Unidade 3 Módulo 1
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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

1 - A imagem, o texto e as ideias

Observe os anúncios abaixo e reflita sobre suas informações.



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Bem, vamos analisar a publicidade do jornal Diário do Grande ABC, que você acabou de visualizar e analisar. Podemos perceber, inicialmente, que há vários indícios “sugeridos” pelo anunciante e que não estão explícitos no texto. Esses indícios podem nos levar a entender e apreender o tema e a tese de qualquer tipo de texto, mesmo os não literários, como é o caso destes anúncios.

A partir disso, podemos ver as relações estabelecidas entre a tese e as ideias, ou os argumentos que nos são sugeridos para sustentá-la. Ou seja, nos anúncios do Diário do Grande ABC há vários indícios, como a foto do animal em questão, e a sugestão de uma “ideia” associada a essa imagem, como o que está explícito no item (f) do exercício: as imagens escolhidas para os anúncios fazem inferência a ideias já conhecidas do grande público, por exemplo, associando a imagem da avestruz com a ideia de um animal que “se esconde”; da zebra, com a ideia de ”um resultado inesperado” ou a ideia de “dar errado ou de fracasso” e a imagem do lobo com a ideia de “traidor e devorador”.

O próprio autor, seja de uma história em quadrinhos, uma peça publicitária, um texto literário ou um filme, deve oferecer os elementos para que o leitor identifique a relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la, ou seja, o autor deve ter em mente a noção de que o seu ponto de vista sobre determinado assunto será percebido pelo leitor por meio dos vários procedimentos utilizados na exposição de seus argumentos e deverá trabalhá-los para que o leitor os apreenda.



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2 - Relações entre tema e elementos no texto

O tema é o eixo sobre o qual o texto se estrutura. A percepção do tema responde a uma questão essencial para a leitura: o texto trata do quê?

Espera-se, com isso, verificar a capacidade de o leitor construir o tema do texto a partir da interpretação que faz dos recursos utilizados pelo autor (como o uso de figuras de linguagem, de exemplos, de uma determinada organização argumentativa, o uso de imagens ou elementos não verbais, dentre outros).

Se o leitor não consegue fazer essa construção, significa que não percebe o texto como um todo, ou seja, não consegue ainda perceber o nível mais abstrato de leitura pelo qual poderia construir o significado global do texto.

Identificar as ideias, símbolos, elementos ou argumentos utilizados pelo autor na construção de um texto é uma tarefa que exige do leitor, primeiramente, o reconhecimento do ponto (ou dos pontos) de vista que está sendo apresentado ou defendido e que o relacione aos elementos e argumentos usados para sustentá-lo.

Para identificar a tese em um texto argumentativo, primeiro devemos entender que o seu produtor procura convencer ou persuadir alguém daquilo que ele (quem escreveu o texto) acredita. Por isso defende uma tese, utilizando vários recursos lógicos e linguísticos para atingir sua intenção persuasiva. Contudo, outros elementos e outras “formas” também podem ser utilizados para persuadir o leitor ou fazê-lo chegar a determinada ideia.

Ao desenvolver essa habilidade, o leitor passa a perceber as marcas textuais que revelam o ponto de vista e a intenção do autor bem com a sua posição, além de ser capaz de perceber se há teses que, aparentemente, são concorrentes (no caso de mais de uma tese) ou se apenas uma delas é defendida, e isso pode ser feito num texto publicitário, num vídeo, num artigo, num texto acadêmico ou numa história em quadrinhos.



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Vejamos a charge a seguir:

Na charge acima, temos um exemplo simples: no contexto do jornal que a publicou, no dia em que foi publicada (em 22 de janeiro de 2008, quando houve uma queda na Bolsa de Valores), a charge faz sentido. Mas se ela for publicada em um dia qualquer, em outro contexto, talvez faltem elementos para que o leitor compreenda a mensagem plenamente.

Para alguns leitores, poderá até haver a compreensão de que uma queda da Bolsa de Valores nos EUA pode causar um “susto” (considerando-se o desenho estilizado da bandeira dos EUA que lembra um gráfico da Bolsa), mas a charge deixa de fazer sentido em outra época ou contexto. Outros leitores poderão não compreender os elementos explícitos no desenho e então não compreender mensagem, o tema ou a tese em questão. Ou seja, se o leitor não percebe a estrutura simbólica e argumentativa exposta, consequentemente terá sua compreensão comprometida, seja em qualquer tipo de texto.

O leitor deve, portanto, independente do tipo de texto apresentado, identificar os elementos que o constroem. É preciso também que consiga identificar personagens, a relação entre elas e seus tipos (se são reais ou inventadas, se são seres animados ou inanimados), o tema (ou a tese), como o texto está organizado e de que forma se resolvem os possíveis conflitos e ou problemas apresentados. Se o texto não apresenta bem esses elementos, o leitor pode revelar pouca familiaridade com o mesmo e dificuldade com o seu grau de complexidade.



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3 - Quando o texto é uma imagem

Outra habilidade que o leitor deve desenvolver é reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma imagem, uma determinada palavra ou expressão. Ou seja: que efeito determinada imagem causará no interlocutor? E de que forma isso acontece? Vejamos.

Num texto, podem ser usados, além das palavras, elementos não verbais (fotos, desenhos, tabelas, gráficos, quadros), que visam a contribuir para a construção dos sentidos.

Observe as imagens a seguir:



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As imagens da publicidade que você viu foram feitas por uma agência em Shanghai (China), para a empresa Y+ Yoga Center. Elas fazem parte de uma campanha e são compostas apenas por imagens. Você percebeu que a única informação adicional é o nome da empresa, que, aliás, diz tudo que o leitor precisa saber. Além disso, esse nome da Y+ Yoga Center aparece de forma sutil nos anúncios (no caso do relógio, por exemplo, aparece como se fosse “a marca” do mesmo.).

Compreendemos, portanto, que, às vezes, uma imagem leva rapidamente à compreensão porque o leitor consegue integrar imagem e texto. Este é um recurso muito interessante se for bem utilizado, como é o caso dos anúncios que você viu.

Outro recurso que pode aparecer é uma palavra. Nestes anúncios, a informação é a palavra “Yoga”, presente no próprio nome da empresa e que já sugere muitas associações e inferências em relação à imagem.

Assim, você pôde desenvolver a interpretação dos itens do exercício, integrando o material gráfico (imagens) às ideias que previamente já conhecia, e a simplicidade do anúncio favoreceu a interpretação clara, certo? Quando essa tarefa não é cumprida, o leitor tem dificuldade de lidar com os elementos não verbais e, por consequência, não consegue estabelecer relações e atingir a interpretação desejada.



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4 - Quando o texto é escrito

E num texto escrito, discursivo, como podemos perceber as relações entre os argumentos do autor? Vejamos

Leia o texto dissertativo a seguir.

DO PÚBLICO E DO PRIVADO

A discussão sobre os limites do domínio público e do domínio privado ocupou um lugar quase inusitado nos debates da atualidade. Podemos, é claro, atribuir esse interesse à perspectiva, agora frustrada, da revisão da Carta Constitucional, que implicaria a possibilidade de redefinição do papel do Estado e, consequentemente, do que se convencionou chamar de sociedade civil. Mas a simples possibilidade de rever a Carta Magna não parece ser um fator decisivo para tornar esse debate tão atual.

Talvez seja mais sensato admitir que, nos últimos anos, e isso não somente no Brasil, mas em boa parte das sociedades industrializadas, as fronteiras entre o público e o privado se modificaram de forma radical, transformando os velhos parâmetros, que estabeleciam as obrigações e limites do Estado, em peças arcaicas de uma época que não conhecia as novas relações econômicas, nem as novas formas de organização nas sociedades pós-industriais.

Seja como for, podemos situar nosso tema num terreno muito mais vasto do que nossa permanente crise conjuntural, e, por isso mesmo, atribuir-lhe um significado muito maior do que devemos dispensar às eternas confusões de nossas despreparadas classes dirigentes.

Fonte: Newton Bignotto, Cadernos da Escola do Legislativo, n° 2, julho. dez. 1994, B. Horizonte, MG, 1994. (Texto e exercícios adaptados do Concurso TALCRIM-RJ.)



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Então, analisando o texto por partes:

1. O texto trata do quê? Inicialmente, o autor do texto utiliza recursos para estabelecer relações de sentido entre o título de seu texto e as ideias que vai explorar em seguida. Também utiliza recursos para expor seu ponto de vista, ou determinada evidência (ou seja, estabelece relações entre a tese e os argumentos ou evidências que a explicam).

O autor inicia seu texto com uma abordagem acerca da discussão entre os domínios “público” e “privado”, apresenta uma possível explicação para o interesse por esse assunto e também coloca que esse fator de interesse não é decisivo na atualização do debate.

Observe isso no primeiro parágrafo:


DO PÚBLICO E DO PRIVADO

A discussão sobre os limites do domínio público e do domínio privado ocupou um lugar quase inusitado nos debates da atualidade. Podemos, é claro, atribuir esse interesse à perspectiva, agora frustrada, da revisão da Carta Constitucional, que implicaria a possibilidade de redefinição do papel do Estado e, consequentemente, do que se convencionou chamar de sociedade civil. Mas a simples possibilidade de rever a Carta Magna não parece ser um fator decisivo para tornar esse debate tão atual.

2. Depois, o autor apresenta, já no segundo parágrafo, outra explicação para a necessidade ou interesse por este debate, relacionando isso à breve análise sobre as modificações ocorridas entre as fronteiras destes domínios, as transformações nos parâmetros (a partir de novas relações econômicas, novas formas de organização na sociedade pós-industrial) e as obrigações do Estado.

Veja a construção do segundo parágrafo:


Talvez seja mais sensato admitir que, nos últimos anos
, e isso não somente no Brasil, mas em boa parte das sociedades industrializadas, as fronteiras entre o público e o privado se modificaram de forma radical, transformando os velhos parâmetros, que estabeleciam as obrigações e limites do Estado, em peças arcaicas de uma época que não conhecia as novas relações econômicas, nem as novas formas de organização nas sociedades pós-industriais.



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3. O argumento central, que é a própria “necessidade de discussão” e a “necessidade de atribuição de novos significados” em função dessas transformações e diante do despreparo das classes dirigentes, pode ser extraído de parte do primeiro parágrafo e parte nos parágrafos seguintes:

• no primeiro parágrafo, quando o autor apresenta a ideia de discussão necessária entre os dois domínios;
• no segundo parágrafo, quando ele “define” e “evidencia” tais transformações e modificações e a posição do Estado diante de tais evidências,
• e também do terceiro parágrafo, quando ele coloca a questão do “despreparo das classes dirigentes”.

Assim, observe que, no terceiro parágrafo, ele conclui:


Seja como for, podemos situar nosso tema num terreno muito mais vasto do que nossa permanente crise conjuntural, e, por isso mesmo, atribuir-lhe um significado muito maior do que devemos dispensar às eternas confusões de nossas despreparadas classes dirigentes.


Observe que a “ordem” utilizada pelo autor para expor suas ideias é uma ordem “indireta” ou “invertida”, ou seja, ele apresenta o problema (a necessidade de discussão desses domínios) e depois coloca as evidências que geram a necessidade dessa discussão. Por fim, admite que tal discussão deve ser colocada num parâmetro mais vasto, analisando tais processos de transformação e evitando o despreparo das classes dirigentes.

Observe também que ele utiliza recursos, como palavras, expressões, elementos que ligam ideias para construir seu texto de forma encadeada nos três parágrafos.

Na verdade, a tese (ou argumento central deste texto discursivo) está “diluída” nos diversos parágrafos, e mesmo assim faz sentido. Por quê? Simplesmente porque o autor utiliza conectivos adequados para “ligar” as ideias, ou que formam “a teia” de argumentos e evidências, para levar o leitor a entender sua posição.


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5 - Elementos que valorizam a mensagem

Afinal, o que é importante compreendermos a partir da análise de um texto?

Que o leitor deve “entender” o texto como um todo, seja ele um anúncio, uma dissertação, uma reportagem, um vídeo ou um filme. Mas que todo texto deve favorecer a capacidade de o leitor construir o tema do texto a partir da interpretação que faz dos recursos utilizados pelo autor (uso de figuras de linguagem, exemplos, imagens, organização argumentativa, metalinguagem, apólogo, dentre outros).

Agora, assista ao filme publicitário a seguir. Observe, em especial, o desenrolar das cenas, a organização de espaço e os eventos que vão acontecendo para chegar ao objetivo do anunciante.

Você percebeu que todo o filme foi construído a partir da ídea de uma "evolução de acontecimentos" se "precipitando uns sobre os outros"? Um pequeno acidente vai gerando outros acidentes e outros e outros e transformando-se em uma "bola" de "acidentes" incontrolável.

Ao final, o slogan: "Quando seu seguro é In-synch, você pode passar por qualquer coisa." , resume toda a situação e completa o sentido (a ideia) de que os personagens saem “ilesos” de qualquer situação: e esse é exatamente o objetivo do anunciante.

Agora tente imaginar esse mesmo filme sem o slogan. Você concorda que o filme, sozinho, não nos daria a ideia de ser uma publicidade de seguradora, certo? Sem o slogan, ele poderia ser apenas um filme de animação criativo, uma brincadeira de “mágica”, apenas a demonstração de “efeitos especiais” ou qualquer outra interpretação!

Por outro lado, podemos dizer que o slogan, sozinho, pode atingir o objetivo do anunciante, mas também não teria o mesmo impacto, causado pela excelente composição de imagens e criatividade do anúncio. Assim, o criador desta peça publicitária, interessante e inusitada, utilizou diversos elementos, de forma simples e impactante, para chegar ao slogan da seguradora, valorizando ainda mais sua mensagem e trazendo elementos diversos para interligar uma ideia ao produto que quer vender.

Mas é necessário entender o anúncio como um todo, ou seja, em suas diversas nuances, em imagem e em texto, para atingir plenamente o objetivo da mensagem.

A capacidade de o leitor refletir sobre um dos aspectos relacionados à forma do texto, lendo suas imagens, códigos e outros elementos implícitos, e a capacidade de perceber sutilezas da linguagem que interferem na construção de sentidos também estão relacionadas à leitura e ao universo maior ou menor de conhecimentos que ele possui. Assim, é sempre interessante ampliar as próprias possibilidades interpretativas com leitura constante e diversificada.



Metalinguagem é uma linguagem usada para descrever algo sobre outra(s) linguagem(s). De modo amplo, uma metalinguagem pode referir-se a qualquer terminologia ou linguagem usada para descrever uma linguagem em si mesma — uma descrição gramatical, por exemplo, ou um discussão sobre o uso de uma linguagem, um exemplo (textual ou visual) que descreva a própria linguagem.



Apólogo (ou apologia)
é um gênero figurado de narrativa que busca ilustrar lições de sabedoria ou ética, mediante uso de personalidades de índole diversa, imaginárias ou reais, que podem ser tanto inanimadas como animadas. Serve como exemplo clássico os apólogos de Esopo. Bem parecido com a fábula em sua estrutura, o apólogo é um tipo de narrativa que personifica os seres inanimados, transformando-os em personagens da história, mas não deve ser confundido com aquela.

Os apólogos têm o objetivo de atingir os conceitos humanos de forma que os modifique e reforme, levando-os a agir de maneira diferente. Os exemplos são utilizados para ajudar a modificar conceitos e comportamentos humanos, de ordem moral e social. Diferencia-se da fábula por se concentrar mais em situações reais, ao passo que a fábula dá preferência a situações fantásticas, e também pelo fato de a fábula se utilizar de animais como personagens. E diferencia-se da parábola pois esta trata de questões religiosas e lições éticas, enquanto o apólogo fala de qualquer tipo de lição de vida, mesmo que esta não seja a que é adotada pela maioria como a maneira correta de agir.



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Tela 12
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Figuras de Linguagem


São recursos para tornar mais expressivas as mensagens ou ideias de um texto. Subdividem-se em: figuras de som, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de palavras.

Figuras de som

1. Aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.

Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”

Ou, ainda: “Vozes veladas, veludosas vozes” (...)

2. Assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.

“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”

3. Paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos.

“Eu que passo, penso e peço.”

Figuras de construção

1. Elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.

“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de “havia”)

2. Zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes.

Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de “prefiro”)

3. Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.

“ E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito (...)”

4. Inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase.

“De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.”

5. Silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se subentende, com o que está implícito. A silepse pode ser:

• De gênero

Vossa Excelência está preocupado.

• De número

Os lusíadas glorificou nossa literatura.

• De pessoa

“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.”

6. Anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.

“A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa”.

7. Pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.

“E rir meu riso e derramar meu pranto.”

8. Anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.

“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”



Tela 13
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Figuras de pensamento

1. Antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido.

“Os jardins têm vida e morte.”

2. Ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.

“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”

3. Eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.

Ele enriqueceu por meios ilícitos. (Em vez de “ele roubou”.)

4. Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.

Estou morrendo de sede. (Em vez de “estou com muita sede”.)

5. Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados.

O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

6. Gradação ou clímax: é a apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax).

“Um coração chagado de desejos
Latejando, batendo, restrugindo.”

7. Apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada).

“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!”

Figuras de palavras

1. Metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.

“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”

2. Metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos.

Observe:

Não tinha teto em que se abrigasse. (“teto” em lugar de “casa”)

3. Catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, em razão do uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.

O pé da mesa estava quebrado.

4. Antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade:

...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de “os Beatles”)

5. Sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.

A luz crua da madrugada invadia meu quarto.

6. Perífrase: é uma expressão que designa ou compara os seres por de algum de seus atributos, ou de um fato que os celebrizou:

Das entranhas da terra jorra o ouro negro. (Ouro negro = o petróleo)

O rei dos animais foi generoso. (O rei dos animais = o leão)

O Poeta dos escravos morreu moço (O poeta dos escravos = Castro Alves)



Tela 14
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Resumo

O tema é o eixo sobre o qual o texto se estrutura (o texto trata do quê?). Embora em alguns textos o tema e a tese estejam claros e evidentes, há outros casos, mais complexos. A partir da leitura e da interpretação, o leitor poderá, inicialmente, reconhecer os vários indícios “sugeridos” pelo autor (que não estão explícitos), os quais podem levar a entender e apreender o tema e a tese de qualquer tipo de texto, mesmo os não literários.

O próprio autor, seja de uma história em quadrinhos, uma peça publicitária, um texto literário ou um filme, deve oferecer os elementos para que o leitor identifique a relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.

Independente do tipo de texto apresentado, o leitor deve identificar os elementos que constroem o texto. Deve também desenvolver e reconhecer o efeito de sentido decorrente de uma determinada palavra ou expressão. Quanto maior o universo do leitor, mais fácil será a identificação destes elementos e das ideias implícitas em qualquer texto.

Num texto, podem ser usados, além das palavras, elementos não verbais (fotos, desenhos, tabelas, gráficos, quadros), que visam a contribuir para a construção dos sentidos. O leitor deve “entender” o texto como um todo, seja ele um anúncio, uma reportagem, um vídeo ou um filme. Todo texto deve favorecer a capacidade de o leitor construir o tema do texto a partir da interpretação que faz dos recursos utilizados pelo autor (uso de figuras de linguagem, exemplos, imagens, organização argumentativa, dentre outros).

É muito importante que o leitor amplie as próprias possibilidades interpretativas com leitura constante e diversificada, pois a capacidade de ele refletir sobre um dos aspectos relacionados à forma do texto e de perceber sutilezas da linguagem que interferem na construção de sentidos também está relacionada à leitura e ao universo maior ou menor de conhecimentos que ele possui.



Unidade 3 Módulo 2
Tela 15
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1 - O que articula as ideias do texto

Ao interpretarmos um texto é necessário identificarmos todos os elementos que fazem a articulação entre suas diversas partes. É fundamental compreendermos a lógica entre as ideias expostas, ou seja, como a ideia apresentada se relaciona ao todo textual dentro de uma sequência lógica e progressiva.

Para que as ideias estejam bem relacionadas, também é preciso que estejam bem interligadas, bem “unidas” por meio de conectivos adequados, com vocábulos que têm a finalidade de ligar palavras, locuções, orações e períodos. O pronome, por exemplo, é um elemento que ajuda a unir as partes do texto, auxiliando na articulação de ideias. Observe:


João é um ótimo vendedor. A habilidade de João rendeu a João uma pequena fortuna.
João é um ótimo vendedor. Sua habilidade lhe rendeu uma pequena fortuna.

Os pronomes sua e lhe referem-se a um mesmo termo já mencionado, conhecido como referente: João. Sua função, no período acima, é retomar um assunto já tratado anteriormente (João), retirando as repetições indevidas e tornando o texto adequado à norma culta.

Um bom leitor, portanto, deve compreender o texto não como um simples agrupamento de frases justapostas, mas como um conjunto harmonioso em que há laços, interligações, relações entre suas partes.


A compreensão e a atribuição de sentidos relativos a um texto dependem da adequada interpretação de seus componentes. De acordo com o gênero textual, o leitor tem uma apreensão geral do assunto do texto.



Tela 16
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Pronome
é a classe de palavras que acompanha ou substitui o substantivo, relacionando-o com uma das pessoas do discurso. Os pronomes classificam-se em vários tipos e funcionam como elemento conectivo no texto, estabelecendo vínculos. Observe os exemplos a seguir.

1) Os pronomes pessoais apontam para algum participante da situação de fala. Podem ser retos (exercem a função de sujeito ou predicativo do sujeito: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas) ou oblíquos (exercem a função de complemento verbal: me, mim, comigo, te, ti, contigo, o, a, lhe, si, consigo, nos, conosco, vos, convosco, os, as, lhes).

Ex.: Meu filho está na escola. Ele tem uma prova hoje.
Ele = meu filho (referente)
Carlos trouxe o memorando e o entregou ao chefe.
O = memorando (referente)

2) os pronomes reflexivos são aqueles que expressam a igualdade entre o sujeito e o objeto da ação. Os pronomes reflexivos, embora também apontem para o sujeito da oração, exercem sempre a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto). Por esse motivo são associados aos pronomes pessoais do caso oblíquo, herdando as características desses.

Ex.: Guilherme se preparou.
Se = denota que a pessoa preparada por Guilherme foi ele próprio.

Se, ao invés de 'se', tivéssemos empregado 'o' (pronome oblíquo exclusivo para objetos diretos) numa oração como "Guilherme já o preparou" entenderíamos que ele preparou a outra pessoa.

3) Os pronomes possessivos são aqueles que se referem às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Ex.: Pedro, chegou a sua maior oportunidade.
Sua = Pedro (de Pedro)



Tela 17
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4) Os pronomes demonstrativos apontam no espaço ou no tempo. Os demonstrativos estão entre os mais importantes conectivos da língua portuguesa. Veja os casos seguintes.

a) O filho está demorando, e isso preocupa a mãe.
Isso = O filho está demorando.

b) Isto preocupa a mãe: o filho está demorando.
Isto = o filho está demorando.

Observe que, embora sejam parecidos, há diferenças sensíveis entre os pronomes isso e isto. O pronome isso (esse, esses, essa, essas) é usado para fazer referência a coisas ou fatos passados no texto. Isto (este, estes, esta, estas) refere-se a coisas ou fatos que ainda aparecerão.

c) O homem e a mulher estavam sorrindo. Aquele porque foi promovido; esta, por ter recebido um presente.
Aquele = homem
esta = mulher

Temos aqui uma situação especial, cujo objetivo é evitar a repetição de termos por meio do emprego de este (estes, esta, estas) e aquele (aqueles, aquela, aquelas). Não se usa, aqui, o pronome esse (esses, essa, essas). Com relação ao exemplo, a palavra aquele se refere ao termo mais afastado (homem), enquanto esta, ao mais próximo (mulher).

5) Os pronomes indefinidos preenchem um espaço numa frase sem fornecer muito significado específico.

Ex.: Naquela época, os homens, as mulheres, as crianças, todos acreditavam na vitória.
todos = homens, mulheres, crianças

6) Os pronomes relativos introduzem orações relativas.

Ex.: Havia ali pessoas que me ajudavam.
que = pessoas

No caso do pronome relativo, o seu referente costuma ser chamado de termo antecedente.

7) Os pronomes interrogativos fazem perguntas

Ex.: Quem será responsabilizado? O rapaz do almoxarifado, por não ter conferido os materiais.
Quem = rapaz do almoxarifado



Tela 18
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Vamos ver se você consegue estabelecer as relações entre os elementos conectivos do texto e seus referentes. Leia o texto a seguir.


O rato do mato e o rato da cidade

Um ratinho da cidade foi uma vez convidado para ir à casa de um rato do campo. Vendo que seu companheiro vivia pobremente de raízes e ervas, o rato da cidade convidou-o a ir morar com ele:

— Tenho muita pena da pobreza em que você vive — disse.
— Venha morar comigo na cidade e você verá como lá a vida é mais fácil.

Lá se foram os dois para a cidade, onde se acomodaram numa casa rica e bonita.

Foram logo à despensa e estavam muito bem, se empanturrando de comidas fartas e gostosas, quando entrou uma pessoa com dois gatos, que pareceram enormes ao ratinho do campo.

Os dois ratos correram espavoridos para se esconder.

— Eu vou para o meu campo — disse o rato do campo quando o perigo passou.
— Prefiro minhas raízes e ervas na calma, às suas comidas gostosas com todo esse susto.

Mais vale magro no mato que gordo na boca do gato.

Alfabetização: livro do aluno 2ª ed. rev. e atual. / Ana Rosa Abreu... [et al.]
Brasília: FUNDESCOLA/SEF-MEC, 2001. 4v.: p. 60 v. 3



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Além dos pronomes, há diversos outros recursos da língua que podem ser utilizados para interligar as partes de um texto, o que lhe garante coesão. Podemos dizer, a grosso modo, que coesão é qualquer vínculo estabelecido entre as palavras, as orações, os períodos ou os parágrafos.

Vimos que toda palavra ou expressão que se refere a coisas passadas no texto, ou mesmo às que ainda virão, são elementos conectivos e os termos a que eles se referem podem ser chamados de referentes. Vejamos outros conectivos importantes.



Substantivo

Substantivo é tudo o que nomeia as "coisas" em geral. Substantivo é tudo o que pode ser visto, pego ou sentido.
O substantivo pode exercer a função de conectivo no texto, ou seja, retoma termos já mencionados no texto ou que serão mencionados mais à frente.
Ex.: José e Helena chegaram de férias. Crianças ainda, não entendem o que aconteceu com o professor.
Crianças = José e Helena





Substantivo

Substantivo é tudo o que nomeia as "coisas" em geral. Substantivo é tudo o que pode ser visto, pego ou sentido.
O substantivo pode exercer a função de conectivo no texto, ou seja, retoma termos já mencionados no texto ou que serão mencionados mais à frente.
Ex.: José e Helena chegaram de férias. Crianças ainda, não entendem o que aconteceu com o professor.
Crianças = José e Helena





Advérbio

O advérbio, como o próprio nome indica (ad + verbo), acompanha o verbo, acrescentando a ele determinadas circunstâncias de tempo, de modo, de intensidade, de lugar, etc. O advérbio também pode exercer a função de conectivo na frase.
Ex.: A faculdade ensinou-o a viver. Lá se tornou um homem.
Lá = faculdade




Preposições

As preposições ligam palavras dentro de uma mesma oração. Em casos excepcionais, ligam duas orações. Elas não possuem referentes no texto, simplesmente estabelecem vínculos.

Ex.: Preciso de ajuda.
Morreu de frio.

Nos dois casos acima, a preposição liga um verbo a um substantivo. Na primeira frase, em que introduz um objeto indireto, ela é destituída de significado, tendo apenas valor relacional (pois estabelece uma relação). Na segunda frase, em que introduz um adjunto adverbial, ela possui valor semântico, uma vez que a expressão que ela inicia tem um valor de causa.
Saiba + sobre preposição e seus principais valores semânticos.



Objeto indireto

Objeto indireto é um complemento verbal com preposição exigida pelo verbo.

Ex.: Preciso  de ajuda.
 

objeto indireto (a preposição de é exigida pelo verbo precisar)

Quando o complemento verbal não é precedido de preposição denomina-se objeto direto .
Ex.: Sales comeu várias maçãs.

Ex.:Sales comeu várias maçãs.
 
objeto direto (o complemento várias maçãs não é precedido de preposição)



Objeto indireto

Objeto indireto é um complemento verbal com preposição exigida pelo verbo.

Ex.: Preciso  de ajuda.
 

objeto indireto (a preposição de é exigida pelo verbo precisar)

Quando o complemento verbal não é precedido de preposição denomina-se objeto direto .
Ex.: Sales comeu várias maçãs.

Ex.:Sales comeu várias maçãs.
 
objeto direto (o complemento várias maçãs não é precedido de preposição)



Módulo gramática

Preposição

Saiba + sobre preposição

Preposição é uma palavra invariável que liga dois elementos da oração, subordinando o segundo ao primeiro. Isso significa que a preposição é o termo que liga substantivo a substantivo, verbo a substantivo, substantivo a verbo, adjetivo a substantivo, advérbio a substantivo, etc. Só não pode ligar verbo a verbo: o termo que liga dois verbos (e suas orações) é a conjunção.

Valores semânticos das preposições:

• De causa
Ex.: Perdemos tudo com a seca.

• De matéria
Ex.: Trouxe copos de papel.

• De assunto
Ex.: Falavam de política.

• De fim ou finalidade
Ex.: Vivia para o estudo.

• De meio
Ex.: Falaram por telefone.

• De instrumento
Ex.: Feriu-se com a tesoura.

• De condição
Ex.: Ele não vive sem feijão.

• De posse
Ex.: Achei o livro de André.

• De modo
Ex.: Agiu com tranquilidade.

• De tempo
Ex.: Retornaram de manhã.

• De companhia
Ex.: Passeou com a irmã.

• De afirmação
Ex.: Irei com certeza.

• De lugar
Ex.: Ele veio de casa.



A conjunção é a palavra que liga duas orações ou, em poucos casos, dois elementos de mesma natureza.
Pode-se entender também como a palavra que introduz uma oração.
Ex.: Levantou-se devagar e foi ao encontro da mãe.
Saiba + sobre conjunção





A conjunção é a palavra que liga duas orações ou, em poucos casos, dois elementos de mesma natureza.
Pode-se entender também como a palavra que introduz uma oração.
Ex.: Levantou-se devagar e foi ao encontro da mãe.
Saiba + sobre conjunção





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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção


Saiba + sobre conjunção

Conjunção é a palavra que liga duas orações ou dois elementos de mesma natureza (verbo com verbo).

É fundamental para a interpretação e a compreensão de textos o conhecimento das conjunções e locuções correspondentes. Da mesma forma que as preposições, as conjunções não têm referentes propriamente ditos. Cumpre reconhecer o valor de cada uma, para que se entenda o sentido das orações em português e, consequentemente, do texto em que elas aparecem. As conjunções podem ser coordenativas ou subordinativas, como apresentado no quadro a seguir.

Conjunções coordenativas: são as que iniciam orações coordenadas. Podem ser:

Classificação / função
Conjunções
Exemplos

1) Aditivas: estabelecem uma adição, somam coisas ou orações de mesmo valor.

e, nem, mas também, como também, senão também, como, bem como, quanto.

Fechou a porta e foi tomar café.
Não trabalha nem estuda.
Tanto lê como escreve.
Não só pintava, mas também fazia versos.
Não somente lavou, como também escovou os cães
.

2) Adversativas: estabelecem ideias opostas, contrastantes

mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante, senão, que.

Correu muito, mas não se cansou.
As árvores cresceram, porém não estão bonitas.
Falou alto, todavia ninguém escutou.
Chegamos com os alimentos, no entanto não estavam com fome.
Não o culpo, senão a você.
Peça isso a outra pessoa, que não a mim.

3) Conclusivas: estabelecem conclusões a partir do que foi dito inicialmente.

logo, portanto, por conseguinte, pois (colocada depois do verbo), por isso, então, assim, em vista disso.

Chegou muito cedo, logo não perdeu o início do espetáculo.
Todos foram avisados, portanto não procedem as reclamações.
É bastante cuidadoso; consegue, pois, bons resultados.
Estava desanimado, por conseguinte deixou a empresa.
É trabalhador, então só pode ser honesto.

4) Alternativas: ligam ideias que se alternam ou mesmo se excluem.

ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer.

Faça sua parte, ou procure outro emprego.
Ora narrava, ora comentava.
atravessa as florestas, chega aos campos do Ipu.” (José de Alencar)

5) Explicativas: explicam ou justificam o que se diz na primeira oração.

porque, pois, que, porquanto.

Chorou muito, porque os olhos estão inchados.
Choveu durante a madrugada, pois o chão está alagado.
Volte logo, que vai chover.
Era uma criança estudiosa, porquanto sempre tirava boas notas
.



Tela 21
Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção


Conjunções subordinativas
: são as que iniciam as orações subordinadas. Podem ser:

Classificação / função
Conjunções
Exemplos

1) Causais: iniciam orações que indicam a causa do que está expresso na oração principal.

porque, pois, que, porquanto, já que, uma vez que, como, visto que, visto como.

O gato miou porque pisei seu rabo.
Estava feliz pois encontrou a bola.
Triste que estava, não quis passear.
que me pediram, vou continuar.
Visto que vai chover, sairemos agora mesmo.
Como fazia frio, pegou o agasalho.

2) Condicionais: introduzem orações que estabelecem uma condição para que ocorra o que está expresso na oração principal.

se, caso, desde que, a menos que, salvo se, sem que, contanto que, dado que, uma vez que.

Explicarei a situação, se isso for importante para todos.
Caso me solicitem, escreverei uma nova carta.
Você será aprovado, desde que se esforce mais.
Sem que digas a verdade, não poderemos prosseguir.
Contanto que todos participem da reunião, os projetos serão apresentados.
Uma vez que ele tente, poderá alcançar o objetivo.

3) Concessivas: começam orações com valor de concessão, isto é, ideia contrária à da oração principal. Cuidado especial com essas conjunções! Elas são bastante cobradas em questões de provas.

embora, ainda que, mesmo que, conquanto, posto que, se bem que, por mais que, por menos que, suposto que, apesar de que, sem que, que, nem que.

Embora gritasse, não foi atendido.
Perderia a condução mesmo que acordasse cedo.
Conquanto estivesse com dores, esperou pacientemente.
Posto que me tenham convidado com insistência, não quis participar.
Por mais que tentem explicar, o caso continua confuso.
Sem que tenha grandes virtudes, é adorado por todos.
Doente que estivesse, participaria da maratona.
Fale, nem que seja por um minuto apenas.

4) Comparativas: introduzem orações com valor de comparação.

como, (do) que, qual, quanto, feito, que nem.

Ele sempre foi ágil como o pai.
Maria estuda mais que a irmã. (ou do que)
Nada o entristecia tanto quanto o sofrimento de seu povo.
Estava parado feito uma estátua.
Rastejávamos que nem serpentes.
Ele agiu tal qual eu lhe pedira

5)Conformativas: principiam orações com valor de acordo em relação à principal.

conforme, segundo, consoante, como.

Fiz tudo conforme me solicitaram.
Segundo nos contaram, o jogo foi anulado.
Pedro tomou uma decisão consoante determinava a sua consciência.
Carlos é inteligente como os pais sempre afirmaram.

6) Consecutivas: iniciam orações com valor de consequência.

que (depois de tão, tal, tanto, tamanho, claros ou ocultos), de sorte que, de maneira que, de modo que, de forma que.

Falou tão alto que acordou o vizinho.
Gritava que era uma barbaridade. (Gritava tanto...)
Eu lhe expliquei tudo, de modo que não há motivos para discussão

7) Proporcionais: começam orações que estabelecem uma proporção.

à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto (em correlações do tipo quanto mais...mais, quanto menos...menos, quanto mais...menos, quanto menos...mais, quanto maior...maior, quanto menor...menor).

Seremos todos felizes à proporção que amarmos.
À medida que o tempo passava, crescia a nossa expectativa.
O ar se tornava rarefeito ao passo que subíamos a montanha.
Quanto mais nos preocuparmos, mais ficaremos nervosos.
Quanto menos estudamos, menos progredimos.
Quanto maior for o preparo, maior será a oportunidade.

8) Finais: introduzem orações com valor de finalidade.

para que, a fim de que, que, porque.

Fechou a porta para que os animais não entrassem.
Trarei minhas anotações a fim de que você me ajude.
Faço votos que sejas feliz. (= para que)
Esforcei-me porque tudo desse certo. (= para que)

9) Temporais: introduzem orações com valor de tempo.

quando, assim que, logo que, antes que, depois que, mal, apenas, que, desde que, enquanto.

Cheguei quando eles estavam saindo.
Assim que anoiteceu, fomos para casa.
Sentiu-se aliviado depois que tomou o remédio.
Mal a casa foi reformada, a família se mudou.
Hoje, que não tenho tempo, chegaram as propostas.
Estávamos lá desde que ele começou a lecionar.
Enquanto o filho estudava, a mãe fazia comida.


10) Integrantes:
são as únicas desprovidas de valor semântico; iniciam orações que completam o sentido da outra; tais orações são chamadas de subordinadas substantivas.

que, se

É bom que o problema seja logo resolvido..
Veja se ele já chegou.



Tela 22
Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção
2 - Os elementos da narrativa

Em relação aos textos narrativos, ou seja, aqueles que contam fatos, acontecimentos, o leitor necessita identificar, além dos conectivos, os elementos que compõem o texto e quais são as relações entre eles na construção da narrativa. Nos textos narrativos podemos perceber a presença dos seguintes elementos:

narrador,
foco narrativo,
personagens,
enredo,
tempo,
espaço



Narrador é aquele que narra, conta o que se passa supostamente aos seus olhos. Quando participa da história, é chamado de narrador-personagem.




Foco narrativo, ou ponto de vista, é o elemento estrutural da narrativa que compreende a perspectiva por meio da qual se conta uma história. É, basicamente, a posição da qual o narrador conta a história. Quando o narrador apenas conta uma história da qual não participa, dizemos que o foco narrativo está em 3ª pessoa; quando se trata de um narrador-personagem, então dizemos que o foco narrativo está em 1ª pessoa.



Personagens são os elementos, usualmente pessoas, que participam da narrativa. Mas os personagens podem ser coisas ou animais, como no romance O Trigo e o Joio, de Fernando Namora, em que o personagem principal, isto é, o protagonista, é uma burra. Existem personagens tanto em obras ficcionais como não-ficcionais, e o termo se aplica não apenas à Literatura, mas também ao cinema, teatro, à dança, à história em quadrinhos, etc. Em alguns casos, como na televisão ou no teatro, os personagens são representados por um ator.



Enredo é a história propriamente dita, a trama desenvolvida em torno dos personagens. O enredo, ou trama, funciona como o “esqueleto” da narrativa, dando sustentação à história, ou seja, é o desenrolar dos acontecimentos. É, também, um relato de fatos vividos por personagens e ordenados em uma sequência lógica e temporal, que indicam a movimentação das personagens no tempo e no espaço. Geralmente, o enredo está centrado num conflito, responsável pelo nível de tensão da narrativa
.



O espaço ou ambiente é o lugar real ou imaginário em que a trama se desenvolve. Pode, naturalmente, variar muito, no desenrolar da narrativa.



Tela 23
Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

Faça uma leitura atenta do texto a seguir e procure identificar os elementos da narrativa que se fazem presentes.


“Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa para pensar no passado. E no seu pensamento como que ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera um acontecimento triste para o velho Maneco: Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda.”

(Érico Veríssimo, O Tempo e o Vento)



Tela 24
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Veja mais um exemplo de narração, agora com o narrador-personagem.


“Hoje estive na loja de Seu Chamun, uma tristeza. Poeira e cisco por toda parte, qualquer dia vira monturo. Os dois empregados do meu tempo foram embora, não sei se dispensados, e o dono não tem disposição para limpar.”

(José J. Veiga, Sombras de Reis)


Leia as questões e tente respondê-las em pensamento, em seguida, clique na seta para ver a resposta.



Tela 25
Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

Após identificarmos os elementos que compõem o texto narrativo, o passo seguinte é reconhecer os fatos que causam o conflito ou que motivam as ações dos personagens, originando o enredo do texto.

O leitor atento deve identificar os acontecimentos desencadeadores de fatos apresentados na narrativa, ou seja, o conflito gerador, bem como o personagem principal, o narrador da história, o desfecho da narrativa.

Vamos ver como isso se dá, na prática. Lembra-se do texto sobre os ratos? Leia-o novamente, clicando aqui.



O rato do mato e o rato da cidade

Um ratinho da cidade foi uma vez convidado para ir à casa de um rato do campo. Vendo que seu companheiro vivia pobremente de raízes e ervas, o rato da cidade convidou-o a ir morar com ele:

— Tenho muita pena da pobreza em que você vive — disse.
— Venha morar comigo na cidade e você verá como lá a vida é mais fácil.

Lá se foram os dois para a cidade, onde se acomodaram numa casa rica e bonita.

Foram logo à despensa e estavam muito bem, se empanturrando de comidas fartas e gostosas, quando entrou uma pessoa com dois gatos, que pareceram enormes ao ratinho do campo.

Os dois ratos correram espavoridos para se esconder.

— Eu vou para o meu campo — disse o rato do campo quando o perigo passou.
— Prefiro minhas raízes e ervas na calma, às suas comidas gostosas com todo esse susto.

Mais vale magro no mato que gordo na boca do gato.

Alfabetização: livro do aluno 2ª ed. rev. e atual. / Ana Rosa Abreu... [et al.]
Brasília: FUNDESCOLA/SEF-MEC, 2001. 4v.: p. 60 v. 3



Tela 26
Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

Como vimos, o bom leitor deve reconhecer a função dos elementos que dão sentido e correção ao texto. Para isso, deve identificar as informações do texto como um todo, as relações entre as partes e apontar os termos que estão sendo substituídos e/ou repetidos para facilitar a continuidade do texto e a compreensão do sentido. Vamos praticar? Leia o texto a seguir.


A mulher foi passear na capital. Dias depois, o marido dela recebeu um telegrama:

“Envie quinhentos cruzeiros. Preciso comprar uma capa de chuva. Aqui está chovendo sem parar”.

E ele respondeu:

“Regresse. Aqui chove mais barato”.

(Ziraldo, in As Anedotas do Pasquim)

Agora, com base no texto, faça o exercício a seguir.



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3 - Como interpretar tabelas e gráficos

As tabelas e gráficos são tipos de texto muito utilizados para transmitir informações rápidas, pois possibilitam a representação visual dos dados, portanto, não necessitam dos conectivos usuais do texto escrito.

É preciso, entretanto, ter clareza que interpretar tabelas e gráficos refere-se à habilidade de ler, ou seja, de extrair sentido dos dados. Para interpretar rapidamente esse tipo de informação, é necessário dominar essa linguagem, que utiliza números, palavras e recursos gráficos.

Ao folhear um jornal ou uma revista, o bom leitor, mesmo que não tenha lido integralmente algumas notícias, poderá se inteirar do assunto se prestar atenção aos gráficos e tabelas que as acompanham.

A tabela é muito utilizada na organização dos resultados de uma pesquisa estatística. Não é por acaso que os matemáticos chamam isso de tabular os dados. O gráfico, por sua vez, possibilita a representação visual dos dados.

Os gráficos e as tabelas são recursos muito presentes em jornais e revistas, mas não devem ser vistos apenas como figuras ilustrativas ou como uma coleção de dados isolados. Da mesma forma que ocorre com os textos discursivos, é necessário extrair os dados importantes que são apresentados e transformá-los em informação útil.

Ao aprender a interpretar esses recursos, desenvolve-se, também, competência para compreender mais amplamente e criticamente a realidade.



Tela 28
Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

Na tabela, a informação é apresentada em linhas e colunas, possibilitando uma primeira análise, como nas tabelas abaixo. Entretanto, nem sempre ela permite que você veja rapidamente o que a pesquisa indica.

Nesse caso, a solução é transformar os dados em um gráfico, mas é preciso que, antes, eles sejam analisados.

Observando as tabelas e o gráfico acima, mesmo que não tenhamos um detalhamento dos dados, é possível extrairmos algumas informações. Vamos verificar?



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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

Uma tabela não é necessariamente feita só com números. Há tabelas que não podem ou não precisam ser transformadas em gráficos, como a da classificação do campeonato de futebol. Ela serve para ordenar os times.

Os gráficos, por sua vez, demonstram o comportamento de um conjunto de variáveis que se relacionam e podem ser comparadas. São três os tipos mais comuns: de barras, de linhas e de setores, cada um com sua aplicação e finalidade.

Uma forma de desenvolver a capacidade de analisar criticamente gráficos e tabelas publicados em jornais e revistas é perguntar a si mesmo quais são as informações contidas neles que não constam da reportagem que os apresenta. Ou, ao contrário, quais dados estão no texto, mas não aparecem no gráfico. Assim, você perceberá que gráficos e tabelas ajudam, mas não bastam, na compreensão do tema abordado.

Para responder a esses questionamentos, é necessário prestar atenção aos detalhes e às informações transmitidas por uma tabela ou gráfico, pois todos os elementos (números, imagens etc.) são colocados intencionalmente, nenhum dado está disposto de forma aleatória.



Os gráficos de barras são mais utilizados quando há uma grande quantidade de dados a ser exibidos. As informações, transformadas em barras, podem se referir a anos diferentes, por exemplo, o número de matrículas no ensino superior no Brasil (1970 a 2004), em relação a outros países.



Os gráficos de linhas
são adequados quando a intenção é levar o leitor a uma análise sobre a variação de um dado em determinado período, por exemplo, os índices de inflação, que já subiram muito e agora são mais ou menos constantes.



Os gráficos de setores (conhecidos como "pizza") são mais indicados para mostrar poucos números. Os dados de um gráfico desse tipo sempre se referem a um mesmo universo, como o tempo médio de funcionários em uma dada empresa. Somados, os itens resultam em 100%.

Tempo médio de funcionário na empresa



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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção
O gráfico a seguir reflete dados de uma pesquisa sobre desemprego, realizada em 2004 pela Fundação Seade/Dieese.

O estudo foi publicado em diversos jornais. O texto publicado no site Folha On-line – "Desemprego iguala recorde histórico de 20,6% em SP; renda cai" - veio acompanhado de um gráfico de linha.



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Muita informação chega até nós por gráficos, tabelas ou imagens. É muito comum encontrarmos em provas dos mais diversos níveis de ensino e concursos, questões que utilizam esses recursos para abordar as variadas temáticas. Grande parte dessas questões se resolve facilmente a partir da interpretação dos dados fornecidos. Acompanhe a questão a seguir.


Os efeitos dos antiinflamatórios estão associados à presença de inibidores da enzima chamada ciclooxigenase 2 (COX). Essa enzima degrada substâncias liberadas de tecidos lesados e as transforma em prostaglandinas pró-inflamatórias, responsáveis pelo aparecimento de dor e inchaço. Os antiinflamatórios produzem efeitos colaterais decorrentes da inibição de uma outra enzima, a COX-1, responsável pela formação de prostaglandinas protetoras da mucosa gastrointestinal. O esquema abaixo mostra alguns antiinflamatórios (nome genérico). As setas indicam a maior ou a menor afinidade dessas substâncias pelas duas enzimas.

Com base nessas informações, é correto concluir-se que

a) o piroxicam é o antiinflamatório que mais pode interferir na formação de prostaglandinas protetoras da mucosa gastrintestinal.

b) o rofecoxibe é o antiinflamatório que tem a maior afinidade pela enzima COX-1.

c) a aspirina tem o mesmo grau de afinidade pelas duas enzimas.

d) O diclofenaco, pela posição que ocupa no esquema, tem sua atividade antiinflamatória neutralizada pelas duas enzimas;

e) O nimesulide apresenta o mesmo grau de afinidade pelas enzimas COX-1 e COX-2.


Atrás de uma “nuvem de fumaça” criada com palavras desconhecidas, essa questão parece integrar alguma prova de concurso para admissão de médicos ou farmacólogos, entretanto, foi obtida de uma prova do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio. Não exige, portanto, conhecimentos prévios sobre o assunto para sua resolução. É necessário tão somente capacidade de compreensão leitora e atenção redobrada para compreender o que é pedido.

Lendo com calma, vê-se que o que se pede é simples e está claro no esquema: dizer qual é a afinidade de cada medicamento com COX-1 e COX-2, mostrado por uma seta e os sinais + e -. Quanto maior a afinidade com COX-1, menor a com COX-2, e vice-versa.



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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção
Resumo

Para interpretar um texto, é fundamental compreender como a ideia apresentada se relaciona ao todo textual dentro de uma sequência lógica e progressiva. Para isso, é necessário identificar todos os elementos que fazem a articulação entre as diversas partes de um texto. O pronome atua como um desses conectivos, com a finalidade de ligar partes do texto e retomar termos já mencionados (conhecidos como referentes), evitando repetições indevidas.

Além dos pronomes, outros recursos também são utilizados com o objetivo de dar coesão ao texto, tais como substantivos, preposições, advérbio e conjunções, entre outros.

Os textos narrativos contam também com outros elementos – além dos conectivos – que caracterizam essa modalidade de texto: narrador, personagens, enredo, tempo, espaço. Os personagens do texto narrativo, ao se expressarem, o fazem por meio do discurso direto, indireto ou indireto livre. Identificar os elementos da narrativa e reconhecer os fatos que causam o conflito ou que motivam as ações dos personagens é essencial para a interpretação desse tipo de texto.

O bom leitor deve reconhecer a função dos elementos que dão sentido e correção ao texto, identificando as informações do texto como um todo, as relações entre as partes e os termos que estão sendo substituídos ou repetidos para facilitar a continuidade do texto e a compreensão do sentido.

As tabelas e gráficos são tipos de texto muito utilizados para transmitir informações, pois possibilitam a representação visual dos dados, portanto, não necessitam dos conectivos usuais do texto escrito. Todavia, é importante saber lê-los e interpretá-los e não apenas vê-los como figuras ilustrativas ou como uma coleção de dados isolados.

Uma forma de desenvolver a habilidade de analisar criticamente gráficos e tabelas é perguntar a si mesmo que informações estão contidas neles e que não constam nos textos que os acompanham ou que dados estão no texto, mas não estão representados no gráfico. Cada dado é importante, uma vez que nenhum elemento – seja número ou imagem – está disposto de forma aleatória.



Unidade 3 Módulo 3
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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção
1 - Lendo por partes

Leia com atenção os textos a seguir.

A raposa e as uvas

Morta de fome, uma raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar muita uva. A safra tinha sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos enormes, a raposa lambeu os beiços. Só que sua alegria durou pouco: por mais que tentasse, não conseguia alcançar as uvas. Por fim, cansada de tantos esforços inúteis, resolveu ir embora, dizendo:

— Por mim, quem quiser essas uvas pode levar. Estão verdes, estão azedas, não me servem. Se alguém me oferecesse essas uvas eu não comeria.

Moral: Desprezar o que não se consegue conquistar é fácil.

Fonte: Fábulas Infantis , www.metaforas.com.br, <http://www.metas.com.br/fabulas/fabulasdata.asp>

Ao ler o texto acima, observe que muitas palavras funcionam como conexão entre ideias, o que chamamos de coesão. Ou seja, as várias partes de uma frase devem se apresentar bem “amarradas”, para que o texto cumpra sua função primordial, de veículo de interação entre o autor e seu leitor.

No texto 1, a fábula A raposa e as uvas, observe os termos e expressões que ajudam a dar coesão às construções:

1. No início da fábula, a personagem é indicada por artigo indefinido que marca uma informação nova (ou não dita anteriormente): “Uma raposa”, o que também sinaliza uma situação genérica, como é típico nas fábulas. Observe que, após a apresentação, a referência passa a ser “a raposa”. Aqui a referência ao animal está sendo retomada: mas sabe-se de qual raposa se trata.

2. No trecho:

“foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar muita uva. A safra tinha sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos enormes, a raposa lambeu os beiços.”
As expressões destacadas são referenciais para um mesmo significado “uvas”, expressões que foram utilizadas para retomar a ideia sem repetir o vocábulo, mas apresentando um sinônimo.

3. Só que sua alegria durou pouco: por mais que tentasse, não conseguia alcançar as uvas. Por fim, cansada de tantos esforços inúteis, resolveu ir embora, (...)”

Observe que as duas primeiras expressões destacadas no trecho acima, as quais possuem um valor de oposição, introduzem a ideia de “impossibilidade” ao contexto. E “Por fim” dá a continuidade necessária para entendermos que o esforço da raposa era inútil. Essas expressões, assim como o uso de pronomes, advérbios, artigos, conjunções e outros, com valor de causa, consequência, condição, finalidade etc., podem ser utilizados para “unir” ideias dentro de um texto.

4. No trecho:

“— Por mim, quem quiser essas uvas pode levar. Estão verdes, estão azedas, não me servem. Se alguém me oferecesse essas uvas eu não comeria.”

Observe que as expressões “Por mim” e “Se alguém me oferecesse” reforçam o contraste do contexto: a ideia é de que a raposa não se importa, ou mesmo despreza as uvas por sua incapacidade de chegar até elas.



Coesão
significa que as diversas ideias de determinado texto, assim como as partes que compõem a estrutura de um edifício, devem estar bem conectadas, bem “unidas”.



Tela 34
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Agora, leia atentamente o quadrinho de Dilbert. Vamos exercitar um pouco.

Ao fazer este exercício, você percebeu que o uso dos elementos de coesão faz toda a diferença na significação de cada parte de um texto, não é mesmo?

Pois bem, os sentidos do texto são "fios entrelaçados", não são palavras soltas ou frases desconectas. Os termos e expressões que usamos para ligar uma parte à outra funcionam como elementos de organização do texto e constituem também sua coerência.



Tela 35
Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção


A coesão textual pode ser feita por meio de termos que:

retomam palavras, expressões ou frases ditas anteriormente ou antecipam o que vai ser dito;
encadeiam partes ou segmentos do texto: são palavras ou expressões que criam as relações entre os elementos do texto.

Um exemplo de elemento de coesão, na fábula A raposa e as uvas, é a expressão “Só que", a qual, além de ligar as duas partes do texto (uma que se refere à atitude da raposa quando viu as uvas e a outra, sua incapacidade física de pegá-las para comer), estabelece uma relação entre elas, isto é, um contraste e é feito por antecipação, pois antecipa a relação.

A coesão por retomada ou antecipação pode ser feita por: pronomes, verbos, numerais, advérbios, substantivos, adjetivos.

Até este momento, você já percebeu que o texto é tanto produto como processo. Ou seja, ao escrever, o autor planeja seu texto, a partir de sua finalidade, deixando pistas de sua intencionalidade. O leitor, por sua vez, vai perseguindo essas pistas, para ter elementos e interpretar o texto.

Nesse sentido, a coesão textual — ou pistas linguísticas — tem uma importante função na produção de todo e qualquer texto, pois tão importante quanto “aprender a ler é encontrar as pistas” e saber “construir e fornecer” tais pistas.



Tela 36
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Leia, com atenção, o texto a seguir.

Texto 1

No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:

Ai Ai! que preguiça!...

e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau da paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém.

Mário de Andrade. Macunaíma. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos; São Paulo,
Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1978, p.7
.




Tela 37
Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção

Agora, faça a leitura do texto abaixo.


Texto 2

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha rescendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.

José de Alencar, Iracema. Rio de Janeiro, Letras e Artes, 1965, p. 16

Pode-se observar, portanto, que certas palavras são usadas no texto para criar um determinado efeito. Da mesma forma, no texto 1, a palavra "vivia" (em "Vivia deitado...") indica um hábito do personagem; no texto 1, "onde" (em "... a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo...") indica espaço (onde campeava as matas do Ipu).

Mas, atenção! Nos dois casos, essas palavras ocorrem em texto literário: o que não é muito adequado para algumas modalidades de texto, as quais requerem o uso formal da língua (dissertações, relatórios, textos acadêmicos e outros).

A coesão de um texto, pelo que estudamos até esse momento, consiste do emprego correto dos termos conectivos da linguagem, o que permite expressar uma coisa de cada vez, e estabelecendo as relações existentes entre as diversas ideias que o compõem.

Além dos recursos citados, que dão coesão, outros elementos redacionais proporcionam coesão ao parágrafo por encadeamento de ideias.



A coesão por encadeamento pode ser feita por conexão ou por justaposição.

1) A coesão por conexão traz elementos que:

a) fazem uma gradação na direção de uma conclusão: "até", "mesmo", "inclusive" etc.;
b) argumentam em direção a conclusões opostas: "caso contrário", "ou", "ou então", "quer... quer"; etc.;
c) ligam argumentos em favor de uma mesma conclusão: "e", "também", "ainda", "nem", "não só... mas também" etc.;
d) fazem comparação de superioridade, de inferioridade ou igualdade: "mais... do que", "menos... do que", "tanto... quanto", etc.
e) justificam ou explicam o que foi dito: "porque", "já que", "que", "pois" etc.;
f) introduzem uma conclusão: portanto, logo, por conseguinte, pois, etc.;
g) contrapõem argumentos: "mas", "porém", "todavia", "contudo", "entretanto", "no entanto", "embora", "ainda que" etc.;
h) indicam uma generalização do que já foi dito: "de fato", "aliás", "realmente", "também" etc.;
i) introduzem argumento decisivo: "aliás", "além disso", "ademais", "além de tudo" etc.;
j) trazem uma correção ou reforçam o conteúdo do já dito: "ou melhor", "ao contrário", "de fato", "isto é", "quer dizer", "ou seja", etc.;
l) trazem uma confirmação ou explicitação: "assim", "dessa maneira", "desse modo" etc.;
m) especificam ou exemplificam o que foi dito: "por exemplo", como, etc.

2) Os elementos coesivos por justaposição estabelecem a sequência do texto, ou seja:

a) introduzem o tema ou indicam mudança de assunto: "a propósito", "por falar nisso", "mas voltando ao assunto" etc.;
b) marcam a sequência temporal: "cinco séculos depois", "um pouco mais tarde" etc.;
c) indicam a ordenação espacial: "à direita", "na frente", “ao lado de”, "atrás" etc.;
d) indicam a ordem dos assuntos do texto: "primeiramente", "a seguir", "finalmente" etc.;



Tela 38
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2 - A construção de ideias

Além dos aspectos já abordados, um autor deve cuidar da construção das ideias para que seu texto seja compreendido pelo leitor. Isso quer dizer que ele deve cuidar da construção de sentidos e dos períodos, propriamente, estabelecendo um discurso coeso e coerente, ou seja, a unidade textual.

Muitas falhas frequentemente encontradas em textos estão relacionadas ao uso de expressões ambíguas, coloquiais, à repetição desnecessária de ideias ou à ausência de organização dessas ideias.

Por exemplo, vejamos a seguinte frase.

Crianças que recebem leite materno frequentemente são mais sadias.

Vejamos: As crianças são mais sadias porque recebem leite frequentemente ou são frequentemente mais sadias porque recebem leite?

De que forma poderíamos eliminar a ambiguidade? Observe:

Crianças que recebem frequentemente leite materno são mais sadias.



Expressões ambíguas ou ambiguidade é a duplicidade de sentido, seja de uma palavra ou de uma expressão.



Neste trecho, nota-se, claramente, a má colocação de um adjunto adverbial (frequentemente). Tal fato pode gerar duas interpretações à frase.



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Observe outro exemplo.

Feliciana pegou a capa vazia do CD que estava sobre a escrivaninha.

O que estava sobre a escrivaninha: a capa vazia ou o CD?

Agora, eliminando a ambiguidade, temos:

Feliciana pegou a capa vazia do CD a qual estava sobre a escrivaninha.
Feliciana pegou a capa vazia do CD o qual estava sobre a escrivaninha.

Neste exemplo, pelo fato de os substantivos “capa” e “CD” pertencerem a gêneros diferentes, o problema foi resolvido trocando os substantivos por o qual /a qual. Se pertencessem ao mesmo gênero, haveria necessidade de uma reestruturação diferente.




Neste trecho, temos o uso incorreto do pronome relativo (que), o que gera, também, duplo sentido à frase.



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3 - Detectando problemas nas construções

O que percebemos até aqui? Que a comunicação verbal não se faz, geralmente, com palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexto em que são produzidas, não é mesmo? Ou seja, uma sequência qualquer de palavras nem sempre constitui uma frase.

Para que uma sequência de palavras seja admitida como frase, é necessário que respeite certa ordem combinatória, ou seja, é preciso que essa sequência seja construída tendo em conta o sistema da língua, que sejam estabelecidas ligações entre as ideias e os recursos linguísticos para que façam sentido, por isso dissemos anteriormente que a construção das ideias deve ser cuidada, de forma a criar uma unidade textual.

Assim como um conjunto qualquer de palavras não forma uma frase, também um conjunto qualquer de frases não forma, forçosamente, um texto.

Há, ainda, algumas construções que podem dificultar a unidade textual ou a compreensão de uma determinada ideia. Vejamos a seguinte frase:

A garota estava apavorada teria de enfrentar o pai furioso.

O que parece haver de “errado” na frase siamesa, acima? Não podemos pensar que são ideias distintas, que deveriam possuir enunciado completo mas que são apresentadas numa só oração, por não haver elemento de ligação entre elas, como sinais de pontuação ou conectivos?



A frase siamesa caracteriza-se por apresentar ideias ligadas incorretamente, sem ligação clara e recebe esse nome em analogia a irmãs ou a irmãos siameses (crianças que nascem unidas por uma parte do corpo).




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Voltando à frase:

A garota estava apavorada teria de enfrentar o pai furioso.

Veja como fica a frase, se eliminarmos o problema:

1ª opção: uso de sinais de pontuação para dividir as frases.

A garota esta apavorada; teria de enfrentar o pai furioso.
A garota estava apavorada. Teria de enfrentar o pai furioso.

Observe que as ideias já se tornam compreensíveis com a simples utilização da pontuação adequada.

2ª opção: esta será de sua responsabilidade. Tente solucionar o problema, escrevendo, abaixo, outra frase com as mesmas ideias.

3ª opção: uso de conectivos que dão ideia de causalidade entre as frases. Vejamos:

Como
teria de enfrentar o pai furioso, a garota estava apavorada.
A garota estava apavorada, porque teria de enfrentar o pai furioso.

Na primeira frase, observe que o conectivo “como” dá uma ideia de causa, assim, há um “vínculo” entre as duas frases, ou seja, uma passa a depender da outra, não sendo compreensível sozinha: Como teria de enfrentar o pai furioso. Esta frase, graças ao conectivo usado, está “subordinada” à outra, que a explicará, para que a ideia faça sentido Como teria de enfrentar o pai furioso, a garota estava apavorada.

Na segunda, o conectivo “porque” também liga as frases e oferece a possibilidade de interpretação seguinte: a garota estava apavorada porque teria de enfrentar o pai furioso. Mas observe, como na solução anterior, que o conectivo usado, embora ligue as frases, também é subordinativo, ou seja, causal e a frase não faz sentido sozinha, como a anterior: porque teria de enfrentar o pai furioso. Para fazer sentido, ela depende da ideia anterior: A garota estava apavorada, porque teria de enfrentar o pai furioso.



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Vejamos mais um exemplo de encadeamento no trecho:

A Empresa investe em promoções para os atendentes. Que se destacarem nas vendas. Com este objetivo todos se esforçam para vender mais e se destacarem. Sendo recompensados com premiações.


O que percebemos nessa construção? Observamos uma ideia: o investimento em promoções, de uma empresa qualquer, para estimular os seus atendentes e estes aumentarem as vendas. E há ainda uma segunda ideia: por isso, todos se esforçam para se destacarem e serem recompensados com as premiações, certo?

Mas observamos também que estas ideias estão “segmentadas”, ou seja, separadas em duas frases por um ponto, o que prejudica a sua continuidade, não é mesmo?

E como podemos eliminar o problema? Apenas retirando um ponto na primeira frase e colocando vírgulas na segunda, ou seja, apenas eliminando problemas de pontuação.

Outra solução é usar outros conectivos, por exemplo:

A Empresa investe em promoções para os atendentes que se destacarem nas vendas. Com este objetivo todos se esforçam para vender mais e se destacarem, e assim são recompensados com premiações.


Para a clareza de seu texto, é melhor que você não construa tais tipos de frases. A melhor maneira é a leitura atenta para evitar problemas que podem ser resolvidos, muitas vezes, com um simples sinal de pontuação, com conectivos adequados ou com a alteração da ordem dos termos.



A frase segmentada caracteriza-se por apresentar-se separada incorretamente, pois é marcada por um ponto que separa enunciados incompletos.



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Pontuação
é o recurso que permite expressar na língua escrita um espectro de matizes rítmicas e melódicas, representando as pausas e entonações características da língua falada, pelo uso de um conjunto sistematizado de sinais gráficos e não gráficos.
Existem alguns sinais básicos de pontuação. São eles:

Ponto (.) — Usa-se no final do período, ao final de frases declarativas ou imperativas, indicando que o sentido está completo. Também usado nas abreviaturas (Dr., Exa., Sr.).
Exemplo: Ele foi ao banco.

Vírgula (,) — Marca uma pequena pausa no texto escrito, nem sempre correspondente às pausas (mais arbitrárias) do texto falado. É usada como marca de separação para: o aposto; o vocativo; o atributo; as orações coordenadas não ligadas por conjunções; as orações relativas; as orações intercaladas; as orações subordinadas e as adversativas introduzidas por mas, contudo, todavia e porém. Deve-se evitar o uso desnecessário da vírgula, pois ela dificulta a leitura do texto. Por outro lado, ela não deve ser esquecida quando obrigatória.
Exemplo: Andava pelos cantos, e gesticulava, falava em voz alta, ria e roía as unhas.

Ponto e vírgula (;) — Sinal intermediário entre o ponto e a vírgula, que indica que o sentido da frase será complementado. Representa uma pausa mais longa que a vírgula e mais breve que o ponto. É usado em frases constituídas por várias orações, algumas das quais já contêm uma ou mais vírgulas; também para separar frases subordinadas dependentes de uma subordinante; como substituição da vírgula na separação da oração coordenada adversativa da oração principal.
Exemplo: Os negócios da empresa devem ser administrados como um conjunto de investimentos, para o qual será decidido quais entidades de negócios merecem ser construídas, mantidas, descontinuadas gradualmente ou eliminadas; o potencial de lucro futuro de cada negócio deve ser cuidadosamente avaliado, considerando a taxa de crescimento de mercado e o posicionamento da empresa; para cada negócio, a empresa deve desenvolver um plano específico para atingir seus objetivos no longo prazo — sua estratégia.

Dois pontos (:) — Marcam uma pausa para anunciar uma citação, uma fala, uma enumeração (separada do texto contínuo), um esclarecimento ou uma síntese.
Exemplo: Maslow foi um dos fundadores da psicologia humanista e é o autor da teoria de hierarquia das necessidades humanas: fisiológicas, de segurança, de relacionamento, de estima e status e de auto-realização.

Ponto de interrogação (?) — Usa-se no final de uma frase interrogativa direta e indica uma pergunta.

Exemplo: — Quando você chegou ao Rio de Janeiro?

Ponto de exclamação (!) — Usa-se no final de qualquer frase que exprime sentimentos, emoções, dor, ironia e surpresa.

Exemplo: — Mas que interessante!
— Não pode ser!



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Reticências (…)
— Podem marcar uma interrupção de pensamento, indicando que o sentido da oração ficou incompleto, ou uma introdução de suspense, depois da qual o sentido será completado. No primeiro caso, a sequência virá em maiúscula — uma vez que a oração foi fechada com um sentido vago proposital e outra será iniciada à parte. No segundo caso, há continuidade do pensamento anterior, como numa longa pausa dentro da mesma oração, o que acarreta o uso normal de minúscula para continuar a oração.

Exemplos: Ah, como era verde o meu jardim... Não se fazem mais daqueles.
Foi então que Manoel retornou... mas com um discurso bastante diferente!

Aspas (“ ”) — Usam-se para delimitar citações; para referir títulos de obras; para realçar uma palavra ou expressão.

Exemplos: Embora o termo “campanha” seja ligado à propaganda, deve compreender todo o programa de comunicação.

Segundo o autor, “para melhor desenvolver o composto promocional, devem ser considerados, entre outros, os aspectos: a natureza do mercado; os possíveis canais de distribuição e o padrão de distribuição para o produto; o tipo de unidade de tomada de decisão de compra: o indivíduo, a família ou o comprador industria; o estágio do ciclo de vida do produto; a característica do produto ou serviço, se bens industriais, bens de consumo de massa, bens de consumo durável, serviços” e etc..

Parênteses ( ( ) ) — Marcam uma observação ou informação acessória intercalada no texto.

Exemplo: O surgimento e o desenvolvimento do comércio utilizando o auto-serviço, levou a embalagem do produto a ser um instrumento para promover as vendas (a embalagem, além da proteção e conservação do produto, exerce também a sua comunicação). Acoplado à embalagem, a inserção de um folheto (com explicações sobre uso e demonstrações, ou mesmo informações e ilustrações sobre outros produtos da mesma linha), constitui ferramenta promocional.

Travessão (—) — Marca: o início e o fim das falas em um diálogo, para distinguir cada um dos interlocutores; as orações intercaladas; as sínteses no final de um texto. Também usado para substituir os parênteses.

Exemplo:
Depois de um silêncio sepulcral, Martha se apressa:
— Não podemos esperar, vamos logo, antes que seja tarde.
— Mas não temos condições de entrar na empresa assim, sem preparar um dossiê de defesa!

Parágrafo — Constitui cada uma das secções de frases de um escrito; começa por letra maiúscula, um pouco além do ponto em que começam as outras linhas.
Exemplo:

Após examinar os fatores que influenciam o composto de promoção, volta-se a atenção para a campanha de comunicação. Uma campanha compreende uma série de esforços coordenados de comunicação em torno de um único tema, e planejado para alcançar um objetivo específico em um período de tempo definido.

Embora o termo “campanha” seja ligado à propaganda, deve compreender todo o programa de comunicação. Desenvolver uma campanha, implica coordenar a propaganda, venda pessoal, promoção de venda, relações públicas e publicidade de uma empresa, para alcançar um objetivo.

Hífen (-) — usado para ligar elementos de palavras compostas e para unir pronomes átonos a verbos (menor do que a marcação de parágrafo diálogo).
Exemplo: Considerando a alta taxa de juros; a carência de mão de obra e o alto valor de matéria-prima... etc.



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Leia a frase abaixo com atenção.

A mãe pediu para a menina ir ao supermercado e que, na volta, passasse na farmácia.

Se você prestou atenção à frase acima, percebeu que existe um problema na sua construção. Qual? Vamos analisá-la.

A oração “para a menina ir ao supermercado” é reduzida de infinitivo; a oração “que, na volta, passasse na farmácia” é uma oração desenvolvida. Tal estrutura apresenta incorreção, pois orações coordenadas entre si devem apresentar a mesma estrutura gramatical, ou seja, deve haver paralelismo entre elas.

Veja como fica a frase, respeitando-se o paralelismo:

A mãe pediu para a menina ir ao supermercado e, na volta, passar na farmácia.


Segundo as regras da norma culta, não se podem coordenar frases que não comportem constituintes do mesmo tipo. O paralelismo dá clareza à frase ao apresentar estruturas idênticas, pois para ideias similares devem corresponder formas verbais similares.




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4 - Incorreções a serem evitadas

Muitos erros prejudicam a estrutura das ideias de um texto, e afetam diretamente na coesão do mesmo. Além disso, erros ortográficos, erros de sintaxe e outros podem prejudicar todo o texto.




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Além de todos os exemplos que estudamos, há outros problemas que afetam a compreensão e a análise de um texto, como os vícios de linguagem.

Assim, sabemos que o uso inadequado de palavras e expressões afeta a estrutura e sintaxe do texto, acarretando impropriedades. Algumas mais comuns são: prolixidade, clichês etc.. Vejamos alguns exemplos de algumas incorreções, que deverão ser evitadas:

Palavras de introdução embromatória

.

Na fala do personagem, há um excesso de palavras que acabam por “embromar”, ou seja, ele poderia ir direto ao assunto: “Sucessivas agressões ao meio ambiente têm gerado catástrofes e não podem ser evitadas.”

Intromissão (achismos, participação indevida no texto)

Aqui, podemos estabelecer uma diferença: numa conversa informal, os “achismos” são comuns, ou seja, ao conversarmos com amigos, informalmente, podemos ater-nos à opinião. Mas no texto escrito, quando se vai discorrer sobre algo, é necessário evitar a opinião pessoal. O mais importante é a objetividade e a coesão.

Prolixidade/ausência de objetividade

A prolixidade é outro elemento que deve ser evitado. Observe que, no quadrinho (Mafalda, de Quino), Suzanita não consegue ser objetiva e acaba por estender-se ao contar o que ouviu do colega. Ela acaba por falar muito além do essencial, sendo extremamente prolixa.



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Vícios de linguagem

A gramática é um conjunto de regras que estabelecem um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas pelo falante.

Quando o falante se desvia do padrão para alcançar uma maior expressividade, ocorrem as figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não-conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.

1. Barbarismo: consiste em gravar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.

Pesquiza (em vez de “pesquisa”)
Prototipo (em vez de “protótipo”)

2. Solecismo: consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática.
Fazem dois meses que ele não aparece. (em vez de “faz” ; desvio na sintaxe de concordância)

3. Ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido.

O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)



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4. Cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.

Paguei cinco mil reais por cada.

5. Pleonasmo: consiste na repetição desnecessária de uma ideia.

A brisa matinal da manhã deixava-o satisfeito.

6. Neologismo: é a criação desnecessária de palavras novas ou a atribuição de um novo sentido a uma palavra antiga. Também pode ser uma aglutinação de termos ou vocábulos para dar um novo sentido. Há neologismos de cunho popular ou literário, restritos a um determinado idioma, e outros, como os termos científicos, que são internacionais, e devem ser adaptados morfologicamente a cada idioma.

Segundo Mário Prata, se adolescente é aquele que está entre a infância e a idade adulta, envelhescente é aquele que está entre a idade adulta e a velhice.

Paulo, deu zebra. (No início significava o resultado improvável em partida de futebol; depois, o significado incluiu “qualquer acontecimento inesperado”).

7. Arcaísmo: consiste na utilização de palavras que já caíram em desuso.

Vossa Mercê me permite falar? (em vez de “você”)

8. Eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.

O menino repetente mente alegremente.



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Lugar comum ou clichê

Nesta tirinha do Angeli, percebemos que o discurso dos personagens é um tanto “vazio”, utilizando clichês que não acrescentam nada ao assunto, ou seja, este é tratado com superficialidade.

Enfim, o clichê é a “mesmice”, a pobreza de vocabulário e de ideias. Para que um texto sobressaia (independente de ser impresso ou visual) o autor deve ousar, criar, ou seja, sair do lugar comum. Saiba + sobre clichês e chavões.

Uso do pronome relativo “onde”

Tal pronome equivale a “em que, no qual, nos quais, na qual, nas quais”. Só deve ser empregado quando fizer referência a lugar.

Gerundismo

Para usar o gerúndio é preciso ter cuidado. O gerúndio indica ação em curso. Não deve, portanto, ser expresso com construção no futuro (estarei fazendo/ estarei anotando etc.).


O português tem duas formas de anunciar o futuro.

Futuro simples: Eu cantarei a Ária no concerto da próxima terça-feira e tu cantarás no de sábado.
Futuro composto: Eu vou cantar a Ária no concerto da próxima terça-feira e tu vais cantar no de sábado

Assim, como regra geral, pode-se dizer que o gerúndio está bem-empregado quando há predominância do caráter verbal ou adverbial, quando o caráter de duração da ação está claro e quando a ação expressa é coexistente ou imediatamente anterior à ação principal. Clique e saiba como usar o gerúndio.



Clichê, seja na linguagem ou na imagem, é sinônimo de repetição, falta de imaginação e pobreza de estilo: enfim é intolerável, para estilistas, estetas e leitores.



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Clichês e chavões


Segundo Rodrigues Lapa, o clichê é uma série usual ou unidade fraseológica, isto é, um agrupamento de palavras surrado pelo uso, quase sempre formado por um substantivo e um adjetivo: “doce esperança”, “eminente deputado”, “filho exemplar”, embora estes tenham um referencial antigo.

Os clichês e os chavões surrados de hoje são outros: os que procuram trazer uma conotação modernosa e tecnocrática como "teto salarial". Sobre este, diz Teixeira Coelho que “enquanto os salários têm teto os preços têm piso, pois as duas palavras são um compêndio de ideologia e economia”.

E há ainda outros: “operar mudanças”, “vou estar passando” (o chamado “gerúndio” do telemarketing), “fazer artístico”, “disponibilizar informações”, “dura realidade”, “grande maioria” (alguém já viu pequena?), “pompa e circunstância”, “operacionalidade”.

Na linguagem da mídia, temos inúmeros, bem atuais: o abominável “a nível de”, o dispensável “através de”, “imagens impressionantes”, “reverter a situação”, “espetáculo da natureza”, “manifestação com faixas e cartazes”, e muitos mais.



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Como usar o gerúndio?

O emprego do gerúndio é considerado tão problemático que alguns escritores fazem esforços para nunca empregá-lo. Podem-se observar, no entanto, alguns princípios norteadores do uso dessa forma nominal.

O gerúndio constitui uma oração subordinada de caráter adverbial e, de certo modo, também possui uma função adjetiva. Para ter um emprego claro, o gerúndio deve estar o mais perto possível do sujeito ao qual se refere. Assim, quando dizemos: Vi teu primo nadando, não é o mesmo que dizer: Nadando, vi teu primo.

O bom emprego do gerúndio traz significados distintos:

1. Gerúndio modal: Chegou cantando.

2. Gerúndio temporal: Indica contemporaneidade entre a ação expressa pelo verbo principal e o gerúndio: Vi João passeando.

3. Gerúndio durativo: Ficou escrevendo sua redação.

4. Gerúndio cuja ação é imediatamente anterior à do verbo principal: Levantando o peso, deixou-o cair sobre o pé.

5. Gerúndio condicional: Tendo sido publicada a lei, obedeça-se!

6. Gerúndio causal: Conhecendo sua maneira de agir, não acreditei no que me disseram.

7. Gerúndio concessivo: Nevando muito, não iria à festa.



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8. Gerúndio explicativo: Vendo que o leme não funcionava, o comandante chamou o mecânico.

Alguns empregos do gerúndio devem ser evitados:

1. Quando as ações expressas pelos dois verbos – gerúndio e verbo principal não puderem ser simultâneas: Chegou sentando-se. Ou: Machado de Assis nasceu no Aio, estudando com um amigo padre na infância.

2. Quando o gerúndio expressa qualidades e não comporta a ideia de contemporaneidade: Vi um jardim florescendo.

3. Quando a ação expressa pelo gerúndio é posterior à do verbo principal: O assaltante fugiu, sendo detido duas horas depois. Seria melhor dizer: O assaltante fugiu e foi detido duas horas depois.

4. Quando o gerúndio, copiando construção francesa (galicismo), passa a ter valor puramente de adjetivo: Viu uma caixa contendo... A construção mais adequada seria: Viu uma caixa que continha...

Como regra geral, pode-se dizer que o gerúndio está bem-empregado quando há predominância do caráter verbal ou adverbial; quando o caráter durativo da ação está claro; quando a ação expressa é coexistente ou imediatamente anterior à ação principal.

O uso do gerúndio será tão mais impróprio quanto mais se aproxime da função adjetiva, ou da expressão de qualidades ou estados, ou quanto maior a distância entre o tempo da ação expressa por ele e o tempo da ação do verbo principal.

Fonte: http://www.graudez.com.br/redacao/dicas.html#d4e500



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Resumo

As palavras e expressões funcionam, nos textos, como conexão entre ideias, o que chamamos de coesão. Ou seja, as várias partes de uma frase ou de um texto devem se apresentar bem “amarradas”, para que o texto cumpra sua função primordial, de veículo de articulação entre o autor e seu leitor.

A coesão consiste do emprego correto dos termos conectivos da linguagem, o que permite expressar uma coisa de cada vez, e estabelecendo as relações existentes entre as diversas ideias de um texto.

Assim, os sentidos do texto são "fios entrelaçados", não são palavras soltas ou frases desconectas. Os termos e expressões que usamos para ligar uma parte a outra funcionam como elementos de organização do texto e constituem também sua coerência.

A construção de sentidos e dos períodos deve estabelecer um discurso coeso e coerente, ou seja, unidade textual. Muitas falhas frequentemente encontradas em textos estão relacionadas ao uso de expressões ambíguas, coloquiais, à redundância ou à ausência de organização das ideias.

As ideias não podem apresentar-se segmentadas, ou seja, separadas em frases isoladas por pontuação inadequada, o que prejudica a sua continuidade e a compreensão. Outros problemas também afetam a estrutura e sintaxe do texto, os quais aparecem nas construções de frases e parágrafos, e que chamamos impropriedades (prolixidade, uso de palavras inadequadas, clichês) e são incorreções que devem ser evitadas.