Módulo 1

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Módulo 01 - Definições, visão sistêmica e classificação dos sistemas de produção
1 - O que é argumentação

Leia atentamente a tira abaixo:

No primeiro quadrinho, o personagem afirma: “Eu não tenho como argumentar.” Você sabe o que significa isso? O que é argumentar?

Argumentar é defender uma ideia. É apresentar razões para que as pessoas com quem estamos argumentando aceitem nossa ideia como a melhor, a mais acertada, a mais equilibrada, ou a mais verdadeira. Em outras palavras, sempre que argumentamos, temos o objetivo de convencer alguém a pensar como nós. Ou seja, o personagem não tinha como convencer a garota de que ela estava errada ou que suas razões não eram verdadeiras.

Ao afirmar, no segundo quadrinho: “Eu não sabia que existiam tantas razões para uma garota não sair comigo”, o personagem admite que os argumentos, as razões da garota foram suficientes para convencê-lo. Um aspecto essencial, no momento da construção da argumentação, é a escolha do argumento.




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E o que significa argumento?


Argumento [Do lat. argumentu] S. m.
1. razão, raciocínio que conduz à indução ou dedução de algo;
2. prova que serve para afirmar ou negar um fato;
3. recurso para convencer alguém, para alterar-lhe a opinião ou o comportamento.

Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa

Chamamos argumento a todo procedimento linguístico que visa a persuadir, a fazer o receptor aceitar o que lhe foi comunicado, a levá-lo a crer no que foi dito e a fazer o que foi proposto.

Podemos afirmar, portanto, que aquilo que chamamos de argumento são as provas (raciocínio, dados, fatos...) apresentadas para demonstrar que a ideia que você pretende defender é a correta.

Segundo Platão e Fiorin, “Um argumento não é necessariamente uma prova de verdade. Trata-se, acima de tudo, de um recurso de natureza linguística destinado a levar o interlocutor a aceitar os pontos de vista daquele que fala.”




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2 - Tipos de argumento

Ao estruturar um texto, convém diversificar os tipos de argumento. Porém, mais importante do que a diversidade e a quantidade de argumentos, é a utilização de argumentos fortes e bem fundamentados, que possam, de fato, persuadir o leitor.

Para que você entenda como os diferentes tipos de argumento podem ser utilizados em um texto faremos, juntos, a leitura e análise do texto, cujo autor é Nelson Vitiello, ginecologista e presidente da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. Na condição de médico, e autoridade no assunto, Vitiello discute a questão da gravidez na adolescência, defendendo o ponto de vista de que, fisicamente, a gravidez da mulher jovem não é problema, mas é preocupante o grande número de gestações indesejadas de adolescentes imaturas. Para comprovar esse ponto de vista, o autor lança mão de diferentes meios, como a comparação, as relações de causa e efeito e a alusão histórica, entre outros.

O texto que você irá ler em seguida é longo e, por isso, será analisado em fragmentos e cada um deles virá acompanhado de uma questão a ser respondida.

Parte 1 do texto


Gravidez na adolescência

A gravidez da mulher jovem não é um problema exclusivo de nossos dias. Nossas avós casavam-se aos 15 ou 16 anos e começavam a procriar, nunca ocorrendo a ninguém daquela época que isso pudesse ser um problema, pois essas gestações eram desejadas. O que se tem constituído em preocupação, nos dias atuais, é o crescente número de gestações indesejáveis e indesejadas na adolescência. Surgem como um "efeito colateral" do exercício da sexualidade entre jovens – às vezes muito jovens – que, pela própria imaturidade, nem sempre são capazes de avaliar e de assumir os riscos e as consequências dessa vida sexual.





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Parte 2 do texto


O problema da gestação indesejada entre adolescentes passou a se tornar importante a partir da década de 1960. A revolução de costumes, a onda de contestação juvenil, o advento de anticoncepção eficaz e a afirmação dos direitos da mulher marcaram a época, resultando em maior liberalização do exercício da sexualidade, iniciação sexual mais precoce e aumento dos índices de doenças sexualmente transmissíveis e de gravidez indesejada.

Dentre os inúmeros fatores que contribuíram para essa situação, há de se destacar o uso e abuso da sensualidade nos meios de comunicação de massa. A urbanização acelerada também contribuiu para a mudança nos hábitos e na estrutura e dinâmica das famílias. Afrouxaram-se, nas grandes cidades, os tradicionais meios sociais e familiares de controle sobre a sexualidade dos jovens.

Tivemos assim, nas últimas décadas, importantes mudanças sociais e culturais que acabaram estimulando os jovens - especialmente as mulheres adolescentes - ao início da vida sexual ativa. Sem, no entanto, prepará-los para o exercício consciente dessa sexualidade. Como seria de se esperar, essa situação resultou num grande aumento da frequência de doenças sexualmente transmissíveis e de gestações indesejadas.




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Parte 3 do texto


No Brasil, embora não existam estatísticas globais, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE nos dão conta de que ocorrem cerca de 600 mil partos adolescentes por ano, aos quais devemos acrescentar no mínimo outras 500 mil gestações que terminam em abortamento provocado.




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Parte 4 do texto – Continuando a leitura e análise do texto


Outra cruel faceta do problema é a do filho socialmente indesejado. A inadequação social dessas crianças, muitas vezes abandonadas e mal-amadas, é importante causa de mortalidade infantil e de delinquência juvenil.

Do ponto de vista orgânico, as pesquisas mais recentes vêm mostrando que as complicações médicas da gravidez precoce não são importantes. Os maiores riscos, na verdade, são psicológicos e sociais. Tanto é assim que a gestação transcorre praticamente sem problemas, quando desejada e acolhida por um ambiente socialmente favorável.

Lembremos que, uma vez instalada uma gestação indesejada, a adolescente só tem três soluções possíveis, nenhuma delas satisfatória em todos os sentidos: abortamento, casamento de conveniência ou, se as anteriores não forem as eleitas, ser mãe solteira adolescente.

O abortamento provocado, pelos riscos que traz, não é evidentemente uma opção recomendável. Casamentos por conveniência frequentemente acabam em separação e, quando não, levam a um convívio infeliz. Finalmente, num meio preconceituoso como é o nosso, ser mãe solteira adolescente é uma condição extremamente penosa. Assim, nenhuma dessas três soluções é a ideal, cada uma delas criando novos problemas.



São aqueles em que certas "verdades" aceitas por todos são utilizadas. São afirmações que não dependem de comprovação, como, por exemplo, "Todo ser humano precisa de boa alimentação e lazer", "A poluição diminui a qualidade de vida nas grandes cidades" etc.




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Parte 5 do texto


A solução, evidentemente, não está em reprimir a sexualidade dos adolescentes, mas sim em prepará-los para o seu exercício. Em outras palavras, a solução só será possível com a instalação de programas coerentes e duradouros de educação sexual.

Você percebeu os diferentes tipos de argumento de que se valeu o autor para construir o texto? Deles depende a qualidade do texto. Por isso, na elaboração de textos orais e/ou escritos, é importante selecionar os argumentos mais consistentes, aqueles capazes de fundamentar bem a tese e aprofundar o ponto de vista defendido pelo autor.

Leia no link, o texto na íntegra.




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Gravidez na adolescência

A gravidez da mulher jovem não é um problema exclusivo de nossos dias. Nossas avós casavam-se aos 15 ou 16 anos e começavam a procriar, nunca ocorrendo a ninguém daquela época que isso pudesse ser um problema, pois essas gestações eram desejadas. O que se tem constituído em preocupação, nos dias atuais, é o crescente número de gestações indesejáveis e indesejadas na adolescência. Surgem como um "efeito colateral" do exercício da sexualidade entre jovens - às vezes muito jovens - que, pela própria imaturidade, nem sempre são capazes de avaliar e de assumir os riscos e as consequências dessa vida sexual.

O problema da gestação indesejada entre adolescentes passou a se tornar importante a partir da década de 1960. A revolução de costumes, a onda de contestação juvenil, o advento de anticoncepção eficaz e a afirmação dos direitos da mulher marcaram a época, resultando em maior liberalização do exercício da sexualidade, iniciação sexual mais precoce e aumento dos índices de doenças sexualmente transmissíveis e de gravidez indesejada.

Dentre os inúmeros fatores que contribuíram para essa situação, há de se destacar o uso e abuso da sensualidade nos meios de comunicação de massa. A urbanização acelerada também contribuiu para a mudança nos hábitos e na estrutura e dinâmica das famílias. Afrouxaram-se, nas grandes cidades, os tradicionais meios sociais e familiares de controle sobre a sexualidade dos jovens.




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Tivemos assim, nas últimas décadas, importantes mudanças sociais e culturais que acabaram estimulando os jovens - especialmente as mulheres adolescentes - ao início da vida sexual ativa. Sem, no entanto, prepará-los para o exercício consciente dessa sexualidade. Como seria de se esperar, essa situação resultou num grande aumento da frequência de doenças sexualmente transmissíveis e de gestações indesejadas.

No Brasil, embora não existam estatísticas globais, dados do IBGE nos dão conta de que ocorrem cerca de 600 mil partos adolescentes por ano, aos quais devemos acrescentar no mínimo outras 500 mil gestações que terminam em abortamento provocado.

Outra cruel faceta do problema é a do filho socialmente indesejado. A inadequação social dessas crianças, muitas vezes abandonadas e mal-amadas, é importante causa de mortalidade infantil e de delinquência juvenil.

Do ponto de vista orgânico, as pesquisas mais recentes vêm mostrando que as complicações médicas da gravidez precoce não são importantes. Os maiores riscos, na verdade, são psicológicos e sociais. Tanto é assim que a gestação transcorre praticamente sem problemas, quando desejada e acolhida por um ambiente socialmente favorável.

Lembremos que, uma vez instalada uma gestação indesejada, a adolescente só tem três soluções possíveis, nenhuma delas satisfatória em todos os sentidos: abortamento, casamento de conveniência ou, se as anteriores não forem as eleitas, ser mãe solteira adolescente.

O abortamento provocado, pelos riscos que traz, não é evidentemente uma opção recomendável. Casamentos por conveniência frequentemente acabam em separação e, quando não, levam a um convívio infeliz. Finalmente, num meio preconceituoso como é o nosso, ser mãe solteira adolescente é uma condição extremamente penosa. Assim, nenhuma dessas três soluções é a ideal, cada uma delas criando novos problemas.

A solução, evidentemente, não está em reprimir a sexualidade dos adolescentes, mas sim em prepará-los para o seu exercício. Em outras palavras, a solução só será possível com a instalação de programas coerentes e duradouros de educação sexual.

(Nelson Vitiello. Pais&Teens, fev./mar./abr. 1997. In: Português: Linguagens, Literatura,
Produção de Texto e Gramática, volume III, 33-335.
)



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3 - Defeitos na argumentação

Ao argumentar, devemos ter bastante cuidado para que o raciocínio desenvolvido seja claro e objetivo. Um dos defeitos na argumentação com base no raciocínio lógico é fugir do tema. Ou seja, dissociar o desenvolvimento do raciocínio da questão tratada. Ao ser questionado, por exemplo, sobre o desvio de verbas da educação para uma grande obra, um político pode afirmar “o quanto esta obra será importante para a população”. Ou seja, ele fugiu ao tema da pergunta, mas, em contrapartida, induz o receptor a pensar sobre os benefícios que essa obra trará para a comunidade. Neste caso, o político utilizou argumentação falaciosa ou sofisma, para desviar o assunto focando no seu interesse.

Cabe lembrar que esse procedimento é um defeito de argumentação apenas do ponto de vista lógico. Da perspectiva da persuasão em sentido amplo, pode ser eficaz, pois pode convencer os ouvintes, levando-os a relacionar aquilo que não tem relação necessária.

Ou seja, existem diferentes formas de convencer as pessoas, algumas utilizando argumentos corretos e legítimos, outras utilizando argumentos incorretos e ilegítimos.

Outro problema é a tautologia (erro que consiste em aparentemente demonstrar uma tese, repetindo-a com palavras diferentes), que ocorre quando se dá, como causa de um fato, o próprio fato exposto em outras palavras. Sabemos, por exemplo, que o fumo faz mal à saúde, mas afirmar que é porque prejudica o organismo (prejudicar o organismo é exatamente fazer mal à saúde) é se utilizar da tautologia.

Há ainda outro problema na argumentação: tomar como causa, explicação, razão de ser de um fato o que, na verdade, não é causa dele. Por exemplo: Após ter se encontrado com seu namorado, Maria caiu da escada. Certamente a causa de Maria ter caído da escada não foi o encontro que teve com seu namorado. Uma causa é alguma coisa que ocasiona outra. Por isso, é preciso que haja uma relação necessária entre ela e seu efeito. Frequentemente, usa-se como causa de um fato algo que veio antes. Ora, o que vem depois não é necessariamente efeito do que aconteceu antes.



De modo aproximado, sofisma é o enunciado falso que parece verdadeiro numa compreensão superficial. Tradicionalmente, nem todo enunciado que parece verdadeiro é considerado sofisma. Por definição, o sofisma tem o objetivo de dissimular uma ilusão de verdade, apresentado-a sob esquemas que parecem seguir as regras da lógica.




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A tautologia é, na retórica, um termo ou texto redundante, que repete a mesma ideia. Como um vício de linguagem, a tautologia pode ser considerada um sinônimo de pleonasmo ou redundância. A origem do termo vem de do grego tautó, que significa "o mesmo", mais logos, que significa "assunto". Portanto, tautologia é dizer sempre a mesma coisa em termos diferentes.

Em filosofia e outras áreas das ciências humanas, diz-se que um argumento é tautológico quando se explica por ele próprio, às vezes redundantemente ou falaciosamente. Por exemplo, dizer que "o mar é azul porque reflete a cor do céu e o céu é azul por causa do mar" é uma afirmativa tautológica.

Exemplos na língua portuguesa: O exemplo clássico é o famoso "subir para cima" ou o "descer para baixo". Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir: - elo de ligação - acabamento final - certeza absoluta - quantia exata - nos dias 8, 9 e 10, inclusive - juntamente com - expressamente proibido - em duas metades iguais - sintomas indicativos - há anos atrás - vereador da cidade - outra alternativa - detalhes minuciosos - a razão é porque - anexo junto à carta - de sua livre escolha - superávit positivo - todos foram unânimes - conviver junto - fato real - encarar de frente - multidão de pessoas - amanhecer o dia - criação nova - retornar de novo - empréstimo temporário - surpresa inesperada - escolha opcional - planejar antecipadamente - abertura inaugural - continua a permanecer - a última versão definitiva - possivelmente poderá ocorrer - comparecer em pessoa - gritar bem alto - propriedade característica - demasiadamente excessivo - a seu critério pessoal - exceder em muito – panorama geral.

Note que todas essas repetições são dispensáveis. Por exemplo, "surpresa inesperada". Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não.

Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia a dia. Verifique se não está caindo nesta armadilha.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tautologia




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O emissor é aquele que produz a mensagem

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O receptor é aquele a quem a mensagem é >

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A mensagem é o elemento material, o que está >

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O código é o sistema linguístico, por exemplo, uma língua, ou seja, conjunto de regras que permite produzir uma mensagem.

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O canal é o conjunto de meios sensoriais ou materiais pelos quais a mensagem é transmitida.

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O referente é a situação a que a mensagem remete, o contexto.

4 - Estratégias argumentativas

Conforme vimos anteriormente, a teoria da comunicação esclarece que, para haver um ato comunicativo, é preciso que seis fatores intervenham:

• o emissor;
• o receptor;
• a mensagem;
• o código;
• o canal;
• o referente.

No entanto, no ato de comunicação, o emissor e o receptor não são entidades neutras que devem produzir, receber e compreender a mensagem.

Devemos diferenciar comunicação recebida e comunicação assumida. Comunicar é agir sobre o outro, ao comunicar, não se visa apenas que o receptor receba e compreenda a mensagem, mas também a que a aceite, ou seja, que creia nela e que faça o que nela se propõe.

A aceitação depende de uma série de fatores: emoções, sentimentos, valores, ideologia, visão de mundo, convicções políticas etc. A persuasão é então o ato de levar o outro a aceitar o que está sendo expresso, pois só quando ele o fizer, a comunicação será eficaz.



O emissor é aquele que produz a mensagem



O receptor é aquele a quem a mensagem é >



A mensagem é o elemento material, o que está >



O código é o sistema linguístico, por exemplo, uma língua, ou seja, conjunto de regras que permite produzir uma mensagem.



O canal é o conjunto de meios sensoriais ou materiais pelos quais a mensagem é transmitida.



O referente é a situação a que a mensagem remete, o contexto.




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Há diferentes estratégias persuasivas na argumentação, que se constroem a partir de um ou mais de um desses elementos (emoções, sentimentos, valores, ideologia, visão de mundo, convicções políticas etc.).

Uma estratégia persuasiva focada no emissor é aquela que o credencia para um dado tipo de comunicação. No discurso eleitoral, os emissores apresentam-se como dotados de experiência administrativa ou parlamentar. Nessa estratégia discursiva, citam-se realizações, cria-se uma imagem favorável.

Observe que o candidato do quadrinho centra seu discurso nele mesmo. Ao afirmar “Eu não prometo nada!” sua intenção é convencer o leitor de que ele é diferente dos outros candidatos que fazem promessas, mas não cumprem.




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A estratégia de argumentação focada no receptor é aquela que cria imagens favoráveis daquele a quem se deseja persuadir.

Nesta publicidade, “o maior banco e a maior seguradora do país” são credenciados a cuidar do seu maior bem. Ou seja, para persuadir o receptor é preciso que ele acredite que só os melhores podem cuidar do maior bem que todos possuem: a saúde.




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A estratégia de argumentação baseada no referente é aquela que cita provas concretas, dados da situação, estatísticas, experimentos, dados da realidade, conhecimento do mundo. É a estratégia básica, por exemplo, dos editoriais de jornais.

Os dados dessa pesquisa podem subsidiar um artigo de opinião, por exemplo, sobre o hábito de o brasileiro dar um jeitinho em tudo. Basta olhar para a imagem para deduzir que, entre os analfabetos, o índice dos que acham certo dar esse jeitinho é muito superior do que entre os que têm maior nível de escolaridade.




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A estratégia de argumentação centrada na mensagem é aquela que procura convencer com base na construção rigorosamente concatenada do texto ou na articulação textual bem feita. Um enunciado bem construído fala por si mesmo.

A estratégia de argumentação focada na estruturação do texto é a intimidade com o receptor. Repare nas perguntas e no conteúdo delas. Veja que o emissor fala, dialoga diretamente com o receptor.




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A estratégia de argumentação focada no código é aquela que busca explorar as oposições linguísticas, os significados antigos das palavras, as virtualidades da língua.

Leia atentamente a chamada deste anúncio:

“Antigamente, os piratas usavam argolas nas orelhas. Hoje, usam nos pulsos.”

Observe o significado dado à palavra argola. Antigamente, eram os brincos dos piratas; hoje, são algemas. A mensagem estabelece ainda a relação de significação da palavra pirata como aquele que faz algo fora da lei (por exemplo, pirataria de DVD, CD, bolsas e vestuário de marcas famosas etc.).




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A estratégia de argumentação focada no canal é aquela que valoriza o veículo transmissor. É frequente, no discurso do senso comum, dar como prova da veracidade de um fato o seguinte argumento: “Deu na televisão”; “saiu no jornal X”...

Todos sabemos que a televisão, nos dias atuais, é o meio de comunicação mais difundido da nossa sociedade. Usar um dado ou uma informação que tenha sido veiculado pela televisão dá credibilidade ao que estamos afirmando, sem contar que teremos o argumento de que milhares de pessoas possuem essa mesma informação.




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Para tornar o texto convincente, pouco adiantam manifestações de sinceridade do autor ou declarações de certeza expressas por construções como tenho certeza, estou seguro, creio sinceramente, afirmo com toda convicção, é claro, é óbvio, é evidente. Num texto, não se prometem sinceridade e convicção. Constrói-se o texto de forma que ele pareça sincero e verdadeiro. A argumentação é exatamente a exploração de recursos com vistas a fazer o texto parecer verdadeiro, para levar o leitor a acreditar no ponto de vista que defendemos.





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5 - A argumentação falaciosa

Para convencer ou persuadir procuramos o melhor argumento e a melhor estratégia de apresentar o texto para que o leitor ou interlocutor aceite o raciocínio que desenvolvemos e, desta maneira, seja levado a agir de uma forma específica.

Nem sempre, contudo, os argumentos utilizados em textos persuasivos podem ser tomados como verdadeiros. É frequente, por parte de pessoas com grande habilidade retórica, o uso de raciocínios falaciosos, por exemplo, para tentar convencer seus interlocutores de algo que tenham interesse, ou de que têm razão ou de que devem fazer uma determinada coisa.

Leia atentamente o anúncio publicitário reproduzido a seguir.

Este anúncio provocou polêmica à época de sua publicação e o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) proibiu sua veiculação.

Após a leitura atenta do anúncio, percebe-se imediatamente seu caráter preconceituoso. A ação do Conar pressupôs o caminho da análise e da argumentação em relação aos elementos constitutivos do anúncio.

Os anunciantes pretendem que o leitor aceite como argumento que o mundo nunca vai aceitar pessoas obesas, ao afirmarem: "O mundo nunca vai ser assim. Emagreça com Sanavita."

O anúncio é falacioso porque parte da premissa de que todas as pessoas podem escolher entre a magreza e a obesidade. Embora a obesidade possa ser vista como uma condição perigosa, que ameaça o bem-estar do indivíduo, ela tem muitas causas, algumas das quais requerem tratamento prolongado. Supor que basta tomar um produto "mágico" para emagrecer é tão falso quanto imaginar que todas as pessoas obesas chegaram a essa condição apenas por comerem demais.



Falaciosos são os que se utilizam de falácia: falsidade. O raciocínio falacioso, portanto, é aquele que apresenta a estrutura típica de um raciocínio lógico, ou seja, que analisa e raciocina com base nos dados, mas leva a conclusões falsas.



O anúncio fere os artigos 19 e 20 do Código de Autorregulamentação Publicitária. O artigo 19 afirma que a atividade publicitária deve “respeitar a dignidade humana” e o artigo 20 determina que “os anúncios não devem favorecer ou estimular qualquer tipo de atitude preconceituosa”. O anúncio do produto Sanavita fere esses dois artigos porque sugere que pessoas obesas não são tão "boas" ou tão "admiráveis" quanto pessoas magras. Essa visão certamente é preconceituosa e fere a dignidade humana ao sugerir que os obesos são "piores" do que os magros.




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6 - Juízo de fato e juízo de valor

Um aspecto importante para a análise e compreensão do texto argumentativo é a oposição entre os chamados juízos de fato e os juízos de valor.

Em muitas situações discursivas, sejam orais ou escritas, temos a necessidade de manifestar posições sobre questões polêmicas. Utilizamos diversos recursos para expor ou justificar nosso argumento diante de determinado assunto.

O que devemos fazer para garantir que a análise apresentada sobre o tema seja bem fundamentada com argumentos lógicos e aceitáveis? Não devemos apenas dizer o que pensamos sobre o assunto, mas sustentar uma argumentação lógica que leve o leitor a aceitar nossa conclusão, ou seja, devemos expor um raciocínio claro e fundamentado. Entretanto, pode-se formar um juízo de valor sobre a polêmica, e este pode ser considerado descontextualizado, inconsistente ou inválido.

Em situações como essa, muitas vezes, há uma dificuldade em perceber o que se chama de juízo de fato e juízo de valor. Para compreender a diferença entre os dois tipos de juízo, transcrevemos o seguinte texto de Marilena Chauí, que consta do livro Português: Língua, Literatura e Produção de Texto, de Maria Luiza Abaurre.


"Se dissermos: 'Está chovendo', estaremos enunciando um acontecimento constatado por nós e o juízo proferido é um juízo de fato. Se, porém, falarmos: 'A chuva é boa para as plantas' ou 'A chuva é bela', estaremos interpretando e avaliando o acontecimento. Nesse caso, proferimos um juízo de valor.

Juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por que são. Em nossa vida cotidiana, mas também na metafísica e nas ciências, os juízos de fato estão presentes. Diferentemente deles, os juízos de valor, avaliações sobre coisas, pessoas, situações são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião.

Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis.




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Você pode observar que, em determinadas situações, não podemos deixar de fazer e emitir juízos de valor, mas é importante que saibamos fundamentá-los, na tentativa de torná-los consistentes.

No entanto, é preciso ter cuidado. Todo e qualquer juízo de valor que manifeste uma posição de desrespeito ou que evidencie uma postura preconceituosa em relação aos outros não deve ser usado em uma argumentação. Não importa se temos ou não o direito de ser preconceituosos. Devemos ter sempre em mente que, no caso da argumentação, juízos de valor que depreciam as pessoas e as coisas raramente são sustentáveis.

Manifestações preconceituosas, muitas vezes, pretendem demonstrar como verdade argumentos que podem ser falsos e que por isto impossibilitam o raciocínio lógico, que exige a disponibilidade e disposição para discutir, analisar ou ponderar diferentes aspectos de uma mesma questão.

Se iniciarmos uma análise utilizando conceitos preestabelecidos, não estaremos fazendo análise alguma, estaremos apenas apresentando uma conclusão particular, individual acerca do assunto, porque partimos da ideia de que já sabemos que a questão deve ser vista de determinada forma.




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Leia atentamente a tira abaixo.






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7 - Fato e opinião

A peça de publicidade abaixo foi veiculada em um jornal de grande circulação do estado de São Paulo. Leia-a atentamente.


Ao afirmar que o bom jornalista sabe a diferença entre a “verdade de cada um e a verdade de todos”, a peça sugere que, para exercer sua profissão de modo responsável, o jornalista deve ser capaz de separar o que é uma conclusão pessoal (verdade de cada um) daquilo que pode ser de fato comprovado (verdade de todos).

Perguntamos, pois: apenas os jornalistas devem ser capazes de fazer essa diferenciação? Como deve se comportar o leitor diante de um fato ou da opinião a respeito desse fato? Como o leitor incorpora fatos e opiniões deste em sua visão de mundo? Ao lermos ou produzirmos um texto, oral ou escrito, avaliamos ou analisamos essas questões?

Vamos tentar, juntos, responder a essas e outras perguntas.




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Para iniciarmos nossas análises de fato e opinião acerca desse fato, vamos resolver a questão seguinte.

(PUC do Paraná – 2005) – Leia a opinião de dois especialistas em resposta à pergunta: Como o senhor avalia a ajuda de US$ 50 bilhões do G8 à África?

TEXTO 1


- Sou a favor de ensinar a pescar em vez de dar o peixe de cada dia. França, Itália e Espanha são países protecionistas que impedem a entrada de produtos africanos em seus respectivos mercados. O amendoim, o algodão e o cacau produzidos na África valem muito pouco no mercado internacional. Neste sentido, a África se parece muito com o Brasil. Ambos são vítimas das relações econômicas internacionais extremamente injustas e discriminatórias. Ou seja, a ajuda do G8 não resolve nada. É como se fosse os programas brasileiros de ajuda, como Bolsa-Família e outros. A corrupção e burocracia nos países africanos também aumentam a dificuldade deste tipo de mecanismo de ajuda.

(PROCÓPIO, Argemiro. Gazeta do Povo, 24/07/05)

TEXTO 2


- É evidente que toda a ajuda oferecida à África é positiva. No entanto, há duas preocupações centrais na transferência de recursos. De tempos em tempos, países africanos têm recebido ajudas grandes de países europeus. A ajuda não faz com que as economias africanas sejam ativadas, porque as empresas estrangeiras realizam obras com recursos dos governos doadores. Ou seja, se beneficiam com os recursos doados à África. A ajuda não faz o continente se tornar autossustentável. O segundo ponto é que o dinheiro é mal empregado devido à corrupção. Às vezes, as doações favorecem grupos do poder em detrimento dos mais necessitados.

(VILHENA, Oscar. Gazeta do Povo, 24/07/05)




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Quando lemos, não estamos somente em busca de informações sobre os mais variados assuntos. Queremos, em primeiro lugar, a partir de informações e elementos que o texto nos oferece, tirar algumas conclusões sobre essas informações, ou seja, é possível articular as informações e conclusões iniciais oferecidas, dando nova interpretação ao que foi lido.

Esse procedimento implica em levantar hipóteses sobre os motivos que levaram o autor do texto a selecionar determinadas informações e também sobre a opinião que ele tem sobre o assunto tematizado. Ao ler um texto pretendemos, ainda, formar a nossa própria opinião sobre o assunto, ou seja, formar um juízo.

É isso, portanto, que se espera de um bom leitor, como último procedimento de um percurso de leitura autônomo e significativo. Ou seja: que ele tenha domínio sobre o texto que leu, tirando conclusões a partir das informações contidas no texto, a partir do ponto de vista defendido pelo autor, e desenvolva avaliação crítica sobre o assunto em questão, ou seja, elabore um juízo sobre este.

É a partir desse momento, ao atingir esse objetivo, que o leitor está verdadeiramente apto a assumir o papel de escritor e a produzir um texto em que explicite o seu ponto de vista sobre o assunto, assim como um juízo bem fundamentado.




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Resumo

Argumentar é defender uma ideia. É apresentar razões para que a nossa ideia seja aceita como a melhor, a mais acertada, a mais equilibrada, ou a mais verdadeira. Ao argumentarmos sobre um tema ou assunto, temos o objetivo de convencer alguém a compreender nosso raciocínio.

Argumento é todo procedimento linguístico que visa a persuadir, a fazer o receptor aceitar o que lhe foi comunicado, a levá-lo a crer no que foi dito e a fazer o que foi proposto. São as provas (raciocínio, dados, fatos...) apresentadas para demonstrar que a ideia defendida é a correta.

Para defender um ponto de vista, ou seja, desenvolver a argumentação, podemos utilizar alguns tipos de argumentos, tais como: a comparação, as relações de causa e efeito ou argumento com base no raciocínio lógico, a alusão histórica, os argumentos com provas concretas, os argumentos consensuais, o argumento de autoridade, entre outros.

São alguns defeitos da argumentação: a fuga ao tema, a tautologia e o tomar como causa de um fato algo que não o é.

Há diferentes estratégias persuasivas, que se constroem a partir de um ou mais de um elemento da comunicação e, se bem utilizados, favorecem a eficácia persuasiva do texto. São elas: focada no emissor, focada no receptor, focada no referente, focada na mensagem no código e no canal de comunicação. A argumentação é exatamente a exploração de recursos com vistas a fazer o texto parecer verdadeiro, para levar o leitor a acreditar no que está dito. As estratégias de persuasão podem estar centradas em um ou mais elementos da comunicação.

Nem sempre os argumentos utilizados em textos persuasivos podem ser tomados como verdadeiros. É frequente a utilização de raciocínios falaciosos para tentar convencer o leitor.

É preciso estar muito atento à oposição entre os chamados juízos de fato e os juízos de valor, pois não se trata apenas de dizer o que se pensa sobre uma determinada questão, mas sim de sustentar uma argumentação lógica que leve o leitor a aceitar a conclusão proposta.

Ao ler um texto, buscamos informações sobre os mais variados assuntos. A partir de informações e elementos que o texto oferece, podemos tirar algumas conclusões sobre essas informações, ou seja, podemos articulá-las e analisar as conclusões iniciais oferecidas, dando nova interpretação ao que foi lido, ou seja, formando a nossa própria opinião sobre o assunto.




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Módulo 2

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1 - Procedimentos que auxiliam a leitura

Já sabemos que a interpretação é uma habilidade exigida em todas as etapas da vida acadêmica - Ensinos Fundamental, Médio e Superior. Trata-se de uma habilidade básica em todas as áreas de conhecimento, pois se o aluno não sabe ler e interpretar, provavelmente não será capaz de concluir o estudo da disciplina e fazer uma boa avaliação.

Uma vez fora dos muros escolares, não estamos isentos do compromisso de desenvolver essa habilidade, afinal, se você não souber interpretar, não saberá resolver problemas simples do cotidiano, como, por exemplo, fazer um bolo de chocolate a partir de uma receita. Para alguns, essa afirmação pode parecer absurda, já que as receitas apresentam informações como ingredientes, medidas e, em detalhe, o modo de preparo. Entretanto, para outros, a leitura de uma receita pode não ser tão simples assim e uma colher de sobremesa de fermento em pó pode levar seu bolo ao fracasso total.

Vejamos por que:

Note que essas informações, embora aparentemente simples, podem ser determinantes para a produção de um bom resultado, no caso, o bolo de chocolate. Agora, tente imaginar outras situações, tais como a leitura de um relatório de atividades ou de um balancete contábil de uma empresa, dos quais você deve extrair dados para a tomada de decisão. Nessas ocasiões, a compreensão das informações poderia gerar consequências exitosas ou desastrosas para a empresa.




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Como podemos ver, a leitura e a interpretação estão ligadas diretamente ao contexto, à experiência que acumulamos a partir de vivências e de leituras anteriores.

Ao ler um texto, podemos destacar aspectos relevantes e observar se é possível responder aos problemas levantados ou às questões propostas. Se o texto possui muitos elementos complexos e não conseguimos estabelecer as relações ou responder às questões para sua interpretação, devemos salientar os pontos incompreensíveis e recorrer a outras fontes (dicionários, livros técnicos etc.).

É importante, ao iniciar a leitura, fazer anotações para não perder os pontos mais importantes. Muitos pontos de vista podem ser levantados a partir de um mesmo tema, podendo um texto ser utilizado como referência para a escrita de outros.

Algumas dicas são válidas para a leitura e compreensão de textos:


1. Ler atentamente todo o texto, procurando focalizar sua ideia central.

2. Interpretar as palavras desconhecidas por meio do contexto apresentado, caso não seja possível consultar outra fonte.

3. Reconhecer os argumentos que dão sustentação à ideia central.

4. Identificar as objeções à ideia central, os aspectos contraditórios.

5. Sublinhar os exemplos que forem empregados como ilustração da ideia central.

6. Considerar o texto como um todo, sem se ater às partes, isoladamente.




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Ao realizar provas que exigem interpretação e análise de texto, são importantes mais algumas dicas:


7. Antes de responder às questões, ler mais de uma vez todo o texto, fazendo o mesmo com o enunciado de cada questão.

8. Procure localizar a resposta no texto. Evite responder “de cabeça”.

9. Se preferir, faça anotações à margem do texto ou faça um esquema.

10. Se o comando da questão pede a ideia principal ou tema, normalmente deve situar-se no primeiro parágrafo (introdução) ou no último (conclusão).

11. Se o comando busca argumentação, esta deve localizar-se nos parágrafos intermediários (desenvolvimento).

12. Sublinhe as palavras-chave do enunciado, para evitar entender justamente o contrário do que está escrito. Leia duas vezes o comando da questão, para saber realmente o que se pede. Tome cuidado com algumas palavras, como: pode, deve, não, sempre, é necessário, é obrigatório, correta, incorreta, exceto, erro etc.

13. Preste atenção aos vocábulos relatores, aqueles que remetem a outros vocábulos do texto: pronomes relativos, pronomes demonstrativos, pronomes pessoais, etc.

14. Não extrapole ao que está escrito no texto. Às vezes, quando o texto trata de fatos reais, é comum querer interpretar o que não está escrito. Deve-se ater somente às informações que estão relatadas.

15. Não leve em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele “disse”, escreveu.

O passo seguinte é resolver o problema ou responder às questões levantadas, conforme o caso, posicionando-se quanto ao contexto.




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2 - A diferença entre compreender e interpretar o texto

Apesar de serem tomados, muitas vezes, como sinônimos, os verbos compreender e interpretar, segundo o dicionário Houaiss, trazem significados diferentes. Observe:


Compreender = apreender (algo) intelectualmente, utilizando a capacidade de compreensão, de entendimento; perceber, atinar.

Ex.: fala muito, mas não compreende o que diz.



Interpretar
= dar certo sentido a; entender; julgar; adivinhar a significação de (algo) por indução.
Ex.: Interpretou aquele afastamento como rejeição.

Quando lemos o texto, podemos fazê-lo com o objetivo de compreender e/ou interpretar. As questões elaboradas para concursos, em geral, avaliam as duas habilidades separadamente, como mostra o exemplo a seguir.

Responda à questão abaixo, extraída de um concurso público (AFT/ESAF/2003).

A questão que você acabou de resolver é um modelo de questão de interpretação de texto. Observe que o objetivo consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito. As questões de interpretação levam o leitor a tirar conclusões, deduzir o que o texto pretende transmitir.



Dica: ao ler o texto, atenha-se às ideias básicas, indispensáveis, para a compreensão do texto e marque a alternativa mais direta e abrangente.




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As questões de compreensão de texto, por outro lado, buscam analisar o que realmente está escrito, ou seja, avaliam se o leitor é capaz de coletar dados do texto.

Vamos ver se você desenvolveu essa habilidade? Leia o texto a seguir e responda à questão.



Dica: preste atenção à ideia básica do texto e ao objetivo do comando da questão. Qual a ideia principal?




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3 - Falhas na compreensão de um texto

Ao levantar as diversas questões propostas nos procedimentos que auxiliam a leitura, a compreensão e a interpretação, deve-se também ter em mente que é necessário estar atento às possíveis falhas na compreensão ou na interpretação de determinado texto. Reconhecer os erros de entendimento, conhecer o processo lógico que ocorre em cada um deles, é de importância vital para superá-los, ou seja, para que suas respostas sejam claras e coerentes com a sua fonte de informação.

Vamos identificá-los? Leia, com atenção, o texto a seguir.


A tradição e o moderno

A tradição é importante. É democrática quando desempenha a sua função natural de prover a nova geração com conhecimentos das boas e más experiências do passado, isto é, a sua função de capacitá-la a aprender às custas dos erros passados a fim de os não repetir. A tradição torna-se a ruína da democracia quando nega à geração mais nova a possibilidade de escolha; quando tenta ditar o que deve ser encarado como “bom” e como “mau” sob novas condições de vida. Os tradicionalistas fácil e prontamente se esquecem de que perderam a capacidade de decidir o que não é tradição. Por exemplo, o aperfeiçoamento do microscópio não foi conseguido pela destruição do primeiro modelo: o aperfeiçoamento foi realizado com a preservação e o desenvolvimento do modelo primitivo a par com um estágio mais avançado do conhecimento humano. Um microscópio do tempo de Pasteur não capacita o pesquisador moderno a estudar uma virose. Suponha agora que o microscópio de Pasteur tivesse o poder e o descaramento de vetar o microscópio eletrônico.

Os jovens não sentiriam nenhuma hostilidade para com a tradição, não teriam na verdade senão respeito por ela se, sem se arriscar, pudessem dizer: Isto nós o tomaremos de vocês porque é convincente, é justo, diz respeito também à nossa época e passível de desenvolvimento. Aquilo, entretanto, não podemos aceitar. Era útil e verdadeiro para o seu tempo - seria inútil para nós. E esses jovens deveriam preparar-se para ouvir dos seus filhos as mesmas palavras.

(Wilhelm Reich - A revolução sexual)

O texto acima é dissertativo. Ao analisar esse tipo de texto, o primeiro passo é identificar o argumento principal, aquele que fundamenta a opinião exposta. Em seguida, identifique as consequências decorrentes do que está sendo afirmado e por fim, a conclusão, que é a reafirmação do argumento principal.

Nas opções de resposta do exercício anterior, apresentam-se os três erros clássicos de interpretação: extrapolação (opção b), redução (opção a), contradição (opção d).

Estudaremos, a seguir, as características de cada um deles.




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• Extrapolação: dizer mais que o texto

Leia a tira a seguir, do personagem Calvin, de Bill Watterson.

Sempre que é forçado a fazer alguma coisa, Calvin se imagina como um destemido viajante espacial, dando asas à imaginação e extrapolando os limites da realidade.

A extrapolação também pode ocorrer na interpretação de um texto. Como o próprio nome indica, o erro de extrapolação acontece quando saímos do contexto, quando acrescentamos ideias que não estão presentes no texto, generalizando o que é particular. Ao extrapolar, vamos além dos limites do texto, fazemos outras associações, viajamos além de suas margens, acrescentamos novos elementos, ativamos nossa imaginação e nossa memória, deixando de lado o texto que era o nosso objeto de interpretação.



Calvin, um personagem criado por Bill Watterson, é um garoto de seis anos, hiperativo, que vive aventuras domésticas com seu tigre de pelúcia, Haroldo, o qual ganha vida quando está sozinho com o garoto. Os dois são amigos e adoram pregar peças nos outros. Com uma imaginação sem limites e um vocabulário sofisticado para um garoto, Calvin ironiza os costumes, crenças, morais, instituições e relacionamentos tipicamente americanos. Calvin adora dar dor de cabeça a seus pais, que têm bastante trabalho para educá-lo, e também gosta de pregar peças na coleguinha de escola e vizinha Suzie Derkins. O garoto deixa louco a professora, senhorita Wormwood, graças à sua farta imaginação e criatividade imensurável que ele raramente aplica aos estudos - e também por causa de perguntas capciosas em relação ao sistema de ensino americano.




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Em geral, o processo de extrapolação se realiza por associações evocativas, por relações analógicas: uma ideia lembra outra semelhante e viajamos para fora do texto. Às vezes, a extrapolação acontece devido à preocupação do leitor em descobrir os pontos de partida bem anteriores ao pensamento expresso no texto, ou, ainda, pela preocupação de se tirar conclusões decorrentes das ideias do texto, mas já pertencentes a outros contextos, a outros campos de discussão.

Veja um exemplo simples. Suponhamos que um texto em análise contenha a seguinte informação:

Os franceses Charles e Tierry são simpáticos.

A questão de interpretação apresenta o enunciado:

O texto afirma que os franceses são simpáticos.

Percebeu que a questão apresenta um erro de extrapolação? O texto diz que aqueles (dois) franceses são simpáticos. A questão diz que todos os franceses são simpáticos.

Ao reconhecer os momentos de extrapolação - sejam analógicos ou lógicos – você terá desenvolvido uma maior capacidade de compreensão objetiva dos textos e do contexto em questão. Essa lucidez, além de necessária, é criadora: significa, inclusive, uma maior liberdade de imaginação e de raciocínio, porque as “viagens” para fora dos textos se tornarão intencionais e conscientes, e não mais por incapacidade de diferenciar as suas próprias ideias das ideias apresentadas pelo texto em questão.



Analogia é relação ou semelhança entre coisas ou fatos. As relações analógicas ocorrem quando determinadas coisas estão grupadas pelas afinidades de sentido existentes entre elas. No sentido popular, dizemos que “uma ideia leva a outra”.



Lógico é aquilo que segue uma ordem normal; que resulta da natureza das coisas; consequente; coerente.




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Redução: ater-se a uma parte do texto, esquecendo outras importantes

Acompanhe a tira a seguir, do personagem Calvin, desta vez, conversando com seu amigo Haroldo.

Apesar de o diálogo ensejar questões filosóficas, note que Haroldo, o tigre, após refletir sobre a “razão de viver” indagada por Calvin, abreviou a questão a apenas um aspecto: frutos do mar. Se os frutos do mar são ou não uma boa razão para viver, não importa neste momento. O que interessa é que, talvez movido pela fome, Haroldo reduziu drasticamente toda a discussão e reflexão acerca da morte. Sua resposta ficou sem sentido, fora do contexto.

Esse fenômeno, conhecido como redução ou particularização indevida, também ocorre na interpretação de texto e é o oposto à extrapolação. Neste caso, ao invés de acrescentarmos outros elementos, fazemos o inverso: abordamos apenas um detalhe, um aspecto do texto, dissociando-o do contexto.




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A redução consiste em privilegiarmos uma determinada informação que, embora faça parte do texto, não é suficiente diante do conjunto, fazendo com que se percam de vista os elementos e as relações principais. Desta forma, particulariza-se o que é geral e despreza-se o contexto, entendendo uma parte com outro significado. Acompanhe o exemplo a seguir.

Um texto apresenta a seguinte informação:

O estudo dá prazer, por isso deve ser cultivado.

A questão para análise afirma que:

Quando se estuda bem, o estudo dá prazer.

Observe que houve erro de redução na interpretação porque o texto diz que o estudo dá prazer e não condicionou isso a um determinado modo de estudar (se bem ou mal, ou pouco...).

Reconhecer o processo de redução é mais um passo para desenvolver a capacidade de ler e entender textos, assim como a capacidade de perceber e compreender conjuntos de tipos diversos, reconhecendo seus elementos e suas relações.




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Contradição: tirar conclusões opostas ao que diz o texto

Onde está a contradição no texto abaixo?

Ora, ninguém pode se julgar cético (descrente, incrédulo) em relação às influências dos astros (estrelas) na sua vida e se dizer capricorniano, uma vez que capricórnio é um signo astral. Isso seria uma contradição.

A contradição também ocorre nas interpretações de texto e é um erro grave. Por algum motivo, chegamos a uma conclusão contrária ao texto, seja pela leitura desatenta, a não percepção de algumas relações, a incompreensão de um raciocínio, o esquecimento de uma ideia, a perda de uma passagem no desenvolvimento do texto.

Por apresentar ideias opostas às ideias expressas pelos textos, esse erro tende a ser mais facilmente reconhecido. As questões de interpretação muitas vezes são organizadas com uma espécie de armadilha: uma alternativa apresenta muitas palavras do texto, inclusive expressões inteiras, mas com um sentido contrário. Um leitor desatento ou/e ansioso provavelmente escolherá essa alternativa, por ser a mais “parecida” com o texto, por ser a que apresenta mais “ao pé da letra” elementos presentes no texto, entretanto, não percebe que foram omitidas passagens importantes para fugir ao sentido original.

Por exemplo, um texto diz que:

O homem, racional, quando sob o domínio do ódio, pode agir como um animal selvagem.

A questão de interpretação afirma que:

O homem é racional, porque pode agir como um animal.

Note a contradição: o texto diz que o homem, embora racional, pode agir como irracional. A questão diz que o homem é racional, porque pode agir como irracional.




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Vamos ver se você consegue identificar os erros clássicos de interpretação de texto?

Leia com muita atenção o texto a seguir. Faça uma primeira leitura para entrar em contato, e, depois, faça uma segunda leitura, captando as ideias centrais. Procure fazer um pequeno resumo do texto, destacando as ideias principais. Em seguida, enumere as colunas conforme a interpretação dada ao texto.


O mistério

O que podemos experimentar de mais belo é o mistério. Ele é a fonte de toda a arte e ciência verdadeira. Aquele que for alheio a essa emoção, aquele que não se detém a admirar as colinas, sentindo-se cheio de surpresa, esse já está, por assim dizer, morto e tem os olhos extintos. O que fez nascer a religião foi essa vivência do misterioso - embora mesclado de terror. Saber que existe algo insondável, sentir a presença de algo profundamente racional e radiantemente belo, algo que compreenderemos apenas em forma muito rudimentar - é esta a experiência que constitui a atitude genuinamente religiosa. Neste sentido, e unicamente neste sentido pertenço aos homens profundamente religiosos.

Albert Einstein - Como vejo o mundo




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4 - Identificando erros de interpretação em textos poéticos

O entendimento de um poema, em geral, é uma experiência mais complexa do que a interpretação da prosa, porque a linguagem poética é carregada de metáforas com intensidade de significações. Ela apresenta imagens que precisam ser sentidas e interpretadas. Não se pode ler um poema em sentido literal, apenas. Um texto poético tem muitas dimensões e muitas faces. É necessário ir além do sentido denotativo, objetivo.

O poema sugere muitos sentidos: a isso é dado o nome de polissemia ou plurissignificação. É preciso desenvolver a sensibilidade para as múltiplas significações da linguagem poética. Pode-se perceber, portanto, que o risco da extrapolação é muito maior. A interpretação correta fundamenta-se em significados que pertencem ao campo de possibilidade do poema - que é múltiplo, aberto, mas não é arbitrário (que independe de lei ou regra), nem aleatório (acidental, casual).


Ou seja, não se pode fazer afirmações aleatórias e sem sentido, apenas por se tratar de um texto poético. É fundamental que o significado reconhecido faça realmente parte do campo de sugestões do poema.



A prosa é a expressão natural da linguagem escrita ou falada. No caso do texto escrito, é aquele em parágrafos, sem rima, ritmos regulares ou métrica intencional. Quando um texto não é escrito em prosa, dissemos que está em verso.




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Vamos, agora, reconhecer exemplos dos erros de interpretação, fazendo a leitura e a compreensão de textos poéticos. Essas são apenas algumas dicas. Vale lembrar que a convivência com os poemas e a prática da leitura são processos insubstituíveis para se aprender a interpretar os textos poéticos (sem, todavia, estar com a ilusão de que “esgotaremos” o poema...).

Leia o poema a seguir.


Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.

Agora, tente identificar os erros de interpretação do poema, arrastando os retângulos abaixo ao local correspondente.




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Leia o poema a seguir.


Já sobre a fronte

Já sobre a fronte vã se me acinzenta
O cabelo do jovem que perdi.
Meus olhos brilham menos.
Já não tem juz a beijos minha boca.
Se me ainda amas, por amor, não ames:
Trairias-me comigo.

Ricardo Reis / Fernando Pessoa - Poesia completa

Considere as afirmativas abaixo e identifique os erros cometidos na análise do poema.




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5 - Erros de compreensão de texto por desconhecimento gramatical

Em alguns casos, o desconhecimento de aspectos gramaticais pode levar o leitor a cometer erros de compreensão e interpretação do texto. Leia o texto a seguir.

Observe que Hagar cometeu um equívoco gramatical em sua fala. Entretanto, o erro não prejudicou o entendimento da mensagem pelo interlocutor.

Na linguagem escrita, esses equívocos tornam-se mais evidentes e podem prejudicar a compreensão do texto, bem como a interpretação. Há casos em que o texto está corretamente escrito, no entanto, por falta de conhecimentos gramaticais do leitor, a mensagem não é compreendida.




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Alguns conhecimentos gramaticais nos ajudam a compreender melhor o texto. Um exemplo disso é a capacidade de identificar os casos de ocorrência ou não da crase, pois a utilização de um simples acento grave pode modificar por completo o sentido da frase.

Acompanhe o exemplo a seguir.

O diretor assistiu às filmagens.
O diretor assistiu as filmagens.

Qual das duas frases está correta?

Ambas estão corretas, se considerarmos a semântica, ou seja, o sentido da frase. O fato de não estarem ligadas a um contexto específico nos permite interpretá-las conforme nossa conveniência. Observe:

O diretor assistiu às filmagens.
= O diretor viu, presenciou as filmagens.



O diretor assistiu as filmagens.
= O diretor deu assistência ao filme (durante as filmagens).

É necessário, portanto, na interpretação do texto, considerar o contexto para descobrir o sentido em que o verbo está sendo empregado.



Crase (do grego "krâsis"= fusão) é o fenômeno de contração de sons de duas vogais idênticas e é assinalada pelo acento grave (`). Ex.:

Vamos
à
cidade logo depois do almoço.
 
a
prep.
 + 
a
art.
 

Observe que o verbo ir requer a preposição a e o substantivo cidade pede o artigo a.

Veja outras ocorrências de crase.




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A ocorrência da crase está sujeita a duas condições:

  • o termo regente deve exigir a preposição a;
  • o termo regido deve ser:

    • palavra feminina que admita o artigo a(s),
    • pronome demonstrativo a(s), aquele(s), aquela(s), aquilo.

Ex.: Vou à escola. Esta bolsa é igual à que você usava. Nunca mais fui àquele cinema.

Nunca se usa crase antes de:
Exemplos:
masculino
bife a cavalo, escrita a lápis.
Verbo
Estamos dispostos a reagir.
pronomes (pessoal, de tratamento, demonstrativo, indefinido e relativo) que não admitem artigo
Falei a cada prima. Dirigiu-se a ela.
Referia-me a esta moça. Parabéns a você.

expressões formadas por palavras repetidas
gota a gota, face a face.
nomes de cidades sem determinação
(exceção: haverá crase, se o nome da cidade vier determinado)

Vou a Brasília.
Vou à Brasília de Juscelino.

palavras no plural precedidas de a (no singular)
Assisti a demonstrações de carinho.

Sempre ocorre crase:
Exemplos:
na indicação do número de horas
à uma e meia, às nove.
quando há ou se pode subentender a palavra moda
chapéu à gaúcha (à moda gaúcha),
espaguete à calabresa (à moda calabresa).

nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas
Às vezes choro. Acabou devido à falta de luz.
Saíamos à medida que recebíamos




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Outro ponto que também merece atenção - e está diretamente ligado ao uso da crase – são os conhecimentos de regência verbal, ou seja, a aplicação semântica dos verbos. O desconhecimento das regras de regência pode levar o leitor ao não entendimento da mensagem. Observe a oração:

Favor anexar à sua declaração de isento a sua identidade.

Pergunta-se: é possível omitir o acento indicativo da crase, sem provocar, no texto, alterações sintático-semânticas?

Agora, observe o texto sem o acento indicativo de crase: Favor anexar a sua declaração de isento a sua identidade.

Se retirarmos o acento grave, a oração ficará com sentido ambíguo. Anexar o que a quê? Voltando à pergunta inicial, podemos concluir, portanto, que não é possível omitir o acento indicativo da crase, pois isso provocaria alterações no sentido (semântica) da frase, bem como em sua forma gramatical (sintática).



A regência verbal estuda a relação de dependência que se estabelece entre os verbos e seus complementos. O verbo pode ligar-se a seus complementos de dois modos: com ou sem o auxílio de uma preposição. Quando não houver a preposição, chamaremos o verbo de transitivo direto e seu complemento de objeto direto. Quando houver a preposição, chamaremos o verbo de transitivo indireto e seu complemento de objeto indireto. Quando o verbo possuir os dois complementos, chamá-lo-emos de transitivo direto e indireto. Além dessas denominações, há o verbo intransitivo, que não necessita de complementação. O que mais importa é saber usar o verbo adequadamente, com a preposição quando ele a exigir, sem a preposição quando ele a rejeitar. Os nomes não são absolutamente necessários.




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Resumo

A leitura e a interpretação do texto estão ligadas diretamente ao contexto e à experiência que acumulamos. Com a leitura, podemos extrair dados para a resolução dos problemas do cotidiano, mas é necessário que tenhamos compreendido bem o texto lido. Para isso, vale recorrer a fontes adicionais como dicionários ou livros técnicos e pode-se, também, seguir algumas dicas simples, tais como: ler atentamente, procurando identificar a ideia central do texto, os argumentos que lhe dão sustentação e as objeções (aspectos contraditórios), interpretar as palavras desconhecidas por meio do contexto apresentado, sublinhar os exemplos que forem empregados como ilustração da ideia central e considerar o texto como um todo, sem se ater às partes isoladas.

Ao realizar provas que exigem interpretação e análise de texto, deve-se também: ler mais de uma vez todo o texto e o enunciado de cada questão, localizar a resposta no texto, evitando responder “de cabeça”, sublinhar as palavras-chave e ideias centrais, considerar somente o que está escrito no texto, sem tentar adivinhar o que o autor quis dizer.

Apesar de parecerem sinônimos, há diferença entre compreender (apreender algo intelectualmente, perceber) e interpretar (dar sentido ou entender algo) e as questões de concurso, em geral, avaliam as duas habilidades separadamente. Ao tentar compreender ou interpretar um texto, é fundamental evitar as falhas mais comuns:

  • Redução – abordar um aspecto em particular, dissociando-o do contexto.
  • Contradição – concluir algo que é contrário ao que diz o texto.
  • Extrapolação - sair do contexto, acrescentando ideias que não estão presentes no texto.

Os erros de compreensão e interpretação também são cometidos com textos poéticos. Interpretar um texto poético é bem mais complexo que um texto em prosa porque a linguagem poética não pode ser entendida de maneira literal, ela possui múltiplas significações. Mas não é por isso que podemos interpretá-lo de qualquer maneira, precisamos encontrar os significados que realmente fazem parte do poema.

O desconhecimento gramatical pode, também, levar o leitor a cometer erros de compreensão e interpretação do texto. A regência verbal e o uso da crase são conhecimentos necessários à compreensão do texto, pois a utilização de um mero acento grave pode modificar por completo o sentido da frase.