Discurso indireto: vejamos agora o discurso indireto, observando
ainda um fragmento de Machado de Assis:
D. Paula perguntou-lhe
se o escritório era ainda o mesmo, e disse-lhe que descansasse,
que não era nada; dali a duas horas tudo estaria acabado.
Nesse caso, o narrador,
para citar a fala de D. Paula (personagem), usa outro procedimento,
isto é, ele não reproduz literalmente as palavras de D.
Paula, mas usa suas próprias palavras de narrador para comunicar
o que D. Paula diz. A fala de D. Paula chega ao leitor por via indireta,
isto é, pelas palavras do narrador, e, por isso mesmo, esse expediente
denomina-se discurso indireto.
Marcas do
discurso indireto
a) O discurso indireto
também vem introduzido por um verbo de dizer.
b) Vem separado da fala do narrador, não por sinais de pontuação,
mas por uma partícula introdutória, normalmente a conjunção
que ou se.
c) Os pronomes, o tempo verbal e elementos que dependem de situação
são determinados pelo contexto em que se inscreve o narrador
e não o personagem: o verbo ocorre na 3ª pessoa, o tempo
verbal está em correlação com o tempo em que se
situa o narrador, a mesma coisa acontecendo com os advérbios
e demais palavras de situação.
Confrontemos o discurso
direto com o indireto:
Discurso direto:
D. Paula disse: — Daqui a duas horas tudo estará
acabado.
Discurso indireto:
D. Paula disse que dali a duas horas tudo estaria
acabado.
Convém notar,
por fim, que, na conversão do discurso direto para o indireto,
as frases interrogativas, exclamativas e imperativas passam todas para
a forma declarativa.
Discurso direto:
Ela me perguntou: — Quem está aí?
Discurso indireto: Ela me perguntou quem estava lá.