos. Oferecem serviços especiais, como aconselhamento especializado, locais de espera confortáveis para os acompanhantes dos compradores, locais para as crianças. (ex.: lojas de decoração).



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade

Os serviços de atendimento podem ser classificados em três categorias de acordo com o momento do processo de compra do consumidor: a pré-transação, a transação e a pós-transação. Os serviços são desenvolvidos para proporcionar facilidades ao consumidor e aumentar o poder de atração.

A classificação dos serviços nessas três categorias pode ser também relacionada com o já clássico modelo dos cinco estágios do processo de compra. Os serviços de pré-transação participam dos três primeiros estágios, especialmente nas etapas de busca de informação e de seleção das alternativas; os serviços de transação ajudam no estágio de decisão de compra; e os serviços de pós-transação estão relacionados com o último estágio do processo de compra que é a reação pós-compra.



Pré-transação é o momento em que o consumidor procura facilidades para comprar os produtos da empresa ou aprender sobre eles.



Transação é o momento em que o consumidor busca facilidades para que o negócio possa ser fechado.



Pós-transação é o momento em que se deve buscar informações sobre a satisfação do cliente com a compra.



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Módulo 01 – Marketing de Relacionamento começa na Empresa

O consumidor, normalmente, passa por cinco estágios durante o processo de compra de algum produto:

1. Identificação da necessidade: Neste momento o consumidor sente falta de algo e inicia o seu processo de compra. Por exemplo, para a preparação de uma macarronada falta o molho de tomate.

2. Busca de informações: o segundo estágio é marcado pela busca de informações sobre todos os produtos, marcas e fornecedores que possam satisfazer uma necessidade ou desejo. Por exemplo, para comprar um automóvel, normalmente, uma pessoa visita várias agências, compara modelos, preços, pega vários prospectos, folhetos etc.

3. Análise das informações:
de posse das informações coletadas, o ciente passa a verificar cada ponto obtido e analisar o custo-benefício, procurando obter a máxima satisfação. Por exemplo, para comprar um computador, um consumidor, visitou várias lojas e conversou com várias pessoas. Agora ele passa a analisar o que ele precisa de um computador para então decidir qual o mais apropriado.

4. Compra: este é o momento de ir ao local escolhido adquirir o produto desejado. A compra será efetuada no local escolhido caso seja agradável ao consumidor realizar a compra neste local. Caso contrário, ele irá embora e iniciará todo o processo novamente. Por exemplo, caso, após ter escolhido em que restaurante jantar, um casal demore a ser atendido ou tenha que esperar por uma mesa, ele pode ir embora e procurar outro restaurante.

5. Pós-venda: aqui se verifica a resposta da satisfação do cliente. Caso ele tenha sido bem atendido e satisfeito em suas necessidades, ele tenderá a voltar uma próxima vez. Caso contrário, não apenas não voltará, como também contará de sua insatisfação para uma média de 11 pessoas.



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade

Os serviços de pré-transação, como o nome já indica, são aqueles oferecidos ao consumidor antes de iniciar a transação e, muitas vezes, antes mesmo do contato vendedor-comprador. Tratam-se de estímulos que servem para atrair o consumidor e efetuar transação:

• Estacionamento
• Horário de funcionamento
• Informações
• Merchandising
• Contato e experiência com o produto

 


Os serviços de transação são aqueles que são oferecidos aos consumidores quando eles estão comprando um produto ou transacionando um negócio:

• Crediário;
• Embalagem e empacotamento;
• Disponibilidade da mercadoria;
• Rapidez e facilidade no caixa;
• Atendimento do pessoal de vendas.



O estacionamento é um serviço muito valorizado, especialmente nas cidades de médio e grande porte. Deve ser amplo, de fácil acesso, próximo à loja e com recursos de segurança por meio de boa iluminação e presença de vigilantes.



As mudanças nos estilos de vida e a fuga dos congestionamentos de trânsito vêm estimulando número crescente de consumidores a fazer suas compras no fim-de-semana ou à noite. Cada vez mais as lojas oferecem horários estendidos, para conquistar a preferência dos consumidores e é crescente o número de estabelecimentos que funcionam 24 horas, como supermercados, farmácias, postos de gasolina e lojas de conveniências nas quais o processo de compra é imediato e sem comparação de preços.



Antes de iniciarem a decisão de compra, os consumidores buscam informações sobre mercadorias disponíveis, preços, condições de pagamento e de crédito, horário de funcionamento e outras relativas à loja e aos serviços oferecidos. Muitas vezes, essa busca por informações é feita ainda em casa, por telefone ou pela Internet.



Merchandising é o conjunto de ações realizadas “no ponto de venda”, buscando colocar o produto certo, com o preço certo, no lugar certo, no momento certo, com o apelo mercadológico adequado.
A “falta de tempo” e a busca pela conveniência estão cada vez mais presentes no processo de compra do brasileiro. Ao entrar em uma loja, o consumidor que obter rapidamente informações sobre os produtos disponíveis, preços, características, enfim, todas as informações necessárias para que possa, com facilidade, realizar uma avaliação das alternativas que a loja oferece. Layout, isto é, a formatação da loja, vitrines, prateleiras e caixas com placas indicativas de alta visibilidade, arrumação lógica e bem sinalizada das categorias dos produtos, etiquetas legíveis com descrição dos itens são serviços cada vez mais valorizados pelos consumidores.



Deve-se possibilitar e até mesmo encorajar o contato físico dos consumidores com o produto. Pegar o produto, sentir sua textura, cheirar, são experiências sensoriais que estimulam o interesse pelo produto. Demonstrações que instruem como utilizar o produto e degustações de produtos alimentícios são serviços altamente valorizados. Na venda de automóveis, por exemplo, os chamados test-drive são experiências que despertam grande interesse.


O crédito ao consumidor vem se tornando um serviço essencial, muito valorizado, pois permite a ele comprar no momento e pagar depois. Por meio do crédito, as compras são estimuladas. Normalmente, as formas de crediário mais oferecidas são o sistema próprio de crediário (ex.: Riachuelo), o sistema próprio de cartão de crédito (ex.: Carrefour), sistema de crédito de terceiros (ex.: VISA, Mastercard) e o aceite de cheques pré-datados.



As embalagens desempenham múltiplas funções como proteger a mercadoria, facilitar o transporte e identificar a logomarca do fornecedor, servindo assim, de promoção do vendedor. Muitas lojas oferecem também o serviço de fazer pacotes para presentes, com laços, fites papel ou caixas especiais.



Os varejistas procuram disponibilizar os produtos para que o consumidor possa sempre encontrar facilmente o que está procurando. A disponibilidade atende a uma expectativa do consumidor e é percebida como uma “obrigação” da loja. A falta de produtos causa um grande desapontamento nos consumidores. Em algumas situações, ele poderá trocar o produto procurado por um substituto; em muitas outras situações, ele irá visitar o concorrente e, se essa situação se repetir muitas vezes, excluirá aquela loja como uma de suas alternativas.



Um dos aspectos da experiência de compra que mais desagradam ao consumidor é a lentidão no processo de pagamento. Deve-se buscar soluções tecnológicas e operacionais que simplifiquem e agilizem todo o processo na frente do caixa, procurando meios para evitar a falta de troco, agilizar a autorização do cheque, minimizar a ocorrência de preços errados e dos erros e dúvidas dos operadores. O código de barras e a informatização dos caixas vêm ajudando a agilizar o atendimento.



Atendimento do pessoal de vendas com boa vontade, cordialidade e competência são atributos essenciais de todos os funcionários que mantêm uma interação com os consumidores, não importa se aloja adota o sistema de auto-serviço ou de atendimento personalizado. As empresas podem adotar três estilos de atendimento: o intenso e pessoal, a assistência básica e o auto-serviço.

Intenso e pessoal é o atendimento que ocorre em lojas especializadas como joalherias e óticas, nas quais a presença e intensa interação entre o pessoal de vendas e o consumidor são fatores essenciais para que a transação se desenvolva.

Assistência básica é o sistema utilizado em grandes lojas de departamento, em que os funcionários estão à disposição para ajudar os consumidores em seu processo de compra. O layout, a departamentalização, a sinalização e a exposição dos produtos permitem, porém, que o consumidor realize seu processo de compra sem o envolvimento do pessoal de vendas.

Auto-serviço ó o tipo de atendimento adotado em lojas como supermercados, em que os consumidores realizam, sem a ajuda da equipe da loja, a seleção dos produtos.



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade

Os serviços de pós-transação, como o nome indica, são aqueles oferecidos aos consumidores após eles terem realizado a compra do produto: entrega, ajustes e concertos, montagens e instalações, devoluções e gerenciamento das reclamações.

Entrega - Muitas vezes o serviço de entrega torna-se indispensável pelo volume e peso dos produtos. Esses serviços são altamente valorizados em lojas localizadas próximo a estações de transporte coletivo e em regiões de baixa renda nas quais os consumidores não possuem automóveis. Também para o segmento de terceira idade, é um fator de competitividade. A entrega pode ser realizada por frota própria ou terceirizada.

Ajustes e consertos -Muitas lojas de confecções, especialmente as que vendem produtos de qualidade superior, oferecem serviços de ajustes de roupas. Lojas que vendem aparelhos, equipamentos e veículos costumam prestar serviços de reparo e assistência técnica, especialmente durante o período de garantia. A qualidade e presteza desses serviços têm forte peso no reforço da imagem dessas lojas.

Montagens e instalações - Lojas que vendem móveis, carpetes ou outros itens, como exaustores, aparelhos de ar-condicionado e computadores, costumam prestar ou terceirizar serviços de montagem e instalação. Costuma-se considerar estes serviços como parte integrante do produto comprado.

Devoluções - As diretrizes sobre devoluções e trocas variam de empresa para empresa. A facilidade de realizar a troca de produtos é uma característica muito valorizada pelos consumidores. Existem varejistas que não permitem a devolução, outros que permitem a troca por outro produto e aqueles que praticam a política da “satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”.



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade

Gerenciamento das reclamações - Quando fazem reclamações, os consumidores esperam que se adote uma postura receptiva e compreensiva e que se mostre empatia com o seu desapontamento, ou seja: o consumidor quer ser ouvido com atenção. Essa compreensão implica procurar atender o consumidor, mesmo quando ele não esta certo. A forma pela qual se responde a uma reclamação poderá superar de tal forma a expectativa do consumidor que poderá transformá-lo de cliente insatisfeito em muito satisfeito. As reclamações podem e devem ser vistas positivamente, pois oferecem uma chance para identificar o erro e corrigir além de servir como ótima fonte de informação sobre os produtos e outras atividades da organização.

Muitas empresas estão implantando um serviço de atendimento ao consumidor para lidar com as reclamações e estimular o desenvolvimento de um fluxo de comunicação entre ela e seus clientes. É importante que este serviço não só seja operado por pessoal bem treinado a lidar com reclamações, ma também procure canalizar essas reclamações para que os problemas possam ser solucionados. Existem alguns tipos mais freqüentes de reclamações de clientes que podem ser citados:


1. Reclamações relacionadas com o produto: baixa qualidade, falta de produtos, produtos estragados ou incorretos;

2. Reclamações relacionadas com o preço: desacordo entre o preço exposto na loja e o preço no caixa, preços acima da concorrência;

3. Reclamações relacionadas com promoções: falta de produtos anunciados ou baixa qualidade de produtos anunciados;

4. Reclamações relacionadas com atendimento: má vontade, incompetência, desonestidade, demora no atendimento, fiscalização ostensiva contra roubos;

5. Reclamações relacionadas com serviços: atraso na entrega ou entrega incorreta ou ainda perda de produtos na entrega, ajustes e consertos inapropriados, erro nas cobranças;

6. Reclamações relacionadas com as instalações: higiene dos banheiros, limpeza da loja, estacionamento inadequado, odores e segurança.

O Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) consiste em um elo decisivo entre o consumidor e a empresa, uma vez que traz informações valiosas sobre o desempenho das marcas e a demanda por novos produtos. Sua importância é dupla: além de demonstrar o interesse do consumidor por determinado produto, funciona como um recurso estratégico no desenvolvimento e aperfeiçoamento dos produtos, de pesquisa de mercado e uma poderosa ferramenta de marketing quando trabalhado como realimentador de informações para a empresa. É um fator importante para a retenção de clientes.



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade
6 - O processo de Venda pessoal também é atendimento

De certa forma todos os funcionários de uma empresa que têm alguma interação com o consumidor desempenham alguma atividade de venda pessoal.

As atividades de venda pessoal têm grande importância para os varejistas desenvolverem suas vantagens competitivas. Os seguintes fatores merecem destaque:

• os funcionários da força de vendas são os primeiros a interagir com os consumidores numa relação face a face;
• o profissionalismo e as atitudes dos vendedores exercem grande influência em como os consumidores percebem o atendimento e têm um papel importante na melhoria ou no detrimento das impressões favoráveis dos consumidores sobre este atendimento;
• em muitos setores, os vendedores conseguem transformar os consumidores em clientes fiéis e construir relacionamento de longo prazo;
• funcionários mal treinados e pouco motivados prejudicam as vendas, comprometem o relacionamento com os clientes, cometem erros freqüentes e operam com baixa produtividade.



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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade

A habilidade da comunicação pessoal é a base para todo o processo de venda pessoal, no qual ocorre a troca de idéias e interesses entre o vendedor e o comprador. Os seguintes atributos e habilidades contribuem para o sucesso do vendedor: comunicabilidade, aparência pessoal, personalidade, conhecimento, atitude, saber ouvir, similaridade e adaptabilidade.

A venda pessoal é um processo que consiste em sete etapas:




Comunicabilidade significa facilidade na comunicação pessoal.



Personalidade refere-se à sociabilidade, honestidade, confiabilidade, gosto por pessoas, disposição para o trabalho e para ajudar, criatividade e entusiasmo.



Similaridade indica ser similar ao local onde trabalha. Lojas sofisticadas devem ter vendedores sofisticados, lojas de equipamento de mergulho devem ter vendedores mergulhadores.



Adaptabilidade significa adequar a linguagem, perceber necessidades, adaptar métodos de vendas, manter a identidade.



Preparação e prospecção
– o vendedor precisa estar familiarizado com os procedimentos operacionais da empresa para conseguir realizar suas funções. Essa preparação inclui também conhecer a filosofia da empresa, seu grau de autonomia para tomar decisões, as expectativas da empresa e de sua chefia sobre o seu desempenho como vendedor e todas as rotinas administrativas.

Conhecer profundamente a linha de produtos é ingrediente fundamental para o bom desempenho do vendedor. Muitos vendedores não conseguem responder satisfatoriamente às perguntas dos consumidores nem dar, por exemplo, explicação sobre as características que diferenciam dois produtos com faixas de preços diferentes.

Apenas parte dos consumidores que entra em contato com a empresa efetua compras. Muitos apenas querem ver as novidades ou estão ainda em estágios iniciais de seu processo de compra. Para lidar adequadamente com essas situações, os vendedores desenvolvem seus processos de prospecção, procurando identificar as pessoas que estão aptas a comprar o produto oferecido e que são capazes de pagar por ele. Os consumidores potenciais demonstram maior interesse pelo produto do que aqueles que “estão apenas olhando”.




Abordagem ao cliente
– Faz parte da cordialidade do vendedor contatar o consumidor assim que ele entre na loja, com um ato de boas-vindas e para mostrar-lhe que sua presença foi notada e apreciada. As impressões iniciais têm grande importância. A boa vontade e o interesse sincero em servir são emoções fundamentais, rapidamente captadas pelo consumidor.

O contato inicial deve ser de uma forma apropriada à situação e estimular qualquer necessidade do consumidor. Para isso se recomenda que se observe o consumidor por alguns segundos, procurando captar algumas informações, como, por exemplo, se ele está com pressa, se faz compras para si ou para outra pessoa, se está acompanhado, quais os tipos de produto que está procurando. O processo de comunicação deve fluir natural e agradavelmente, sem que as perguntas criem clima de interrogatório.



Determinação das necessidades do cliente
–Para saber que mercadorias oferecer, os vendedores precisam identificar as necessidades e desejos dos consumidores. Para isso deverão fazer perguntas e ouvir atentamente as respostas. A capacidade de ouvir deve ser estimulada, pois, em geral, as pessoas não são treinadas a ouvir.

O vendedor deve estar concentrado no cliente para poder desenvolver uma seqüência gradual de perguntas e conseguir não só ouvir atentamente cada resposta, mas também perceber alguma outra informação que o consumidor está lhe transmitindo via expressão corporal.




Apresentação de produtos e ajuda na seleção
: Essa é a etapa em que o vendedor apresenta o produto, descreve suas características e ressalta seus benefícios. Mostrar mais de um produto, com diferentes preços e características, poderá dar mais confiança no processo de escolha do consumidor. Analisando as reações, o vendedor vai conseguindo mapear com mais clareza as necessidade do consumidor.

O vendedor deverá estimular o consumidor a usar todos os seus sentidos para envolver-se com o produto, fazendo com que ele veja o produto, examine os detalhes, segure, cheire, ouça, prove e, se for o caso, experimente. Deve-se procurar criar no consumidor a viva impressão de que ele já possui o produto. Quanto maior a satisfação que o consumidor sentir nessa relação, maior será a sua vontade de comprar o produto e assim reviver sua experiência prazerosa.

O que motiva os consumidores a comprarem os produtos são os benefícios que eles proporcionam, e não suas características. Eles compram a utilidade do produto, isto é, o resultado final, e não o produto em si. Dessa forma, os vendedores devem vender os benefícios, quer sejam funcionais, quer sejam emocionais.




Administração e superação de objeções
– Na maior parte dos casos, o consumidor não compra o primeiro produto que lhe é apresentado, pois este não conseguir satisfazer-lhe integralmente. É nesse processo de escolha que surgem as objeções, tais como “estou achando caro”, “não gostei da cor”, “não é bem o que preciso”, “não sei se vai funcionar bem” etc. Para administrar e superar as objeções, os vendedores devem inicialmente encontrar a sua causa.

Depois, deve-se encarar a objeção como uma parte natural do processo de venda e como uma oportunidade para melhor atender a necessidade do consumidor. O vendedor não deverá criar uma situação de confronto, mas ouvir o cliente com atenção, demonstrando que está compreendendo a sua preocupação. Deverá então enfatizar aqueles benefícios do produto que possam minimizar estas preocupações.




Fechamento da venda
- Deve ser considerado como um momento muito especial, pois é pela venda que ocorre a convergência da satisfação de dois objetivos simultâneos: o do consumidor em atender a sua necessidade e o do vendedor em vender os produtos e assim cumprir a sua missão de satisfazer aos objetivos dos acionistas, funcionários e clientes. Ajudar a conduzir o consumidor para uma decisão de compra é função do vendedor.

O consumidor costuma dar algumas pistas, tanto verbais, quando corporais, sinalizando que já decidiu pela compra. O bom vendedor consegue identificar esses sinais e deve procurar imediatamente fechar a venda.

O vendedor deverá sempre sugerir produtos adicionais, o que pode estimular o consumidor a levar dois ou mais itens do mesmo produto, outro produto complementar ao comprado inicialmente, itens com preços promocionais, produtos que estejam na moda ou novidades que tenham acabado de chegar.




Follow-up
- O processo de pós-venda começa quando o processo de venda ainda está terminando, pois existem atividades a serem realizadas, tais como abertura de crédito, obtenção de dados cadastrais, pagamento no caixa, empacotamento. O vendedor deverá procurar tornar todo o processo agradável para o cliente e desenvolver um vínculo pessoal e respeitoso, tratando-o diretamente pelo seu nome e demonstrando interesse genuíno em satisfazê-lo. Deverá reforçar a boa vontade do cliente, agradecendo-o pela preferência e convidando-o a voltar sempre.

Por fim, o atendimento às reclamações e devoluções é uma das atividades mais sensíveis no pós-venda. Os funcionários que atendem aos clientes insatisfeitos precisam compreender claramente os procedimentos da empresa em tais situações. Não é uma tarefa fácil, pois os consumidores tendem a descarregar suas insatisfações no primeiro funcionário da empresa que encontram. Deve-se entender que a reação do cliente não é pessoal e aprender a lidar com o componente emocional dessa situação.




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Módulo 2 – Atendimento - O grande momento da verdade
Resumo

O atendimento pode ser classificado em duas grandes naturezas: o atendimento mudo e o atendimento atitudinal.

Como é que a empresa relaciona-se com o cliente? Como deseja ser vista pelo cliente? Quais os valores perseguidos para esse atendimento? Que política de atendimento adotar para a empresa estar conectada a essa cultura de atendimento? Como o cliente interno é tratado? Qual o modelo de atendimento que o nosso cliente interno recebe? Que ações devem ser implementadas para envolver a todos nesse processo? Como obter feedback sobre o atendimento oferecido? Como dar feedback aos funcionários? Essas e outras questões possibilitam a definição de uma cultura de atendimento que pode dar suporte à estratégia de atendimento.

O bom atendimento começa na contratação dos profissionais que mantêm contato direto e/ou indireto com o cliente.

Uma vez admitido, o profissional deve então passar por um treinamento global, onde é desenvolvido um conteúdo que apresente a cultura de atendimento da organização, o perfil do consumidor, seus desejos e expectativas de atendimento, a política e a estratégia de atendimento, bem como a conexão entre cultura e estratégia.

A seguir, o funcionário passa para uma fase de treinamentos específicos, onde é dada ênfase ao domínio técnico e operacional específico a cada cargo / função, como também ás exigências comportamentais do atendimento.

Talvez, por tudo isso, o atendimento telefônico represente um dos principais pontos de atrito no que se refere à formação de uma boa imagem e relações entre empresas e consumidores.

Costuma-se classificar os níveis de serviços de atendimento em quatro alternativas: auto-serviço, auto-seleção, serviços limitados e serviços completos.

Os serviços de atendimento podem ser classificados em três categorias de acordo com o momento do processo de compra do consumidor: a pré-transação, a transação e a pós-transação.

De certa forma, todos os funcionários de uma empresa, que têm qualquer interação com o consumidor, desempenham alguma atividade de venda pessoal.

A habilidade da comunicação pessoal é a base para todo o processo de venda pessoal, no qual ocorre a troca de idéias e interesses entre o vendedor e o comprador.

A venda pessoal é um processo que consistem em sete etapas: a preparação e prospecção, a abordagem ao cliente, a determinação das necessidades do cliente, a apresentação de produtos e ajuda na seleção, a administração e superação de objeções, o fechamento da venda e o follow-up.



Unidade 2 Módulo 3
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Módulo 03 - Endomarketing

1 - O que é Endomarketing

Em primeira aproximação, pode-se dizer que o endomarketing consiste em ações de marketing para o público interno da empresa, com o fim de promover valores destinados a servir o cliente entre os seus funcionários e departamentos.

Essa noção de cliente, por sua vez, transfere-se para o tratamento dado aos funcionários comprometidos de modo integral com os objetivos da empresa. O comprometimento implica adesão aos valores e objetivos da empresa por meio do endomarketing e pressupõe o trabalho em equipe, num contexto marcado pela cooperação e pela integração dos vários setores da empresa.

Muito mais do que um nome, endomarketing é um novo conceito, uma nova postura, uma ferramenta que corresponde a uma nova abordagem do mercado e da estrutura organizacional das empresas, ligadas a todo um contexto de mudanças. No novo cenário de economia orientada para o cliente, o endomarketing contribui decisivamente para a formação de um ambiente empresarial favorável ao conhecimento e aos valores compartilhados por todos que compõem uma empresa, do topo à linha de frente.



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Módulo 03 - Endomarketing

Aqui está a importância do endomarketing e de sua proposta de transformar o marketing em um valor presente em todas as atividades da empresa. O Departamento de Marketing mantêm-se com sua atividade especializada e seus especialistas, mas a mentalidade do marketing, seus valores e noções orientam a empresa em todos os seus níveis e atividades.

O endomarketing faz isso promovendo a integração dos setores em função do objetivo final da empresa e disseminando por toda a organização a noção de cliente interno, o que implica na valorização do funcionário. A valorização do funcionário, por sua vez, requer a ênfase no conhecimento, a prática do poder compartilhado, o aumento da capacidade de decisão de cada em seu devido setor e a devida recompensa.



A idéia de cliente interno pressupõe que cada tarefa dentro da empresa tem um fornecedor e um consumidor. Ex.: na confecção de uma roupa, as estilistas são fornecedoras das cortadoras de tecido e as costureiras são clientes destas últimas. Caso não haja satisfação entre elas, o consumidor final será prejudicado pela demora na entrega do produto ou por sua má qualidade.



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Módulo 03 - Endomarketing

2 - Fundamentos do Endomarketing

O endomarketing sempre existiu, mesmo que de maneira informal e intuitiva, nas empresas dirigidas com espírito de liderança integradora e eficiência. O objetivo desse processo é fazer com que os diversos departamentos e seus funcionários compartilhem os valores e objetivos da empresa. Deste modo, surge um processo de coesão e comunicação no ambiente interno.

A função do endomarketing é integrar a noção de cliente nos processos internos da estrutura organizacional para propiciar melhorias substanciais na qualidade de bens e serviços. Em outras palavras, o objetivo consiste em atrair e reter o cliente interno – os funcionários – com a função de obter resultados eficientes para a empresa, atraindo e retendo seus clientes externos. Essa é a importância básica do endomarketing para o resultado final da empresa: tornar-se mais eficiente e competitiva.

Já vimos que o endomarketing possui uma importância estratégica e, neste sentido, não pode ser separado do marketing. Sabe-se que na preparação de um bom plano estratégico deve ser realizada uma avaliação do cenário ambiental. Essa avaliação do ambiente externo é sempre feita com pleno uso dos recursos, mas normalmente limitados. Para tal, faz-se a pesquisa para identificar necessidades não satisfeitas dos clientes, analisa-se o ambiente econômico, tecnológico, social, cultural e até governamental do ambiente externo.

Mas, todo esse trabalho corre o risco de ser subtilizado, porque é incompleto. Falta a avaliação do ambiente interno da organização. A importância da avaliação do ambiente interno da organização é tão importante quanto a avaliação de seu ambiente externo. Guardadas as devidas proporções, é preciso conquistar primeiro o mercado dos clientes internos para, em seguida, lançar-se ao mercado externo. Não se pode partir do pressuposto de que todos vestem a camisa da empresa, pois isso nem sempre é verdade.



Plano estratégico nada mais é do que a oficialização do planejamento estratégico em um documento que possa ser lido pelos demais membros da organização.



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Módulo 03 - Endomarketing

Uma avaliação preliminar do ambiente interno implica algumas perguntas:

- Como está o moral do pessoal da organização?
- Quais são as necessidades não satisfeitas do grupo?
- Em que medida a cultura da organização entra em conflito com os objetivos estratégicos

Se for dada uma “olhadinha” para dentro da empresa, pode-se observar que nem tudo está no melhor dos mundos. E isso ocorre não só em função dos próprios desafios enfrentados pela organização, mas em conseqüência da existência de pontos de vista e interesse divergentes entre os vários departamentos da empresa. Esses conflitos devem ser administrados para que a cooperação prevaleça. A harmonia é sempre o resultado de administrar bem os interesses divergentes e, às vezes, conflitantes.



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Módulo 03 - Endomarketing

Por exemplo, o departamento de vendas gostaria de vender a um preço menor ou com mais descontos, já o pessoal de finanças acha que o preço está baixo e que os prazos de pagamento podem ser reduzidos. Por sua vez, a produção queixa-se das pressões que sofre, pois considera que perde um tempo precioso com essas pressões, um tempo que poderia ser investido em dar mais qualidade à fabricação padronizada do produto. Ou, então, há o conflito entre a visão necessariamente de curto prazo do departamento de marketing e a visão de longo prazo do departamento de pesquisa e desenvolvimento de produtos.

Esses são conflitos clássicos. Mas há ou pode haver algo bem mais grave como um clima de desmotivação geral ou insatisfação. Em geral, as empresas não valorizam suficientemente seus funcionários para que estes possam dar como resposta um atendimento satisfatório e correto ao cliente. Assim, a relação com o cliente deixa de ser produtiva para a empresa.

De um modo geral, o pessoal da linha de frente, em contato direto com o consumidor, é o menos valorizado e por não possuírem informações suficientes, acabam passando uma imagem inadequada da empresa. Além disso, têm uma limitadíssima margem de poder de decisão para resolver qualquer problema ou dificuldade momentânea. Muitas vezes, esta situação pode gerar atitudes de displicência nas pessoas que lidam com os clientes, caracterizando um mau atendimento.



Tela 39
Módulo 03 - Endomarketing
Esse fato costuma também provocar a cultura do não ou a cultura da transferência. Esse tipo de atitude costuma ser fatal, pois provoca uma situação altamente negativa no relacionamento do cliente com qualquer empresa. No entanto, é comum ver-se atitudes desta natureza nas pessoas que fazem o contato, que lidam com o consumidor face a face.

Aqui prevalece uma lei: cliente insatisfeito não reclama, vai embora. Apenas cerca de 4% dos clientes insatisfeitos reclamam. Para cada cliente que reclama, existem 20 outros que não o fazem. E, entre os que não reclamam, uma média que vai de 65% a 90% deixa de comprar o produto. Por fim, sabe-se que o custo de conquistar um cliente é cinco vezes maior que o custo de reter um cliente ativo.

Quando as reclamações são atendidas, pesquisas mostram uma resposta positiva do cliente. 82% dos que reclamaram voltam a comprar da empresa. Além disso, esse contato com o cliente gera informações valiosas sobre o produto e sobre a empresa do ponto de vista do consumidor. Entre essas informações, aparecem também sugestões que podem ser aproveitadas para novos produtos.



A chamada cultura do não é prática recorrente da resposta NÃO ao consumidor: “Não é permitido!”, “Não podemos ajudá-lo!”



A cultura da transferência é a prática recorrente de transferir a culpa ou a responsabilidade: “A culpa não é minha, pois foi o outro departamento que falhou!”, “Ah, isso não é comigo. Só um momento que vou transferi-lo para o departamento competente!”.



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Módulo 03 - Endomarketing
O endomarketing deve partir de três premissas básicas:
  • Estamos em um mercado orientado para clientes, e estes só podem ser conquistados e retidos com um serviço excelente.
  • Funcionários têm expectativas, são um “ativo valioso” e constituem o primeiro mercado para a organização. Assim, funcionários devem ser tratados como clientes e valorizados como pessoas.
  • Excelência de serviços para os clientes e gerenciamento de recursos humanos significam muito mais do que sorrisos e tapinhas nas costas. Significam envolver e comprometer os funcionários com os objetivos e decisões da empresa.

Essas três premissas trazem como conseqüência um princípio: este processo de envolvimento, comprometimento e valorização do funcionário deve preceder o marketing externo.



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Módulo 03 - Endomarketing

Depois do reconhecimento das premissas, é necessário verificar e examinar as condições para a implantação do endomarketing. O exame das condições internas necessárias para a aplicação do endomarketing é de importância decisiva, pois remete à cultura organizacional e à decisão dos gerentes de implementarem o processo. Por isso:

  • O endomarketing deve ser visto como parte integrante da estratégia global da empresa.
  • O processo de endomarketing requer conhecimento, informação, compromisso e apoio decidido dos altos executivos da empresa, do comando da empresa.
  • O processo de endomarketing deve avaliar os pontos fortes e fracos da estrutura organizacional da empresa, isto é, as forças e condições que prejudicam a produtividade e o envolvimento dos funcionários.


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Módulo 03 - Endomarketing

Aqui esbarramos em um componente psicológico, formado de hábitos adquiridos, de valores obsoletos ligados a estruturas organizacionais sem flexibilidade. O grande inimigo do endomarketing é a resistência que pode ser oferecida à sua implantação por alguns setores da empresa. Essa resistência pode assumir a forma de argumentos.

Acrescente-se também que o processo de endomarketing requer, em muitos casos, mudanças na cultura organizacional no sentido de torná-la mais flexível, de disseminar conhecimento, gerar responsabilidades e delegar poder de decisão aos funcionários. A resistência é processo inevitável que termina com a afirmação da nova idéia, porque ela corresponde a realidade nova, avanço em determinado campo do comportamento ou do conhecimento humano. Com o endomarketing não é diferente.

O passo seguinte deve ser o envolvimento da administração média, gerentes e supervisores. Trata-se de um processo de convencimento, para que eles aceitem o endomarketing e assimilem a sua necessidade dentro dos objetivos estratégicos da empresa. O comprometimento dos gerentes com o processo visa transformá-los em agentes de mudança, de uma nova atitude de comprometimento capaz de envolver os funcionários, dando-lhes a percepção de que todos são de algum modo “pessoas de marketing”.

Após esta situação inicial, tem-se uma situação madura de disseminação do endomarketing entre todos os funcionários, especialmente entre as pessoas da linha de frente, embora esses últimos não sejam seu único alvo, procurando-se atingir também aqueles funcionários que não têm um contato direto com o consumidor.



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Módulo 03 - Endomarketing

3 - Programa de implantação do Endomarketing

Somente a partir de uma avaliação cuidadosa e sistemática do ambiente interno da empresa, um programa de endomarketing pode ter sucesso. Nesta avaliação, como visto anteriormente, obtêm-se os pontos fortes e fracos da empresa do ponto de vista de seu ambiente interno, do ponto de vista de sua cultura organizacional. Esta avaliação do ambiente interno traz à tona aqueles mesmos fatores presentes na avaliação estratégica do ambiente externo, conhecidos como SWOT.

Pode-se citar, por exemplo, uma empresa que pode estar perdendo uma boa oportunidade frente ao mercado porque seu pessoal de linha de frente não recebe informações adequadas para ter uma visão correta da importância do bom atendimento ao cliente.

Outro caso é o de que a baixa motivação dos funcionários, sobretudo daqueles em contato direto com os clientes, constitui uma ameaça para o desempenho da empresa. Quando pontos de estrangulamento como esses são identificados, devem receber um tratamento prioritário do programa de endomarketing.



Swot é o sistema que avalia os pontos forte, pontos fracos, ameaças e oportunidades de uma organização.





Pontos de estrangulamento, também conhecidos como “gargalos”, são aqueles pontos onde o processo pára ou reduz o seu ritmo por alguma disfunção.



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Módulo 03 - Endomarketing

De acordo com o diagnóstico obtido, podem surgir três níveis de abrangência para um Programa de Endomarketing:

  • A primeira situação ocorre quando a empresa carece de consciência estratégica voltada para o atendimento ao cliente como prioridade para a conquista do mercado. Neste caso, mais abrangente, o endomarketing deve criar nova mentalidade dentro da empresa: a noção de marketing deve estar presente em todos os setores, na consciência e na prática de todos os funcionários. É preciso também introduzir a noção do funcionário como cliente.
  • A segunda situação ocorre quando, apesar de já criada dentro da empresa a mentalidade de cultura de serviços, torna-se necessário novo processo para manter essa cultura.
  • Na terceira situação, a mentalidade de serviço já foi criada e mantida, já se integrou ao cotidiano da empresa, a todas as suas atividades e setores. No entanto, verifica-se, mais tarde, dada à dinâmica da empresa, que é preciso expandir esta mentalidade, introduzindo novos bens e serviços para os funcionários, ao lado de atividades e campanhas de marketing.

Seja qual for o nível de abrangência do endomarketing, há sempre duas linhas de ação que guiam esse processo: atitude e comunicação. Definir estas duas linhas de ação ajuda a avaliar e testar a consistência de um programa de endomarketing. Verificando se o programa contempla essas duas linhas de ação, a empresa se dá conta, por exemplo, da prioridade da linha de atitude em relação à comunicação e de que maneira procura integrá-las. É preciso usar as duas mãos para fazer um gesto só: criar o endomarketing.



O termo atitude inclui as ações que visam dar ao funcionário consciência da importância estratégica de um serviço orientado para atender ao cliente: o envolvimento, comprometimento, a valorização e a qualificação para que o funcionário possa assumir responsabilidades e iniciativas na empresa.





Comunicação deve estabelecer um amplo sistema de informações capaz de dar subsídios para que todos possam cumprir suas tarefas com eficiência.



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Um programa de endomarketing deve conter os seguintes tópicos:



O treinamento precisa ser qualificado como educação, transmissão não só de uma determinada técnica, mas também, de valores necessários a todo o trabalho em equipe e que implicam a possibilidade de desenvolvimento profissional e humano.



O momento de seleção deve ser alvo de toda a atenção possível. É neste momento que se define o tipo de empregado, de funcionário, de talento que a empresa procura atrair e reter como garantia de qualidade e eficiência para ser competitiva. Isso requer profissionais competentes para a tarefa de seleção dos candidatos, possuindo um amplo conhecimento da empresa e dos cargos em questão.



Os planos de carreira constituem, de forma objetiva, a perspectiva de crescimento profissional, o caminho das promoções e até a possibilidade de se chegar ao topo. Para o endomarketing, os planos de carreira válidos contêm sempre as funções do cargo em questão, as qualidades necessárias para exercê-lo e a atitude desejável (visão do objetivo final da empresa, envolvimento, espírito de trabalho em grupo). Para que os planos de carreira possam cumprir seu papel de motivadores, a primeira regra é divulgá-los, tornando-os um estímulo sempre presente para os funcionários.



Processos ou programas de motivação devem aprofundar ao máximo as três expectativas básicas de todo funcionário:

  • Reconhecimento pelo trabalho que ele faz;
  • Ter sua importância, como indivíduo, reconhecida dentro da empresa e
  • Uma remuneração adequada.

A motivação é um processo global que tem como objetivo final comprometer o funcionário com as causas e objetivos da empresa para integrá-lo à cultura organizacional. Esse comprometimento implica o aprimoramento do desempenho do funcionário por meio de sua valorização e de sua satisfação como indivíduo que pertence a uma organização. De acordo com esta perspectiva, todo processo de motivação forma uma seqüência constituída pelas seguintes etapas: estímulo, esforço, desempenho, valorização, recompensa, satisfação e comprometimento.



Sistema de informações e rede de comunicação interna
A maioria das empresas informa, mas não se comunica. A comunicação requer que quando um estiver falando, o outro possa ouvi-lo e enviar uma resposta. Um sistema de informações em uma empresa é o conjunto de veículos escolhidos para transmitir determinadas mensagens. Mas o importante é que a informação não se esgote em si mesma e possa se transformar em comunicação, pois a comunicação começa exatamente quando a informação acaba. Estabelecer uma rede de comunicação significa, necessariamente, assegurar a possibilidade de feedback.



Agrupar segmentos homogêneos de clientes internos, segundo suas necessidades, expectativas, comportamentos, tal qual no marketing de mercado, facilita a comunicação com cada grupo, realizar treinamentos específicos e mensurar melhor as respostas de cada grupo.



Cenários para novos produtos e campanhas publicitárias são oportunidades de envolvimento e comprometimento para os clientes internos, pois acaba proporcionando um clima rico de sugestões de melhoramentos de produtos, um verdadeiro brainstorming criativo. A mesma coisa pode ser dita para as campanhas publicitárias. Quanto mais envolvidos estiverem os funcionários, mais positivos serão os resultados. Trata-se de um momento extremamente adequado para o contato direto entre os dirigentes da empresa e seus funcionários.



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4 - Avaliação do Endomarketing

Um instrumento muito empregado e válido para a avaliação do programa de endomarketing é o GRID – Grupo Interno de Diagnóstico. O GRID faz esta avaliação a partir de reuniões entre departamentos ou entre funcionários de um mesmo departamento. Nestas reuniões, deve-se também esclarecer e resolver problemas que possam surgir na prática do endomarketing.

Estes problemas podem abranger as mais diversas áreas ou aspectos, indo desde questões internas de um departamento até sondagens para verificar, por exemplo, como a prioridade para os valores do cliente está sendo assimilada pela linha de frente ou por outros departamentos.

Mas não é só, pois a avaliação pode se concentrar ainda na própria questão da resistência ao processo de endomarketing, procurando identificar onde, como e por que surgem estes focos de resistência.

Outra ferramenta de avaliação é a técnica de espelho, em que “fotografa-se” a empresa em um momento zero, ou seja, exatamente no início do programa de endomarketing e, gradativamente, vão sendo realizadas releituras periódicas com o objetivo de se verificar como está se processando a assimilação dos novos valores, o grau de comprometimento e envolvimento dos funcionários, a relação interna entre os departamentos e os prováveis pontos de resistência e seus motivos. Como se vê, os objetivos da técnica do espelho são os mesmos do GRID.



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Aqui se torna fundamental ter em vista que, seja qual for o método de avaliação empregado, o acompanhamento pode ser consolidado por meio da sistematização de um conjunto de procedimentos gerenciais:


  • Cada departamento deve identificar os seus clientes internos e segmentá-los segundo o tipo de serviço a ser prestado. Significa montar um mapa que mostra as fronteiras e conexões do departamento. É fundamental identificar qual é o cliente principal. Certamente, ele vai merecer uma concentração especial de esforços.


  • Adotar uma atitude proativa, que consiste em procurar o cliente interno para obter o feedback em relação ao serviço que está prestando.


  • Selecionar os momentos da verdade e, em especial, os momentos da verdade críticos, que são aqueles que exercem um impacto especial sobre o cliente. O segredo está em se colocar na posição do cliente.


  • Identificar e analisar o ciclo de serviço. Entende-se por ciclo de serviço todas aquelas etapas percorridas pelo cliente ao utilizar um determinado serviço. Sabe-se que nem todas as etapas têm a mesma importância ou complexidade para o cliente. É preciso ter sempre em mente os momentos da verdade críticos, mas também não se deve descuidar de nenhuma etapa do ciclo.


  • O “Relatório do cliente”: conjunto de procedimentos adotados pela gerência para avaliar os serviços prestados segundo a avaliação do cliente. Contem todos os atributos do serviço que possuem importância na percepção do cliente.


Momentos da verdade são todos aqueles momentos em que o consumidor tem um contato com a empresa e que formam a imagem da empresa junto a ele.



O Relatório do Cliente reúne os elementos necessários para criar um modelo de qualidade do serviço ideal para o cliente interno, os quais são: a qualidade da relação com o pessoal que faz contato direto; rapidez no atendimento; qualidade na informação ou do equipamento fornecido; conhecimento técnico de quem entra em contato com o cliente; disponibilidade do departamento para atender o cliente; flexibilidade para atender a pedidos extras, fora do padrão usual; e capacidade de ser proativo, acrescentando sempre mais qualidade ao serviço oferecido.



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5 - Perspectivas do Endomarketing

Na abordagem do endomarketing, o gerente precisa ser “realfabetizado” ou reeducado para assumir seu novo papel com eficácia dentro de uma estrutura solidária: baseada na delegação de poder e na iniciativa. As empresas precisam se convencer de que, devido à sua posição entre a cúpula e a base, o gerente será auxiliado por uma cultura organizacional que assegure a presença de valores compartilhados tanto pela cúpula como pela base.

A prioridade, para o gerente, é centrar o serviço no cliente, sempre captando a percepção e a expectativa deste cliente em relação aos benefícios prometidos pelo serviço da empresa. Absorver e compreender o que ocorre entre o cliente, o gerente e a equipe comandada por ele. Esta será também a orientação que vai transmitir à sua equipe, incluindo-se neste contato com seus comandados a noção de cliente interno.



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A melhor imagem para esse tipo de liderança é a do “treinador”, que organiza uma equipe para atuar solidariamente, criando as condições para que todo o grupo esteja entrosado para o trabalho coletivo, isto é, para o jogo. Ele orienta a equipe com instruções, corrigindo posições, incentivando o time, treinando jogadas, dando liberdade de ação para que tenham iniciativa e organizando a melhor tática possível para obter um resultado positivo.

Em seu novo papel de líderes, os gerentes precisam de modelos, os quais têm que estar dentro das empresas a que pertencem. Precisam vir da alta direção. Neste sentido, os gerentes também são transmissores de valores, homens que recebem e transmitem valores.

O novo gerente como líder não tem o perfil de “chefão”, mas de comunicador, capaz de passar bem a mensagem, de transmitir confiança e credibilidade. Ao mesmo tempo, os valores compartilhados pela cultura organizacional irão incentivar sua iniciativa para que ele possa assumir papel cada vez mais criativo, sugerindo metas, alternativas operacionais, soluções. Deixa assim de ser simples intermediário para assumir uma posição de maior autonomia.



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Todo o processo de endomarketing consiste, num sentido amplo, em promover mudanças de valores para adequar as empresas à nova configuração do mercado de serviço. A partir dessa perspectiva, vale a pena finalizar alinhando alguns fatores que já constituem uma realidade, mas que irão se consolidar cada vez mais com o tempo:


  • A importância decisiva da prioridade ao cliente como fator de vantagem competitiva.
  • A crescente terceirização criando relações de clientes entre empresas.
  • A globalização da economia e a crescente competitividade
  • As alianças estratégicas entre empresas para gerar serviços de alta qualidade.
  • O aprofundamento da cultura do serviço e a emergência de estruturas organizacionais de caráter participativo ou horizontal;
  • O aprofundamento, por meio da tecnologia, do sentido cooperativo do trabalho em que funcionários exercem múltiplas funções.


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Resumo

Em uma primeira aproximação, pode-se dizer que o endomarketing consiste em ações de marketing para o público interno da empresa, com o fim de promover entre os seus funcionários e departamentos valores destinados a servir o cliente.

No novo cenário de economia orientada para o cliente, o endomarketing contribui decisivamente para a formação de ambiente empresarial favorável ao conhecimento e aos valores compartilhados por todos que compõem uma empresa, do topo à linha de frente.

O endomarketing sempre existiu, mesmo que de maneira informal e intuitiva, nas empresas dirigidas com espírito de liderança integradora e eficiência.

A função do endomarketing é integrar a noção de cliente nos processos internos da estrutura organizacional para propiciar melhorias substanciais na qualidade de bens e serviços. Em outras palavras, o objetivo consiste em atrair e reter o cliente interno – os funcionários – com a função de obter resultados eficientes para a empresa, atraindo e retendo seus clientes externos.

A importância da avaliação do ambiente interno da organização é tão importante quanto a avaliação de seu ambiente externo. Guardadas as devidas proporções, é preciso conquistar primeiro o mercado dos clientes internos para, em seguida, lançar-se ao mercado externo.

O endomarketing deve partir de três premissas básicas: Estamos em mercado orientado para clientes, funcionários têm expectativas, são ativo valioso e constituem o primeiro mercado para a organização, e excelência de serviços para os clientes e gerenciamento de recursos humanos significam muito mais do que sorrisos e tapinhas nas costas. Significam envolver e comprometer os funcionários com os objetivos e decisões da empresa. Essas três premissas trazem como conseqüência um princípio: este processo, de envolvimento, comprometimento e valorização do funcionário, deve preceder o marketing externo.

Depois do reconhecimento das premissas, é necessário verificar e examinar as condições para a implantação do endomarketing.

O passo seguinte deve ser o envolvimento da administração média, gerentes e supervisores.

De acordo com o diagnóstico obtido, podem surgir três níveis de abrangência para um Programa de Endomarketing.

Seja qual for o nível de abrangência do endomarketing, há sempre duas linhas de ação que guiam este processo: atitude e comunicação.

Um programa de endomarketing deve conter os seguintes tópicos: treinamento sob a ótica de educação e desenvolvimento, processo de seleção, planos de carreira, motivação, valorização e comprometimento do funcionário, sistema de informações e rede de comunicação interna, segmentação do mercado de clientes internos e cenários para novos produtos e campanhas publicitárias.

Um instrumento muito empregado e válido para a avaliação do programa de endomarketing é o GRID – Grupo Interno de Diagnóstico. Outra ferramenta de avaliação é a técnica de espelho.

Seja qual for o método de avaliação empregado, este tipo de acompanhamento pode ser consolidado por meio da sistematização de um conjunto de procedimentos gerenciais.

Na abordagem do endomarketing, o gerente precisa ser “realfabetizado” ou reeducado para assumir seu novo papel com eficácia dentro de uma estrutura solidária: baseada na delegação de poder e na iniciativa.

Em seu novo papel de líderes, os gerentes precisam de modelos, os quais têm que estar dentro das empresas a que pertencem. Precisam vir da alta direção.