5 - Diferenciando diálogo e monólogo

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Tenho que interromper para dizer que "X" é o que existe dentro de mim. "X" - eu me banho neste isto. É impronunciável. Tudo que não sei está em "X". A morte? a morte é "X". Mas muita vida também, pois a vida é impronunciável. "X" que estremece em mim e tenho medo de seu diapasão: vibra como uma corda de violoncelo, corda tensa que quando é tangida emite eletricidade pura, sem melodia. O instante é impronunciável. Uma sensibilidade outra é que se apercebe de "X".

Espero que você viva "X" para experimentar a espécie de sono criador que se espreguiça através das veias. "X" não é bom nem ruim. Sempre independe. Mas só acontece para o que tem corpo. Embora imaterial, precisa do corpo nosso e do corpo da coisa. Há objetos que são esse mistério total do "X". Como o que vibra mudo. Os instantes são estilhaços de "x" espocando sem parar. O excesso de mim chega a doer.

E quando estou excessiva tenho que dar de mim. Como o leite que se não fluir rebenta o seio. Livro-me da pressão e volto ao tamanho natural. A elasticidade exata. Elasticidade de uma pantera macia.

Fragmento de Água-Viva,

Clarice Lispector


Sócrates
: (Falando a Mênon) — Examina, agora, o que em seguida a estas dúvidas ele irá descobrir, procurando comigo. Só lhe farei perguntas; não lhe ensinarei nada! Observa bem se o que faço é ensinar e transmitir conhecimentos, ou apenas perguntar-lhe o que sabe. (E, ao escravo): — Responde-me: não é esta a figura de nosso quadrado cuja área mede quatro pés quadrados?
Escravo: — É.
Sócrates: — A este quadrado não poderemos acrescentar este outro, igual?
Escravo: — Podemos.
Sócrates: — Que múltiplo do primeiro quadrado é a grande figura inteira?
Escravo: — O quádruplo.
Sócrates: — E devíamos obter o dobro, recordaste? Escravo: - Sim.
Sócrates: — E esta linha traçada de um vértice a outro da cada um dos quadrados interiores não divide ao meio a área de cada um deles?
Escravo: — Divide.
Sócrates: — E não temos assim quatro linhas que constituem uma figura interior?
Escravo: — Exatamente!
Sócrates: — Repara, agora: qual é a área desta figura?
Escravo: — Não sei.
Sócrates: — Vê: dissemos que cada linha nestes quatro quadrados dividia cada um pela metade, não dissemos?
Escravo: — Sim, dissemos.
Sócrates: — Bem; então quantas metades temos aqui?
Escravo: — Quatro.
Sócrates: — E aqui?
Escravo: — Duas.
Sócrates: — E em que relação aquelas quatro estão para estas duas?
Escravo: — O dobro.
Sócrates: — Logo, quantos pés quadrados mede esta superfície?
Escravo: — Oito.
Sócrates: — E qual é seu lado?
Escravo: — Esta linha.
Sócrates: — A linha traçada no quadrado de quatro pés quadrados, de um vértice a outro?
Escravo: — Sim.
Sócrates: — Os sofistas dão a esta linha o nome de diagonal e, por isso, usando esse nome, podemos dizer que a diagonal é o lado de um quadrado de área dupla, exatamente como tu, ó escravo de Mênon, o afirmaste.
Escravo: — Exatamente, Sócrates!

Fragmento de Diálogos de Platão, Mênon

Imagine que os trechos acima são “apresentados” diante de você, como num teatro. O que você percebe a partir da leitura deles?



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