| Unidade 1 | Módulo 1 | Tela 1 |
|
1
- O estudo das teorias organizacionais por meio de metáforas
O atual ambiente organizacional gera a necessidade de as pessoas terem novas ideias, reverem os seus conceitos e fazerem releituras do mundo. As metáforas têm sido muito utilizadas para traduzir conceitos, teorias e imagens. As metáforas mostram um modo de pensar e uma forma de ver que influenciam a nossa maneira de conduzirmos a vida. Mas por que estudar por meio de metáforas? Bem, utilizar metáforas nos ajuda a compreender melhor aquilo que nos rodeia. Isso também vale para a vida na empresa: as metáforas geram imagens que nos ajudam a entender os diversos aspectos da organização e suas relações de administração-trabalho. Elas são utilizadas como um instrumento para melhor entendermos os mecanismos da organização. A partir disso, podermos criar e inovar procedimentos administrativos. Podemos
dizer que a forma como vemos a organização influencia a
nossa maneira de agir sobre ela. Como poderíamos agir sobre algo
que não vemos ou percebemos? |
|
Tela 2 |
|
A abordagem metafórica proporciona interpretações, o que traz uma visão diferenciada para explicar muitos acontecimentos comuns a várias empresas. Por isso, usar metáforas contribui para o desenvolvimento da habilidade de gerenciar organizações de maneira que antes não julgávamos ser possível.
As
organizações são várias “coisas”
ao mesmo tempo, o que é um grande desafio administrativo. Suas
várias faces tornam as estruturas e os ambientes organizacionais
paradoxais
e mais complexos. Diante disso, as metáforas nos ajudam a ver,
compreender e traduzir os mecanismos de funcionamento empresariais. |
|
Tela 3 |
O papel da metáfora no entendimento da organização O administrador enfrenta os desafios de observar e analisar as corporações por vários ângulos, considerando as diversas teorias existentes, para tomar as melhores decisões para a organização. Daí, você pode estar pensando o que esse desafio tem a ver com o estudo das empresas com base em metáforas organizacionais? Bem, as metáforas facilitam aprender a lidar com uma nova maneira de ver e compreender a organização, para o administrador atuar de forma diferenciada nas suas decisões. Porém,
precisamos entender que o uso das metáforas apresenta tanto vantagens
como limitações: a metáfora gera a compreensão
parcial de muitos ângulos, porque ressalta alguns aspectos,
colocando outros em segundo plano. Por outro lado, ela dá visibilidade
a várias dimensões importantes da organização.
Quando reconhecemos as vantagens e desvantagens do uso da metáfora, percebemos que nenhuma teoria, isoladamente, nos dará um ponto de vista sem reparos e que sirva a todos os propósitos. |
|
|
Tela 4 |
|
| Bem, agora que você já começou a
compreender a importância de enxergarmos a organização
por meio de metáforas, iniciaremos nossos estudos a partir da
construção do conceito de teoria organizacional.
O que entendemos por Organização? Certamente, você terá oportunidade, no decorrer do curso, de aprofundar o entendimento de Organização. Por enquanto, veremos o conceito de forma mais ampla. O termo organização deriva do termo grego organon (ferramenta). Se nos prendermos à tradução, ao “pé da letra”, veremos a organização apenas como um instrumento ou meio construído para que a sua missão e seus objetivos sejam alcançados. Porém, hoje, já expandimos essa visão porque as organizações são constituídas não apenas de instalações físicas e máquinas, mas sobretudo por pessoas e conhecimentos. |
|
Tela 5 |
O que é uma Teoria da Organização?
Agora que você já compreendeu a noção básica de Organização, vejamos o que pode ser considerada uma teoria. Podemos dizer que uma teoria é um conjunto de conhecimentos organizados com credibilidade junto à comunidade científica para explicar um ou mais fenômenos. Esse é um conceito mais simples que podemos adotar para melhor compreendermos o que é uma teoria. Porém, um alerta:
Bem, até aqui, já entendemos a importância do estudo por metáforas, o conceito inicial de Organização e algumas definições de Teoria da Organização. Agora, passaremos a ver as metáforas que nos ajudarão a compreender a organização. Estudaremos, a seguir, a primeira metáfora: a organização como máquina. |
|
|
Tela 6 |
|
2
- A organização como máquina
Origens da organização mecanicista Vamos a um exercício de imaginação?
Agora,
buscando respostas a algumas dessas perguntas, façamos uma viagem
no tempo. A história que veremos talvez não seja nova para
você, mas vale a pena repensá-la porque o contexto das épocas
influenciou o funcionamento das organizações! |
|
Tela 7 |
|
|
|
|
Mas o que aconteceu? No lugar das pequenas “oficinas de quintal” cresceram as empresas industriais que concentraram um grande número de pessoas trabalhadoras, acompanhadas por um supervisor que controlava o processo produtivo. Esse processo foi a origem da administração.
Devido à industrialização, surgiram os operários especializados em trabalhar com máquinas, exigindo que as organizações se adaptassem ao uso intensivo dos maquinários. Mas sempre havia a necessidade de se aumentar a produção, diminuir custos e aumentar lucros. Daí, era evidente a exploração do trabalhador pelo industrial. Mulheres e crianças eram preferidas porque eram mão de obra barata, reclamavam menos dos direitos e tinham menos força física para lutarem contra os abusos e a violência. É claro que, valendo-se dessa ideia, foi intensificada a divisão do trabalho e a mão de obra tornou-se mais especializada. Para aumentar ainda mais a eficiência, os fabricantes implementavam novas técnicas para que os operários aceitassem “docilmente” a redução de sua liberdade e as rigorosas rotinas da produção. |
|
Tela 8 |
|
Morgan (2002) enfatiza que os donos das fábricas perceberam que precisavam mudar seu planejamento e o controle do trabalho para que as suas novas máquinas fossem operadas de forma eficiente. A organização era movimentada como uma máquina eficiente e suas engrenagens eram ativadas pelos trabalhadores. Tudo deveria funcionar eficientemente, como um relógio. Infelizmente, os operários também se tornaram peças dessas engrenagens. A partir de 1870, a Revolução Industrial se expande pela Europa e outros continentes, atingindo notadamente os seguintes países: Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Itália, Japão e Estados Unidos. |
|
Tela 9 |
|
|
|
Agora,
estamos na virada do século XIX para o século XX... O surgimento
da energia elétrica, do combustível à base de petróleo
e dos modelos de administração de Taylor,
Fayol e, mais adiante, o de Ford, provocam
grandes mudanças nos processos de produção.
Essa época é conhecida como a segunda fase da Revolução Industrial. Nesse momento, os Estados Unidos tomam a dianteira do processo industrial, pelos seguintes motivos: •
Ter começado
mais tarde os processos de industrialização; Vejamos,
agora, os principais representantes da teoria mecanicista e suas concepções.
Certamente, você os estudará mais detalhadamente como representantes
da Administração Científica e da Teoria Clássica
da Administração, na disciplina TGA. |
|
Tela 10 |
|
|
|
|
Frederick
Taylor e seus princípios administrativos (taylorismo)
No início do século XX, Frederick Taylor, um dos grandes representantes da Administração Científica, desenvolve estudos sobre princípios administrativos. São princípios Tayloristas: 1) Seleção
científica do trabalhador; |
|
Tela 11 |
|
|
|
|
|
|
| Fayol
- logo depois de Taylor, Henry Fayol surge na França. Para Fayol,
administrar é prever, organizar, estudar o funcionamento das empresas
de maneira mais global. Nesses
termos, seis funções básicas compõem a estrutura
organizacional: |
|
Tela 12 |
|
|
Henry Ford – Na virada do século XIX para o século XX, ter um carro era um luxo apenas para os muito ricos. Além de muito caros, os automóveis eram feitos artesanalmente, um a um. Por isso, um veículo ficava diferente do outro e apresentava muitos defeitos de montagem. Isso desperdiçava tempo e material. Também, muitas vezes, o tamanho das peças era inadequado.
Henry Ford percebeu que um sistema que fabricasse grande quantidade de carros iguais poderia possibilitar a venda a 600 dólares, cada automóvel. Além disso, também teria peças de reposição. Utilizando os princípios tayloristas, Ford estabeleceu a linha de montagem, proporcionando um resultado produtivo excelente, para a empresa.
|
|
Tela 13 |
|
|
A desumanização da organização mecanicista - a visão da organização como máquina foi tão absorvida e difundida que, ainda hoje, nós a encontramos em várias organizações. Porém, essa forma administrativa trouxe sérios prejuízos aos trabalhadores. Vejamos alguns deles: • Homens e mulheres eram apenas “mão de obra” ou “força de trabalho”; significavam a energia necessária para impulsionar a máquina organizacional. As tarefas foram simplificadas ao máximo para que os trabalhadores pudessem ser baratos, fáceis de treinar, fáceis de supervisionar e fáceis de substituir; • O princípio da separação do planejamento e organização do trabalho de sua execução é visto como um dos elementos mais perniciosos e de maior alcance da abordagem da administração de Taylor;
|
|
Tela 14 |
3
- Limitações e benefícios da metáfora
da organização como máquina
Você está lembrado de que a compreensão por metáforas cria formas de entender o mundo sob uma determinada ótica, deixando de vê-lo sob outras maneiras, não é mesmo? E foi exatamente isso o que aconteceu com a imagem da organização como máquina: essa visão negligencia o fato de o trabalho das organizações ser muito mais complexo, incerto e difícil do que as tarefas realizadas pelas máquinas e subestima alguns aspectos humanos das organizações. Desvantagens da metáfora – são as próprias limitações dos pensamentos mecanicistas, visto que a organização como máquina: • encontra dificuldade para lidar com a mudança e pode gerar uma burocracia insensível, inflexível, sem criatividade, com comunicações ineficientes e um nível exagerado de especialização de trabalho; • conta com administradores distantes das pessoas e dos problemas da “linha de frente”, o que gera sérias miopias; • pode tornar as pessoas em trabalhadores alienados, que não questionam e se sentem desmotivados, fazendo do trabalho algo sem significado, sem sentido. Por isso, pode encorajar posturas do tipo “essa obrigação não é minha” ou “eu apenas cumpro ordens”. |
|
|
Tela 15 |
|
Vantagens da metáfora mecanicista Para Morgan (2002), ao compreendermos a organização como máquina, percebemos que ela pode funcionar ao preencher algumas condições: • clara definição de tarefas a serem realizadas; • participarem de ambientes estáveis e previsíveis para garantir que os produtos sejam adequados; •
o objetivo é produzir sempre o mesmo produto; • os princípios da administração científica de Taylor são excelentes para organizar a produção quando robôs são usados no lugar de seres humanos (...). (MORGAM, 2002:49).
Ampliando
nossa visão para além das ideias de Morgan, ao reconhecermos
dimensões mecanicistas em uma organização, teremos
condições para lidar com elas da forma mais adequada. |
|
|
Tela 16 |
Resumo
• O uso da metáfora no ambiente administrativo – é uma forma para melhor entendermos os mecanismos da organização e, a partir disso, podermos criar e inovar procedimentos administrativos, atuando de forma consciente e diferenciada. No entanto, gera um entendimento parcial de muitos ângulos, pois enfatiza alguns aspectos em detrimento de outros, em segundo plano. Por outro lado, também dá visibilidade a várias dimensões importantes da organização. • Teoria Organizacional – conjunto de conhecimentos organizados, com credibilidade junto à comunidade científica para explicar um ou mais fenômenos. Porém, ela pode ser compreendida como verdadeira em uma época e, posteriormente, ser superada. • A Organização como Máquina – com a Revolução Industrial, os artesãos migraram de suas oficinas caseiras para os trabalhos das grandes fábricas. O aumento da produção e dos lucros associado à diminuição de custos era uma necessidade constante. A divisão do trabalho intensificou-se e a “mão de obra” tornou-se mais especializada. A ideia era de a organização ser movimentada como uma máquina eficiente, com engrenagens impulsionadas pelos trabalhadores. Isso foi exacerbado a ponto de os próprios operários também tornaram-se peças dessas engrenagens. •
Principais Representantes e seus pensamentos •
Aspectos “humanos” da Organização mecanicista
• Desvantagens da metáfora da organização como máquina 1) encontra dificuldade para lidar com o novo, além de gerar uma burocracia insensível, engessada, sem criatividade, com comunicações ineficientes e um nível exagerado de especialização de trabalho; 2) não considera as influências externas à organização; 3) conta com administradores distantes das pessoas e dos problemas da “linha de frente”; 4) pode tornar as pessoas em trabalhadores alienados, não questionadores e desmotivados, o que também pode encorajar posturas do tipo “essa obrigação não é minha” ou “eu apenas cumpro ordens”. • Vantagens da metáfora da organização como máquina Morgan (2002) argumenta que, ao compreendermos a organização como máquina, percebemos que ela pode funcionar quando: 1) há definição clara de tarefas a serem realizadas; 2) os contextos são estáveis e com suficiente previsibilidade para assegurar que os produtos sejam adequados; 3) pretende-se produzir sempre o mesmo produto; e 4) a precisão e a eficiência são muito valorizadas. |
|
|
| Unidade 1 | Módulo 2 | Tela 17 |
1
- O surgimento da Organização Burocrática
O modo mecanicista de pensar extrapolou fronteiras e afetou nossas visões mais básicas sobre a organização. Pense por um instante: o que vem à sua mente quando falamos sobre organização?
|
|
|
Tela 18 |
|
Lembra-se de Frederic Taylor, Fayol, Ford? Eles foram os principais pioneiros da racionalização do trabalho, no início do século XX. Nesse período, tornou-se dominante o pensamento de que alguém seria um bom administrador se planejasse cuidadosamente seus passos, organizasse, coordenasse e controlasse a atividades de seus subordinados (SANTOS e FRANÇA, 1995). Apenas na década de 1940 é que os estudiosos da administração e os próprios administradores deram falta de uma teoria da organização mais racional, que orientasse o trabalho do administrador em organizações que cresciam em tamanho e complexidade. Surge, assim, a teoria da burocracia na administração, apoiada, sobretudo, nos estudos sociológicos de Max Weber. |
|
Tela 19 |
|
2
- A burocracia e o racionalismo
O que é burocracia? A burocracia é uma estrutura organizacional que toma o racionalismo por base. Então, para compreendermos o que é uma organização burocrática, percebe-se que devemos, antes, entender o ato racional. Para isso, analisemos a ação abaixo para verificar se é ou não um ato racional: A empresa LOOK acabou de ser criada e, por ser nova, produz apenas 1000 unidades/mês de seu creme Eternamente Jovem, comercializado a preço popular. Para vender esse produto, foram contratados 500 vendedores. Essa foi uma decisão racional? A resposta é óbvia: esse não foi um ato racional! Mas por que não?
|
Copyright © 2010 AIEC. |
|
|
Tela 20 |
3
- Os diversos entendimentos da burocracia
Existem diferentes entendimentos da burocracia: 1) popular; 2) sociológico; e 3) weberiano. •
Popular – é a compreensão “do
povo” que entende a burocracia como papelada, lentidão, formalismo
exagerado, total apego às normas e regulamentos, ineficiência,
ou seja, disfunções desse tipo de organização;
• Weberiano – a burocracia é vista como uma organização eficiente. Essa eficiência é alcançada quando a burocracia antecipa e detalha como as coisas serão realizadas. Assim, o conceito de racionalização está muito vinculado à burocracia, sendo, portanto, conceitos próximos. |
Copyright © 2010 AIEC. |
|
|
Tela 21 |
|
|
Max Weber percebeu que a burocracia caracterizava-se como uma forma de organização centrada nos seus aspectos formais e racionais, na clareza, na precisão e na eficiência alcançadas pela divisão fixa de tarefas, supervisão hierárquica, regulamentos e regras detalhadas e inflexíveis.
O conflito interno é indesejável (é uma patologia, uma anomalia, dentro da organização) e, se as pessoas seguem comportamentos normatizados, o conflito não deve existir. Em seu estudo sociológico, Weber descreve o tipo ideal de burocracia, o qual frequentemente não se aproxima da realidade. Weber também percebeu a relação entre as formas burocráticas organizacionais e a mecanização industrial: a dinâmica burocrática cria rotina para as ações administrativas como a máquina cria rotinas para a produção. O aspecto formal ou racional é a principal característica de uma organização burocrática mecanicista |
|
Tela 22 |
|
4 - Dimensões não previstas pela organização burocrática
O modelo burocrático não previu esses e outros aspectos muito importantes para a organização, dentre eles: a) a existência dos grupos informais; b) a flexibilidade da estrutura burocrática para lidar com as circunstâncias e o ambiente externos. A) Os grupos informais No momento em que a organização burocrática propôs-se a prever e a normatizar tudo, esqueceu-se de que as relações sociais que ocorrem dentro de uma organização formal podem ser informais, constituindo-se os “grupos informais”. |
Copyright © 2010 AIEC. |
|
|
Tela 23 |
|
De quais relações informais estamos falando?
São as mais variadas. Dentre elas estão as relações
de:
O importante é que essas relações informais têm como base os valores, as crenças e normas compartilhadas pelas pessoas da organização mediante sua formação extraoficial e espontânea. Assim, só
podemos compreender melhor o funcionamento da organização
ao considerarmos os aspectos humanos. Porém, como o comportamento
das pessoas é imprevisível, é preciso haver parâmetros
formais para organizar e coordenar as práticas administrativas. |
|
|
Tela 24 |
|
As principais características dos grupos informais são:
•
A existência de objetivos e interesses comuns; |
|
|
Tela 25 |
Normalmente, os grupos informais passam a existir para atender às necessidades sociais. As pessoas que trabalham juntas formam um círculo social, estabelecem vínculos de amizade, apoiam-se, comunicam-se, trocam ideias e sentimentos. Conforme conversam sobre situações pessoais, a vida privada de cada um, em maior ou menos grau, é trazida para o ambiente de trabalho.
Enfim, a organização informal não é algo racional. É uma maneira de coesão, comunicação e também de proteção da integridade de cada um. Por outro lado, a organização informal pode não aderir aos objetivos da organização, cabendo ao gestor buscar maneiras de articular a organização informal com a formal. |
|
|
Tela 26 |
|
|
B) Interação da estrutura burocrática
com o ambiente externo
As organizações burocráticas não levavam em conta as forças e influências externas do ambiente; por isso, as desconsideravam em suas previsões e formalizações administrativas. Essas estruturas contavam com um ambiente estável, equilibrado
e protegido. Ambientes turbulentos e competitivos não faziam
parte do planejamento e da condução burocrática.
Nesse
sentido, as organizações com comportamento racional (burocráticas)
sofrem ao não conseguirem interagir com a totalidade do ambiente
externo do qual fazem parte. Procedimentos essencialmente burocráticos
não são suficientes para explicar a totalidade da relação
organização-ambiente, atuando como sistemas
fechados. Além disso, não se preocupam com a sinergia
entre os próprios subsistemas internos. |
|
Tela 27 |
5
- Vantagens e desvantagens da estrutura burocrática
Lembra-se que, ao finalizarmos o módulo 1, as desvantagens da metáfora da organização como máquina foram apresentadas como as próprias limitações da estrutura mecanicista? Não se esqueça de que as organizações burocráticas são estruturas mecanicistas. Pelas características das organizações burocráticas, podemos perceber que as desvantagens se vinculam aos problemas decorrentes do mecanicismo. Então, acrescentaremos algumas vantagens e desvantagens mais específicas das estruturas burocráticas. Vantagens • o rigor no funcionamento do processo de decisão; • as tarefas são claramente definidas, o que facilita a realização mais acertada das atividades padronizadas; • a forma burocrática é apropriada para atividades rotineiras e repetitivas; • a burocracia é adequada em situações que exigem precisão, eficiência e quando a produtividade se constitui o maior objetivo. |
|
|
Tela 28 |
|
Desvantagens – a organização burocrática: • não é adequada para atividades não rotineiras, porque bloqueia e desvaloriza atuações voltadas para a criatividade e inovação; • não está preparada para enfrentar conflitos; • desconsidera a existência da organização informal e demais problemas que surgem, mas que não estavam previstos; • a acentuada hierarquização promove distorções nas comunicações; • encontra-se desprovida de ações voltadas para as inesperadas e rápidas mudanças; portanto, não tem preparo para lidar com o novo nem para realizar trocas com o ambiente externo; • é extremamente rígida, sem flexibilidade.
|
|
|
Tela 29 |
|
Resumo
Ainda dentro da metáfora da organização como máquina, estudamos o “nascimento” e as características da organização burocrática. • Surgimento da teoria burocrática – por volta de 1940, quando as teorias administrativas anteriores não mais respondiam às necessidades das organizações que cresciam, tanto em tamanho quanto em complexidade. • O racionalismo – burocracia e racionalismo estão muito vinculados. O racionalismo pode ser entendido como a adequação dos meios coerentes aos fins que se pretende atingir, com o propósito de garantir a máxima eficiência para alcançar os objetivos estabelecidos. • Os diversos entendimentos da burocracia: 1) popular; 2) sociológico; e 3) weberiano. • Características da organização burocrática - forma de organização voltada para a eficiência e centrada nos seus aspectos formais e racionais, na rapidez, na clareza, na precisão, na regularidade e na eficiência obtidas pela divisão fixa de tarefas, supervisão hierárquica, regulamentos e regras detalhadas e inflexíveis. Além disso, a existência de conflito interno é tida como indesejável. • Weber e o tipo ideal de burocracia
• Dimensões não previstas pela organização burocrática - o modelo burocrático não considerou a existência dos grupos informais nem a flexibilidade da ordem burocrática para lidar com o ambiente externo.
• Vantagens - a rapidez e o rigor no processo de decisão; as tarefas são claramente definidas, o que facilita a realização mais acertada das atividades; a forma burocrática é apropriada para atividades rotineiras e repetitivas; a burocracia é adequada em situações que exigem precisão, eficiência e quando a produtividade se constitui o maior objetivo. • Desvantagens - a abordagem burocrática não é apropriada para atividades não rotineiras; as iniciativas criativas e inovadoras são bloqueadas; não está preparada para enfrentar conflitos; desconsidera a existência da organização informal e demais problemas imprevistos que surgem; encontra-se desprovida de ações voltadas para as inesperadas e rápidas mudanças do ambiente. A acentuada hierarquização promove distorções nas comunicações. |
|
|
| Unidade 1 | Módulo 3 | Tela 30 |
1
- A Biologia como parâmetro de análise organizacional
Vamos iniciar este estudo utilizando a biologia para analisar a vida organizacional. Façamos, novamente, um rápido exercício mental: pense na organização como organismo. Que imagem vem à sua mente?
O que
surge na nossa imaginação, normalmente, é a representação
de um sistema vivo, que depende do ambiente em que se encontra para suprir
suas diversas necessidades. Mas essa imagem é apenas o ponto de
partida para compreendermos a organização como organismo. |
|
|
Tela 31 |
| Morgan (2001) compara as organizações com os sistemas vivos, os quais dependem do seu meio ambiente para sobreviverem. Assim como certos animais dependem de um ambiente específico para sobreviver, o mesmo acontece com as organizações.
Da mesma forma que certos animais têm um habitat específico, a visão da organização como organismo vivo e sistêmico argumenta que é possível identificar certos tipos de organizações que se “adaptam” melhor a determinados ambientes do que a outros. Veja os exemplos:
|
|
|
Tela 32 |
|
2 - O surgimento da Organização como sistemas
orgânicos
Como já vimos, o mecanicismo deixou suas marcas no
mundo organizacional.
A partir desses problemas muitos olhos se voltaram para o mundo da Biologia como forma de analisar as organizações, enfocando aspectos tais como sobrevivência, relações organização-ambiente e eficiência organizacional, bem como outros assuntos mais biológicos. Foram traçadas comparações entre o universo das moléculas, das células, dos sistemas complexos e da ecologia com a composição, estruturação e a forma de funcionamento organizacional. Agora,
as relações e diferenciações entre os indivíduos,
os grupos, as organizações e a sua ecologia surgem das concepções
da Biologia para se compreender como as organizações são
afetadas por determinados fatores e como isso impacta seu funcionamento. |
|
|
Tela 33 |
|
3
-
Organizações como Sistemas Abertos
Bem, as organizações são consideradas como sistemas abertos. Mas o que você entende por sistema? Para Ackoff (1971) “sistema é um conjunto de elementos inter-relacionados”. Trazendo essa definição para a área da administração, de forma bem simplificada, podemos compreender um sistema como um conjunto de elementos inter-relacionados (subsistemas) para atingir determinados objetivos. Vejamos um exemplo para você compreender melhor o conceito de sistema.
|
|
Tela 34 |
Bem, agora
que já entendemos a dinâmica de um sistema e seus subsistemas,
vejamos o sistema aberto. O que será um sistema aberto?
Pela metáfora que ora estudamos, organismos vivos são sistemas abertos. Da mesma forma, a organização é um sistema aberto e como tal, pode ser traduzida como um conjunto de pessoas, órgãos e mecanismos responsáveis por determinadas tarefas e execuções, de forma interdependente, em interação com o seu meio ambiente. O sistema aberto entende a organização como uma composição de subsistemas que interagem de maneira contínua e interdependente, e que sofrem influências das forças externas. As ações de um subsistema são disseminadas e influenciam outros subsistemas no interior da organização. Vejamos uma representação gráfica simplificada do modelo do sistema aberto.
|
|
|
Tela 35 |
|
|
|
|
|
|
As
características principais dos sistemas abertos são o processo
contínuo de entrada (inputs) de insumos,
que passam por transformações internas (processos), saem
(outputs) do sistema em forma de resultados,
realizando a realimentação (feedback).
A capacidade de usar o feedback para realizar as mudanças
necessárias é vital para a organização não
tender à entropia.
Essa dinâmica de funcionamento se dá dentro do ambiente
do qual a organização faz parte. Agora, pare e pense: diante de tudo o que estudamos até aqui, podemos considerar que os sistemas abertos não são autossuficientes?
|
Copyright © 2010 AIEC. |
|
Tela 36 |
4
- As pessoas na visão biológica da organização
A postura mecanicista não respondia mais à visão orgânica que se formava. As necessidades sociais, no trabalho, passam a ser importantes e os grupos informais considerados como supridores de diversas dessas necessidades. O lado humano da empresa passou a ser mais considerado e a motivação do trabalho tomou perspectiva. A metáfora biológica da organização trouxe a ideia de que as pessoas que trabalham apresentam necessidades complexas que precisam ser atendidas para atuarem com mais eficiência. Obviamente, uma vida saudável e com maiores satisfações pode gerar motivação para o desempenho mais eficiente.
|
|
|
Tela 37 |
|
|
| • Integração das necessidades
organizacionais e as das pessoas
Pela metáfora biológica, as pessoas e os grupos, da mesma forma que os organismos, só operam eficazmente ao terem as suas necessidades supridas. Assim, começaram as buscas pela integração das necessidades organizacionais e das pessoas. Tornou-se preocupação administrativa oferecer trabalhos mais significativos, autonomia, responsabilidade e reconhecimento para as pessoas se sentirem mais importantes e interessadas. A liderança mais participativa e democrática, associada ao trabalho enriquecido, apresentou-se como alternativa às limitações das organizações mecanicistas. A adequação do ambiente de trabalho e a satisfação com ele passou a ser foco de atuação para aumentar a produtividade, o nível da qualidade do trabalho e reduzir a rotatividade e o absenteísmo. Surge também o princípio da integração dos aspectos técnicos e humanos do trabalho, chamado visão sociotécnica da organização.
|
|
Tela 38 |
|
5 - As diferentes abordagens teóricas Existem diferentes formas de se ver a organização como organismos. As principais abordagens são a Teoria Contingencial, a Seleção Natural e a Ecologia Organizacional. Vejamos as principais características de cada uma delas.
|
|
Tela 39 |
6
- Vantagens e desvantagens da Metáfora Orgânica
Morgan (2002: 84) alerta que, diante da variedade de ideias produzidas por essa metáfora, não é fácil identificar suas forças e limitações. Vantagens O ambiente
externo deve ser um dos centros de preocupação das organizações,
devendo elas olhar para fora e não se isolarem nos seus assuntos
internos;
|
|
|
Tela 40 |
São
desvantagens:
• “As organizações não são organismos e seus ambientes são muito menos concretos do que a metáfora presume” – os ambientes organizacionais são produtos de ideias; portanto, suas configurações são menos resistentes que a estrutura de um organismo. Além disso, os ambientes são bem menos tangíveis do que a visão da metáfora; • Há um exagero na concepção de “unidade funcional” e de coesão interna – a maior parte das organizações não apresenta um grau tão alto de funcionamento unificado. Também, frequentemente, os subsistemas de uma organização são capazes de viverem separados, podendo, até mesmo, entrarem em conflito; • Cuidado: facilmente, esta metáfora pode se tornar uma ideologia.
|
|
|
Tela 41 |
Resumo
Ao estudarmos a organização como organismo vivo e sistemicamente aberto, compreendemos a necessidade de as corporações não se centrarem unicamente nos seus ambientes e subsistemas internos, mas também nas trocas com o contexto externo. As organizações como sistemas abertos: a organização compõe-se de subsistemas que interagem de forma interdependente, e que sofrem influências das forças externas. Também as ações dos subsistemas impactam outros subsistemas no interior da organização. Pode haver diferentes meios de atingir um mesmo estado final (equifinalidade). Porém, as ações estão voltadas para o alcance da homeostase (equilíbrio). Principais especificidades dos sistemas abertos: entrada (inputs) contínua de insumos; processo: transformações internas dos insumos; saídas (outputs) do sistema em forma de resultados; realimentação (feedback). Usar o feedback para realizar as mudanças necessárias é vital para a organização não tender à entropia (processo de tendência à dissolução e morte). Busca-se a integração das necessidades organizacionais e das pessoas. Ações que promovam a motivação passam a ser preocupação, pois podem melhorar o desempenho do funcionário. A teoria contingencial salienta que a organização não alcança uma eficácia se tomar por base um único e exclusivo modelo organizacional, visto a variação do ambiente. Por isso, devem atentar para o tipo de tarefa e de ambiente ao qual precisam adaptar-se; diferentes tipos de ambientes recebem diferentes ‘espécies’ de organização que apresentam características específicas. Segundo a Teoria da seleção natural, o ambiente tem muito mais poder do que pensamos. Nessa ótica, os ambientes “selecionam” as organizações, mediante os recursos e superar a concorrência. Ecologia organizacional: as organizações e os seus ambientes estão engajados em um padrão de criação mútua, em um processo de colaboração, em que cada um produz o outro. Como na natureza, em que o ambiente de um organismo é composto de outros organismos, os ambientes organizacionais também são compostos de outras organizações. Por isso, as organizações são, em princípio, capazes de influenciar os ambientes internos e podem desempenhar um papel ativo para traçar o seu futuro, especialmente quando agem em conjunto com outras organizações. Vantagens da metáfora: o ambiente externo deve ser um dos centros de preocupação das organizações, devendo elas olhar para fora e não se isolarem nos seus assuntos internos; a sobrevivência é objetivo chave; caso a organização busque sua sobrevivência, a administração pode ser aprimorada pelo entendimento de que as necessidades organizacionais e das pessoas precisam ser satisfeitas; compreendemos as organizações como sistemas abertos com processos contínuos, em lugar da coleção de partes. Desvantagens: as organizações não são organismos e seus ambientes são muito menos concretos; há um exagero na concepção de “unidade funcional” e de coesão interna. Sempre deverá haver cuidados para que esta metáfora não se torne uma ideologia. |
|
|