4. Mensagem / código
Aqui, mostra-se que esta relação diz respeito à
escrita vinculada à função dos gêneros,
e se refere especialmente aos gêneros em literatura, ou seja,
de modo mais geral à literatura como discurso.
Pergunta-se, então, se gêneros literários são
códigos de escrita. A resposta é que são, mas de
um modo indireto. É que uma obra literária tem leis próprias
de composição, as quais são indiferentes
à oposição fala / escrita (note-se que a obra
literária é, por sua própria natureza,
escrita): muito mais que no cotidiano, portanto, a
linguagem é submetida a um trabalho artesanal.
Desde a antiguidade, os gêneros literários
são conhecidos e geralmente divididos em narrativo,
lírico e dramático.
As modalidades literárias são influenciadas pelas personagens,
pelo espaço e pelo tempo e os gêneros podem ser não
ficcionais ou ficcionais. Os não ficcionais representam fielmente
a realidade, e os ficcionais inventam um mundo onde os acontecimentos
ocorrem coerentemente com o que se passa no enredo da história.
Gênero
narrativo
O gênero narrativo (também conhecido como gênero
épico) narra uma história, e assim o faz de diversas formas.
As narrativas utilizam-se de diferentes linguagens: a verbal (oral ou
escrita), a visual (por meio da imagem), a gestual (por meio de gestos)
etc. Exemplos de gênero narrativo: Romance, fábula, epopeia
ou épico, novela, conto, crônica, ensaio.
Gênero
lírico
Esse gênero se preocupa principalmente com o mundo interior de
quem escreve o poema, o eu-lírico. Os acontecimentos
exteriores funcionam como estímulo para o poeta escrever. A importância
da palavra no poema é tão relevante que é possível
aproveitar toda a riqueza fonética, morfológica e sintática
da língua e, por meio dela, constroem-se várias maneiras
de provocar sensações no íntimo do leitor.
É na maioria das vezes expresso pela poesia. Entretanto é
de grande importância realçar que nem toda poesia pertence
ao gênero lírico (o haikai e o hino, por exemplo).
Gênero
dramático
É composto de textos que foram escritos para serem encenados
em forma de peça de teatro . Para o texto
dramático se tornar uma peça, ele deve primeiro ser transformado
em um roteiro, para depois poder ser transformado em um texto do gênero
espetacular.
É difícil ter definição de texto dramático
que o diferencie dos demais gêneros textuais, já que existe
uma tendência atual em teatralizar qualquer tipo de texto. No
entanto, a principal característica do gênero dramático
é a presença do chamado texto principal, composto pela
parte que deve ser dita pelos atores na peça e aquele induzido
pelas indicações cênicas (também chamado
texto secundário) e que, muitas vezes, informa os atores e o
leitor sobre a dinâmica do texto principal. Por exemplo, antes
da fala de um personagem é colocada a expressão: «com
voz baixa», indicando como o trecho deve ser falado.
Já que não existe narrador nesse tipo de texto, o drama
é dividido entre as duas personagens locutoras, que entram em
cena pela citação de seus nomes. Atualmente, "classifica-se
de drama toda peça teatral caracterizada por seriedade, ou solenidade,
em oposição à comédia propriamente dita".
Subclassificações
dos gêneros:
Elegia – texto de exaltação à
morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto
máximo do texto.Um bom exemplo é a grande peça
Romeu e Julieta, de William Shakespeare.
Epitalâmia – texto relativo às noites
nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas
e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é a peça
Romeu e Julieta nas noites nupciais.
Sátira – texto de caráter ridicularizador,
podendo ser também uma crítica indireta a algum fato ou
a alguém. Uma piada é um bom exemplo de sátira.
Farsa – texto em que os personagens principais
podem ser duas ou mais pessoas diferentes e não serem reconhecidos
pelos feitos dessa pessoa. Gil Vicente, dramaturgo português,
escreveu a farsa Quem tem Farelos?, a Farsa de Inês
Pereira e a Farsa do velho da horta, entre outras.
Os gêneros são regras técnicas
que presidem à produção das obras, e o estilo
da obra é a configuração individual de um produto
singular, ou seja, é o resultado da capacidade de expressão
criativa do autor. Assim, o autor não é apenas locutor:
é o fazedor da obra. Ao mesmo tempo, como matéria
trabalhada, a obra se transforma num objeto autossuficiente (tem autonomia
semântica, ou seja, autonomia de significados),
podendo receber múltiplas leituras. Há, portanto, uma
inscrição e uma textura própria.
"Texto significa discurso como inscrito e trabalhado".
5. Mensagem
/ referência
A referência diz respeito ao mundo que é referido ou a
que se remete na construção do texto. Neste processo,
pode-se dizer que uma língua permite exteriorizar as referências
dirigidas a entidades extralinguísticas (ou seja, falamos
de / escrevemos a respeito de).
Na fala, o critério último de alcance referencial é
a possibilidade de mostrar a coisa referida (apontando a coisa ou indicando-a:
isto, este, lá, aqui,...), ou se pode descrever (fazer
"descrições definidas"), singularizando de tal
modo que a referência não seja ambígua (Ex.: O
cachorrinho branco de pelos longos sentado na escada do prédio
em frente).
De qualquer forma, na fala as referências estão
ancoradas na situação de interlocução
(diálogo/conversa). É isto que desaparece
na escrita. Uma vez que se cria distância espacial e temporal,
e que não há uma referência absoluta para a pessoa,
num aqui e agora; e considerando que
no texto escrito predomina a autonomia semântica, é diferente
realizar a identificação (descrevendo)
e a mostração (apontando).
Adaptação de texto de Maria Marta Furlanetto, disponível
em http://br.geocities.com/agatha_7031/oral.html. Consulta em março/2008.