| Unidade 2 | Módulo 1 | Tela 1 |
|
1 - Os cérebros são diferentes das máquinas? Conforme temos visto em nossos estudos, ao pensarmos nas metáforas, as imagens mentais surgem de forma quase imediata. Neste momento, quando comparamos as organizações a cérebros, vários questionamentos emergem:
Morgan (2002) menciona as observações feitas por G. R. Taylor, buscando diferenciar os cérebros das máquinas. Taylor elucida seu argumento de que cérebros e máquinas são diferentes por uma famosa experiência do psicólogo americano Karl Lashley. |
|
Tela 2 |
A experiência, muito conhecida, refere-se ao seguinte: 1) vários
ratos foram condicionados a encontrar a saída de um labirinto; A partir disso, o seguinte desafio é lançado:
Ao tentarmos compreender as organizações como cérebros, vários aspectos podem ser considerados. Neste módulo, exploraremos essa metáfora, considerando a organização como:
|
|
|
Tela 3 |
| 2
- As organizações como cérebros processadores de informações
Será um exagero comparar as organizações a cérebros que processam informações? Então, pense na seguinte situação: Uma empresa grande e complexa, muitas atividades diferenciadas e grande quantidade de dados para gerenciar suas atividades.
Como possibilitar o funcionamento adequado de empresas com tais características? Muitos pesquisadores da área operacional, de sistemas de informação e decisão gerencial tomaram a ideia da organização como cérebros processadores de informações como ponto de partida para desenvolver instrumento de processamento de informações e de tomada de decisão mais racional. Assim, uma
solução encontrada para o processamento da informação
foi a introdução dos computadores e microprocessamento,
gerando mudanças radicais em relação à natureza
e estilo da organização, pois muitas funções
antes desempenhadas por pessoas especializadas e semiespecializadas são
agora realizadas eletronicamente. |
|
|
Tela 4 |
•
O princípio de teias de inteligência e suas consequências
- Imagine outra situação conhecida por muitos de nós:
O que está “embutido” neste modelo de informação?
O princípio das teias de inteligência e a situação estudada nos levam a uma recente configuração organizacional: a organização virtual. |
|
|
Tela 5 |
| A
Organização Virtual é capaz de existir
sem restringir-se, essencialmente, ao seu aspecto físico. Esse tipo
de estrutura vem surgindo conforme evolui a tecnologia de micro processamento
impulsionado, inicial e fundamentalmente, pela Internet.
Analisemos o seguinte cenário:
Tudo isso parece caótico? Bem, essa é a estrutura de funcionamento de uma Organização Virtual, possibilitada pelo suporte das Tecnologias de Informação e Comunicação.
As principais características da Organização Virtual são:
|
|
|
Tela 6 |
É bom lembrar que as Organizações Virtuais não são a única forma de negócio para o futuro e que também apresentam dificuldades, que são:
|
|
|
Tela 7 |
| 3 - A Teoria Cibernética A metáfora do cérebro traz uma indagação muito importante: serão as organizações capazes de aprender? A Teoria Cibernética nos diz que sim! A cibernética
é uma ciência que associa várias disciplinas para
estudar a informação, a comunicação e o controle.
É um conceito que permite mostrar as relações de
troca de informações em que máquinas e organismos
se combinam para manter estados estáveis. Isso quer dizer que o
sistema (como uma organização, por exemplo) tem capacidade
para regular a si mesmo (autorregulação), fazendo trocas
de informações. E todas essas ações envolvem
o feedback negativo. E o que é feedback negativo?
|
|
|
Tela 8 |
|
|
A Teoria Cibernética nos abre possibilidades para melhor visualizar as organizações como sistemas complexos com capacidade de aprender. Pensando nisso, Morgan (2002:98) nos pergunta: “Como criar sistemas complexos capazes de aprender da mesma forma que o cérebro?” A resposta está nas formas de aprender. Por essa Teoria, há diferentes processos de aprendizado: 1) Aprendizado de Circuito Único (aprendizado simples); 2) Aprendizado de Circuito Duplo (processo de aprender a aprender). Vejamos cada um deles. 1) Aprendizado de Circuito Único A cibernética
realça que os sistemas que aprendem, para apresentar autorregulação,
devem ter capacidade para: Satisfeitas
essas condições, um processo contínuo de troca de
informação entre um sistema e o seu ambiente será
criado, permitindo o monitoramento das mudanças e a adoção
de respostas apropriadas. |
|
Tela 9 |
|
As organizações estruturadas de cima para baixo, que focam o controle por meio de metas definidas, tornam-se solo fértil para o aprendizado de circuito único. Mas como podemos administrar de maneira coerente se não estabelecermos metas e objetivos claros? A cibernética nos responde dizendo que os sistemas inteligentes dependem de “normas ou pontos de referência” que são uma diretriz para o comportamento. Mas estes pontos de referências devem ser definidos de modo a criar um espaço em que muitas possibilidades e comportamentos possam ocorrer, inclusive aqueles que possam questionar os limites impostos! (MORGAN, 2002:109). |
|
Tela 10 |
2) Aprendizado de Circuito Duplo Pense na seguinte situação: uma casa, no Rio Grande do Sul, em pleno inverno. Certamente, todos os cômodos estão gelados. Essa casa possui um termostato para indicar a temperatura, mas...
Circuito duplo – Esse tipo de aprendizado examina novamente a situação, questionando a importância das normas operacionais.
|
|
|
Tela 11 |
|
|
|
As organizações podem aprender a aprender?
Durante o curso, você continuará a estudar as organizações que aprendem, em TE Gestão de Pessoas e Gestão do conhecimento. Quando voltar a esse assunto, lembre-se da metáfora da Organização como cérebro e tente colocar em prática o “enxergar” de um modo diferente as coisas que já conhece. Algumas organizações
têm sido bem sucedidas ao institucionalizar sistemas de aprendizagem
de Circuito Único. Porém, seus sistemas de informação
- cujo propósito é manter a organização “nos
eixos” - apresentam “patologias” que se transformam
em barreiras ao aprendizado de circuito duplo, como podemos ver, por exemplo,
nos seguintes sistemas: 1) Orçamentos
e demais controles administrativos; |
|
Tela 12 |
Morgan (2002:104) aponta algumas capacidades importantes que a cibernética sugere para as “organizações que aprendem”: a) Sondar e antecipar mudanças ambientais; b) ser capaz de questionar, desafiar e mudar as normas vigentes. A) Sondar e antecipar mudanças ambientais Precisamos desenvolver a habilidade para aceitar a mudança ambiental como uma norma. As organizações que aprendem necessitam ser capazes de identificar sinais antecipados de alerta que apontam mudanças de tendências e padrões. Essa capacidade inclui a habilidade intuitiva, emocional e tátil. Também, muitas vezes, têm de criar novas formas de ver a sua área e suas atividades para desenvolver novas possibilidades. Por essas
ideias, podemos perceber que esse tipo de aprendizagem extrapola, e muito,
o processamento passivo de informações das máquinas
cibernéticas porque incorpora uma inteligência ativa, característica
do cérebro humano. Da mesma forma que os produtos do cérebro
humano, as ações de uma organização capaz
de aprender mudam o ambiente no qual ela se insere.
|
|
|
Tela 13 |
|
B) Ser capaz de questionar e mudar as normas vigentes Os princípios de aprendizado de circuito duplo nos apresentam uma diretriz clara sobre o que é necessário para aprender e mudar. Para isso, precisamos compreender as concepções e normas e sermos capazes de desafiá-las e mudá-las, caso necessário. Por isso, precisamos entender as metáforas, os paradigmas, as posturas e os modelos mentais da organização. A aprendizagem de circuito duplo requer uma nova filosofia de administração que deve estar aberta aos riscos e aos elevados níveis de incertezas gerados pelas mudanças, mesmo que essa postura administrativa gere um pouco de tensão. Precisamos compreender que o Aprendizado de Circuito Duplo está muito ligado ao desenvolvimento de novas culturas organizacionais que apoiem essas ideias; assim, novos padrões de ações podem surgir. Porém, o administrador que facilita esse tipo de aprendizado precisa ter consciência da importância dos limites a serem colocados nas ações. |
|
Tela 14 |
|
|
|
|
4 - Vantagens e Desvantagens da metáfora A metáfora da organização como cérebro enxerga as possibilidades do desenvolvimento de uma organização inteligente e remete a uma visão mais voltada para o futuro da estrutura organizacional. São vantagens: • A criação de organizações com capacidade para aprender podem tomar por base as diretrizes concretas oferecidas pela metáfora; • A
evolução da inteligência conta com o auxílio
da informática em redes de interação. • Evidencia que lidar com paradoxos é uma dimensão de grande relevância. São desvantagens: • A realidade do poder e do controle pode conflitar com aspectos da aprendizagem organizacional; • Aprender
por aprender pode fazer emergir uma nova
ideologia. |
|
Tela 15 |
Resumo Neste módulo, percebemos, claramente, que cérebros e máquinas não são a mesma coisa. Ao estudarmos as organizações como cérebros processadores de informações, verificamos que a informática tem promovido sistemas de descentralização de informações, por meio das teias de inteligência, tendo a internet como instrumento principal. Nesse contexto, surge a Organização Virtual, interligando pessoas, ideias, bens em um espaço que extrapola o tempo e o ambiente físico. Suas características principais, dentre outras, são a flexibilidade de fronteiras, existência transitória, baixa estruturação hierárquica, agilidade para aproveitar oportunidades, rapidez para ser estruturada, facilidade para acessar novos mercados, exigência de alta tecnologia. Enfrenta dificuldades como a possibilidade de inadequação das comunicações globais, alta complexidade de funcionamento, obsolescência rápida, indefinições e/ou restrições legais, dentre outras. Buscando responder sobre a capacidade de aprender das organizações, a Teoria da Cibernética nos apresenta a aprendizagem pelo circuito único – identifica distorções e inicia correções, mas sem capacidade de questionar normas e regras operacionais – e pelo circuito duplo (aprender a aprender) – identifica e corrige erros, questionando a relevância de normas operacionais. Algumas barreiras são encontradas para a aprendizagem de circuito duplo como, por exemplo, os orçamentos e demais controles administrativos, a burocratização e o processo de prestação de contas e outros sistemas de recompensa e punição. A cibernética sugere para as “organizações que aprendem” algumas capacidades importantes como: sondar e antecipar mudanças ambientais; desenvolver capacidade de questionamento e mudanças das normas vigentes, e permitir o surgimento de um padrão de organização e direção estratégicas. O aprendizado
em circuito duplo tem desdobramentos como: lidar com um processo paradoxal
(essa forma de aprendizado questiona as normas ao tempo em que é
por elas direcionado); gerenciar sob novas formas diante das tensões
que esse processo de aprendizagem traz; e o conscientizar da importância
dos limites das ações. Como vantagens da metáfora, temos o conhecimento de parâmetros claros para a criação de organizações que aprendem; a compreensão do auxílio que a informática oferece à evolução da inteligência; a obtenção de uma nova teoria organizacional, a partir da ideia de auto-organização, e o reconhecimento da importância de lidarmos com paradoxos. As desvantagens referem-se à tensão que pode haver entre os requisitos da aprendizagem organizacional e a realidade do poder e do controle, e o risco de surgir uma nova ideologia ao aprender pelo simples ato de aprender. |
|
|
| Unidade 2 | Módulo 2 | Tela 16 |
| 1
- Um pouco de história
Há duas décadas, pelo menos, o mundo organizacional tem-se conscientizado da relação existente entre a administração e cultura. Os anos 1970 deixaram para trás a inabalável confiança americana em sua área industrial e administrativa. Os formatos e produtos japoneses, nessa época, começaram a modificar o perfil do mercado, assumindo vários nichos internacionais pela reputação que conquistaram de qualidade, confiabilidade e serviços.
Mas como isso foi possível, partindo de um povo que aglomera milhões e milhões de pessoas, em quatro ilhas montanhosas e pequenas, praticamente sem recursos naturais? Das inúmeras discussões entre os teóricos da administração, ainda que existam pontos divergentes, a maioria deles concorda que o modo de vida e a cultura japonesa foram fortes influenciadores em seu desenvolvimento. |
|
|
Tela 17 |
|
| 2
- A Organização e a Cultura
Existem várias definições sobre cultura e que buscam “transplantar” conceitos biológicos e antropológicos para o universo organizacional; porém, nem sempre isso é bem-sucedido. Morgan (2002) relata que o termo cultura vem da metáfora da agricultura, do processo de lidar com a terra. Hoje, há um entendimento geral de cultura como diferentes e típicas formas de viver que são internalizadas por distintos grupos de pessoas. Essa internalização ocorre quando as pessoas permanecem no grupo, por certo tempo, para que experiências sejam compartilhadas e absorvidas cognitiva e emocionalmente. Diante da vastidão desse campo, estudaremos mais especificamente a organização como um fenômeno cultural que varia conforme o estágio de uma sociedade; a variação de uma cultura para outra, o que pode auxiliar nosso entendimento sobre as variações organizacionais em diferentes países; os padrões de cultura e subcultura corporativa que existem dentro e entre as organizações; a criação e manutenção de padrões de cultura; e as organizações como realidades socialmente construídas. |
|
Tela 18 |
|
| 3
- A organização como fenômeno cultural
Existe uma grande aproximação entre a cultura de uma sociedade e as organizações. Da mesma forma que na vida social mais ampla, a rotina organizacional pressupõe a existência de numerosas atividades que exigem diferentes habilidades resultantes de formação escolar, técnica, e de “adaptação” que permitem a pessoa tornar-se um membro daquela sociedade, isto é, esteja integrado a ela e responda às expectativas que existem sobre ele.
Por essas razões, é importante refletirmos sobre o seguinte:
As semelhanças e diferenças vinculadas à identidade nacional são importantes, mas as semelhanças e diferenças ligadas ao fato de alguém ser um atendente de loja, um oficial do governo, um banqueiro, ou um trabalhador agrícola também são significativas. |
|
Tela 19 |
| • O contexto cultural e a Organização
O curso da história nos mostra que o declínio de uns países e o crescimento de outros estão intimamente ligados aos contextos culturais nos quais suas histórias se deram e evoluíram. E isso reflete no ambiente organizacional. Por exemplo, no Japão, as relações de trabalho organizacional refletem a forma de trabalho na cultura irrigada de plantio de arroz, que acontece de forma colaborativa e em grupos coletivos. As relações de trabalho são compreendidas pela cooperação e pelo próprio serviço, pois a organização formal não é vista como um local de trabalho composto por pessoas separadas e sim como uma coletividade na qual predomina o espírito de colaboração trazido de um vilarejo ou de uma comunidade para o ambiente do trabalho.
|
|
|
Tela 20 |
|
|
|
| Quase sempre, os trabalhadores comprometem-se, por toda a vida, com as suas organizações, pois elas são tidas como extensão da própria família. A hierarquia é tida menos como um controle de cima para baixo e mais como um sistema de auxílio mútuo. O foco é a realização coletiva, em detrimento do sucesso individual. Trabalhadores descontentes com o peso da vida na fábrica não obtêm muita atenção.
Veja
também a cultura organizacional Morgan (2002) faz um alerta importantíssimo, que merece a nossa reflexão:
|
|
Tela 21 |
|
|
4 - Reconhecendo as diferenças culturais Sabemos que a cultura de um país não é homogênea, porque há diferenças culturais dentro de um mesmo país. Mas também existem, de fato, diferenças importantes entre os países. Ao compreendermos as peculiaridades de práticas estrangeiras poderemos obter um entendimento mais significativo das nossas próprias ações. A abordagem sobre a cultura nos oferece um aspecto interessante: o risco de um tipo de “cegueira” ou etnocentrismo. Isso porque temos firmado um conceito daquilo que é “normal”. Quando nos encontramos com processos e atos que nos são estranhos, tendemos a julgá-los como “anormais”.
Porém,
é possível superar este risco potencial valendo-nos do desenvolvimento
da “capacidade
de estranhamento”. A possibilidade da compreensão e adoção
do ponto de vista de alguém externo a uma cultura é muito
valiosa porque nos permite enxergar nossa própria cultura sob uma
nova ótica. |
|
Tela 22 |
As organizações são “mini sociedades” que têm suas especificidades culturais e que apresentam diferentes subculturas. Podemos considerar uma organização a partir de diferentes concepções “culturais”.
Essas crenças
(ideias e sentidos compartilhados), apoiadas por vários rituais
e normas operacionais, podem influenciar fortemente a habilidade geral
de uma organização em lidar com os desafios a serem enfrentados. |
|
|
Tela 23 |
|
|
|
|
Vejamos exemplos da importância da cultura organizacional encontrados nos estudos de Linda Smircich; na experiência da Hewlett-Packard (HP); e no tipo de liderança de Harold Geneem. O estudo de Linda Smircich analisa um grupo de altos executivos de uma empresa americana de seguro. A partir de observações do cotidiano, identificou uma forte ênfase em valores corporativos que na verdade resultavam em posturas desinteressadas e informais, contrastando com o “ethos” de harmonia e cooperação que a direção afirmava existir. Tal forma de “cultura organizacional” resultava em uma “fuga” ao enfrentamento dos problemas, por meio de comportamentos e posturas rituais preestabelecidas. Que conclusões podemos extrair deste exemplo?
|
|
Tela 24 |
|
|
| 5 - Outras relações que interferem na cultura organizacional
|
|
Tela 25 |
|
|
|
Tela 26 |
|
|
|
| 6
- Criando e sustentando a realidade organizacional
Significados, crenças e visões compartilhadas definem a construção de uma realidade de maneira que ações, fatos, eventos sejam entendidos sob diferentes formas. São “tabelas de valores” que suportam nossas posturas. Mas como construirmos nossas realidades? Como criamos e sustentamos a cultura?
Pense na seguinte situação: você foi designado para visitar uma organização na China. E agora, como fazer para “tornar-se um nativo” e não afrontar costumes e regras culturais? Estamos falando de um difícil aprendizado de normas, até então, desconhecidas. A essência de uma cultura encontra-se em suas normas sociais e costumes; portanto, geralmente entendemos que se alguém adere a estas regras de comportamento será bem-sucedido em construir uma realidade social apropriada. Uma vez que a cultura não se limita à simples obediência a regras, mas fundamentalmente à habilidade de aplicar uma regra, a possibilidade de “adentrar” outra cultura depende ainda da compreensão da influência do contexto situacional.
|
|
Tela 27 |
| 7
- Organizações como construções sociais
Ao compreendemos que o conceito de cultura implica diferentes níveis de representação, percebemos que, para entender a vida organizacional, precisamos prestar atenção nos processos que produzem sistemas de significados compartilhados, os seja, os valores aos quais todos aderem em uma organização. Veja como essa forma de pensar levou empresas como a IBM e a 3M, por exemplo, se desenvolverem em torno de valores e ideias centrais como:
A metáfora da cultura nos oferece um novo olhar sobre a organização, mostrando que criar novas formas de organização e de administração é um dos grandes desafios para haver uma mudança cultural. Transformar crenças e ideias interiorizadas e compartilhadas, que dão sustentação a uma organização em um novo paradigma para que a realidade almejada venha a existir, não se limita à invenção de novas linguagens e novos códigos e sim em inventar um novo modo de vida. |
|
|
Tela 28 |
|
|
| A
abordagem da cultura dominou o mundo administrativo, a partir dos anos 1980,
diante do entendimento de que o administrador deve conhecer a “cultura
organizacional” para definir as estratégias apropriadas ao
gerenciamento de sua empresa.
O melhor exemplo desta mudança de postura foi a emergência dos movimentos da “qualidade total e de serviço ao consumidor”, predominantes nas décadas de 1980 e 90, que buscaram uma mudança cultural na administração em geral. Mas o que aconteceu à “qualidade total”? Ainda que estivéssemos diante de um cenário otimista, haveria certos riscos não previstos e cerca de 70% das firmas que tomaram esse novo caminho fracassaram. Por que isso ocorreu? Vamos analisar pelo menos dois grandes motivos. 1) Muitas destas iniciativas desconsideraram as estruturas consolidadas na cultura organizacional preexistente e apresentaram as novas técnicas como “soluções prontas”, que não tinham repercussão sobre as práticas individuais. Também não conseguiram substituir a lógica burocrática que dominava o velho modo de operar, tornando-se simples “técnicas” sem condições de mudar a cultura dominante e a dinâmica política que a suporta; 2) Os movimentos da reengenharia e de fortalecimento dos funcionários tiveram resultado parecido: a eficácia dependia da transformação dos padrões políticos e das atitudes organizacionais; porém, na maioria dos casos, esses movimentos não foram absorvidos pela cultura organizacional e foram “esvaziados”, sem conseguir se consolidar. |
|
Tela 29 |
|
|
|
|
Tela 30 |
|
|
|
8 - Vantagens e Desvantagens da metáfora
|
|
Tela 31 |
|
|
|
Tela 32 |
| Resumo A partir dos anos 1980, há a preocupação com a relação entre a cultura organizacional e o gerenciamento organizacional. A cultura, atualmente, é entendida como formas típicas de viver, internalizadas por diferentes grupos de pessoas, por meio da convivência dentro de um tempo e de compartilhamento de experiências. Da mesma forma, as atividades organizacionais espelham as crenças, valores e normas construídas na corporação. O contexto cultural e a Organização – Apesar dos aspectos em comum das sociedades modernas, temos visto que alguns países cresceram mais e outros menos devido aos contextos culturais de suas histórias. Assim, devemos levar em conta as diferenças culturais. Reconhecendo as diferenças culturais – Existem diferenças importantes entre os países que precisam ser levadas em conta. Quando somos etnocêntricos formamos conceitos do “certo” e “errado”, o que pode gerar julgamentos equivocados. Culturas e subculturas dentro e entre as organizações – As organizações apresentam culturas e diferentes subculturas. Apesar do predomínio de uma cultura, as subculturas têm ideias e crenças compartilhadas diferentes da cultura “maior” da organização. É importante relacionar a cultura organizacional ao ethos, visto este conceito referir-se ao modo de ser de um grupo, ou aquilo que é característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos de um grupo. Existem várias dimensões que interferem na cultura organizacional, como as que se seguem.
Criação e sustentação da realidade organizacional – A realidade organizacional é criada e mantida a partir de crenças e visões compartilhadas que sustentam posturas. Portanto, as normas, os costumes e o contexto social de cada corporação precisam ser considerados na construção e sustentação de uma realidade organizacional. Representação da realidade – É a interpretação que damos dos fatos e das situações, a partir de nossas concepções de mundo, o que nos leva a construir e a reconstruir realidades. As organizações são construções sociais baseadas em níveis diferentes de representação das pessoas que compartilham seus valores e na aderência dos grupos a eles. Mudança cultural – A mudança cultural extrapola a internalização de novos códigos, propondo-se a alcançar um novo paradigma de vida. A cultura além dos lemas – Reduzirmos a cultura organizacional a “lemas” e “slogans” é um equívoco! Para entendê-la, precisamos compreender seus aspectos rotineiros bem como suas dimensões mais expressivas, pois todos eles contêm códigos e significados simbólicos importantes para a cultura corporativa. |
|
|
| Unidade 2 | Módulo 3 | Tela 33 |
| 1-
A Política e a Organização
Ao final do Módulo II, vimos que a metáfora da cultura deixa a desejar quanto à revelação mais aprofundada das dimensões políticas da organização. Neste Módulo III, utilizaremos a metáfora das Organizações como Sistemas Políticos, a fim de compreendermos que a política é dimensão inseparável da vida corporativa. Então, abordaremos o cenário político das corporações, considerando as ideias seguintes:
Essa metáfora nos ajuda a ver mais claramente a política da rotina organizacional. Ainda que as pessoas reconheçam, nos bastidores, que o ambiente corporativo é rodeado de “alianças” que dão vantagens a alguns, quase nunca isso é posto a público. |
|
|
Tela 34 |
| 2
- Organizações como sistemas governamentais
A discussão de motivos políticos é inibida pelo pensamento racional que impele as pessoas a alcançarem metas comuns. Assim, a política é tida como algo negativo, como negociata, nublando seus aspectos positivos. Esta situação impede que dirigentes e funcionários possam reconhecer que a política é um dos aspectos essenciais da vida organizacional e que pode colaborar com seu aperfeiçoamento. Os sistemas de governo são plurais e o mesmo ocorre nas organizações. Muitas organizações são comandadas por administradores autoritários que, em decorrência do seu perfil, conexões familiares ou facilidade de conquistar prestígio conseguem e exercem um grande poder na organização. • Tipos de poder e comando Antes de avançar mais nesta discussão, vamos tentar analisar as relações entre “poder” e “comando”. Max Weber (lembra-se de que já estudamos suas ideias na Unidade I?) define o poder como legítimo quando a autoridade é reconhecida pelos subordinados, que a obedecem com convicção. Isso
significa que há a possibilidade de existir formas de poder “ilegítimas”,
ou seja, exercidas na base da “força” e da coerção,
criando resistências e obstáculos a um comando eficiente
de uma organização (ainda que superficialmente se tenha
a impressão que “as coisas funcionam”). |
|
|
Tela 35 |
|
|
|
|
Quando falamos sobre autocracia, democracia, burocracia ou tecnocracia, comparamos organizações a sistemas políticos porque esses termos caracterizam tipos de lideranças políticas. Vejamos um quadro comparativo dos padrões de poder e autoridade destes estilos de liderança:
Devido à complexidade de situações e de realidades que coexistem, é difícil encontrar organizações caracterizadas somente por um tipo de comando.
|
||||||||||
|
Tela 36 |
É comum encontrarmos pessoas que acreditam que negócios e política devem ser separados. Da mesma forma, há opiniões que discordam que representantes dos trabalhadores tenham um espaço de influência no conselho diretor da organização, sob o argumento da “incompetência técnica” para estas tarefas. Entretanto, qualquer que seja a situação, precisamos compreender que a política precede qualquer mudança na organização; a política já existe desde sempre!
Assim torna-se mais urgente que os administradores reconheçam esta situação e que possam perceber até que ponto uma “democratização” nas suas estruturas possa corresponder a uma abordagem diferente para esta situação que já é política. O que resta discutir é seu princípio de legitimidade! |
|
|
Tela 37 |
3 - Organizações como Sistemas de Atividade Política
Os jogos de poder, os conflitos e as intrigas interpessoais revelam a política de uma organização porque esses cenários são decorrentes do fluxo de atividade corporativa. Porém, geralmente, a política acontece de uma forma praticamente invisível para quem não está envolvido nesse processo. Certamente, você reconhecerá vários aspectos políticos organizacionais ao estudar outras disciplinas do curso. E, neste momento, será muito positivo você lembrar-se da metáfora da Organização como Sistema Político! Quando surge a política organizacional? Quando as pessoas pensam e querem agir diferentemente ao serem confrontadas com diferentes caminhos de ação. Esta é uma
observação importante, porque permite entender a indignação
e a incompreensão dos “jogadores políticos”
frente aqueles que ficam “fora do jogo”. |
|
|
Tela 38 |
|
Tendo
isso tudo em mente, podemos então examinar a política organizacional
de forma mais metódica, enfocando as relações entre
interesses, conflito e poder. Uma das formas mais importantes para entendermos a política organizacional diz respeito aos interesses em três domínios inter-relacionados relativos à tarefa organizacional de alguém, à sua carreira e à sua vida pessoal, representados no diagrama a seguir.
É
claro que em toda corporação existe uma grande diversidade
de interesses que podem ser estudados ao procurarmos identificar como
as concepções e as práticas das pessoas coincidem
ou colidem. |
|
Tela 39 |
|
| •
Organizações como coalizões
Até agora vimos como os sistemas políticos determinam as posturas individuais, mas precisamos lembrar que uma organização apresenta também uma realidade em que os grupos são fundamentais.
Os diversos tipos de divisões que fragmentam os interesses – por exemplo, a divisão funcional – dão forças para o desenvolvimento de facções e coalizões, que aproveitam para elaborar estratégias e acumular influência e poder. |
|
Tela 40 |
|
|
• Entendimento do conflito Geralmente, reagimos ao conflito no contexto organizacional como uma força disfuncional, desagregadora, atribuída a um conjunto de circunstâncias negativas. Quaisquer que sejam as formas e razões do conflito, sua fonte está em alguma divergência de interesses real ou imaginada.
Precisamos reconhecer o potencial criador do conflito, o qual pode ser algo “útil” em certas condições e deve ser considerado “normal” na vida das organizações. Existe um sistema
corporativo paradoxal: ao mesmo tempo em que as pessoas precisam colaborar
para realizar tarefas, muitas vezes se veem “jogadas umas contra
as outras” por que foram colocadas em posição de competição,
seja por recursos limitados, por evolução na carreira, por
remuneração variável ou status. |
|
Tela 41 |
|
O organograma evidencia esse sistema antagônico: as pessoas são motivadas e desafiadas a “subir” na carreira. No entanto, o organograma nos mostra que há bem menos cargos no topo do que na base, significando uma forte competição e de que haverá mais “perdedores” do que “vencedores”. Assim, a política organizacional se desenvolve com base em um sistema que assegura, mais ou menos, as batalhas competitivas.
Bem, uma pessoa não precisa ser conscientemente “astuta” ou “maquiavelicamente política” para participar da política organizacional. Os “Maquiavéis” da corporação, que sistematicamente defendem seus interesses de maneira inescrupulosa, simplesmente ilustram a forma mais extrema de uma tendência latente presente em quase todos os aspectos da vida organizacional. |
|
Tela 42 |
|
• Explorando
o poder A maioria dos teóricos da organização tende pela definição de poder dada por Robert Dahl que sugere que o poder envolve uma capacidade de fazer outra pessoa fazer o que de outra forma não faria. Para uns, a definição
de Dahl remete a um estudo das condições de “aqui
e agora” sob as quais há uma relação de dependência
de uma pessoa, grupo ou organização de outra; para outros,
leva a uma análise das forças históricas que determinam
o cenário onde as relações se encontram. |
|
Tela 43 |
|
As fontes de poder dão aos membros organizacionais uma variedade de meios de impor seus interesses e resolver ou perpetuar o conflito organizacional. Vejamos as mais importantes fontes de poder. 1.
Autoridade formal – A autoridade formal é
definida por um tipo de poder tornado legítimo, a partir das regras
e normas existentes. Este poder é respeitado por aqueles que reconhecem
a alguém o “direito de comandar”, que assumem a “obrigação
de obedecer”. Se esta autoridade perde a legitimidade passa não
ser respeitada, e o poder passa a depender de outras fontes. A autoridade
formal é associada à posição da pessoa em
uma organização, definidas em termos de direitos e obrigações,
criando um campo de influência no qual alguém age legitimamente
com o apoio formal daqueles com quem trabalha. Como exemplo, podemos analisar
de que forma as posições em um organograma definem as bases
de poder na organização.
|
|
Tela 44 |
|
|
|
| 2. Controle de recursos escassos - A dimensão importante
do “controle de recursos escassos” é fundamentada nas
teorias econômicas. Para continuar existindo, as corporações
dependem de vários tipos
de recursos. O “controlador” de qualquer recurso escasso,
do qual existe dependência de outras pessoas, recebe grande poder
dentro da organização. A escassez e a dependência são
as chaves para o poder ligado a recursos! Não é preciso ter
controle total sobre esses recursos; se apenas houver a capacidade de influenciar
decisões críticas que reflitam na disponibilidade e localização
dos recursos, há uma redução de dependência a
outros, o que pode aumentar o poder. Qualquer que seja o recurso controlado, os princípios permanecem os mesmos: podem ser encontradas personalidades “maquiavélicas” que tentarão definir estratégias para aumentar seu “poder”, criando dependência por meio do controle planejado de recursos críticos. 3. O uso de estrutura organizacional, regras, regulamentações e procedimentos - Geralmente, esses elementos são tidos como instrumentos racionais do trabalho, mas, ao vê-los pela ótica política, os compreenderemos como consequências de uma luta por controle político. Visualizamos que a estrutura organizacional pode prestar-se a marginalizar ou dividir os “rivais” de outros, e as regulamentações e as regras como artefatos para se obter vantagens, com uso reativo ou proativo como parte de um jogo de poder. |
|
Tela 45 |
|
|
4. Controle de processos decisórios – Uma vez que nossa abordagem está focada na organização, a partir da metáfora dos sistemas políticos, torna-se claro que uma das principais reflexões diz respeito aos diferentes tipos de processos decisórios estruturados. Devemos, no entanto, diferenciar entre: 1) o controle das decisões sobre premissas; 2) sobre processos; e 3) sobre problemas e objetivos, sabendo que tais formas se interrelacionam. 5. Controle
de conhecimentos e de informações - Cada vez mais
estamos vivendo em uma sociedade “pós-industrial”,
baseada na intensiva troca de informações, em que o conhecimento
se torna um capital estratégico. É deste ponto de vista
que ganha importância o controle sobre os conhecimentos e informações,
pois possibilita influenciar sistematicamente a definição
das situações organizacionais, bem como criar padrões
de dependência. Deter informações pertinentes, o acesso exclusivo a dados importantes, ou ter a capacidade de reunir e sintetizar fatos aumenta o poder de agentes organizacionais. Vejamos alguns exemplos!
|
|
Tela 46 |
6. Controle
de fronteiras - A “fronteira” – dimensão
da realidade que pressupõe um certo grau de indefinição
e uma interface entre diferentes elementos de uma organização
– pode ser a margem de atuação de um administrador
perspicaz. Por exemplo, podemos pensar na “fronteira” entre
diferentes grupos de trabalho ou departamentos ou entre uma organização
e seu ambiente.
|
|
|
Tela 47 |
A busca pela autonomia frequentemente encontra a oposição de estratégias contrárias, iniciadas em outras partes do sistema em que gestores podem tentar romper a coesão do grupo, utilizando medidas como:
Muitas vezes, as transações de fronteira são marcadas por estratégias concorrentes de controle e “contracontrole”. Muitos grupos adquirem alto grau de autonomia e definem sua posição de forma que a corporação se torne um sistema de grupos e áreas ligados de maneira mais solta em vez de uma unidade integralmente interligada. |
|
|
Tela 48 |
7.
Habilidade para lidar com a incerteza
- O desenvolvimento da capacidade de lidar com incertezas dá a
uma pessoa, grupo ou subunidade grande poder na organização,
pois permite “escapar” das soluções fáceis
e preestabelecidas, e por vezes encontrar saídas não imaginadas
para problemas novos. Um primeiro tipo
de incerteza diz respeito às questões que envolvem o ambiente
(por exemplo, com relação aos mercados, fontes de matérias-primas
ou finanças), mas que pode trazer oportunidades àqueles
que têm condições de enfrentar os problemas, diminuindo
as consequências da incerteza sobre a organização.
|
|
|
Tela 49 |
8. Controle de tecnologia - Muitas organizações tornam-se crucialmente dependentes de algum tipo de tecnologia como uma forma de converter insumos organizacionais em resultados; assim, é compreensível que o controle das tecnologias seja um tipo de poder decisório. O tipo de tecnologia utilizado delineia as relações
de poder na organização. Em corporações
onde a tecnologia contempla sistemas mais autônomos de produção,
a capacidade de uma pessoa ou grupo influenciar a dinâmica do
todo é bem mais limitada.
|
|
|
Tela 50 |
| 9.
Alianças interpessoais, redes e controle de "organizações
informais" - Como o administrador se converte em um “político
organizacional”, desenvolvendo a habilidade de estabelecer alianças
e redes interpessoais, incorporando, sempre que possível, a ajuda
e influência de todos aqueles que têm interesses em comum? Bem,
inicialmente precisamos nos conscientizar da importância de apaziguar
potenciais “inimigos” e de fazer amigos novos. Aquele capaz
de construir coalizões e alianças reconhece a necessidade
da troca e da dependência mútuas. Já sabemos que as coalizões conferem poder. Entretanto, todas as organizações têm redes informais em que as pessoas interagem para atingir determinados objetivos. Tais redes sociais informais também oferecem um alto um grau de poder. Líderes de grupos informais podem tornar-se uma influência tão poderosa em sua rede ou grupo quanto qualquer regra, regulamentação ou gerente, assumindo o status de “fiscais”, “guardas da fronteira” ou de representantes e intérpretes da realidade para os grupos liderados.
|
|
|
Tela 51 |
10.
Controle de contraorganização - Uma outra variante
da organização informal surge em situações
em que um membro de uma organização desenvolve uma dependência
psicológica ou emocional em relação a um agente externo
à organização. Por exemplo, quando líderes
levam em consideração “opiniões” dos
cônjuges, amantes, secretárias ou assistentes de confiança,
ou até de indivíduos carismáticos (conforme alertava
Max Weber), surge um padrão de inconstância no poder decisório
que precisa ser identificado pelo administrador. Mas em que situação a estratégia de “contraorganização” se efetiva?
|
|
|
Tela 52 |
| 11. Simbolismos
e o gerenciamento de significados - Conforme evoluímos em
nossos estudos, mais compreendemos a dimensão “simbólica”,
presente nos sistemas políticos, como possibilidade de os detentores
do poder político legítimo apresentarem a estrutura de funcionamento
existente como a “melhor” possível, e obter o reconhecimento
desta situação. É o que podemos chamar de “gerenciamento
de sentido”, isto é, como se constrói uma realidade
na mente dos demais participantes a partir de uma determinada visão
de mundo, a qual exige uma liderança consolidada portadora da habilidade
de “convencer”.
O tipo de liderança
também influencia: o líder autoritário tenta "vender"
ou mesmo forçar uma realidade sobre seus subordinados; o líder
mais democrático abre espaço para que as situações
evoluam a partir dos pontos de vista dos outros. A influência do
líder democrático é muito mais sutil e simbólica.
Esse líder ouve, sintetiza, integra, orienta, intervém,
considera ideias e valores, buscando auxiliar os envolvidos a entender
com o que estão lidando. Muitos gestores e
líderes bem-sucedidos sabem do poder da imagem, dando muita atenção
ao impacto de suas palavras e ações sobre as pessoas que
os cercam. |
|
|
Tela 53 |
12. Gênero
e gerenciamento de relações entre os gêneros
- Modernamente as chamadas “questões de gênero”
– questões que envolvem a reflexão sobre as diferenças
entre os sexos –, sejam biológicas, culturais, ou políticas,
têm merecido destacada atenção em todos os domínios
da vida social.
Este preconceito evidencia a forma como a realidade organizacional é criada e mantida, diariamente, pois nem sempre a discriminação é visível, esgueirando-se pelo sistema organizacional de maneira bem sutil. |
|
|
Tela 54 |
13. Fatores
estruturais que definem o palco da ação - Como
é possível que em uma organização existam
tantas fontes de poder e, ao mesmo tempo, se identifiquem fortes sentimentos
de impotência disseminados ao longo de sua estrutura?
Os agentes ou condutores
de relações de poder podem ser apenas “peões”
que se movimentam em um jogo com regras aprendidas sem, no entanto, poder
modificá-las. Isso explica porque, mesmo as pessoas mais poderosas,
frequentemente, sentem que não têm muitas opções
sobre o próprio comportamento. |
|
|
Tela 55 |
| 14.
O poder que alguém já tem - Qualquer forma de poder,
além de servir para os propósitos da ação política,
também pode ser considerada como um caminho para adquirir mais poder.
Mas para que serviria este acúmulo de poder? Qual a lógica
que impele os indivíduos neste caminho? Quais as consequências
desta atitude?
Estas respostas dependem não apenas da compreensão da lógica dos interesses organizacionais, mas também de elementos subjetivos dos indivíduos. Para nós, interessa compreender que o poder atrai e sustenta novas relações interpessoais, como forma de ampliação do raio de influência do detentor de poder.
Não podemos
nos esquecer da questão da troca de favores. As pessoas, pensando
em receber favores como gratidão de apoio dados, começam
a dar ao detentor de poder um suporte não solicitado. No momento
em que este detentor de poder retribuir, concretamente, o apoio recebido,
as pessoas beneficiadas tornam-se “devedoras”, abrindo caminho
a todos os tipos de acordos tácitos. |
|
|
Tela 56 |
Há também o aspecto “estimulante” subjetivo no exercício do poder: as pessoas que vivenciam o sucesso profissional resultante de suas decisões sentem-se “acima” de seus limites, desenvolvendo um desejo para conseguir mais progresso e mais sucesso. A percepção de que o sucesso pode levar a mais poder aumenta a importância do desenvolvimento de atitudes pró-ativas e de autoconfiança que levam as pessoas a agir de maneira que antes não fariam para alcançar os resultados que desejam. Muitas vezes esta ação proativa é altamente desejada, especialmente diante de situações em que se imaginava não haver possibilidades de encontrar saídas ou que suas habilidades eram insuficientes.
Fica claro, neste
ponto, ser fundamental aos administradores compreender o alcance da experiência
de sucesso de um líder, e como esta pode se tornar uma força
transformadora quando se percebe que uma vitória pode levar a outra. |
|
|
Tela 57 |
| 4 - Vantagens
e desvantagens da metáfora política
É interessante verificar que, apesar de as pessoas saberem que estão rodeadas pela política organizacional, raramente isso é comentado publicamente. Os assuntos são discutidos sigilosamente com os amigos ou no ambiente das coalizões, fazendo do tema política organizacional um tabu. • Vantagens
|
|
|
Tela 58 |
• Vantagens (continuação)
• Limitações da metáfora política A política pode gerar mais política, havendo o risco de uma crescente politização da corporação, de forma negativa, isto é, não levando em conta os objetivos primeiros da organização, levando-nos a procurar intenções ocultas em todas as ações e situações. Além disso, as desigualdades de poder e influência podem ser subestimadas. |
|
|
Tela 59 |
| Resumo
Neste Módulo, vimos que a metáfora nos ajuda a perceber a política como natureza inerente às organizações. Entretanto, ainda que as pessoas reconheçam a sua existência, não se sentem livres para discutir sobre ela, tornando-se conversas de bastidores. Assim, a política assume um caráter negativo, de negociata, em detrimento de sua dimensão positiva. As corporações são sistemas governamentais, lideradas por vários perfis de administradores, com diferentes conexões ou facilidades de conquistar prestígios, o que lhes confere grande poder. Podemos ter comandos reconhecidos e legitimados e poderes ilegítimos – esses últimos são baseados na coerção, o que gera resistências e dificuldades à administração corporativa. Temos lideranças autocráticas, democráticas, burocráticas ou tecnocráticas, ainda que não em suas formas puras, pois, normalmente, elas são mescladas. Essa nomenclatura já caracteriza uma comparação com os sistemas políticos. As organizações também são como sistemas de atividade política, que tem nascedouro nas intrigas, nos jogos de poder e nos conflitos (divergência de interesses). A política organizacional surge quando as pessoas que pensam de maneira diferente também querem agir de forma diferente quando confrontadas em determinados caminhos. Os interesses por tarefa organizacional, carreira e vida pessoal são inter-relacionados. Os interesses da tarefa estão vinculados à realização do trabalho; os interesses da carreira independem da tarefa executada, pois as pessoas trazem para o ambiente de trabalho desejos e aspirações diferentes; e os interesses da vida pessoal são os valores e compromissos fora do trabalho que definem a forma de agir em relação ao trabalho e à carreira. A organização também age como coalizões, que são formadas por diferentes grupos, formais e informais, com interesses comuns em jogo. Quando há divergências de interesses, o conflito pode surgir. Precisamos entender o conflito não como algo negativo a ser eliminado, mas sim algo a ser administrado, pois é ocorrência normal nas organizações. Entretanto, a própria organização pode ser geradora dos conflitos ao orientar trabalhos cooperativos ao tempo em que estimula competições individuais para progredir na carreira. Outra forma de administrar é explorando o poder, pois o poder pode ser um meio de resolução dos conflitos. Além disso, é importante identificarmos as fontes de poder,
dentre as quais destacamos: As fontes de poder
dão aos membros organizacionais uma variedade de meios de impor
seus interesses e resolver ou perpetuar o conflito organizacional. |
|
|